quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Quadro da obesidade no país é "mau sob todos os aspectos", avalia endocrinologista


A obesidade é um problema crescente no Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam aumento do percentual de crianças com sobrepeso e obesidade no país, principalmente na faixa de 5 a 9 anos de idade. Os números referem-se a levantamento de 2010.
O sobrepeso atinge 34,8% dos meninos e 32% das meninas nessa faixa etária. Já a obesidade foi constatada entre 16,6% dos meninos e entre 11,8% das meninas. Já entre as crianças a partir de 10 anos e jovens até 19 anos de idade, o excesso de peso atinge 21,7% do total dos meninos e a obesidade, 5,9%. Entre as meninas nessa faixa etária, 15,4% mostravam sobrepeso e 4,2%, obesidade.
Na avaliação da endocrinologista Maria Delzita Naves, o quadro da obesidade no país é preocupante. “[O quadro é] muito mau sob todos os aspectos. Sob o aspecto do paciente, das orientações que são dadas, e até do aporte medicamentoso”, disse à Agência Brasil.
Para a endocrinologista, a migração das pessoas do interior para os grandes centros urbanos faz com que elas adquiram hábitos “que não são os melhores possíveis”. Destacou, entre eles, as refeições do tipo fast-food(comida rápida) e a falta de atividades físicas. “Se eu não queimo o que como, eu ganho peso”. O segundo fator na massificação do ganho de peso é o estresse. “Cada vez, a gente se movimenta menos, se estressa mais, come pior. Isso tudo é fator para a gente ganhar peso. Esse é o lado do paciente”.
A especialista criticou também a atuação dos médicos. De acordo com ela, “cada dia, a consulta está mais rápida, cada dia nós falamos menos com o doente”. É preciso, segundo Maria Delzita Naves, que a pessoa se eduque e que o médico oriente o paciente sobre coisas simples a fazer no dia a dia e que contribuem para diminuir o peso, entre as quais andar alguns quarteirões para pegar o ônibus ou descer dois andares em vez de usar o elevador, por exemplo.
A endocrinologista considerou que o culto ao corpo bonito, em alta hoje em dia, tanto pode ser um incentivo, como uma cilada para o obeso. Em relação aos medicamentos, destacou que “nenhum remédio é bom ou ruim. Depende de como e quando a gente usa”. Essa série de fatores está levando ao aumento da obesidade entre os brasileiros.
Para solucionar o problema, ela recomendou em primeiro lugar a realização de atividade física. “A segunda coisa é ensinar a comer”. Ou seja, mostrar às pessoas o valor dos grupos de alimentos e da relação que deve ser feita entre arroz, feijão, legumes, verduras. “É mostrar para a pessoa que ela pode fazer orgia alimentar de 15 em 15 dias em uma refeição”.
A endocrinologista ressaltou também a necessidade de se separar quem é doente de quem não é. Para que haja a indicação de cirurgia de redução de estômago, no caso de obesidade mórbida, por exemplo, o paciente tem que ter o suporte de uma equipe médica, integrada por psicólogo, nutricionista e clínico, além de endocrinologista.
“Tem que ter um suporte muito sério de uma equipe de saúde. Disso não se pode abrir mão”. A iniciativa é recomendada pelo Ministério da Saúde. Ela disse acompanhar casos de obesos que, mesmo depois de operados, voltaram a ganhar peso. “Às vezes, o grupo não avaliou a pessoa tão bem como devia”. Nem todo mundo pode emagrecer, destacou. “O grande problema da cirurgia bariátrica é a cabeça da pessoa depois”.


Obesidade cresce mais entre crianças brasileiras na faixa de 5 a 9 anos

Números divulgados hoje (25) pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam aumento do percentual de crianças com sobrepeso e obesidade no Brasil, principalmente na faixa de 5 a 9 anos. Os números referem-se a levantamento de 2010.
O sobrepeso atinge 34,8% dos meninos e 32% das meninas nessa faixa etária. Já a obesidade foi constatada entre 16,6% dos meninos e entre 11,8% das meninas. De acordo com a presidenta do Departamento de Obesidade da SBEM, Rosana Radominski, esse quadro é alarmante.
Já entre as crianças a partir de 10 anos e jovens de até 19 anos, o excesso de peso atinge 21,7% do total dos meninos e a obesidade, 5,9%. Entre as meninas nessa faixa etária, 15,4% mostravam sobrepeso e 4,2%, obesidade.
“Houve um aumento muito grande [do aumento de peso] nesse grupo de crianças [de 5 a 9 anos] quando a gente considera o período de 1989 para 2009”, observou a médica. De acordo com os dados, o sobrepeso nessa faixa etária atingia 15% dos meninos em 1989 e 11,9% das meninas. Já a obesidade tinha 4,1% de índice entre os meninos naquele ano e 2,4%, entre as meninas de 5 a 9 anos.
“Nas crianças de modo geral, a velocidade, em termos de excesso de peso e obesidade, está muito maior do que nos adultos. Isso tem a ver com a mudança da cultura. Hoje, tem uma inversão nutricional”, analisou a especialista, que vê também a influência de programas assistenciais, como o Bolsa Família, na mudança dos hábitos alimentares.
“Começou-se a aumentar a renda das famílias, mas não a educação familiar para que a alimentação fosse corrigida”, estimou Rosana. Com mais dinheiro no bolso, as famílias estão adquirindo maior quantidade de alimentos e não necessariamente os mais saudáveis. Segundo ela, há atualmente maior ingestão de açúcar, de alimentos gordurosos e industrializados, em vez de alimentos naturais.
Outro problema, conforme apontou a médica, é a redução da prática de atividades físicas, “por causa da violência, da dificuldade de transporte e até pelo currículo escolar”. Ela lembrou que as crianças acabam mais confinadas em casa, diante da televisão, do computador e dos videogames e, com isso, ganham sobrepeso.
Segundo Rosana Radominski, entre os adultos os percentuais são maiores: 48,5% apresentavam sobrepeso, em 2010, e 15%, obesidade. Entre os homens, 52,1% tinham excesso de peso e 14,4%, obesidade, enquanto os índices nas mulheres eram, respectivamente, 44,3% e 15,5%.
De acordo com a médica, o Brasil e a China são os países em que a obesidade está aumentando de forma mais rápida no mundo. “Se não houver programas do governo para reprimir a obesidade e uma mobilização de toda a população, a tendência é aumentar [o número de obesos no país]. Acho que é importante o alerta com relação a isso, para que se possa ganhar essa batalha”.
Agência Brasil 25/01/2012

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