terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Países adotam declaração da ONU para proteger vida marinha

Pelo tratado, 65 nações irão fortalecer medidas para tornar o mar um elemento central na transição para uma economia verde e de baixo carbono.



Por Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York
Representantes de dezenas de países firmaram uma declaração, apoiada pelas Nações Unidas, sobre proteção da vida marinha.
 
O documento, adotado em Manila, nas Filipinas, na sexta-feira, deverá realçar a proteção do meio ambiente marinho como um dos elementos-chave na transição para uma economia verde.
 
Instituições Financeiras
 
A declaração foi divulgada durante um encontro co-organizado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, com o governo das Filipinas.
 
O evento em Manila reuniu ministros do Meio Ambiente, cientistas, organizações não-governamentais e representantes de instituições financeiras.
 
Segundo o documento, os países se comprometem com a formulação de políticas para reduzir o desperdício de água, a poluição dos mares e o uso de fertilizantes.
 
Poluição
 
Nesta entrevista à Rádio ONU, do Algarve, o pescador português André Dias falou sobre os efeitos da poluição nos mares.
 
“O recurso (da pesca) representa 10% daquilo que podemos ter da natureza. Temos que criar condições para tentar inverter isso, o mais depressa possível. Estamos a ter uma baixa de qualidade nos estoque básicos dos frutos do mar. Não haver atum, não haver sardinhas, isso já destroi todo o sistema”, afirmou.
 
As ações da declaração, firmada em Manila, devem entrar em vigor entre este ano e 2016, em níveis local, regional e internacional.
 
Entre as medidas aplicadas pelos países deve estar o uso sustentável de nutrientes para melhorar a eficiência de fertilizantes como por exemplo o nitrogênio e o fósforo.
 
Um passo que pode levar benefícios econômicos a agricultores ajudando a evitar impactos ambientais negativos.
 
 
EcoAgência é parceira da Rádio ONU

Cartão de pagamento da Defesa Civil já está disponível para todas as cidades do país atingidas por desastres naturais


O cartão de pagamento da Defesa Civil está disponível para todos os municípios brasileiros. Com a expansão, o Ministério da Integração Nacional quer acelerar o repasse de recursos para prefeituras e estados em situação de emergência ou calamidade pública, como enchentes ou estiagens.
O cartão possibilita a compra de material para socorro das vítimas, como alimentos, remédios, tendas e combustível, assim como o pagamento de serviços e do aluguel social. “Os prefeitos reclamam que esses recursos chegam de forma tardia e é verdade”, reconheceu o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra.
Para adquirir o cartão, a Defesa Civil estadual ou municipal precisa ter registro específico no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e conta aberta em qualquer agência do Banco do Brasil. De acordo com o ministro, os municípios atingidos por desastres naturais no início do ano estão isentos da inscrição do CNPJ para receber o cartão. Para os demais, as exigências estarão valendo a partir do próximo mês.
O repasse de recursos do governo federal ocorre somente após a Secretaria Nacional de Defesa Civil reconhecer a situação de emergência no município. A movimentação do dinheiro é monitorada pelo Portal da Transparência, da Controladoria-Geral da União. É proibido o saque em dinheiro dos recursos liberados, compras parceladas e uso do cartão no exterior. Se o dinheiro não for gasto integralmente, a sobra deve ser devolvida aos cofres do governo federal. Não serão cobrada taxas de adesão ou de anuidade. O cartão tem validade de três anos e será renovado 30 dias antes do vencimento. Os portadores do cartão devem ser funcionários públicos ou secretários estaduais ou municipais.
Lançado em agosto de 2011, o cartão já é usado por 15 prefeituras de Minas Gerais, Santa Catarina e do Rio de Janeiro. Municípios do Espírito Santo estão em fase de cadastro.
Agência Brasil 31/01/2012

Governo quer mudar Lei Seca para que motorista bêbado seja punido mesmo que não se submeta ao bafômetro


O governo pretende alterar a Lei Seca (Nº 11.705/2008) para que os motoristas que estiverem dirigindo alcoolizados possam ser processados mesmo que se recusem a passar pelo chamado teste do bafômetro. Segundo o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a ideia é que “todas as provas admitidas pelo Direito possam ser usadas contra o infrator, como testemunhas e filmagens por câmeras de segurança, de modo que a lógica da Lei Seca seja invertida e o próprio acusado passe a ter o interesse de se submeter ao teste para escapar da cadeia.
“Nós temos uma boa lei, mas há uma falha que precisamos corrigir. De acordo com a Constituição, ninguém pode ser obrigado a produzir provas contra si próprio, o que faz com que o teste do bafômetro para medir a dosagem de álcool no sangue seja burlado se a pessoa se recusar a fazer”, explicou Cardozo. Por isso, o Ministério da Justiça está em entendimentos com o Senado e com a Câmara para alterar a lei, com a aprovação de mudanças que impeçam os motoristas bêbados de se beneficiar dessa situação.
O ministro disse que as mudanças pretendidas pelo governo na legislação incluem aumentar o valor da multa para quem for detido alcoolizado ao volante e, também, aplicar punições mais rigorosas sem necessidade de comprovar a presença de álcool no sangue. Para ele, a mudança na Lei 11.705 “é fundamental para acabar com a sensação de impunidade que ela enseja em virtude desta situação [a recusa do motorista de se submeter ao teste do bafômetro]”, disse o ministro.
Agência Brasil 31/01/2012

Ministro da Justiça se reúne com secretários de Segurança para tratar de programa federal de combate ao crack


O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, está reunido neste momento com secretários de Segurança de todo o país e representantes do Ministério do Desenvolvimento Social para tratar da articulação e da efetivação do programa Crack: É Possível Vencer.
O programa foi lançado no dia 7 de dezembro, no Palácio do Planalto, pela presidenta Dilma Rousseff. Até 2014, a previsão é de que sejam aplicados R$ 4 bilhões em ações de enfrentamento ao crack.
O programa conta com três eixos: prevenção, tratamento e repressão ao crime organizado. Além do Ministério da Justiça, responsável pelas ações de repressão, participam do programa o Ministério da Saúde e o Ministério do Desenvolvimento Social que cuidarão do atendimento aos dependentes químicos.
Agência Brasil 31/01/2012

Anvisa fixa regras para a lavagem de roupas hospitalares


Diário Oficial da União publica hoje (31) resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que regulamenta as práticas de funcionamento das unidades de processamento de roupas nos serviços dos hospitais e clínicas de saúde em todo o país.  
Entre as determinações estão as regras para o transporte interno e externo de roupas de serviços de saúde, que deverá ser realizado, respectivamente, em carrinho e veículo exclusivos para essa atividade. De acordo com a resolução, o veículo utilizado no transporte externo deve ter sua área de carga isolada da área do motorista e de outros ocupantes. E o transporte externo concomitante de roupa limpa e suja pode ocorrer se a área de carga do veículo for fisicamente dividida em ambientes distintos, com acessos independentes e devidamente identificados.
O acondicionamento deve ser feito em recipiente rígido, resistente à perfuração, com capacidade de contenção de líquidos e tampa vedante. O recipiente deve ter rótulo contendo a identificação do material e do serviço de saúde gerador. Os sacos de tecido utilizados para o transporte da roupa suja devem ser submetidos ao mesmo processo de lavagem da roupa antes de serem reutilizados.
Os sacos descartáveis utilizados para o transporte da roupa suja não podem ser reaproveitados, devendo ser descartados conforme regulamentação vigente. Na unidade de processamento de roupas extra-serviço, os sacos devem ser acondicionados de forma segura e devolvidos ao serviço de saúde gerador para descarte. Os estabelecimentos abrangidos por essa resolução terão prazo de 180 dias, contados a partir de hoje (31), para promover as adequações necessárias.
Os tecidos usados no serviço de saúde podem ser reciclados ou reaproveitados se passarem pela limpeza adequada. Os tecidos submetidos a tratamento na unidade de processamento de roupas dos serviços de saúde, quando perdem a funcionalidade original, podem ser reciclados ou reaproveitados.
No caso específico dos lençóis, a Anvisa dispõe de um manual de orientação aos hospitais quanto ao processo de higienização desses produtos, para que possam ser reutilizados sem representar risco para a saúde da população.
Caso sejam descartados, eles serão classificados como resíduos comuns e seguir as orientações dos serviços de limpeza urbana. Mas se não passarem por esse processo, os lençóis utilizados em hospitais, no momento do descarte, devem ser classificados de acordo com o risco para a saúde da população, segundo a Resolução RDC 306/2004, da Anvisa.
A importação de lixo é proibida pela legislação brasileira, assim como a reutilização de resíduos provenientes de serviços de saúde de origem internacional. No ano passado, a agência precisou agir com rigor contra o desembarque no Porto de Suape, em Pernambuco, de  lixo hospitalar vindo dos Estados Unidos. A operação envolveu, além da Anvisa, a Receita Federal, a Polícia Federal, o Ibama e o Ministério das Relações Exteriores.
Agência Brasil 31/01/2012

A escola e o professor na formação de um sujeito ético-político


Quem pensa que ser educador nos dias de hoje é algo simples engana-se por completo. O ato de educar é bastante reflexivo, pois é necessária conscientização da importante responsabilidade na formação dos alunos. Como formadores de opinião é necessário, além de diversos fatores, primar pela ética e pela coerência.
Além de inúmeras exigências que o educador carrega em sua profissão, lecionar traz como condição básica pesquisar, falar, proporcionar, vivenciar, ouvir, dialogar, debater, transformar... educando o indivíduo para a vida.
Por esta razão o educador carrega um fardo importantíssimo dentro de uma escola, devendo tornar-se cúmplice da aliança que fez com sua profissão, independentemente da situação difícil em que se encontra, pois sabemos que é uma profissão pela qual está sendo feita uma luta descomunal para que seja vista com seu devido valor pelos políticos e pela sociedade. E esta é uma batalha de anos e muito árdua, sendo que o aluno deve ser ciente desse caos educacional em que nos encontramos hoje.
Profissionalizar-se na área da educação permite ao professor, através da educação na escola, instruir seu aluno a pensar certo nos caminhos que a vida irá lhe propor e que este aluno consiga visualizar o que é válido e o que não é. Um destes caminhos é a visão ampla de uma política justa, correta.
As crianças de hoje serão os futuros políticos, donos de escolas, diretores, gestores de amanhã. E, se estes forem conscientes e agirem com ética e moral, por terem sido conscientizados por seus professores, serão mais zelosos com os benefícios voltados para a educação. Mas para isso é necessário preparar os cidadãos para serem sujeitos que saibam pensar, saibam questionar, raciocinar, duvidar, para assim poder construir seus próprios conceitos e conhecimento.
De falsas promessas o mundo já não precisa, o que mais necessitamos é de pessoas críticas, questionadoras a ponto de identificar um erro, criticar construtivamente, para que mais tarde, não só os educandos, como os educadores e as demais pessoas, não sintam as consequências de uma política mal-elaborada, e mal-questionada.
É necessário os alunos perceberem que nossa sociedade é repleta de falhas, possui muitas carências, e empenharem-se para modificar essa realidade, pois é preciso compreender que a escola nos propõe visualizar o caminho da coerência, da responsabilidade e da criticidade, formando assim seres politicamente evoluídos e convictos de seus valores e conceitos, com a capacidade de modificar e/ou transformar a sociedade a fim de aperfeiçoá-la e guinar nossa nação para o futuro ético. Pois tudo o que fizemos em sociedade tem uma dimensão política; a educação constitui-se, além de diversos fatores, na formação da consciência política.
O que o educador não pode fazer é acomodar-se, pois deverá mostrar aos seus alunos que o amanhã depende do hoje, e o presente quem constrói somos nós, sempre com ética, perseverança, garra e alegria, pois os políticos que hoje governam fomos nós quem os colocou em seus respectivos lugares profissionais!
Priscila Manzoni de Manzoni - Pedagoga
Fonte:Jornal Agora 30/01/2012

Glifosato contamina fontes de águas subterrâneas

GLIFOSATO é o ingrediente ativo do herbicida ROUNDUP
Foram analisadas cerca de 140 amostras de água subterrânea coletadas na Catalunha. O glifosato foi encontrado acima dos limites detectáveis em 41% das amostras.



Por AS-PTA, com informações de Red Universitaria de Ambiente y Salud
Contrariando as afirmações feitas pela indústria química e governos de diversos países no sentido de que o herbicida glifosato não se infiltra até as águas subterrâneas, novas evidências demonstram que o produto é plenamente capaz de contaminá-las. Um novo estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Diagnóstico Ambiental e Estudos da Água (IDAEA), em Barcelona, na Espanha, e publicado pela revista Analytical Chemistry and Bioanalytical confirma que, "embora a mobilidade do glifosato nos solos seja baixa, o produto é capaz de alcançar as águas subterrâneas". Foram analisadas cerca de 140 amostras de água subterrânea coletadas na Catalunha. O glifosato foi encontrado acima dos limites detectáveis em 41% das amostras, com concentrações que chegaram até 2.5 É g/L (a concentração média encontrada foi de 200 ng/L).
Essa não foi a primeira vez que se demonstrou a presença de glifosato na água doce. Um outro estudo divulgado em agosto de 2011 pelo U.S. Geological Survey, órgão vinculado ao Ministério do Interior dos EUA (U.S. Department of the Interior), encontrou resíduos de glifosato no ar e em água da chuva e de riachos em zonas agrícolas da bacia hidrográfica do rio Mississippi, nos EUA. O metabólito AMPA, um produto da degradação do glifosato, altamente tóxico e que tem persistência ambiental maior que a do próprio glifosato, também foi frequentemente detectado em riachos e na chuva. A ocorrência do veneno em riachos e no ar indica que ele é transportado a partir do ponto de uso e se espalha no meio ambiente. Tanto no ar como na chuva, a frequência de detecção de glifosato variou de 60 a 100%.
No Brasil, estudo realizado pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e publicado em 2010 informa que um monitoramento realizado entre 2004 e 2005 encontrou resíduos de glifosato (além de outros agrotóxicos) nas águas do rio Corumbataí e tributários (o rio Corumbataí nasce no município de Analândia, atravessa Corumbataí, Rio Claro e Cordeirópolis e desagua no rio Piracicaba). Segundo o relatório da Cetesb, Monteiro, Armas e Queiroz (2008) analisaram vários herbicidas em amostras de água do rio Corumbataí e principais afluentes e verificaram que a frequência de detecção e a concentração dos herbicidas foram maiores no início das chuvas intensas.
AS-PTA/EcoAgência

Alimentos orgânicos nas garras do capital

Entrevista com Sebastião Pinheiro. Com o aumento da conscientização da sociedade sobre os prejuízos dos agrotóxicos à saúde, cresce a possibilidade da população ficar refém de mais uma falsa solução: os alimentos orgânicos.



Por André Guerra - Revista Caros Amigos

Cada vez mais a população está consciente da incompatibilidade do desejo por qualidade de vida e o atual cotidiano das grandes cidades. Um dos pontos mais sérios acerca desta questão é o fato de uma pesquisa recente ter revelado que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Além disso, a campanha “Agrotóxico Mata”, encabeçada por movimentos sociais e estudiosos da área, estimou que cada brasileiro consome em torno de 5,2 litros de veneno por ano. O furor que a campanha está causando faz com que uma quantidade cada vez maior de pessoas tomem partido da necessidade de novos hábitos e padrões de alimentação.
No entanto, o oportunismo de grandes transnacionais traz o risco de não haver uma “transformação”, mas sim, mais uma readequação ao já arcaico modelo. Sobre isso, a Caros Amigos conversou com Sebastião Pinheiro, especialista no tema. Engenheiro Agrônomo e Florestal, atualmente Pinheiro atua no Núcleo de Economia Alternativa (NEA), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Entre outros livros, ele escreveu “Ladrões de Natureza” e “A Agricultura Ecológica e a Máfia dos Agrotóxicos no Brasil”. Neste ano, ele lançou a “Cartilha da Saúde do Solo”, que aborda temas como a importância do pequeno agricultor apoderar-se das técnicas tradicionais e eficazes que compõem, segundo Pinheiro, a “verdadeira biotecnologia”. Os textos também trazem dados de como as grandes transnacionais estão inviabilizando a prática da agricultura dos pequenos produtores, criando um novo mercado baseado na biotecnologia industrial, pretensamente “orgânica”.
Como o senhor vê a questão dos agrotóxicos hoje?
Em 1978 eu comecei a dar treinamentos sobre o uso de agrotóxicos. Havia pessoas que defendiam o bom uso dos agrotóxicos, e eu sempre dizia que o melhor uso do agrotóxico é não usá-lo. Eles diziam que eu estava louco. Em 1981, eu fui enviado pra Alemanha por Delfim Netto, do Ministério do Planejamento. Lá, eu percebi uma coisa fantástica: na Alemanha, o agrotóxico era coisa do passado, já era assim em 1981. A Alemanha toda estava preparando a biotecnologia de ponta para o futuro. Eu cheguei lá e vi que só se falava em agricultura alternativa, que aqui, hoje, se chama de orgânica. E agora nós estamos ainda brigando contra os agrotóxicos.
E como está a situação dos transgênicos?
Eu comecei discutir os transgênicos em 1986. Eu dizia que essa coisa não iria longe, as indústrias tinham que ter alguma coisa guardada na manga. Ninguém é imbecil de comer veneno e ter câncer, mesmo que isso seja uma indústria lucrativa. Ninguém vê, mas comer veneno e ter câncer é altamente lucrativo. Basta ver os doutores de oncologia. Qualquer pessoa que chega aos 65 anos começa a reclamar que dói a próstata, dói isso e dói aquilo. Quando não deveria ser assim. Não deveria ser macabro. Eu deveria ser feliz até morrer. Os transgênicos começam a ser criados como artifício industrial militarista-econômico-financeiro em 1930.
Como é a regulamentação dos transgênicos?
Em 1988, houve a Constituinte. O então deputado Carlos Araújo, ex-marido da Dilma, em uma ocasião me perguntou o que eu achava da constituinte gaúcha. Eu disse que teria que ser acrescentado um item. Disse que surgiria um tema que iria fazer com que os agrotóxicos ficassem no chinelo: os transgênicos. As multinacionais iriam exacerbar sua atuação e iriam concentrar seu poder. Ele acrescentou o item e hoje o artigo existe, é o 251 da Constituição: “toda pesquisa, trabalho ou atividade que envolva organismos geneticamente modificados deverão ter permissão prévia do estado do Rio Grande do Sul”. Na constituição gaúcha está escrito isso.
Qual o destino dos agrotóxicos?
Nós temos a Lei 7802/89. Vou repetir uma conversa que eu tive com o pessoal do MST daqui [ Rio Grande do Sul]. Eu disse para eles que para cada ato de fiscalização que eles me trouxessem dessa lei, eu pagaria 100 dólares – não tenho, mas pagaria. Qualquer ato de fiscalização da Lei Nacional dos Agrotóxicos, em qualquer um dos 25 estados da Federação. Lógico, não deve ser zero, deve ter um ou dois, aqui ou ali, mas por quê? Porque é proibido fiscalizar! A quem beneficia a lei hoje? Preste atenção, qual é a palavra criada por Bush para o mundo: a palavra terror. A palavra mais importante do planeta nesses últimos 10 anos foi terror. O terror impõe medo. O terror é o medo que o pequeno impõe ao grande quando o grande não consegue controlar o pequeno. Isso é terrorismo. O medo faz parte do cotidiano das pessoas.
Quando você me traz a palavra agrotóxico, o contexto que eu vejo lá fora é de medo. Eu tenho medo do agrotóxico, então eu quero um alimento orgânico. Vai ser mais caro ou mais barato? Ele vai ser para uma elite mais abjeta e mais detestável. Essa é minha crítica à campanha dos agrotóxicos. Me dou muito bem com o Stédile, conheço ele, mas eu disse pra ele: não façam isso porque vocês não podem dar conta. Eu sempre uso uma expressão “ao inimigo eu não dou trégua, nem munição”. O problema do agrotóxico no mundo começa em 1961, quando a mulher norte-americana Rachel Carson, uma grande bióloga, descobre que está com câncer de mama, que era mortal naquela época. Ela escreve uma série de crônicas no New York Times sobre o que os Estados Unidos estavam fazendo com a sua agricultura. Na verdade, era o petróleo se transformando em agricultura. Ela compila isso no livro “Primavera Silenciosa”. Em 1968, tem início uma campanha contra os agrotóxicos no mundo inteiro. Quem é que faz essa campanha? As indústrias. Elas criam uma campanha controlada. Ou seja, conduzida e manipulada pelos interesses delas. Elas usavam a tecnologia. Quem tinha tecnologia de ponta de agrotóxico? Alemanha: 95%; Shell (anglo-holandesa); ESSO (grupo Rockfeller).
É possível produzir alimentos orgânicos para toda a sociedade?
E por que não?
De que forma se trabalha para isso?
Nós estamos fazendo uma campanha diferente. Nessa campanha, um curso foi dado ao MST, nos Filhos de Sepé, em Viamão (RS), durante três dias. Eu não estou mais falando de veneno, vou explicar o porquê. O veneno é um problema da indústria, não é um problema nosso. Qual é a minha preocupação: eu tenho um solo, se o solo é são, a semente colocada nele irá se desenvolver de forma sadia, o fruto dessa planta será sadio e quem comer o alimento vai ter saúde. Temos uma trilogia: solo são, planta sã, homem são. Preciso gastar algum dinheiro ou preciso trazer educação? Eu não retrocedo. A indústria pode induzir e manipular, mas eu estou lá na frente. A indústria jamais quer sua imagem afetada. Ninguém limpa a imagem de um produto no mercado. Hoje as empresas do ramo dos agrotóxicos estão com o pé preso. E eu vou manter o pé delas preso. A Bayer não vai se tornar uma empresa “sustentável” de “inóculos saudáveis”. Inóculos saudáveis são aqueles das vovós sertanejas. Aquilo sim é biotecnologia, aquilo sim é agroecologia crioula, cabocla, nativa, negra. A da Bayer, não. A briga não mudou de plano. O plano é o mesmo. A Bayer é uma empresa que fabrica o mesmo produto, o que mudou foi a matriz.
A luta tem de ser travada em qual plano?
Qual é o futuro? O futuro tem uma matriz tecnológica: a biotecnologia. Se você não souber biotecnologia, cai fora. Sai da reta porque eles vão passar por cima. É preciso dominar a biotecnologia quilombola, crioula. Se eles vão criar um mercado para daqui 25 anos, eu não estou preocupado com eles. Eu estou preparando esse mercado para dentro de três anos. Os orgânicos do Rio Grande do Sul são um dos melhores do mundo e não são elitizados. É isso que nós temos que fazer, senão eu danço a música que o outro toca.
Há um interesse das transnacionais nos produtos orgânicos?
A Inglaterra é campeã em te manipular e te induzir. Ela é a contra-inteligência hoje. Não pense que a Bayer, com um orçamento que é quatro vezes o do Brasil, e não tem 200 milhões de habitantes, não protege a sua marca, o seu nome. Em 1986, eu estava no Ifoam, a Federação Internacional dos Movimentos da Agricultura Orgânica, e o José Lutzenberger foi falar pela América Latina, e eu, pelo Brasil. A preocupação era o caso dos agrotóxicos no Brasil. Na hora do cafezinho, me disseram que tinha um cara com um crachá da Bayer no peito. Eu fui conferir. Chego lá, são quatro pessoas de gravata e terno preto. Eu olhei pra eles e falei em alemão: “Perdoem a minha indiscrição, eu teria uma pergunta para fazer para os senhores: esse aqui é o quinto congresso mundial de agricultura orgânica, o que a vossa empresa faz aqui?”. Sabe o que o cara me disse: “Saiba você que esse será o nosso maior departamento para dentro de 20 anos”. Ou seja, a Bayer já projetava como ia ganhar dinheiro no futuro.
Qual seria a participação deles nesse novo mercado?
Às vezes você nem vê. Eles estão aqui porque agora eles não são a linha de frente da Andef [Associação Nacional dos Defensivos Agrícolas, hoje, Associação Nacional de Defesa Vegetal], quando subornavam os funcionários burocratas do Ministério da Agricultura e quando corrompiam. Eu já presenciei várias vezes, em plena ditadura, aqui no Rio Grande do Sul, eles pegarem centenas de cruzeiros e colocarem na mão do jornalista para que ele fizesse uma matéria favorável a eles. Hoje eles estão na Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo].
Qual é o papel específico das empresas nessa nova economia?
Você acredita ainda que existe o Estado-Nacional? Nem nos Estados Unidos existe. O que existe hoje é um colegiado de grandes empresas. Se quiser rir um pouco: Jorge Gerdau Johannpeter faz parte do governo Tarso Genro. E o pior é que o Tarso não sabe. E nós não nos damos conta disso. Hoje o jogo é esse. Não há Estado-Nacional. Quem manda é um colegiado de empresas. A palavra máxima de Adolf Hitler era a eugenia. Se você come cesta básica, eu não preciso te tirar o direito de voto, ele cai por si só. Se você comer orgânico, você é ascendido. Que tipo de sociedade é essa onde o pobre é obrigado a comer merda e o rico pode pagar mais caro por um alimento orgânico? Ela é democrática, fraterna? Não. É uma sociedade fascista. E não tem futuro.
Qual a responsabilidade que as indústrias têm sobre os agrotóxicos?
Quando uma indústria cria um agrotóxico, a primeira preocupação dela é procurar um governo que o registre. Porque a indústria só tem responsabilidade por 99 anos. A responsabilidade de um governo é eterna. Quem registra é o governo. Ele assume o interesse da indústria e executa o que a indústria quer. Por isso que, nos Estados Unidos, quando a indústria quer registrar algo, o Tio Sam diz: “eu registro, mas quero um depósito de 250 milhões de dólares para garantia de que não há o falseamento de nenhum dos dados e se houver algum problema eu não distribuo na costa do povo americano”. Recentemente, deu uma confusão com uma merendeira de uma escola com relação a um veneno de rato colocado na comida. Eles não estão discutindo uma questão mais importante. A empresa do veneno, chamada Nitrosin, faliu há 30 anos. Eu só observo e penso quem é quem e por quê. Tudo, hoje, é jogo de inteligência. A coisa funciona assim: o décimo quarto assessor da OMC, não é o primeiro, é o décimo quarto, liga para o presidente e fala “senhor presidente, aquele crédito que o senhor precisa para habitação, saúde, infra-estrutura está pronto para ser liberado, estou com a caneta na mão, só precisamos de uma coisa: transgênicos, agrotóxicos...”. É assim que funciona. Se eles quiserem, ainda, telefonam pra Globo, SBT, Bandeirantes.
Quais os países que registram os agrotóxicos?
Hoje, é Brasil. Brasil e China.
Há algum episódio marcante em função do uso dos agrotóxicos no Rio Grande do Sul?
Um dia eu estava na UFRGS e chega uma menina e diz que é de Santa Cruz do Sul. Ela fala que vários pais dos amigos dela de Venâncio Aires estavam se suicidando. Eu perguntei se eram produtores de fumo, ela confirmou. Como ela era advogada, eu sugeri que ela pegasse os prontuários das ocorrências. Indiquei que pegasse os dos últimos dez anos. Na Argentina, onde eu estudei, um professor uma vez me disse que no momento em que os inseticidas fosforados foram introduzidos na fumicultura, os suicídios cresceram em nove mil por cento. Depois de um tempo, eu comecei a montar os perfis dos prontuários que ela trouxe. Começamos a trabalhar eu, ela e mais dois: um médico com especialização em mortalidade e um especialista em fosforados.
Num certo momento, eu falei para ela que não estava gostando do que estávamos fazendo. Nós estávamos trabalhando conforme a ciência acadêmica brasileira e eu não sou isso, nunca fui e nem quero ser. Eu disse que nós tínhamos que ter uma atitude. E uma atitude não era pesquisar a desgraça alheia. A atitude teria que ser parar com aquela merda. Ela me perguntou o que poderíamos fazer. Eu disse que deveríamos ir à comissão de Direitos Humanos e falar com um deputado bastante interessante, que depois não se elegeu mais, o nome dele era Marcos Rolim. Ele olhou e propôs que fizéssemos uma audiência pública, que era o que nós queríamos. Nós tínhamos encontrando que, no Rio Grande do Sul, havia o dobro de suicídios em comparação com o Brasil, e Venâncio Aires tinha quatro vezes o número do Rio Grande do Sul. Isso é um dado que assusta. Os resultados causaram uma comoção mundial. Se você procurar na agência espanhola, Reuters, AP, AFP, a agência alemã, todo mundo repercutiu a denúncia de Venâncio Aires. No mundo, o suicídio mais comum é na faixa etária entre 17 e 18 anos ou entre 60 e 70. Em Venâncio Aires, era entre 30 e 35.
Como essas indústrias estão interferindo na forma de pensar a agricultura?
Você sabe quem está fazendo a “Revolução Verde” na África, sem agrotóxico? Kofi Annan, Bill & Melinda Gates, Fundação Rockfeller, Embrapa. Todos estão lá e você pensa “o que tem a Embrapa a ver com a África?”. Os maiores centros financeiros do mundo estão na África e nós não estamos nem nos dando conta disso, nem sabemos o que significa. O nosso problema, hoje, é que nós não nos adaptamos à OMC e à economia globalizada. Um dado impressionante é que a Nestlé está fazendo contratos de agroecologia com agricultores nordestinos, aqui no Brasil. Orgânicos para a Nestlé! A lei brasileira de orgânicos não tem nada a ver com agricultores, ela se chama 10831/03. Hoje, na Etiópia, existem 40 milhões de pessoas passando fome. Sabe qual é a proposta da Nestlé e da Pepsico? Barrinhas de cereais. Uma barra de cereal tem um custo de 0,01 centavo de dólar. Ela deve ser vendida a 3 dólares para as Nações Unidas. Dá margem de lucro ou não dá? Hoje, para produzir orgânicos, você precisa pagar um certificado de orgânico que pode custar até 25 mil dólares. A lei te obriga a fazer uma certificação de alimento orgânico pela Ecocert, por exemplo.
Caros Amigos/EcoAgência

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Uso de tecnologia em escolas depende menos de plataforma e mais de conteúdo disponível, defendem especialistas


Depois de prefeituras e governos estaduais receberem ou adquirirem cerca de 574 mil laptops por meio do Programa Um Computador por Aluno (UCA), o Ministério da Educação (MEC) acena com a possibilidade de inserir os tablets nas salas de aulas das escolas públicas brasileiras. Especialistas concordam que o sucesso do uso das tecnologias em educação não depende apenas da plataforma utilizada, mas sim da forma como a escola irá inserir essas ferramentas no aprendizado e também dos conteúdos digitais disponíveis.
A diretora da Fundação Pensamento Digital, Marta Voeclker, aponta que a escola pode “mudar de paradigma” a partir da tecnologia. Ela ressalta que o uso das máquinas – seja um computador, laptop ou tablet – pode transformar a lógica do aprendizado. Alunos deixam de ser meros “recebedores” de conteúdo e podem evoluir para autores. “A tecnologia nos ajuda a sair de uma educação por instrução e memorização para uma educação de construção e colaboração. Uma tecnologia que a criança use a imagem, escreva e formalize ali seu entendimento. Se tenta mudar a escola há 100 anos e a tecnologia vem ajudar nisso”, explica.
Sob esse ponto de vista, Marta defende que o “hardware” não importa tanto. O essencial é ter à disposição ferramentas que possibilitem um uso educacional de laptops e tablets para que as máquinas não sejam meros reprodutores dos conteúdos que já estão nos livros didáticos. “A escola vai aos poucos se tornando digital, os professores estão fazendo blogs, a gente se apropria das redes sociais, mas não há algo pensado para a escola que precisa de uma transição para a época digital”, aponta.
A especialista no uso das tecnologias da educação ressalta, entretanto, que essa transição da escola analógica para a digital precisar ser feita aos poucos. Leva tempo e exige uma reflexão da sociedade a respeito do que se espera da escola. “Quando o educador começa a trabalhar esses projetos chega um momento que o sistema não reconhece o que ele está fazendo. Isso está acontecendo em todo o mundo. No Brasil nós temos um ambiente mais propício à mudança, até do ponto de vista da legislação. Mas é uma mudança grande porque aí chegam as avaliações que hoje ainda se baseiam muito na memorização”, diz Marta. “O que precisava é de um pensamento estratégico dentro do governo para pensar esse assunto a longo prazo”, completa.
Para Ilona Becskeházy, diretora da Fundação Lemann, a primeira e principal estratégia é buscar conteúdos pedagógicos que possam ser acessados por meio dos equipamentos. “Se você não selecionar conteúdo de alto padrão, tanto faz se é papel, lousa, ou tablet. E isso a gente não faz no Brasil. A lógica deveria ser: primeiro você busca o conteúdo e depois você procura como é a melhor maneira de distribui-lo. Se ele for bom pode ser até um mimeógrafo”, critica.
Fonte:Agência Brasil 30/01/2012
Em 2012, pela primeira vez, o edital publicado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a compra dos livros didáticos que são distribuídos às escolas públicas do país inclui os chamados “objetos educacionais complementares aos livros didáticos”. Isso significa que as editoras poderão apresentar conteúdos em formato digital que, se aprovados, poderão ser adquiridos pelo governo para uso na rede pública.

Mais de 100 agências do INSS serão abertas até o fim do ano


Até o fim do ano, 182 agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) serão abertas em todo o país. A meta do governo é evitar que o segurado tenha de percorrer longas distâncias para tratar de serviços da Previdência.
“No Pará, às vezes, uma pessoa tinha que se deslocar até 600 quilômetros para ir a um posto da Previdência, que era o mais próximo”, disse a presidenta Dilma Rousseff em seu programa semanal Café com a Presidenta. Ela acrescentou que o estado deverá receber mais 14 agências. “Faremos também, em todos os lugares em que for necessário, concurso público para contratar servidores onde há carência de funcionários”, destacou.
Dilma lembrou que a Previdência criou um sistema computadorizado que acompanha todas as etapas do atendimento a quem procura uma agência do INSS. “Se temos as informações, conseguimos não só acompanhar a solução dos problemas como também organizar o funcionamento de cada uma das agências”, disse. “É possível saber, por exemplo, quantas pessoas estão sendo atendidas por cada um dos funcionários ou se alguém está esperando mais tempo do que o devido”.
A presidenta lembrou ainda que, atualmente, os atendimentos são feitos com dia e hora marcados, o que agiliza o serviço. O contribuinte que tiver toda a sua documentação cadastrada poderá se aposentar em até 30 minutos. E não há mais a necessidade de esperar em filas na porta das agências. “Agora, o segurado recebe, em casa, uma carta do INSS quando completa a idade mínima para se aposentar, informando que ele pode já pleitear o seu benefício. Isso é bom para o governo, que consegue controlar melhor a arrecadação e os pagamentos, e é excelente para o contribuinte, que tem mais facilidade de acesso aos seus benefícios”, comentou Dilma.
Agência Brasil 30/01/2012

A lei da Copa e a soberania nacional



Adoro futebol, desde criança. Minha condição de banguense permite a convicta afirmação de que adoro o futebol pelo futebol mesmo, e não porque fanaticamente tenha elegido um clube vencedor como uma religião, ou porque me queira sentir vitorioso ao fim de cada semana, transferindo para mim as vitórias do meu time. Gosto do futebol pela plástica desse esporte, pelo que há de coletivo nas evoluções de uma equipe bem estruturada, pela confraria colorida e alegre que ele propicia ao redor do campo. São muitas as razões para que eu goste do “velho esporte bretão”, que alguns chamavam de violento, certamente porque não conheciam o MMA... Uma dessas razões, porém, seguramente, não é a identificação de uma seleção brasileira com a nação, pois não participo da opinião de quem acha que, em épocas de Copa, aqui nos transformamos em uma “pátria de chuteiras”...
As discussões que estão ocorrendo em torno da formulação de uma Lei Geral da Copa colocam em destaque, necessariamente, a força descomunal que se pretende tenha o futebol, em detrimento de muitos valores que deveriam constituir “claúsula pétrea” em nossa sociedade. Afinal, o Brasil vem se firmando no cenário mundial nos últimos anos e, seguramente, isso não tem nada a ver com vitórias no campo futebolístico, que aliás andam escassas entre nós, mas sim com conquistas comunitárias que as políticas sociais do governo vêm implementando.
Muitas vezes já me referi aqui ao descalabro que é esse açodamento pela construção de estádios em certas cidades que, após a Copa, não vão utilizá-los de modo a obter benefícios que justifiquem os altos custos dos empreendimentos, muitos deles feitos exclusivamente com dinheiro do povo. Nesses casos, o tão propalado “legado” a ser deixado será  um elefante branco, um verdadeiro escárnio às efetivas necessidades populares.
Mas isso já é irreversível e só resta acompanhar o desenvolvimento da coisa. Há muitos outros valores em jogo, além dos financeiros. Recentemente, tivemos entre nós, uma vez mais, o secretário-geral da FIFA, Sr. Jérôme Valcke, na condição de avaliador da nossa competência e quase se atribuindo a última palavra em assuntos que têm a ver com as políticas internas do país e, se pensarmos bem, com a própria soberania nacional. Ao afirmar, por exemplo, que está na hora de encerrarmos a discussão sobre a Lei da Copa e aprová-la (só faltou dizer; ”aprová-la do jeito que queremos”), o Sr. Jérôme extrapola suas funções. Uma frase sua: "Só porque vocês ganharam cinco Copas do Mundo, vocês acham que podem pedir, pedir e pedir". Pior é que conta com o apoio interno de muitos brasileiros que, por razões e interesses os mais variados, fazem coro às suas “recomendações”.
A mídia comprometida com os aspectos econômicos do evento, tão “zelosa” em muitas outras situações, faz um coro não muito discreto às críticas quanto aos nossos atrasos em cumprimento de prazos. Compondo o cenário, o ex-jogador Ronaldo Nazário, membro do Comitê Organizador local, tenta substituir, com o carisma que possuiu quando “fenômeno” futebolístico, a discutibilíssima credibilidade dos titulares do esporte brasileiro, entre eles o Sr. Ricardo Teixeira.
Há muitos assuntos pendentes e que a tal Lei da Copa terá que regular. Um deles: a venda de bebidas alcoólicas nos estádios em que os jogos se realizarem, contrariando legislação interna do país que proíbe tal prática. Em entrevista que deu, o secretário da FIFA, em um primor de sofisma, disse que não queria falar de venda de bebidas alcoólicas, mas de venda de cerveja...
Outro assunto é a colocação de ingressos mais baratos para estudantes e idosos, prática institucionalizada no país, sendo que o Governo quer acrescentar como beneficiários os indígenas e os detentores do Bolsa Família. Há quem considere demagógico o acréscimo governamental, mas a verdade é que a proposta, entre outros méritos, pode ter o de deflagrar, pelo exemplo, outras medidas da espécie que atinjam esses segmentos, depois que a Copa acabar. Esse seria um legado, talvez. De qualquer forma, o caso dos estudantes e idosos é diferente, pois se trata de manter o que já existe, sem retrocessos.
A verdade é que, por mais que gostemos de futebol, não dá para permitir, por isso, arranhões na soberania brasileira. E se a Copa é um negócio onde todos querem lucrar, o mínimo que esperamos é que esse lucro não se faça às custas de prejuízos à cidadania. 
  Rodolpho Motta Lima - Advogado formado pela UFRJ-RJ e professor de Língua Portuguesa do Rio de Janeiro, formado pela UERJ. Funcionário aposentado do Banco do Brasil.
Fonte:Jornal Agora 29/01/2011

Segundo país do mundo em casos de hanseníase, Brasil também precisa combater o preconceito


 No Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase, celebrado no último domingo de janeiro, autoridades de saúde e organizações da sociedade civil se mobilizam pelo fim da discriminação das pessoas que têm a doença. Apesar de ter cura, muitos brasileiros ainda se escondem e deixam de procurar o tratamento, com medo de sofrer estigma dentro da família, entre os amigos ou no trabalho.
Em estado avançado, a hanseníase causa deformidades no rosto, nas mãos e pernas, comprometendo a aparência.
O assessor técnico do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e sanitarista Marcos Franco conta que, quando trabalhou com vítimas de hanseníase no interior de São Paulo, a maioria vivia no estado vizinho do Rio de Janeiro. Esses pacientes tinham vergonha de procurar atendimento médico na cidade onde moravam.
“O paciente tem medo de usar o serviço do próprio município onde vive. Temos que desconstruir esse estigma para dizer que a hanseníase é uma doença tratável e não um castigo de Deus”, disse Franco, que esteve em Brasília na semana passada para acompanhar a divulgação dos dados do governo federal sobre a incidência de hanseníase no país.
O coordenador do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Artur Custódio, recorda que centenas de crianças foram separadas dos pais durante décadas por causa do preconceito com relação à doença.
Até o final da década de 1970, uma lei determinava a internação obrigatória das pessoas com hanseníase em hospitais-colônia. Os pacientes tinham de entregar os filhos a educandários. “Foi a maior alienação parental que ocorreu no Brasil”, destaca Custódio.
Para reunir irmãos e filhos de ex-pacientes, o Morhan oferece exames de DNA para identificar os vínculos familiares e busca indenização do Estado pela separação compulsória.
Na próxima segunda-feira (30), o embaixador da Boa Vontade para Eliminação da Hanseníase das Nações Unidas, Yohei Sasakawa, estará no Brasil para a assinatura de documento global pelo fim do estigma e da discriminação contra pessoas com hanseníase.
Em 2011, foram registrados 34.894 novos casos da doença, redução de 15% em comparação a 2010 (30.298 casos). Apesar da queda, o país ainda é o segundo no ranking mundial de prevalência da doença, ficando atrás somente da Índia, que registra cerca de 125 mil novos casos por ano. A meta das Nações Unidas, de menos de um caso para grupo de 10 mil habitantes, só deve ser alcançada no Brasil em 2015, de acordo com o Ministério da Saúde.
Saiba mais sobre a hanseníase
Doença infecciosa, a hanseníase causa deformidades na pele e nos nervos de braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz. A transmissão ocorre pelo contato direto e prolongado entre as pessoas. O doente sem tratamento expele o bacilo ao tossir ou espirrar. Muitas pessoas podem ser infectadas, mas a maioria tem resistência ao bacilo. Ambientes fechados, com pouca ventilação e sem luz solar aumentam as chances de contaminação. A transmissão não ocorre durante contato breve entre as pessoas, como uma caminhada para a escola ou uma conversa no elevador.
A doença não faz distição de sexo ou idade. Os sintomas são manchas brancas, avermelhadas e marrons em qualquer parte do corpo, que ficam dormentes e sem sensibilidade ao calor, frio ou toque, principalmente nas mãos, costas, nádegas, pernas e pés. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos primeiros sinais pode levar de dois a cinco anos.
A hanseníase tem cura. O tratamento, de graça pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é a base de comprimidos. O paciente pode tomar os medicamentos diariamente em casa e procurar o médico uma vez por mês para acompanhamento. O tratamento dura de seis meses a um ano. Assim que começa a tomar os remédios, o doente para de transmitir a hanseníase. E não precisa se afastar do trabalho, nem do convívio familiar, e pode manter relações sexuais.
O diagnóstico é feito pelo médico por meio de exame clínico. Em casos raros, o profissional pode solicitar exames complementares. A identificação e o tratamento precoces são as melhores formas de combater a doença. Outra recomendação é que pessoas que vivem ou que moraram com pacientes de hanseníase procurem um médico.
Agência Brasil 

Coordenador do Fórum Social Temático diz que objetivos foram alcançados


Porto Alegre - O Fórum Social Temático (FST) que, ao longo da última semana, reuniu 40 mil pessoas em Porto Alegre, conseguiu cumprir o objetivo de ser uma etapa preparatória para a Cúpula do Povos, a reunião que os movimentos sociais querem organizar em paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que o Brasil vai sediar em junho,no Rio de Janeiro.
A avaliação é de Celso Woyciechowski, membro do Comitê Organizador do Fórum Social Temático (FST), que conversou com a Agência Brasil e fez um balanço dos resultados de uma semana de debates. Woyciechowski disse que as articulações feitas em Porto Alegre servirão de base para uma plataforma de propostas que os movimentos sociais vão apresentar como alternativas ao que será negociado oficialmente pelos governos na conferência do Rio. A base é a crítica à chamada economia verde que, segundo as organizações não governamentais (ONGs), pode acabar apenas repetindo o modelo capitalista sob um rótulo de correção ecológica.
Agência Brasil: Como o senhor avalia essa edição do Fórum Social Temático?
Celso Woyciechowski: Todo Fórum Social Mundial e, aqui também, essa edição temática, sempre tem expectativas e grandes possibilidades de essas expectativas serem concretizadas. Acho que esse FST concretizou as expectativas, tanto de público - tivemos mais de 40 mil pessoas participando de todas as atividades - quanto de construir uma extraordinária plataforma para encaminhar à Cúpula dos Povos, durante a Rio+20, em junho. Esse elemento temático deu foco aos debates, motivou e fez com as que as pessoas participassem mais, com conteúdo, com profundidade e, portanto, transformasse esse fórum em uma das melhores edições no que diz respeito ao debate do conteúdo e no encaminhamento das resoluções. Nós, da comissão organizadora, estamos extremamente satisfeitos, pelo conteúdo, pela riqueza dos debates que aqui foram apresentados e pelas proposições que certamente serão levadas para a Cúpula dos Povos, no Rio de Janeiro.
ABr: O FST cumpriu o papel de ser uma preparatória para a Cúpula dos Povos?
Woyciechowski: Esse era o objetivo e acreditamos que foi cumprido. Cumpriu o papel de fazer o debate, armar uma mobilização em caráter mundial e uma plataforma com possibilidade de grandes acordos para a Rio+20, por meio da Cúpula dos Povos. Acreditamos que esse debate foi construído e será aperfeiçoado e aprimorado até o mês de junho, antes da Rio+20.
ABr: A crítica à economia verde é a principal mensagem que sai do fórum?
Woyciechowski: Acredito que o capitalismo tem suas crises cíclicas, demostra seus limites e busca alternativas. Acho que esse é o momento em que o capitalismo em crise está buscando alternativas na economia verde, alternativas para se reciclar. Todos os debates aqui colocados têm trabalhado com o conceito de economia verde, o conceito de emprego verde trazido pelo capitalismo, que nada mais é do que a reciclagem do próprio capitalismo, que não tem compromisso com a sustentabilidade, não tem compromisso com o meio ambiente e trabalha na lógica, portanto, de uma economia verde reciclando e reoxigenando o próprio capitalismo. Acho que nós precisamos trabalhar com outro conceito de economia verde, com outro conceito de emprego verde, linkar muito fortemente a mudança de um sistema de desenvolvimento hoje econômico com um sistema de desenvolvimento social, sustentável, com respeito ao meio ambiente e com justiça social e distribuição de renda.
ABr: Como essa edição temática se articula com processo histórico do Fórum Social Mundial? Houve uma evolução das ideias ao longo dos anos, da crítica ao neoliberalismo em 2001 para questões ambientais?
Woyciechowski: De 2001 até 2012, temos onze anos que separam a primeira edição do FSM, que tinha um cunho muito forte de fazer um contraponto sistemático ao modelo econômico baseado muito fortemente nas grandes diretrizes que eram elaboradas no Fórum Econômico Mundial, de Davos. Portanto, o FSM cumpriu seu papel nesse período, enquanto grandes transformações no mundo aconteceram. Vamos pegar o exemplo da América Latina: tivemos grandes transformações, mudanças de curso nas gestões públicas e no modelo de desenvolvimento. E, logicamente, o FSM também precisa avançar, também precisa ter respostas para debates mais objetivos.
ABr: Como os movimentos sociais avaliaram a vinda da presidenta Dilma ao fórum, pela primeira vez como chefe de Estado?
Woyciechowski: O aspecto mais positivo foi a decisão da presidenta Dilma de vir para o FST e não ir ao Fórum Econômico de Davos. Essa foi uma decisão política extremamente acertada da presidenta Dilma e que demonstra o seu empenho em buscar um diálogo que seja alternativo, que não seja um modelo vertebrado a partir de Davos. E, para além disso, a presidenta abriu um debate franco, transparente, com os movimentos sociais, com as organizações. Ela apresentou sua vontade, sua disposição de buscar as transformações.
Acompanhe a cobertura completa do FST 2012 no site multimídia da Empresa Brasil de Comunicação (EBC)

sábado, 28 de janeiro de 2012

Movimentos sociais fazem balanço do FST e preparam mobilizações para Rio+20


Porto Alegre – Cerca de 1,5 mil pessoas participaram hoje (28) de uma assembleia que reuniu mais de 100 movimentos sociais participantes do Fórum Social Temático (FST) 2012. Em carta, os ativistas citaram a construção de uma agenda e de ações comuns contra o capitalismo, o patriarcado, o racismo e todo tipo de discriminação e exploração.
A coordenadora dos movimentos sociais, Rosane Bertotti, explicou que o documento lista elementos em comum em meio à diversidade registrada na assembleia. Entre os destaques, temas como a democratização da comunicação, a violência contra as mulheres, o desenvolvimento sustentável e solidário, a reforma agrária, a agricultura familiar, o trabalho decente, a luta pela educação e pela saúde.
“Rejeitamos toda e qualquer forma de exploração e discriminação, seja ela no mundo do trabalho, sexista ou racial. Rejeitamos também toda forma de criminalização dos movimentos sociais e a forma como o capitalismo se reinventa na proposta de uma economia verde, achando que apenas pintar de verde um espaço vai mudar a realidade. Entendemos que, para mudar a realidade, não é só pintar de verde, é garantir direitos, liberdade de organização, democracia, proteção social”, disse.
Para o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, o FST constituiu um espaço importante para reunir ativistas de várias partes do mundo que, em 2011, deram lições de cidadania e consciência na luta pelo acesso à educação e pelo direito a uma educação de qualidade.
“O FST funciona como uma orquestra que consegue juntar diferentes opiniões de inúmeros países numa perspectiva de superar as desigualdades sociais e os desequilíbrios que hoje a gente enfrenta no mundo”, ressaltou. Entre as reivindicações do movimento estudantil brasileiro estão a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB)) para a educação, a vinculação de, pelo menos, 50% da arrecadação com a exploração do pré-sal para investimentos em educação e a valorização do professor.
O secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo, avaliou que os debates do FST ficaram dentro do esperado. “Nós, do movimento sindical, viemos para o fórum para fazer o debate junto com as outras mobilizações dos movimentos sociais, para potencializar a nossa intervenção, as nossas propostas durante a realização da Rio+20.”
A ideia, segundo ele, é fazer com que a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) não seja apenas um espaço de debate para ambientalistas, mas que inclua nas discussões fórmulas para melhorar as condições de trabalho no mundo. “Não basta apenas produzir de forma sustentável, é preciso desconcentrar renda, respeito aos direitos dos trabalhadores, aos direitos sociais e, acima de tudo, ao cidadão.”
Já o presidente da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Edson França, disse que a expectativa do movimento negro em relação ao FST foi superada, já que foi possível elaborar um documento com as reivindicações de todos os movimentos sociais.
“A questão racial aparece na carta porque o racismo é uma dimensão importante da opressão. Os movimentos sociais, a cada tempo que vai se passando, por meio do diálogo, vêm tomando entendimento e se sensibilizando a respeito disso”, explicou.
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Centenas protestam contra vazamento de óleo em Tramandaí


Manifestantes estenderam bandeira do Brasil de 400 metros quadrados


Centenas de pessoas se reuniram na manhã deste sábado para protestar contra o vazamento  ocorrido nessa quinta-feira em Tramandaí, no Litoral Norte. Os ambientalistas se concentraram às 11h na plataforma e seguiram em uma caminhada de cerca de 3,5 quilômetros até a barra do rio Tramandaí, em Imbé. 
A organização não governamental SOS Mata Atlântica estendeu uma bandeira do Brasil de pelo menos 400 metros quadrados. Os participantes levaram dois caixões com flores e plantas simbolizando a morte da natureza e faixas com dizeres como “Em defesa da vida marinha: oceano vivo”, “Petrobras: fachada verde, mar negro?” e “Dilma, onde é que tu tá? Vem aqui pra Transpetro te sujar”. 

Segundo um dos organizadores, o ambientalista José Truda, o ato serve para chamar a atenção e conscientizar as pessoas que estão na praia para o problema dos vazamentos de petróleo, que são recorrentes no Rio Grande do Sul e no País. 

O diretor de mobilização da SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, confirmou que o problema de vazamentos de óleo é frequente. “Essa é a história do petróleo no Brasil, infelizmente. Estamos lançando uma campanha em defesa do mar. Serão mais de 30 manifestos em todo o País para mobilizar a sociedade para o mar”, declarou. 

Veranistas ignoram recomendação da Fepam e entram no mar
Muitas pessoas decidiram ignorar a recomendação da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) para moradores e veranistas evitarem entrar no mar em Tramandaí e Imbé devido ao vazamento de óleo ocorrido quinta-feira no Litoral Norte. Pessoas não param de chegar à beira da praia neste sábado para aproveitarem o dia de sol e calor. 
 

Fonte:Jornal Correio do Povo 28/01/2012

Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo será lembrado no Fórum Social Temático


Porto Alegre - O Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo será lembrado hoje (28) em uma sessão especial do Fórum Social Temático (FST), que vai analisar a relação entre o trabalho escravo e os danos ao meio ambiente.
O debate vai reunir a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário e o procurador-geral do Ministério Público do Trabalho, Luís Antônio Camargo, com mediação do jornalista e cientista político Leonardo Sakamoto, da organização não governamental (ONG) Repórter Brasil, que denuncia situações de trabalho análogo à escravidão.
Além do ato em Porto Alegre, a mobilização pelo Dia Nacional de Combate o Trabalho Escravo inclui atividades em mais oito estados para chamar atenção para o problema e cobrar avanços, como a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 438/2001, conhecida como PEC do Trabalho Escravo. Em Brasília, o Ministério do Trabalho lançou esta semana o Manual de Combate ao Trabalho em Condições Análogas ao de Escravo.
O dia 28 de janeiro foi instituído como Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo como uma forma de homenagear os cinco auditores fiscais do Trabalho assassinados durante uma fiscalização rural na cidade mineira de Unaí, em 2004. O crime ficou conhecido conhecido como Chacina de Unaí. Oito anos depois, dos nove acusados de participação nos assassinatos, quatro estão em liberdade, beneficiados por habeas corpus, entre eles o atual prefeito de Unaí, Antério Mânica, e o irmão dele, Norberto Mânica. Cinco estão presos, mas ninguém foi julgado ainda.
Acompanhe a cobertura completa do FST 2012 no site multimídia da Empresa Brasil de Comunicação (EBC)

Educação Ambiental: do Fórum Social Temático, no Sul, ao VII FBEA, em Salvador

Neste sábado, 28/1, a equipe da Jornada desenvolverá atividade na capital gaúcha, onde debaterá não só um plano de ação, como a presença e programação na Rio+20.



De Porto Alegre (RS) para Salvador (BA). Educadores e educadoras ambientais que integram a II Jornada Internacional de Educação Ambiental estão nesta semana antenados no Fórum Mundial de Educação - um dos eventos do Fórum Social Temático, em Porto Alegre. O intuito é atualizar o Plano de Ação ligado aos princípios do Tratado Internacional de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e. Responsabilidade Global - um documento estabelecido na Rio 92 que se tornou referência para o setor desde então, por meio de uma grande caravana planetária, iniciada em 2008.
Para tanto, neste sábado, 28/1, a equipe da Jornada desenvolverá uma atividade autogestionada na capital gaúcha onde debaterá não só este plano de ação, como a presença e programação na Rio+20, ponto culminante dessa caminhada. O próximo passo será no VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental (VII FBEA), que acontecerá em Salvador entre 28 e 31 de março de 2012, que aliás tem o Tratado como um dos seus eixos fundamentais. A expectativa é referendar os materiais e avançar nas discussões.
“O desafio de estabelecer um novo paradigma frente a atual condição planetária nos leva a colocar a educação para a sustentabilidade no centro dos sistemas educacionais, da gestão ambiental e da vida cotidiana – diz Moema Viezzer, coordenadora internacional da Jornada – Porque sem educação para vida sustentável, nem as leis que protegem o ambiente, nem as novas tecnologias adaptadas para o convívio com o meio ambiente serão aplicadas”.
O Tratado de EA, como é chamado por quem é do ramo, é também tema central do segundo dia da VII FBEA, evento de âmbito nacional que abrigará novo encontro da II Jornada Internacional de Educação Ambiental (29/3, às 18h, Auditório Oxalá, Centro de Convenções da Bahia). Além disso, integra um dos oito eixos para quem queira apresentar painéis, ou propor oficinas / minicursos no Fórum de Salvador. Encontram-se abertas até 12 de fevereiro as inscrições para a submissão de resumos de propostas para essas atividades. E, até o fim do mês, as inscrições demais participantes têm desconto especial.
“Esse será um dos grandes links do Fórum com a Rio + 20. O Tratado é a referência maior do que construímos desde a Rio 92. Vamos refletir sobre o que de fato aconteceu nesses 20 anos, desde a Rio92, em interação com a política de educação ambiental”, observa Tita Vieira, coordenadora geral da VII FBEA .
História da jornada
A segunda Jornada Internacional do Tratado de Educação Ambiental surgiu a partir da percepção que se teve da atualidade e força dos princípios do Tratado Internacional de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e. Responsabilidade Global, elaborado em evento paralelo à Rio92, como fruto de um longo processo de discussões da sociedade civil.
Em 2008 o processo tomou corpo, com a criação de uma Secretaria Executiva composta por seis entidades não governamentais. E, a partir de 2009, consolidou-se com a criação de um Comitê Facilitador Internacional no Fórum Social Mundial em Belém do Pará. Desde então a Jornada está presente em diversos eventos nacionais e internacionais, além da realização de Jornadas Locais.
O ponto culminante será na Cúpula dos Povos e no Evento Brasileiro no âmbito da Rio+20, evento oficial da ONU, a se realizar em junho próximo, no Rio de Janeiro.
“As Jornadas Locais possibilitam uma maior e melhor divulgação do Tratado, como orientador com valores e princípios que qualificam as relações que as pessoas estabelecem consigo mesmas, como os outros e com o meio ambiente. Por outro lado visam preparar os participantes para um melhor desempenho durante a Rio+20, acabando por consolidar redes de pessoas, entidades e instituições a favor da vida”, afirma Mônica Simons, integrante da Secretaria Executiva da Segunda Jornada Internacional de Educação Ambiental”.


Saiba mais:
* Programação do VII FBEA: http://viiforumeducacaoambiental.org.br/programacao-geral/
* Jornada Internacional do Tratado de Educação Ambiental: http:// tratadodeeducacaoambiental.net
* Fórum Mundial de Educação: http://www.forummundialeducacao.org

Em resumo:
O QUE: II Jornada do Tratado de Educação Ambiental - de Porto Alegre a Salvador
ONDE: VII FBEA - Centro de Convenções da Bahia, em Salvador
QUANDO: de 28 a 31 de março de 2012.
Inscrições para propor oficinas, minicursos e painéis até 12 de fevereiro de 2012
Interação:
* Sites:
http://viiforumeducacaoambiental.org.br/ (VII FBEA)
http://midiasocial.rebea.org.br/ (Mídia Social REBEA)
* http://www.facebook.com/viiforumea (Facebook);
* https://twitter.com/viiforumea (Twitter);
* http://pt.scribd.com/viiforumdeea (Compartilhamento de documentos do processo de organização).

Por Scheilla Gumes, com informações da II Jornada do Tratado e Supereco
EcoAgência/Sintonia da Terra

O “bonde digital” quer fazer a revolução


ÀS 14 horas do dia 27 de janeiro, em frente à Usina do Gasômetro, o Bus Hacker se preparava para ir ao bairro Restinga de Porto Alegre, uma espécie de Cidade de Deus gaúcho célebre pela intensidade de seus movimentos sociais. O objetivo é levar para a comunidade da Restinga um pouco das ideias sobre o acesso e o empoderamento digital que vem sendo fervilhados em todo o mundo.


A edição 2012 do Fórum Social Temático (FST) dedicou-se com carinho a este tema. A Casa de Cultura Mario Quintana ofereceu diversas oficinas sobre Conexões Globais 2.0 cujos palestrantes denotavam uma marca comum: o entusiasmo pelas infinitas possibilidades que a tecnologia digital oferece para promover o exercício da cidadania e da organização de movimentos sociais, digitais e/ou presenciais. Na oficina Seja um repórter Multimídia com seu Smartphone, os jornalistas e ciberativistas Emerson Luis e Brunna Rosa ensinaram mais de 30 alunos – entre modernos e analógicos - a fazerem uso de ferramentas para transmissão on line em tempo real.


O ano de 2011 mostrou ao mundo que as redes sociais podem até mesmo derrubar governos, como na primavera árabe, espalhar no ventilador recônditos segredos de estado, como no Wikileaks, e estabelecer a conexão das várias tribos de indignados numa verdadeira aldeia global em busca de um novo modelo de organização social. Um modelo democrático real ou “para além da democracia”, conforme definiu o palestrante Pedro Markun durante a plenária da manhã Democracia Real Já.


Pedro é integrante do movimento Transparência Hacker e um dos passageiros do Ônibus Hacker. “Hacker do bem”, como eles preferem ser chamados para não serem confundidos com os malquistos vândalos da internet que atacam sites e roubam contas bancárias. Pedro dividiu a plenária com representantes das ocupações de ruas de Nova Yorque, Palestina, Chile, Espanha e Londres. Da platéia, representantes da Venezuela, Tunisia, Argentina e de indígenas brasileiros em uníssono passavam a mesma mensagem proclamada pelos Ocuppied de vários locais do mundo –“Juntos Podemos e Nada Será Como Antes".


Na mesma mesa estava o teólogo Leonardo Boff, que brindou o público com o seu característico “cântico” para que as criaturas do planeta exercitem o respeito por todos os seres vivos e cuidem da “Mãe Terra”.
– Terra a gente pode comprar e vender, mas mãe a gente precisa cuidar. Se queremos salvar a mãe Terra, temos que destruir o capitalismo e incorporar ao ser humano uma dimensão sócio-cósmico-ecológica ”, proclamou em sua forma mansa, mas não menos radical que os jovens.


Também no senso comum emana a convicção de que o “bonde “ dos indignados só tende a crescer em todo o mundo. Segundo relatos dos “indignados” presentes à plenária, o movimento ganhou forma especialmente por contar com o apoio de cerca de 70% a 80% da população de seus países. A indignação popular emerge da crise econômica e da falta de confiança nos governos. O povo cansou de assistir a “porta giratória” que mantém os políticos no poder - hoje à frente dos governos e amanhã dentro de empresas ligadas ao capital financeiro internacional. “Perdemos o medo, e isto está assustando o poder”, avisa a representante da Espanha.


O hacker Pedro Markun vai ainda mais além. O Transparência Hacker define como seus princípios a autonomia, a liberdade e o compartilhamento. São eles que movimentaram o ônibus Hacker até a Restinga.


Com estes princípios o grupo conseguiu comprar o ônibus através do Catarse – site de apoio coletivo a projetos – e viajou 1.200km para chegar ao FST. A bordo, 26 pessoas (três crianças, desenvolvedores, um engenheiro eletrônico, designers e a jornalista Lívia Ascava). Segundo ela, o grupo se organizou através de uma lista de emails e não há qualquer hierarquia. “Aqui tudo é experimental e coletivo. A marca do hacker é transformar dados fechados em dados abertos. O hacker subverte a forma como as coisas são feitas”, definiu ela já a caminho da Restinga, onde iriam conversar com moradores e difundir as ideias hackers.


Por Vera Damian, especial para a EcoAgência Solidária de Notícias Ambientais
EcoAgência/Sintonia da Terra