O deputado federal Romário foi pego duas vezes em blitze de trânsito e se recusou a fazer o teste do bafômetro. O mesmo fez o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que também dirigia com a CNH suspensa, infração considerada gravíssima. Parado pelos policiais, o cantor Djavan disse não ao bafômetro e estava com os documentos do carro irregulares. Em Brasília, os ministros dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, e das Comunicações, Paulo Bernardo, voltaram para as salas de aula para recuperar as suas habilitações suspensas por excesso de pontos.
"A nossa cultura é muito favorável ao não seguimento das leis. As pessoas não percebem as fiscalizações. E, quando situações envolvendo personalidades famosas vêm à tona, só faz aumentar essa sensação de que ''não dá nada''", avalia o psicólogo e coordenador de exames médicos e psicológicos do Departamento de Trânsito (Detran/RS), Paulo Afonso Santos.
Entretanto, ao ver o ex-governador mineiro sendo multado e tendo que chamar um taxista para levar a sua Land Rover para casa, ou observar os ministros de volta à sala de aula para recuperarem as suas carteiras, também passa a ideia de uma maior rigidez no cumprimento da lei. É o que acredita a presidente da Fundação Thiago Gonzaga, Diza Gonzaga. "Quando uma pessoa pública é flagrada cometendo uma infração de trânsito, é um desserviço o que ela está fazendo. Mas, por outro lado, acho que demonstra à sociedade em geral que essa pessoa terá que passar pela reciclagem e se submeter às regras como qualquer outra", avalia.
O consultor de segurança no trânsito e sociólogo Eduardo Biavati concorda com Diza: "Os agentes de fiscalização vêm impondo uma autoridade diante dessas pessoas públicas. É uma mudança cultural muito importante". Biavati alerta que, no caso de quem atua com legislação, o exemplo é mais negativo ainda. "Em Brasília, não são raras as propostas de emendas e projetos de alteração na legislação de trânsito. Nós deveríamos conferir se esses proponentes estão com as suas carteiras de habilitação em dia", afirma o consultor.
Fonte: Correio do Povo 22/01/2012
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