terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Não existe leite materno fraco, afirma professora de nutrição

Márcia Regina Vitolo, da UFCSPA, ganhou destaque nacional com pesquisa sobre amamentação


Um trabalho realizado pelo Núcleo de Pesquisa em Nutrição da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) teve reconhecimento nacional com o Prêmio Saúde na categoria Saúde da Criança, concedido pela revista homônima, da Editora Abril.
A equipe da professora Márcia Regina Vitolo avaliou o impacto da implementação de um manual do Ministério da Saúde com 10 passos para uma alimentação saudável, voltado a crianças menores de dois anos.
O grupo levou as informações a pediatras e a outros profissionais, em 32 unidades de saúde da Capital, nas quais o número de crianças que se alimenta só de leite materno até quatro meses de vida aumentou em 15%.

O caderno Meu Filho, de Zero Hora, conversou com Márcia sobre o assunto. Confira a entrevista:

Meu Filho — Quais são as principais dicas do manual?
Márcia Regina Vitolo — Amamentar a criança só com leite materno até o sexto mês de vida — enfatiza-se muito que não é necessário dar chá e água, mesmo durante o verão. Ao iniciar a comidinha, ela deve ser composta por carne, além dos cereais e verduras, que não devem ser liquidificados, mas só amassados para que o bebê aprenda a mastigar. Não oferecer açúcar, biscoitos doces, gelatina, refrigerante, salgadinho, chocolate, café ou qualquer outro alimento rico em gordura ou açúcar para a criança com até dois anos.

MF — São dicas fáceis de se aplicar em casa?

Márcia — Muito fáceis, pois o bebê não tem autonomia para buscar seus próprios alimentos. É responsabilidade dos pais ou cuidadores oferecer alimentos saudáveis, especialmente nos primeiros anos de vida da criança, quando as preferências alimentares são estabelecidas.

MF — Em que os pais costumam errar na alimentação dos bebês?

Márcia — Um erro que se observa com frequência é a mãe achar que seu leite é fraco ou não sustenta o bebê. Assim, acaba utilizando outros leites. Não existe leite fraco, e a mãe pode melhorar a técnica de amamentação deixando a criança esvaziar o peito em cada mamada, já que o leite com mais energia e gordura sai no final da mamada. Isso faz com que a criança sinta-se mais satisfeita e possa se alimentar em intervalos maiores.

MF — O estudo também trata sobre o açúcar na alimentação das crianças?

Márcia — O que mais nos preocupa atualmente é a enorme frequência de famílias que oferecem para os bebês alimentos com açúcar, muita gordura ou muito sal. Esses alimentos não devem ser oferecidos pelo menos até os dois anos. A oferta de sucos, mesmo os naturais, nos intervalos das refeições é desnecessária e muitas vezes prejudicial, fazendo com o que o bebê perca a fome nas refeições.

MF — Que benefícios foram constatados na pesquisa?
Márcia — Nas unidades em que os profissionais da saúde passaram pelo programa de atualização, observamos em média um aumento de 15% nas crianças amamentadas exclusivamente com leite materno até os quatro meses. Ainda houve uma redução de 33% no risco de bebês de seis a nove meses receberem refrigerante, chocolate e salgadinho.

Guilherme Mazui
guilherme.mazui@zerohora.com.br
Jornal Zero Hora 17/01/2012

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