Além disso, com o nível mais baixo, a presença de lixo fica mais evidente. E, como não é arrastado pela correnteza, acaba se prendendo no fundo. Outra situação complicada é em relação à concentração do esgoto. "Imagine se diariamente são despejados 100 litros de esgoto em mil litros de água do rio. Porém, com a seca, os 100 litros de esgoto são jogados em 500 litros de água. Assim, a concentração é muito maior e o nível da qualidade cai muito", compara Teixeira.
Essa situação reflete diretamente na qualidade da água para os peixes. A estiagem faz com que eles tenham mais dificuldade em respirar. Muitos morrem.
No trecho do rio Gravataí, na divisa entre Porto Alegre e Canoas, o cenário é de tristeza. A água chega a estar quase preta, em função da quantidade de impurezas. Há lixo em praticamente toda a extensão. Além disso, o mau cheio é forte em função da poluição. Quem trabalha ou mora próximo enfrenta dificuldades e vê com desalento a situação do manancial, que mais parece um valão. É grande também a quantidade de peixes que não conseguem sobreviver no Gravataí e, depois de mortos, ficam boiando nas águas.
Uma década de estiagem no RS
Levantamento da Defesa Civil aponta que 91% dos municípios foram afetados nesse período. Metade Sul lidera ocorrências
As estiagens já prejudicaram, no mínimo, 91% dos municípios gaúchos na última década. O dado faz parte de levantamento exclusivo da Defesa Civil do Estado, que está em fase final de elaboração. A pesquisa tem como objetivo identificar as localidades mais afetadas e quais as políticas que podem dar sustentação para minimizar os prejuízos, em especial à economia, em função da falta regular de chuvas. Segundo o levantamento, dos 496 municípios gaúchos, 453 em alguma situação nos últimos dez anos ingressaram com processos na Defesa Civil informando situação de emergência ou calamidade pública.
O coordenador em exercício da Divisão de Convênios da Defesa Civil, Delamar Jobim, responsável pela pesquisa, informa que as ocorrências das estiagens são as mais frequentes no Estado - representam 48% do total -, se for feita comparação com as enchentes e os vendavais.
A Metade Sul aparece como a região mais afetada. Outra conclusão do levantamento preliminar é a sazonalidade em que a estiagem se dá no RS, com períodos em que a mudança climática é mais acentuada. Por exemplo, entre 2004 e 2005, quando o Estado viveu uma das suas piores secas, e nos dois anos seguintes a crise foi amenizada. O secretário estadual de Obras Públicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano, Luis Carlos Busato, ressalta que o fenômeno já faz parte do Rio Grande do Sul e dificilmente essa condição vai mudar.
"Na última década, enfrentamos oito secas e estamos prevendo que em 2012 o Estado passará por uma das suas piores estiagens e teremos que buscar fazer o máximo para amenizar os prejuízos. Agora, temos que atuar na prevenção", afirma ele, tendo como base regiões que já estão começando a ser afetadas, como a Campanha e o Vale do Sinos.
Em São Leopoldo, na Rua da Praia, que passa ao lado da margem do Sinos, o nível está mais baixo. É possível ver peixes mortos e outros agitados em busca de oxigênio. Isso deve-se à redução de água e à poluição. Para amenizar, foram instalados três aeradores - equipamentos que servem para fazer com que a oxigenação seja maior. Na manhã deste sábado, integrantes do Consórcio Pró-Sinos promoveram a transferência de peixes. Eles foram retirados de trecho onde o Rio dos Sinos estava abaixo do ideal e com pouca oxigenação para áreas mais altas.
Busato reconhece que o Estado avançou muito na área da prevenção à estiagem a partir da criação de uma secretaria especial na gestão anterior. Apesar disso, diz que ocorreram poucos avanços efetivos. Destaca que neste ano foram construídos 450 açudes que beneficiam em especial pequenos agricultores de 90 municípios. O investimento foi de R$ 4,9 milhões. Isso foi possível por meio de uma parceria, em que o Estado é responsável por 80% do custo da obra e o agricultor pelo restante. Atualmente, estão sendo construídos mais 302 açudes, em 56 municípios, com investimento de R$ 3,3 milhões. Ainda em dezembro, começará o processo de licitação para outros 433 em 105 cidades, somando R$ 11,5 milhões. Para incentivar agricultores, o governo, por meio do Banrisul, disponibilizará linha de financiamento. A expectativa do secretário é que sejam construídos 2 mil açudes por ano.
O coordenador em exercício da Divisão de Convênios da Defesa Civil, Delamar Jobim, responsável pela pesquisa, informa que as ocorrências das estiagens são as mais frequentes no Estado - representam 48% do total -, se for feita comparação com as enchentes e os vendavais.
A Metade Sul aparece como a região mais afetada. Outra conclusão do levantamento preliminar é a sazonalidade em que a estiagem se dá no RS, com períodos em que a mudança climática é mais acentuada. Por exemplo, entre 2004 e 2005, quando o Estado viveu uma das suas piores secas, e nos dois anos seguintes a crise foi amenizada. O secretário estadual de Obras Públicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano, Luis Carlos Busato, ressalta que o fenômeno já faz parte do Rio Grande do Sul e dificilmente essa condição vai mudar.
"Na última década, enfrentamos oito secas e estamos prevendo que em 2012 o Estado passará por uma das suas piores estiagens e teremos que buscar fazer o máximo para amenizar os prejuízos. Agora, temos que atuar na prevenção", afirma ele, tendo como base regiões que já estão começando a ser afetadas, como a Campanha e o Vale do Sinos.
Em São Leopoldo, na Rua da Praia, que passa ao lado da margem do Sinos, o nível está mais baixo. É possível ver peixes mortos e outros agitados em busca de oxigênio. Isso deve-se à redução de água e à poluição. Para amenizar, foram instalados três aeradores - equipamentos que servem para fazer com que a oxigenação seja maior. Na manhã deste sábado, integrantes do Consórcio Pró-Sinos promoveram a transferência de peixes. Eles foram retirados de trecho onde o Rio dos Sinos estava abaixo do ideal e com pouca oxigenação para áreas mais altas.
Busato reconhece que o Estado avançou muito na área da prevenção à estiagem a partir da criação de uma secretaria especial na gestão anterior. Apesar disso, diz que ocorreram poucos avanços efetivos. Destaca que neste ano foram construídos 450 açudes que beneficiam em especial pequenos agricultores de 90 municípios. O investimento foi de R$ 4,9 milhões. Isso foi possível por meio de uma parceria, em que o Estado é responsável por 80% do custo da obra e o agricultor pelo restante. Atualmente, estão sendo construídos mais 302 açudes, em 56 municípios, com investimento de R$ 3,3 milhões. Ainda em dezembro, começará o processo de licitação para outros 433 em 105 cidades, somando R$ 11,5 milhões. Para incentivar agricultores, o governo, por meio do Banrisul, disponibilizará linha de financiamento. A expectativa do secretário é que sejam construídos 2 mil açudes por ano.
Fonte:Jornal Correio do Povo 11/12/2011
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