A medida provisória que altera a lei 9.294/1996, tornando os ambientes fechados totalmente livres da fumaça do cigarro, foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff no dia último 15. Apesar dos avanços ao longo de 20 anos na regulação da propaganda de cigarros, hoje ainda há cerca de 32 milhões de fumantes no Brasil. Com a proibição de fumar em recintos coletivos, públicos ou privados, o combate ao vício ganha novo fôlego.
Os fumódromos, áreas exclusivas para fumar em bares, restaurantes e boates, são extremamente prejudiciais à saúde. Ao tragar o cigarro em local fechado, a toxidade do ar aumenta, o que prejudica ainda mais o fumante. O cigarro é causa direta de 90% dos casos de câncer de pulmão e está relacionado a diversos outros tipos da doença, além de causar enfisema pulmonar e asma.
Além de prejudicarem a si mesmos, os fumantes, quando em ambientes fechados, atingem os que não fumam, afinal os fumódromos não contam apenas com tabagistas. Amigos e familiares que respiram a fumaça tóxica do cigarro sem, no entanto, fumarem, tornam-se fumantes passivos. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o tabagismo passivo é a terceira causa de morte evitável no país. Perde apenas para o tabagismo e para o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
Donos de bares e restaurantes não precisam temer a queda de faturamento. Em São Paulo, onde existe a proibição desde 2009, isso não aconteceu. Além disso, como a determinação vale para todos, o fumante não terá opção. Se quiser fumar, só em espaços abertos. A única prejudicada com a decisão será a indústria do tabaco. Enfrentam já uma redução mundial no consumo e seu temor é real. Serão menos casos de câncer, menos mortes, menos dinheiro público da saúde gasto com tratamento. Tudo por conta da diminuição do número de consumidores. Pondo o custo-benefício na balança, a falência da indústria do tabaco representará não só um ganho social, mas um ganho econômico para o país. A verba hoje destinada a combater doenças causadas pelo cigarro poderá ser empregada em outras áreas e salvar mais vidas.
A luta não é contra os fumantes, tampouco contra os direitos e as liberdades individuais. Muito pelo contrário. A decisão beneficiará diretamente a todos, fumantes e não fumantes. O cidadão não será impedido de fumar, desde que com responsabilidade para com os outros, e com uma própria reflexão sobre seu vício. Acredito que o ritual de deslocamento de onde está para um espaço aberto chamará o fumante para a consciência sobre seu comportamento destrutivo.
Marcos Moraes
presidente da Academia Nacional de Medicina
Fonte:http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=117&Numero=84&Caderno=0&Editoria=108&Noticia=374033
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