sexta-feira, 23 de julho de 2010

PROJETO DO IEE VASCONCELOS JARDIM DISPUTA PRÊMIO NACIONAL


A turma 301 do Instituto Estadual de Educação (IEE) Vasconcelos Jardim, da cidade de General Câmara, realizou um projeto, proposto pelo “Lições do Rio Grande”, chamado “África 2010: Show de bola na escola”. O projeto também foi inscrito no Prêmio Educadores Inovadores, promovido pela Microsoft, e a escola está classificada entre as três melhores do Brasil na categoria Inovação em Conteúdo. Com isso, representará o Estado durante a II etapa do prêmio, que acontece em São Paulo, nos dias 3 e 4 de agosto. A expectativa é de passar também para as próximas etapas, no Panamá, e para a grande final mundial, na África do Sul. Mas para isso, é preciso da colaboração de todos por meio de uma votação que está sendo realizada na internet (ver quadro).
No projeto, alunos do Ensino Médio e professores de todas as disciplinas se uniram para inovar nas formas de ensino e de aprendizagem partindo de um único assunto, Copa do Mundo. Durante um período, todos os novos conteúdos eram relacionados a temas ligados ao evento esportivo. A bola de futebol virou exemplo para cálculos matemáticos, enquanto as diversas religiões africanas foram base para as aulas de Ensino Religioso, entre outros.

Como votar no projeto do IEE

Site: http://www.educadoresinovadores.com.br/
Projeto: África 2010 – Show de bola na escola

Clicar no projeto, aparecerá uma janela, você informa seu e-mail; finaliza a operação e, após, deve abrir seu e-mail, lá estará uma mensagem enviada pelo site dos professores inovadores, abra a mensagem e clique no link recebido para finalizar o voto e validar o mesmo.

Fonte : Professora Clarissa Trojack

quinta-feira, 22 de julho de 2010

PRÊMIO MICROSOFT EDUCADORES INOVADORES

O Prêmio Microsoft Educadores Inovadores está em sua quinta edição e reconhece os melhores projetos educacionais que fazem uso da tecnologia, desenvolvidos por educadores de escolas públicas (estaduais, municipais ou federais), Fundações, Secretarias Municipais e Estaduais de Ensino, Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs ou NRTEs) e Escolas Técnicas Públicas.

O objetivo é incentivar o desenvolvimento de ações de incorporação das tecnologias em atividades que proporcionem um melhor desempenho da comunidade escolar.

Dessa forma, a premiação propicia a criação de referências importantes e experiências que favorecem a transformação da escola em um espaço de aprendizagem contínua – para educadores, educandos e comunidade de seu entorno -, bem como a valorização de suas lideranças e o reconhecimento da importância de seu papel para a criação de uma cultura de uso de tecnologias nos ambientes educacionais.

A Edição mais concorrida do Prêmio Educadores Inovadores recebeu mais de mil inscritos de todo o país. A cada ano, o interesse pelo o uso das tecnologias aplicadas a educação aumenta no Brasil.
Dentre os diversos projetos que recebemos, o Comitê de Seleção escolheu os doze que farão parte da etapa nacional do concurso.

Conheça os finalistas:
Categoria Inovação em Conteúdo:
Romantismo do século XXI: uma leitura de jovens protagonistas

África 2010 – Show de bola na escola
Instituto Estadual Vasconcelos Jardim
General Câmara -RS
Neste projeto, alunos do Ensino Médio e professores de todas as disciplinas se uniram para inovar nas formas de ensino e de aprendizagem partindo de um único assunto, Copa do Mundo. Durante um período, todos os novos conteúdos eram relacionados a temas ligados ao evento esportivo. A bola de futebol virou exemplo para cálculos matemáticos, enquanto as diversas religiões africanas foram base para as aulas de Ensino Religioso, entre outros.
Representantes:
Prof (a): Ana Paula Huzalo
Prof (a): Jane Liete Dalla-Lana

Pixel Art
Categoria Inovação em Comunidade:
Filmando a história da Escola E.E. Trinta e Um de Março
Projeto temático Heroes versus Crack
Campo Sustentável
Categoria Inovação em Colaboração:
Escola nas nuvens - Soluções Inovadoras na Educação
Água, Terra, Fogo e Ar – A ecologia através dos filmes de animação
Rede colaborativa de aprendizagem
Categoria Inovador - Escolas Técnicas:
Acessibilidade: Direito para todos
Projeto Integratec - Integração Conhecimento Tecnológico e Cultural
Projeto Multi-Educação

Para saber mais sobre os projetos finalistas acesse www.educadoresinovadores.com.br e vote no projeto, que em sua opinião, é o mais inovador!

Parabéns aos finalistas!
Fonte:www.educadoresinovadores.com.br

quarta-feira, 21 de julho de 2010

ENSINAMENTOS DE JEAN MICHEL COUSTEAU


Foi com alegria e tristeza que comentei a palestra de Jean-Michel Cousteau no Ciclo de Palestras
Fronteiras do Pensamento. Alegria pela sensibilidade com que expôs a riqueza da água, melhor dizendo, da nossa Terra composta por muita água. Cenas familiares foram intercaladas com
achados científicos que comprovam as mudanças climáticas em curso e a interdependência de humanos, golfinhos, árvores e tudo o mais que a natureza é capaz de criar. Encontros inquietantes, como o da filha, Celine, com um jacaré selvagem, mas totalmente pacífico, desmistificaram e escancararam nossa ignorância preconceituosa em relação às demais espécies. Ao final, baleias desacinturadas deixaram-nos atônitos ao movimentarem-se na leveza de um balé.
Tristeza pela brutalidade humana, expressa em indígenas com doenças incuráveis devido ao contato com óleos e metais pesados e na menção às inúmeras criaturas que pagam com suas próprias vidas o preço de nossas extravagâncias consumistas, como no vazamento incessante de petróleo no Golfo do México. Também, pela velocidade com que se dá a colonização humana
irresponsável em uma das áreas mais primordiais para o equilíbrio planetário, a Amazônia, onde nos anos 1980 Jean-Michel peregrinava solitário por dias e hoje não passa hora sem deparar com alguma comunidade.
A água é o início e o fim de tudo. Somos 70% água e a composição de sais em nossos tecidos é a mesma do aquário original que deu origem à vida há 3,5 bilhões de anos. E o visível e o invisível, o inofensivo e o tóxico, que lançamos em nossos lares, indústria e agricultura, são por ela circulados por todos os recantos desse nosso mundo sem cantos, porém cheio de frágeis encantos. Mas, da mesma forma como a água tem uma capacidade ímpar de circulação de elementos, criamos ferramentas excepcionais de comunicação de dados, talvez capazes de mobilizar nosso batalhão de 7 bilhões de humanos, como defensores da água, do planeta e suas múltiplas vidas. Assim como a água espelha o cosmos em sua superfície, nossas ações se refletem nas profundezas do sistema hídrico e terrestre que integramos. Pesca predatória, flexibilização do código florestal, substâncias nocivas, desperdício: essas e outras opções apenas nos conduzirão ao naufrágio da humanidade.

Lara Lutzenberger Ambientalista
Fonte:Jornal Zero Hora 21/07/2010

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O GOLFO E A MAGIA DO SOLAR IMPULSE

Enquanto o poço Deepwater Horizon da empresa BP cospe dezenas de milhares de barris de petróleo no mar do Golfo do México, num desastre ambiental de proporções jamais imaginadas, uma bela nova espécie de pássaro sobrevoa silenciosamente os céus, em seu primeiro voo de teste.
O avião Solar Impulse realizou a proeza de voar por 24 horas contínuas, sem o tradicional
reabastecimento em voo, com seus motores silenciosos movidos a energia do Sol, num dos pouquíssimos voos a motor já realizados sem o uso de combustíveis feitos a partir daquele petróleo que empesteia a costa americana.
Nesse mesmo ínterim, mulheres tibetanas fervem água em fogões solares, em Tsedang, Região Autônoma do Tibete. O fogão concentra energia solar para aquecer a água e é muito comum na região.

Dados da Unicamp revelam algumas curiosidades a respeito da insolação média, que conforme a localidade e as condições climáticas varia entre 800 kWh/m quadrados na Escandinávia e 2.500 kWh/m quadrados em alguns desertos. No entanto, o sistema de células fotovoltaicas é cerca de dez vezes mais caro que as formas tradicionais de produção de eletricidade, embora uma alternativa, a conversão termossolar, seja bem mais em conta. Funciona produzindo vapor pelo
aquecimento da água com a radiação solar, e apenas 1% da área dos desertos forneceria energia suficiente para o consumo mundial. O problema reside em boa parte na transmissão dessa eletricidade.
Entre o pesadelo no Golfo e o voo do Impulse, utópicos ativistas fazem campanhas pelo fim dadependência do petróleo, como se fosse algo fácil de fazer – e não contrariasse poderosíssimos grupos de interesses.
Entretanto, o importante foi provar que é possível, mesmo sabendo-se que o avião solar não irá substituir os jatos convencionais – pelo menos não tão cedo. A ciência precisa de tempo,evoluindo por tentativa e erro, embora de vez em quando dê passos largos, excepcionalmente.
Nossa dependência do petróleo não acabará tão cedo, e o Canadá, que extrai o produto da maneira mais suja possível, de suas areias betuminosas, em Fort McMurray, Alberta, tem a segunda maior reserva do mundo, superado apenas pela Arábia Saudita, o faz em silêncio, pouco se fala a respeito das chamadas “Tar sands”.
O drama da Terra não se resume à questão do petróleo, lixo, desmatamento. O tal “desenvolvimento sustentável” é incompatível com um sistema socioeconômico baseado em taxas de crescimento de dois dígitos ao ano e brutal concentração de renda e poder.
Uma gigantesca incógnita se impõe entre o pesadelo do Golfo, a leve e silenciosa magia do Solar Impulse e o nosso vão desejo de crescimento sustentável, adjetivo que combina mais com
estabilidade.
Por ora, quando os salários na China começam a se tornar “caros” e vai-se em busca de mão de obra (ainda) mais em conta, abaixo de US$ 100 mensais, fica difícil sonhar com um mundo melhor.

Luiz Leitão/Jornalista
luizmleitao@gmail.com
Fonte:Jornal Gazeta do Sul 15/07/2010

sábado, 10 de julho de 2010

O FUTEBOL, A POLÍTICA E A VIDA

Passou a Copa do Mundo de 2010 e não ganhamos. Estatisticamente, sabe-se bem, é mais provável que se perca o título mundial do que se ganhe. Segundo a matemática, inexorável em suas verdades, são 32 times na disputa por um título. OK, isto não é consolo. Somos o país do futebol, uma potência atômica futebolística, a maior do mundo, ninguém tem mais títulos, jogadores famosos, recordes e glórias do que nós. Perder uma Copa, para nós, é como para um americano ser chutado no Vietnã ou no Afeganistão. Inadmissível e humilhante.
Só tem um detalhe: nosso técnico é o Richard Nixon e o presidente da CBF é o George W. Bush. Que morram nas masmorras de algum estádio-prisão em Abu Ghraib ou em Saigon ou em qualquer parte do fim do mundo. Ao mesmo tempo, nossos hermanos argentinos são festivamente recebidos, tendo perdido a mesma Copa, por 10 mil torcedores
entusiasmados.
Estou sendo deliberadamente sarcástico. Mas parece ser este o novo estágio de ânimo inflado e arrogante que nós, brasileiros, estamos propondo. Afinal, nosso mercado imobiliário é o terceiro que mais valoriza no mundo, a economia dá sinais de avanços expressivos, a balança comercial pende favoravelmente, o Lula é the man of the year e somos o país da próxima Copa e da Olimpíada.
Nossa noção de distância entre o céu e o inferno é um pênalti, uma bola no poste ou um cartão vermelho. Não importa que o técnico tenha 78% de aproveitamento ou que a Holanda tenha jogado melhor. Masmorra para o Dunga.
É hora de refletir, precisamos tirar lições de nossos insucessos, afinal fracassos
ensinam mais do que vitórias e a partir deles amadurecemos. Aprendemos mais de nossos erros do que dos acertos, o Brasil de hoje é visto diferentemente de como era percebido antes. No entanto, se não fizermos mudanças na estrutura de impostos, na política e no sistema previdenciário, vamos jogar por terra toda esta energia positiva.E, em especial, temos que mudar nossa mentalidade. A Holanda nunca foi campeã do mundo, e se não o for nesta edição do certame mundial, sua seleção não será afundada em algum canal de Amsterdã. A vida é assim: vitórias e derrotas, dia sim, dia não. A diferença está em metabolizar a lição e seguir em frente com o aprendizado.
Valeu Dunga.

Ricardo Sondermann - Administrador e professor da ESPM-RS
Fonte: Jornal Zero Hora 10/07/2010

quarta-feira, 7 de julho de 2010

AS FALCATRUAS DO DIA A DIA

Nosso cotidiano é recheado de atitudes enganadoras e tapeadoras que não deixam de ser falcatruas. Acompanhamos com frequência pessoas usando de esperteza para tirar vantagem. É difícil nos opormos a isto, pois muitas vezes nos identificamos inconscientemente com o espertalhão e com o desejo de também levarmos vantagem.
Exemplos de falcatruas: quando o filho pega o carro escondido do pai e a mãe alia-se a ele para que o pai não saiba, ou o rapaz alia-se ao pai para que a mãe não saiba que a namorada engravidou e irão interromper a gestação.Aceitarmos a corrupção na política. O paciente com câncer que espera seis meses para ser operado pelo SUS. O rapaz sai com uma moça e noutro dia conta para os amigos como foi a noitada. A moça conta para as amigas que não vale a pena sair com o fulano, porque ele tem “tico pequeno”. O pai recebe o filho à noite e percebe que ele está alcoolizado e não toma nenhuma medida em relação ao ocorrido. A mãe radiante ao vestir a filha de 10 anos de uma maneira sedutora para a reunião dançante induz para que conquiste um menino através de sua aparência atraente.
Assistimos a jogadores de futebol simulando agressões e causando a punição do adversário, o que é aplaudido pelos torcedores. Vejam as maciças campanhas de cervejas, usando atletas do futebol. É um claro estímulo ao uso do álcool, que já é um problema de saúde pública. Ninguém se levanta contra essas campanhas enganosas. Não existe uma entidade pública como o Judiciário, promotoria ou associações médicas para nos protegerem dessas falcatruas?
Outro dia, dei uma palestra num colégio “top” de Porto Alegre e fui ao banheiro dos alunos homens do segundo grau. Para minha surpresa, não havia papel higiênico nem toalhas para secar as mãos. Saindo do banheiro, deparei com uma atendente numa mesa onde havia papel. Perguntei a razão dessa conduta. Disse que os alunos entupiam os vasos ou jogavam o rolo de papel pela janela. Pensei: “Aqui, o colégio é refém dos alunos. Tudo indica que os colégios não desejam endurecer com os alunos, pois poderão perdê-los para outros colégios mais tolerantes com os distúrbios de conduta”.
Escuto seguidamente que alguém usa droga devido às más companhias. Não tenho dúvida de que as más companhias estão dentro de nós, em nosso caráter. Nossa sociedade é conivente com as falcatruas do dia a dia, amparadas no desejo de levar vantagem e na ideia de que os meios justificam os fins.
Este jeito de levar a vida poderá estimular nas crianças e jovens a percepção de que tudo vale a pena e que tudo dará certo lá na frente. Crescem com a ideia de que ter dinheiro, amigos poderosos e influentes ou conquistar uma mulher gostosa ou um homem atraente torna-se o sentido da vida. Doce ilusão. Alcançam esses objetivos, mas ficam vazios internamente, deprimidos, desenvolvem ansiedades, síndrome do pânico, bebem em excesso ou usam outras drogas e a vida segue sem sentido.

Fonte:
Nélio Tombini Psiquiatra, responsável pelo Serviço de Psiquiatria da Santa Casa de Porto Alegre . Jornal Zero Hora 07/07/2010

TREM PORTO ALEGRE - GENERAL CÂMARA


Em setembro de 1962, os trens utilizados ainda eram os da linha Porto Alegre-Uruguaiana, que paravam em General Câmara. Pouco tempo depois, a linha foi retirada da cidade e foi construído um ramal ligando a nova linha, na estação de Argemiro Dornelles à cidade. Os guias de horários mostram trens ligando diretamente Porto Alegre a General Câmara passando já pelo ramal desde pelo menos outubro de 1965 e até 1979, sendo que ainda se vêem horários para ele no guia de horários da RFFSA de 1982 (ver fonte acima). Este trem, uma espécie de subúrbio para militares (não sei se somente os militares podiam-no utilizar), partia sempre por volta de 17h30 de Porto Alegre e, de General Câmara, sempre por volta das 05:30 da manhã. As paradas nas estações intermediárias eram facultativas, ou seja, se tivesse gente para descer ou subir, ele pararia. O ramal saía da estação de Argemiro Dornelles, na variante, tinha uma parada no km 258, onde havia um triângulo de reversão (mais tarde, esta parada passou a ser chamada de "Quilômetro 2", possivelmente por estar a dois quilômetros do início do ramal) e aí seguia mais quatro quilômetros até chegar a General Câmara. O percurso total desde Porto Alegre era de cerca de 86 quilômetros e era um trem específico, ou seja, não era o mesmo trem que seguia para Uruguaiana e que se dividia na estação de Argemiro. Algumas fontes citam apenas carros-motor e, no final (anos 1980), trens Minuano, correndo nessa linha, mas os guias citam também trens
mistos. Em todos os horários consultados, jamais houve divisão, e o trem que seguia para o interior partia de Porto Alegre (estação central) mais tarde, cerca de meia hora ou uma hora. No guia da RFFSA de 1982, citado acima, é dada uma frequência diária de 2a a 6a feira, uma velocidade média de cerca de 26-27 km horários, e era um trem misto, com "duas poltronas de primeira classe". Isto em 1982. Até pelo menos 1979, o trem era de passageiros (A-1) e o misto existiu em uma época ou não, mas sempre como uma alternativa ao de passageiros, neste caso, havendo dois horários diários. "Inicialmente, na linha Porto Alegre-General Câmara, corriam carros-motores; no final do transporte de passageiros, já sob controle da RFFSA, os Minuano, então já retirados das linhas principais, passaram a fazer o serviço, ligando General Câmara a Porto Alegre" (Eduardo S. L. Wizniewsky, 11/2005). "Eu fiz uma das últimas viagens do Minuano, quando em 1975 viajei para General Câmara, pois o carro-motor que servia essa cidade estava enguiçado. Fiquei triste com o estado dos dois carros do Minuano utilizados, com vidros quebrados, bastante danificado. Fim de um glorioso e belo trem que cruzou diversas vezes os pampas gaúcho." (Marcus Anversa, 04/2003)
Foto tirada a partir da plataforma estação Argemiro Dorneles. Mostra a esquerda, o ramal que ligava a linha principal a General Câmara. Acima a direita moradias dos funcionários. 1987.

Vagão restaurante
Os carros-restaurantes que a Viação Ferrea pretende inaugurar brevemente possuem todos os melhoramentos modernos, entre elles o novo processo de fechamento, de sorte que, absolutamente, a poeira da estrada não penetra no interior dos vehiculos. Os carros são tambem providos de numerosos ventiladores.

Correio do Povo 13 de abril de 1912




terça-feira, 6 de julho de 2010

CRACK - SOFRIMENTO EPIDÊMICO

Há uma verdadeira epidemia de abuso do crack no país. Mas, diferente das doenças infecciosas, em que é possível isolar e combater o agente causador, a dependência química é difícil de ser tratada, pois a doença transforma o cérebro dos usuários.

Alterar o estado de consciência não é invenção da modernidade – soluções mágicas para afastar o sofrimento e fugir da realidade eram empregadas em rituais de muitas civilizações antigas. Os sumérios, no terceiro milênio a.C., já possuíam um ideograma para a “planta da felicidade”, a papoula, da qual se extrai o ópio. Recente, porém, é o conhecimento da química cerebral e do sistema de recompensa, um grupo de células responsável pela sensação de prazer e gratificação de comportamentos consumatórios, como a ingestão de alimentos e o sexo. As drogas de abuso, como a cocaína e o crack, causam forte ativação deste sistema e produzem sensação de grande satisfação; uma viagem química e imediata ao “mundo da felicidade”. Viagem que custa caro, pois a volta à realidade fica cada vez mais dolorosa e difícil de suportar.

Mas se a humanidade convive há tanto tempo com substâncias que causam dependência, o que faz com que o abuso de crack tenha atingido proporções tão alarmantes? Primeiro, o fato de ser fumada faz com que a droga tenha uma superfície enorme de absorção; em consequência, mais de 90% atinge o cérebro. Com isto, o estabelecimento da dependência é muito rápido e pode ocorrer na primeira utilização. Outro fator significativo é o “comercial”: o crack é barato, acessível a qualquer pessoa. Diferente de outras substâncias ilícitas, como a cocaína, e mesmo as lícitas, como as bebidas alcoólicas e o cigarro, o crack é acessível a qualquer pessoa. Apesar de o lucro ser menor, o traficante ganha no volume de comercialização. A desagregação das famílias, a onda de violência e as condições degradantes dos usuários são hoje motivo de preocupação de toda a sociedade.

Combater essa doença exige um esforço articulado. O poder público, o Judiciário, os serviços de saúde e a sociedade organizada são atores fundamentais nesta missão. O 1º Congresso Internacional sobre o Crack e outras Drogas, iniciativa pioneira da Associação do Ministério Público e da UFRGS, com apoio da RBS, propõe a discussão de estratégias de prevenção, tratamento e redução. Entender e elaborar esses aspectos e sugerir políticas públicas são os objetivos dos mais de mil participantes; uma contribuição relevante para tentar estancar esta epidemia de sofrimento que assola jovens, suas famílias e toda a sociedade.

Fonte:
Carlos Alexandre Netto Reitor da UFRGS
Jornal Zero Hora 05/07/2010

sábado, 3 de julho de 2010

CARTA AO DUNGA

Caro Dunga
Minha solidariedade, Dunga. Tu foste genial. Eu me tornei definitivamente teu fã. A eliminação contra a Holanda não abalará em coisa alguma a minha admiração. Tu és ingênuo, Dunga. Quiseste ganhar com base na seriedade, na lealdade e no caráter. Tiveste a coragem de dizer sempre a verdade e de enfrentar os mais poderosos. Cometeste erros, Dunga, mas isso é normal. Só os cretinos imaginam fazer tudo certo. Deixaste de fora alguns meninos talentosos, Dunga, e o velho Ronaldinho Gaúcho. Tiveste boas razões para isso. Tu havias ganhado tudo com o grupo que levaste a Copa. Desejavas valorizar os teus comandados e vencer ou perder com eles. És um capitão de navio à moda antiga. Aceitaste afundar com teu navio. Tua vitória teria sido uma revolução nos costumes. Que pena!
É verdade que não apostaste na beleza. Outros, no entanto, ganharam sem beleza alguma e tampouco sem tua valentia e tua nobreza rude. A derrota foi o resultado de alguns erros que podem acontecer com qualquer um: um gol contra de Felipe Melo, uma agressão boba de Felipe Melo, que determinou sua expulsão, e a perda do controle emocional pelo time todo. O mesmo Felipe Melo, entretanto, deu o lindo passe do gol do Robinho. Estiveste a um passo da glória, Dunga. Agora, voltaste, apesar dos triunfos anteriores, a ser um desgraçado, um maldito, um desprezado. Conheço isso, Dunga. Por mais que tu venças, serás sempre um perdedor. É tua sina. Os donos do mundo não suportam a tua franqueza, que chamam de arrogância. Detestam tua simplicidade, que rotulam de grossura. Odeiam tua transparência, que os impede de conceder privilégios e de fazer negociatas na tua cara.
Foste um exemplo, Dunga. O mundo, porém, não está preparado para a tua vitória. Espero que esteja para a de Maradona, técnico antagônico e completar a ti, mas não acredito. Tomara que eu me engane. Foste bravo, Dunga, impávido, colosso. Não mandaste Felipe Melo pisar no adversário. Buscaste o equilíbrio. Apostaste no talento de Kaká e Robinho. Sonhaste com a beleza. Ela não sorriu para ti. A mídia te condenou por não teres feito o jogo dela. Viste o jogo como um jogo e tudo fizeste para alcançar os teus objetivos. Não compreendeste que o jogo é também um teatro no qual alguns devem sempre figurar nos camarotes. Até o teu sotaque incomodou, Dunga, neste país onde os que debocham do teu sotaque têm sotaques tão ou mais caricaturais. Tiveste personalidade, Dunga. Isso é imperdoável. Há muita gente feliz agora. Teus inimigos podem sorrir triunfantes e sentenciar: “Eu não disse...”
Nós, os ruins, os ressentidos, os malditos, os perdedores, apesar de todas as nossas vitórias, estamos contigo Dunga. Somos os teus representantes por toda parte. Tinhas razão, Dunga: boa parte da mídia estava dividida, torcendo pelo Brasil e, ao mesmo tempo, te secando. Para vencer neste mundo, Dunga, é preciso aprender a ser hipócrita. Tu nunca conseguirás. Tuas vitórias serão sempre laboriosas. Tuas derrotas te marcarão mais. Tu, ao contrário de outros, não te escondes jamais. Aceita, caro Dunga, meus cumprimentos.

Fonte:Correio do Povo ; Juremir Machado da Silva - 03/07/2010