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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Coordenador do Fórum Social Temático diz que objetivos foram alcançados


Porto Alegre - O Fórum Social Temático (FST) que, ao longo da última semana, reuniu 40 mil pessoas em Porto Alegre, conseguiu cumprir o objetivo de ser uma etapa preparatória para a Cúpula do Povos, a reunião que os movimentos sociais querem organizar em paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que o Brasil vai sediar em junho,no Rio de Janeiro.
A avaliação é de Celso Woyciechowski, membro do Comitê Organizador do Fórum Social Temático (FST), que conversou com a Agência Brasil e fez um balanço dos resultados de uma semana de debates. Woyciechowski disse que as articulações feitas em Porto Alegre servirão de base para uma plataforma de propostas que os movimentos sociais vão apresentar como alternativas ao que será negociado oficialmente pelos governos na conferência do Rio. A base é a crítica à chamada economia verde que, segundo as organizações não governamentais (ONGs), pode acabar apenas repetindo o modelo capitalista sob um rótulo de correção ecológica.
Agência Brasil: Como o senhor avalia essa edição do Fórum Social Temático?
Celso Woyciechowski: Todo Fórum Social Mundial e, aqui também, essa edição temática, sempre tem expectativas e grandes possibilidades de essas expectativas serem concretizadas. Acho que esse FST concretizou as expectativas, tanto de público - tivemos mais de 40 mil pessoas participando de todas as atividades - quanto de construir uma extraordinária plataforma para encaminhar à Cúpula dos Povos, durante a Rio+20, em junho. Esse elemento temático deu foco aos debates, motivou e fez com as que as pessoas participassem mais, com conteúdo, com profundidade e, portanto, transformasse esse fórum em uma das melhores edições no que diz respeito ao debate do conteúdo e no encaminhamento das resoluções. Nós, da comissão organizadora, estamos extremamente satisfeitos, pelo conteúdo, pela riqueza dos debates que aqui foram apresentados e pelas proposições que certamente serão levadas para a Cúpula dos Povos, no Rio de Janeiro.
ABr: O FST cumpriu o papel de ser uma preparatória para a Cúpula dos Povos?
Woyciechowski: Esse era o objetivo e acreditamos que foi cumprido. Cumpriu o papel de fazer o debate, armar uma mobilização em caráter mundial e uma plataforma com possibilidade de grandes acordos para a Rio+20, por meio da Cúpula dos Povos. Acreditamos que esse debate foi construído e será aperfeiçoado e aprimorado até o mês de junho, antes da Rio+20.
ABr: A crítica à economia verde é a principal mensagem que sai do fórum?
Woyciechowski: Acredito que o capitalismo tem suas crises cíclicas, demostra seus limites e busca alternativas. Acho que esse é o momento em que o capitalismo em crise está buscando alternativas na economia verde, alternativas para se reciclar. Todos os debates aqui colocados têm trabalhado com o conceito de economia verde, o conceito de emprego verde trazido pelo capitalismo, que nada mais é do que a reciclagem do próprio capitalismo, que não tem compromisso com a sustentabilidade, não tem compromisso com o meio ambiente e trabalha na lógica, portanto, de uma economia verde reciclando e reoxigenando o próprio capitalismo. Acho que nós precisamos trabalhar com outro conceito de economia verde, com outro conceito de emprego verde, linkar muito fortemente a mudança de um sistema de desenvolvimento hoje econômico com um sistema de desenvolvimento social, sustentável, com respeito ao meio ambiente e com justiça social e distribuição de renda.
ABr: Como essa edição temática se articula com processo histórico do Fórum Social Mundial? Houve uma evolução das ideias ao longo dos anos, da crítica ao neoliberalismo em 2001 para questões ambientais?
Woyciechowski: De 2001 até 2012, temos onze anos que separam a primeira edição do FSM, que tinha um cunho muito forte de fazer um contraponto sistemático ao modelo econômico baseado muito fortemente nas grandes diretrizes que eram elaboradas no Fórum Econômico Mundial, de Davos. Portanto, o FSM cumpriu seu papel nesse período, enquanto grandes transformações no mundo aconteceram. Vamos pegar o exemplo da América Latina: tivemos grandes transformações, mudanças de curso nas gestões públicas e no modelo de desenvolvimento. E, logicamente, o FSM também precisa avançar, também precisa ter respostas para debates mais objetivos.
ABr: Como os movimentos sociais avaliaram a vinda da presidenta Dilma ao fórum, pela primeira vez como chefe de Estado?
Woyciechowski: O aspecto mais positivo foi a decisão da presidenta Dilma de vir para o FST e não ir ao Fórum Econômico de Davos. Essa foi uma decisão política extremamente acertada da presidenta Dilma e que demonstra o seu empenho em buscar um diálogo que seja alternativo, que não seja um modelo vertebrado a partir de Davos. E, para além disso, a presidenta abriu um debate franco, transparente, com os movimentos sociais, com as organizações. Ela apresentou sua vontade, sua disposição de buscar as transformações.
Acompanhe a cobertura completa do FST 2012 no site multimídia da Empresa Brasil de Comunicação (EBC)

sábado, 28 de janeiro de 2012

Movimentos sociais fazem balanço do FST e preparam mobilizações para Rio+20


Porto Alegre – Cerca de 1,5 mil pessoas participaram hoje (28) de uma assembleia que reuniu mais de 100 movimentos sociais participantes do Fórum Social Temático (FST) 2012. Em carta, os ativistas citaram a construção de uma agenda e de ações comuns contra o capitalismo, o patriarcado, o racismo e todo tipo de discriminação e exploração.
A coordenadora dos movimentos sociais, Rosane Bertotti, explicou que o documento lista elementos em comum em meio à diversidade registrada na assembleia. Entre os destaques, temas como a democratização da comunicação, a violência contra as mulheres, o desenvolvimento sustentável e solidário, a reforma agrária, a agricultura familiar, o trabalho decente, a luta pela educação e pela saúde.
“Rejeitamos toda e qualquer forma de exploração e discriminação, seja ela no mundo do trabalho, sexista ou racial. Rejeitamos também toda forma de criminalização dos movimentos sociais e a forma como o capitalismo se reinventa na proposta de uma economia verde, achando que apenas pintar de verde um espaço vai mudar a realidade. Entendemos que, para mudar a realidade, não é só pintar de verde, é garantir direitos, liberdade de organização, democracia, proteção social”, disse.
Para o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, o FST constituiu um espaço importante para reunir ativistas de várias partes do mundo que, em 2011, deram lições de cidadania e consciência na luta pelo acesso à educação e pelo direito a uma educação de qualidade.
“O FST funciona como uma orquestra que consegue juntar diferentes opiniões de inúmeros países numa perspectiva de superar as desigualdades sociais e os desequilíbrios que hoje a gente enfrenta no mundo”, ressaltou. Entre as reivindicações do movimento estudantil brasileiro estão a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB)) para a educação, a vinculação de, pelo menos, 50% da arrecadação com a exploração do pré-sal para investimentos em educação e a valorização do professor.
O secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo, avaliou que os debates do FST ficaram dentro do esperado. “Nós, do movimento sindical, viemos para o fórum para fazer o debate junto com as outras mobilizações dos movimentos sociais, para potencializar a nossa intervenção, as nossas propostas durante a realização da Rio+20.”
A ideia, segundo ele, é fazer com que a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) não seja apenas um espaço de debate para ambientalistas, mas que inclua nas discussões fórmulas para melhorar as condições de trabalho no mundo. “Não basta apenas produzir de forma sustentável, é preciso desconcentrar renda, respeito aos direitos dos trabalhadores, aos direitos sociais e, acima de tudo, ao cidadão.”
Já o presidente da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Edson França, disse que a expectativa do movimento negro em relação ao FST foi superada, já que foi possível elaborar um documento com as reivindicações de todos os movimentos sociais.
“A questão racial aparece na carta porque o racismo é uma dimensão importante da opressão. Os movimentos sociais, a cada tempo que vai se passando, por meio do diálogo, vêm tomando entendimento e se sensibilizando a respeito disso”, explicou.
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Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo será lembrado no Fórum Social Temático


Porto Alegre - O Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo será lembrado hoje (28) em uma sessão especial do Fórum Social Temático (FST), que vai analisar a relação entre o trabalho escravo e os danos ao meio ambiente.
O debate vai reunir a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário e o procurador-geral do Ministério Público do Trabalho, Luís Antônio Camargo, com mediação do jornalista e cientista político Leonardo Sakamoto, da organização não governamental (ONG) Repórter Brasil, que denuncia situações de trabalho análogo à escravidão.
Além do ato em Porto Alegre, a mobilização pelo Dia Nacional de Combate o Trabalho Escravo inclui atividades em mais oito estados para chamar atenção para o problema e cobrar avanços, como a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 438/2001, conhecida como PEC do Trabalho Escravo. Em Brasília, o Ministério do Trabalho lançou esta semana o Manual de Combate ao Trabalho em Condições Análogas ao de Escravo.
O dia 28 de janeiro foi instituído como Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo como uma forma de homenagear os cinco auditores fiscais do Trabalho assassinados durante uma fiscalização rural na cidade mineira de Unaí, em 2004. O crime ficou conhecido conhecido como Chacina de Unaí. Oito anos depois, dos nove acusados de participação nos assassinatos, quatro estão em liberdade, beneficiados por habeas corpus, entre eles o atual prefeito de Unaí, Antério Mânica, e o irmão dele, Norberto Mânica. Cinco estão presos, mas ninguém foi julgado ainda.
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Educação Ambiental: do Fórum Social Temático, no Sul, ao VII FBEA, em Salvador

Neste sábado, 28/1, a equipe da Jornada desenvolverá atividade na capital gaúcha, onde debaterá não só um plano de ação, como a presença e programação na Rio+20.



De Porto Alegre (RS) para Salvador (BA). Educadores e educadoras ambientais que integram a II Jornada Internacional de Educação Ambiental estão nesta semana antenados no Fórum Mundial de Educação - um dos eventos do Fórum Social Temático, em Porto Alegre. O intuito é atualizar o Plano de Ação ligado aos princípios do Tratado Internacional de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e. Responsabilidade Global - um documento estabelecido na Rio 92 que se tornou referência para o setor desde então, por meio de uma grande caravana planetária, iniciada em 2008.
Para tanto, neste sábado, 28/1, a equipe da Jornada desenvolverá uma atividade autogestionada na capital gaúcha onde debaterá não só este plano de ação, como a presença e programação na Rio+20, ponto culminante dessa caminhada. O próximo passo será no VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental (VII FBEA), que acontecerá em Salvador entre 28 e 31 de março de 2012, que aliás tem o Tratado como um dos seus eixos fundamentais. A expectativa é referendar os materiais e avançar nas discussões.
“O desafio de estabelecer um novo paradigma frente a atual condição planetária nos leva a colocar a educação para a sustentabilidade no centro dos sistemas educacionais, da gestão ambiental e da vida cotidiana – diz Moema Viezzer, coordenadora internacional da Jornada – Porque sem educação para vida sustentável, nem as leis que protegem o ambiente, nem as novas tecnologias adaptadas para o convívio com o meio ambiente serão aplicadas”.
O Tratado de EA, como é chamado por quem é do ramo, é também tema central do segundo dia da VII FBEA, evento de âmbito nacional que abrigará novo encontro da II Jornada Internacional de Educação Ambiental (29/3, às 18h, Auditório Oxalá, Centro de Convenções da Bahia). Além disso, integra um dos oito eixos para quem queira apresentar painéis, ou propor oficinas / minicursos no Fórum de Salvador. Encontram-se abertas até 12 de fevereiro as inscrições para a submissão de resumos de propostas para essas atividades. E, até o fim do mês, as inscrições demais participantes têm desconto especial.
“Esse será um dos grandes links do Fórum com a Rio + 20. O Tratado é a referência maior do que construímos desde a Rio 92. Vamos refletir sobre o que de fato aconteceu nesses 20 anos, desde a Rio92, em interação com a política de educação ambiental”, observa Tita Vieira, coordenadora geral da VII FBEA .
História da jornada
A segunda Jornada Internacional do Tratado de Educação Ambiental surgiu a partir da percepção que se teve da atualidade e força dos princípios do Tratado Internacional de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e. Responsabilidade Global, elaborado em evento paralelo à Rio92, como fruto de um longo processo de discussões da sociedade civil.
Em 2008 o processo tomou corpo, com a criação de uma Secretaria Executiva composta por seis entidades não governamentais. E, a partir de 2009, consolidou-se com a criação de um Comitê Facilitador Internacional no Fórum Social Mundial em Belém do Pará. Desde então a Jornada está presente em diversos eventos nacionais e internacionais, além da realização de Jornadas Locais.
O ponto culminante será na Cúpula dos Povos e no Evento Brasileiro no âmbito da Rio+20, evento oficial da ONU, a se realizar em junho próximo, no Rio de Janeiro.
“As Jornadas Locais possibilitam uma maior e melhor divulgação do Tratado, como orientador com valores e princípios que qualificam as relações que as pessoas estabelecem consigo mesmas, como os outros e com o meio ambiente. Por outro lado visam preparar os participantes para um melhor desempenho durante a Rio+20, acabando por consolidar redes de pessoas, entidades e instituições a favor da vida”, afirma Mônica Simons, integrante da Secretaria Executiva da Segunda Jornada Internacional de Educação Ambiental”.


Saiba mais:
* Programação do VII FBEA: http://viiforumeducacaoambiental.org.br/programacao-geral/
* Jornada Internacional do Tratado de Educação Ambiental: http:// tratadodeeducacaoambiental.net
* Fórum Mundial de Educação: http://www.forummundialeducacao.org

Em resumo:
O QUE: II Jornada do Tratado de Educação Ambiental - de Porto Alegre a Salvador
ONDE: VII FBEA - Centro de Convenções da Bahia, em Salvador
QUANDO: de 28 a 31 de março de 2012.
Inscrições para propor oficinas, minicursos e painéis até 12 de fevereiro de 2012
Interação:
* Sites:
http://viiforumeducacaoambiental.org.br/ (VII FBEA)
http://midiasocial.rebea.org.br/ (Mídia Social REBEA)
* http://www.facebook.com/viiforumea (Facebook);
* https://twitter.com/viiforumea (Twitter);
* http://pt.scribd.com/viiforumdeea (Compartilhamento de documentos do processo de organização).

Por Scheilla Gumes, com informações da II Jornada do Tratado e Supereco
EcoAgência/Sintonia da Terra

O “bonde digital” quer fazer a revolução


ÀS 14 horas do dia 27 de janeiro, em frente à Usina do Gasômetro, o Bus Hacker se preparava para ir ao bairro Restinga de Porto Alegre, uma espécie de Cidade de Deus gaúcho célebre pela intensidade de seus movimentos sociais. O objetivo é levar para a comunidade da Restinga um pouco das ideias sobre o acesso e o empoderamento digital que vem sendo fervilhados em todo o mundo.


A edição 2012 do Fórum Social Temático (FST) dedicou-se com carinho a este tema. A Casa de Cultura Mario Quintana ofereceu diversas oficinas sobre Conexões Globais 2.0 cujos palestrantes denotavam uma marca comum: o entusiasmo pelas infinitas possibilidades que a tecnologia digital oferece para promover o exercício da cidadania e da organização de movimentos sociais, digitais e/ou presenciais. Na oficina Seja um repórter Multimídia com seu Smartphone, os jornalistas e ciberativistas Emerson Luis e Brunna Rosa ensinaram mais de 30 alunos – entre modernos e analógicos - a fazerem uso de ferramentas para transmissão on line em tempo real.


O ano de 2011 mostrou ao mundo que as redes sociais podem até mesmo derrubar governos, como na primavera árabe, espalhar no ventilador recônditos segredos de estado, como no Wikileaks, e estabelecer a conexão das várias tribos de indignados numa verdadeira aldeia global em busca de um novo modelo de organização social. Um modelo democrático real ou “para além da democracia”, conforme definiu o palestrante Pedro Markun durante a plenária da manhã Democracia Real Já.


Pedro é integrante do movimento Transparência Hacker e um dos passageiros do Ônibus Hacker. “Hacker do bem”, como eles preferem ser chamados para não serem confundidos com os malquistos vândalos da internet que atacam sites e roubam contas bancárias. Pedro dividiu a plenária com representantes das ocupações de ruas de Nova Yorque, Palestina, Chile, Espanha e Londres. Da platéia, representantes da Venezuela, Tunisia, Argentina e de indígenas brasileiros em uníssono passavam a mesma mensagem proclamada pelos Ocuppied de vários locais do mundo –“Juntos Podemos e Nada Será Como Antes".


Na mesma mesa estava o teólogo Leonardo Boff, que brindou o público com o seu característico “cântico” para que as criaturas do planeta exercitem o respeito por todos os seres vivos e cuidem da “Mãe Terra”.
– Terra a gente pode comprar e vender, mas mãe a gente precisa cuidar. Se queremos salvar a mãe Terra, temos que destruir o capitalismo e incorporar ao ser humano uma dimensão sócio-cósmico-ecológica ”, proclamou em sua forma mansa, mas não menos radical que os jovens.


Também no senso comum emana a convicção de que o “bonde “ dos indignados só tende a crescer em todo o mundo. Segundo relatos dos “indignados” presentes à plenária, o movimento ganhou forma especialmente por contar com o apoio de cerca de 70% a 80% da população de seus países. A indignação popular emerge da crise econômica e da falta de confiança nos governos. O povo cansou de assistir a “porta giratória” que mantém os políticos no poder - hoje à frente dos governos e amanhã dentro de empresas ligadas ao capital financeiro internacional. “Perdemos o medo, e isto está assustando o poder”, avisa a representante da Espanha.


O hacker Pedro Markun vai ainda mais além. O Transparência Hacker define como seus princípios a autonomia, a liberdade e o compartilhamento. São eles que movimentaram o ônibus Hacker até a Restinga.


Com estes princípios o grupo conseguiu comprar o ônibus através do Catarse – site de apoio coletivo a projetos – e viajou 1.200km para chegar ao FST. A bordo, 26 pessoas (três crianças, desenvolvedores, um engenheiro eletrônico, designers e a jornalista Lívia Ascava). Segundo ela, o grupo se organizou através de uma lista de emails e não há qualquer hierarquia. “Aqui tudo é experimental e coletivo. A marca do hacker é transformar dados fechados em dados abertos. O hacker subverte a forma como as coisas são feitas”, definiu ela já a caminho da Restinga, onde iriam conversar com moradores e difundir as ideias hackers.


Por Vera Damian, especial para a EcoAgência Solidária de Notícias Ambientais
EcoAgência/Sintonia da Terra

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

PEC exige que eleitos ao Executivo apresentem Plano de Metas após a posse


Proposta de Emenda à Constituição (PEC) já foi aprovada na CCJ da Câmara Federal e tramita em comissão especial do Legislativo. Se aprovada no Congresso, eleitos ao Executivo terão prazo, após a posse, para apresentar um Plano de Metas norteado pelo conceito de sustentabilidade.

Uma proposta de emenda à Constituição Federal (PEC), se aprovada, poderá tornar obrigatório, no Brasil, que os candidatos eleitos a cargos do Executivo - presidente da República, governadores e prefeitos - tenham de apresentar um Plano de Metas depois de tomar posse. Além disso, o Plano deverá ser elaborado sob a égide do conceito de desenvolvimento sustentável. A informação foi dada nesta quinta-feira (26/1), em Porto Alegre, pelo empresário Oded Grajew no painel que debateu o tema “Política 2.0 – uma nova forma de fazer política?”, no Fórum Social Temático. Grajew integra a Rede Nossa São Paulo e preside o Instituto Ethos. O debate foi promovido pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS). "A proposta de emenda já obteve o número de assinaturas necessárias para tramitação no Congresso Nacional e já foi aprovada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados. Agora está sendo analisada por uma comissão especial formada pelos deputados.", disse o empresário.
A PEC foi articulada e apresentada por organizações não-governamentais como a Rede Nossa São Paulo e o Instituto Ethos e teve como modelo a emenda à Lei Orgânica aprovada na cidade de São Paulo. Na capital paulista, a mobilização organizada pela Rede Nossa São Paulo obteve vitória ao conseguir que a Câmara Municipal de São Paulo incluísse, na Lei Orgânica do Município, uma emenda determinando que cada prefeito eleito tenha de apresentar um Plano de Metas após 90 dias decorridos da sua posse no cargo. Além disso, explicou Grajew, o Plano tem de, obrigatoriamente, incluir as promessas feitas pelo então candidato durante a campanha eleitoral. "E o prefeito terá de prestar contas à população a cada seis meses", acrescentou. "As redes sociais, em São Paulo, fizeram com que as metas estabelecidas caíssem em domínio público e possam ser cobradas."
Comentando a influência do poder econômico na política. Grajew lamentou que a maioria dos políticos não esteja a serviço dos cidadãos. "Muitos deles acabam aceitando esse processo porque desejam se eleger." Ele observou que o dinheiro obtido de forma ilícita pelos políticos acaba gerando corrupção e retirando recursos que poderiam ser destinados para serviços públicos em áreas como educação e saúde. "Vivemos em um mundo político viciado por interesses econômicos. Não podemos ficar apenas esperando que as coisas aconteçam, a iniciativa tem de ser da sociedade civil", disse Grajew.
Nova esfera pública
O jornalista Marcos Rolim, mestre em Sociologia pela UFRGS e professor-visitante da Universidade de Oxford, observou que a internet propicia a criação de uma nova esfera pública, que deve ser diferenciada de projetos políticos. Sobre a exigência de um Plano de Metas a ser cumprido pelos eleitos ao Poder Executivo, Rolim considera que a proposta faz parte da reforma política almejada, mas não representa o objetivo final a ser alcançado. "É verdade que há uma degradação acelerada do processo político, mas a participação cidadã precisa ganhar um corpo e se materializar em partidos políticos. Não existe espaço vazio em política, pois alguém o ocupará."
Para o ex-deputado, que recentemente se desfiliou do PT, o momento é propício para a criação de um novo partido político que seja capaz inclusive de defender a instalação de uma nova Assembleia Constituinte no Congresso Nacional. "É preciso o surgimento de um partido de novo tipo, que represente tudo que nós defendemos e que também agregue gente de outros partidos, tanto à esquerda quanto à direita." Rolim também defendeu que se viabilize a possibilidade de candidatos possam concorrer de forma autônoma nas eleições, por meio de listas, sem necessariamente estar vinculados a partidos políticos. "Poderiam ser formadas listas de candidatos que representassem movimentos sociais, por exemplo."
A ex-ministra Marina Silva, atualmente sem vinculações a partidos políticos, destacou que a crise política atual, no Brasil, cria dificuldades muito grandes quanto à representatividade. "Há um centro de poder estagnado. O poder político pelo poder político não permite que se discutam ideias, tudo é feito para se manter no poder." Para ela, a crise de valores vivida pela sociedade embute múltiplas crises. "Até se faz o diagnóstico do problema, mas há uma separação entre a ideia de crise e a de intervenção. Na questão ambiental, isso fica patente: o paciente está na UTI, mas o remédio será dado daqui a dez anos."
Na opinião de Marina Silva, a "erosão" da capacidade das pessoas em acreditar na política pode levá-las à paralisia. "Há promessas para tudo. A crise envolve a falta de credibilidade no compromisso. As pessoas estão perdendo a capacidade de acreditar devido ao excesso. Somos uma sociedade que vive pelo excesso. O consumo pelo consumo está inviabilizando o Planeta. Orientamos nossa vida pelo consumo e, quando não se consegue fazer nem consumir, resta aparecer."
Defendendo a criação de um novo espaço que possibilite melhorar a relação entre o homem e a natureza, bem como a qualidade da representação política, Marina criticou o fato de preponderar a ideia de que não há espaço para a subjetividade na política. "O fazer político envolve a subjetividade. Antes, a política era dominada pelo ativismo dirigido, orientado por partidos, ONGs, sindicatos e outras instâncias. Hoje, com a modernização dos meios de comunicação, vivemos o ativismo autoral. Não existe lugar para salvadores da pátria ou líderes messiânicos."


EcoAgência/Sintonia da Terra

Dilma defende que Rio+20 tenha metas de desenvolvimento sustentável centradas no combate à pobreza


Porto Alegre – Ao fazer referência aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), a presidenta Dilma Rousseff defendeu hoje (26) a criação de metas de desenvolvimento sustentável durante a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), marcada para junho no Rio de Janeiro.
Ao participar do Fórum Social Temático (FST) 2012, ela avaliou que tais metas devem estar centradas no combate à pobreza e à desigualdade. “Assumimos que é possível crescer e incluir, proteger e conservar”, explicou.
Dilma disse ser uma grande alegria poder voltar a Porto Alegre e lembrou sua participação no Fórum Social Mundial em 2001, quando ainda era secretária de Energia do governo do Rio Grande do Sul. “Desde então, essa cidade transformou-se em referência para todos que buscavam criar uma alternativa ao desequilíbrio da situação econômica e política global. Aqui, se firmou a ideia de que um outro mundo é possível.”
Durante o discurso, a presidenta destacou que muita coisa aconteceu nos últimos 11 anos e que a crise que vinha latente transformou-se em uma crise real desde 2008. Segundo ela, as incertezas financeiras que pairam sobre o futuro mundial dão um significado especial para a Rio+20.
“Deve ser um momento importante de um processo de renovação de ideias, diferentemente das COP [Conferências das Partes]”, disse. “Queremos que a palavra desenvolvimento apareça, de agora em diante, sempre associada à [palavra] sustentável”, completou.
De acordo com Dilma, o que estará em jogo na Rio+20 é um modelo capaz de articular o crescimento e o aumento de empregos, a participação social e a ampliação de direitos, o uso sustentável e a preservação de recursos ambientais. “A tarefa que nos impõe esse fórum e a Rio+20 é desencadear o desenvolvimento, a renovação de ideias e de novos progressos absolutamente necessários para enfrentar os dias difíceis que hoje vive ampla parte da humanidade.”
Por fim, a presidenta avaliou que a sociedade civil e os governos progressistas, cada um em sua dimensão, podem fazer dos primeiros anos do novo milênio o anúncio de uma nova era. Para isso, segundo ela, é decisivo o fortalecimento dos laços de solidariedade e de cooperação Sul-Sul.
“É essa esperança que nos une e nos mobiliza para a Rio+20 e que deve sempre nos guiar na busca de um novo modo de vida, inclusivo e sustentável, sabendo que o papel da sociedade civil será determinante para o êxito da conferência”, disse. “Tenho certeza: um outro mundo é possível. Até o Rio de Janeiro”, concluiu Dilma.
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