Todos nós sonhamos! Às vezes dormindo e muitas vezes até acordados. Os sonhos que temos “acordados” fazem referência a bens materiais ou não. Os sonhos não materiais podem estar relacionados com princípios de vida digna assegurados pela Constituição, tais como: saúde, educação e também condição de vida.
Quando falamos em condição de vida, lembramos das pessoas como um todo, incluindo os cadeirantes. Quem necessita desse tipo de recurso sonha com rampas, banheiros adaptados, elevadores acessíveis.
Quem não enxerga sonha com o avanço da ciência nas pesquisas da célula-tronco, para poder ver um dia o mundo que os cerca.
Os demais deficientes que não sabem o que é viver nem um dia como os ditos normais sonham com o espaço especial, com a sociedade sem preconceito, com o direito do ir e vir sem deboche, com a sala de aula, com colegas e com a cura dos neurônios doentes para que possam “pensar” a sua vida e viver com autonomia.
O sonho de vida digna se fortifica normalmente quando assistimos aos noticiários, quando acessamos as leituras dos jornais e demais informações importantes que nos mostram a decadência na área da saúde.
O meu sonho de vida digna seria concretizado se todos os brasileiros tivessem que viver com a assistência do SUS. Vale a máxima: “o que é bom para o outro, é bom para mim”. Quando li a matéria sobre a morte do menino que nasceu acima do peso padrão, porque não tinha o transporte adequado, pensei: “se este menino fosse oriundo de uma família rica, influente, como seria? Será que ele teria o transporte adequado para continuar a sua vida?”. Na mesma reflexão, incluo o conterrâneo de Herveiras que morreu dentro da ambulância. Da mesma forma, se tivesse algum parentesco com pessoas influentes, teria morrido sem assistência?
Já na área da educação, nada contra as escolas particulares, muito pelo contrário: já trabalhei e gostei muito do trabalho. Porém, enquanto houver a opção da escola paga para os “meus” e deixo a escola pública para os que “não têm condições”, a escola pública jamais será prioridade.
Agora vou contar o meu sonho maior: sonho com a ciência descobrindo a “cura” da cegueira física e com a “cura” da cegueira espiritual dos nossos governantes, com exceções, em todos os níveis. Sonho também com o SUS e com a escola pública para todos, sem exceção, independente da situação socioeconômica ou função que ocupa na hierarquia do poder.
Nós somos a humanidade!
Seli Flesch/Professora da Sala de Recursos para deficientes visuais da EEEM Santa Cruz
Jornal Gazeta do Sul 12/04/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário