domingo, 1 de janeiro de 2012

Espécies Online


Por Henrique Kugler - Ciência Hoje On-Line
Quantas formas de vida habitam a Terra? “É uma das perguntas fundamentais da ciência contemporânea. Mas a resposta ainda é um enigma”, diz o biólogo colombiano Camilo Mora, da Universidade de Dalhousie, no Canadá, em recente artigo publicado no PLoS Biology. As últimas estimativas indicam que nosso planeta seja lar para mais de oito milhões de espécies – sendo que apenas cerca de dois milhões já foram catalogadas pela ciência.
Seria possível sistematizar todas elas num mecanismo de buscas unificado, um tipo de Google taxonômico? Ainda não. Mas o site Encyclopedia of Life (EOL) já deu os primeiros passos nessa tarefa hercúlea. Visando reunir informações sobre o maior número possível de espécies num único endereço, a plataforma serve como uma ponte entre o usuário e dezenas de bancos de dados selecionados a dedo por experts da área.
Após um breve cadastro, você estará prestes a se embrenhar na selva virtual dos reinos da natureza – com direito a mais de 900 mil páginas repletas de informações variadas sobre a vida que nos rodeia. “Isso faz do EOL uma ferramenta com interessantíssimo potencial não apenas para consultas, mas especialmente para o ensino”, diz Breen Byrnes, encarregado pela divulgação do site. “Professores podem usar nosso conteúdo para criar comunidades online, por exemplo, e elaborar planos de ensino interativos.” Aliás, o site traz uma seção exclusivamente dedicada aos docentes, com sugestões de estratégias didáticas para otimizar o conteúdo trabalhado em sala.
O professor de ciências Rafael Cruz Lima, que leciona em duas escolas de Curitiba (PR), aprova a ideia. “O funcionamento do site atende tanto aos experientes quanto aos novatos”, diz. “Para os que estão começando na área da biologia da conservação, as informações são bem ricas e o acesso é facilitado pela boa organização do site.” Para Lima, o EOL pode ser eficiente aliado em estudos de classificação e relações taxonômicas, além de permitir discussões interessantes acerca de relações evolutivas e adaptativas, por exemplo.
Lançada em 2007 e reformulada em setembro desse ano, a plataforma já reúne mais de 50 mil membros – maioria estudantes e público em geral. “Há uma demanda para traduzirmos o conteúdo para outras línguas, inclusive para o português. Tudo dependerá das futuras parcerias”, comenta Byrnes.
ARKive: extinção documentada
Para os professores animados com a ideia, há também um outro site que vale a pena conhecer: o ARKive, similar ao EOL, porém com uma proposta mais lúdica, focada em belas fotografias e vídeos das espécies consideradas em risco de extinção. “Nosso objetivo, ambicioso, é mostrar os rostos de todas as espécies que correm perigo”, diz Liana Vitali, responsável pela divulgação do site, referindo-se às 19 mil que integram a lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
Para isso, o site traz fotografias e vídeos de primeiríssima qualidade – material cedido por parceiros que entendem do assunto, como BBC, National Geographic, Discovery além de muitas outras instituições e profissionais independentes.
Entre os diferenciais do ARKive está a opção de consulta por habitat. Há uma seção, por exemplo, inteiramente dedicada à floresta atlântica. A boa surpresa é encontrar a maria-leque-do-sudoeste (Onychorhynchus coronatus swainsoni), ave de pequeno porte de difícil observação. O imponente leque alaranjado que ela exibe sobre a cabeça permanece a maior parte do tempo fechado. Avistá-lo aberto, como nesta foto, é um momento raro.
Tanto o EOL quanto o ARKive estiveram presentes na 21ª Conferência da Sociedade de Jornalistas Ambientais dos Estados Unidos, que aconteceu em Miami no final de outubro, onde representantes das entidades apresentaram a iniciativa à imprensa. “O Brasil fica na 14º posição em número de visitantes do ARKive”, disse Vitali durante o evento. “A expectativa é que, em breve, seu país esteja no Top 10.”
Ciência Hoje On-Line/EcoAgência

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