quinta-feira, 17 de novembro de 2011

ASSIM É O ÁLCOOL

Observem como a indústria de bebida alcoólica se utiliza de famosos da música, da televisão e do esporte para divulgar as vantagens de beber e influenciar o consumo entre os jovens, em especial. As tônicas são o "sucesso e o glamur". Em sua maioria, o vício em drogas ilícitas começa pelo álcool. A droga que mais gera violência neste país. No trânsito, o álcool é causa de elevados acidentes trágicos. Na família, a bebida alcoólica é o principal motivo de agressões. Nos homicídios, o álcool tem sido um grande vilão! No Brasil, há 19 milhões de dependentes alcoólicos. Na saúde física e mental, o álcool é a quarta droga mais nociva.
Por tudo isso é que cerca de 70% dos brasileiros aprovam a restrição da venda de bebidas alcoólicas, só que 73% dos nossos congressistas receberam doações dessa indústria. Pasmem! Pretendem mudar o Estatuto do Torcedor para permitir a venda de cerveja nos estádios durante os jogos da Copa de 2014, "bebida suscetível de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência nas arenas", diz seu artigo 13. É a violência anunciada! Farão blitz nas imediações dos estádios, logo após os jogos? Contudo, a Fifa vê como um "grande negócio" o comércio da bebida durante os jogos. Para sediá-los, as capitais sabiam dessa exigência da Fifa sobre a volta da cerveja! Os governos locais ensaiaram essa jogada. Jogam a bola agora para a Lei Geral da Copa.
Percebam como é sutil a atuação da indústria de bebida alcoólica no setor público. Claro, ela "ajuda" com 3% do PIB, mas seu custo social já chega a 7% desse PIB! Pagamos muito caro pelas consequências dos beberrões influenciados. O atual projeto do Senado dita "tolerância zero" ao volante. Mas o condutor bêbado só irá preso se causar lesão corporal grave ou morte, devido à lei n 12.403/2011, que prevê prisão somente aos crimes cuja pena é superior a quatro anos. Se causar lesão corporal leve ou só for pego bêbado, paga fiança e sai livre.
Carece de coragem para implantar aquela "lei seca" cruzada que a Secretaria da Segurança Pública/RS protagonizou em 2007. Pois, quem bebe ou aprecia (?) com moderação a partir da meia-noite?
Assim é o álcool. Parece que só é prejudicial na condução de veículo automotor.
JOSÉ FRANCISCO MALLMANN
ex-secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul
Jornal Correio do Povo 16/11/2011

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