O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo
recomendou ao Ministério da Saúde a conclusão de estudos sobre a
ampliação do teste do pezinho. A pasta está fazendo estudos para
adicionar o diagnóstico de mais duas doenças no teste: a
hiperplasia adrenal congênita, também conhecida como HAC (grupo de
doenças hereditárias decorrentes da deficiência de uma das enzimas
necessárias para a produção de hormônios suprarrenais) e a
deficiência de biotinidase (doença metabólica na qual o organismo
não consegue obter a vitamina biotina de maneira adequada).
As
glândulas suprarrenais têm a função de regular o metabolismo do
sódio, do potássio, da água, dos carboidratos e de regular as
reações do corpo humano ao estresse. Já a biotina funciona no
metabolismo de proteínas e carboidratos.
O
teste do pezinho oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
detecta apenas quatro doenças: hipotireoidismo congênito (doença
que impossibilita o organismo de gerar o hormônio tireoidiano T4,
impedindo o crescimento e desenvolvimento
do recém-nascido ), fenilcetonúria (doença genética caracterizada
pelo defeito ou ausência da enzima fenilalanina hidroxilase,
envolvida na síntese da melanina, que dá pigmentação à pele,
olhos e cabelos), hemoglobinopatias (gama de doenças ocasionadas por
defeitos na proteína hemoglobina) e fibrose cística (doença
genética causada por um distúrbio nas secreções de algumas
glândulas. Nos pacientes afetados, as glândulas exócrinas produzem
uma secreção muito mais espessa do que nas crianças normais).
No
entanto, já existe uma versão ampliada do teste, que permite
identificar mais de 30 doenças antes que seus sintomas se
manifestem, disponível apenas no sistema privado de saúde.
Foi
recomendado pelo MPF também o início de pesquisas para a inclusão
– no programa de detecção de doenças na fase neonatal, o
Programa Nacional de Triagem Neonatal, de responsabilidade do
ministério – das patologias deficiência de glicose-6-fosfato
desidronagenase, ou G6PD (ruptura da membrana das hemácias em
decorrência da presença de agentes oxidantes, como alguns fármacos
ou alimentos), e toxoplasmose congênita (doença infecciosa
congênita causada pelo protozoário Toxoplasma
gondii).
A
toxoplasmose costuma ser benigna e não apresenta sintomas, mas pode,
eventualmente, causar perda da visão, ainda que parcial. Nas
gestantes, se ultrapassar a placenta, a contaminação pode atingir o
feto, ocasionando hidrocefalia e atrofia cerebral. Com a G6PD, o
paciente terá problemas na estrutura das hemácias, células que
carregam a hemoglobina, que dá a característica vermelha do sangue
e carrega o oxigênio e parte do gás carbônico.
A
procuradoria deu um prazo de 60 dias para que o Ministério da Saúde
envie o relatório final dos estudos realizados sobre a inclusão da
HAC e da deficiência de biotinidase no teste. Além disso, solicitou
pareceres sobre o início da pesquisa para a inclusão da G6PD e da
toxoplasmose congênita no programa, no mesmo prazo.
Segundo
o MPF, dados fornecidos pela Secretaria de Saúde de Santa Catarina
mostram que, atualmente, são atendidas 160 crianças com HAC no
estado, e que o diagnóstico precoce, provavelmente, tenha salvado a
vida de parte dos pacientes. As crianças diagnosticadas não tinham
qualquer suspeita clínica da doença. Em Santa Catarina, além do
diagnóstico das quatro doenças congênitas, também são feitos, no
teste do pezinho, adicionalmente, os exames para detecção da HAC,
da galactose e da deficiência de biotinidase.
Fonte:Agência Brasil 22/11/2011
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