Por
Henrique Kugler - Ciência Hoje On-Line
Quantas
formas de vida habitam a Terra? “É uma das perguntas fundamentais
da ciência contemporânea. Mas a resposta ainda é um enigma”,
diz o biólogo colombiano Camilo Mora, da Universidade de
Dalhousie, no Canadá, em recente
artigo publicado no
PLoS Biology. As últimas estimativas indicam que nosso planeta
seja lar para mais de oito milhões de espécies – sendo que
apenas cerca de dois milhões já foram catalogadas pela ciência.
Seria
possível sistematizar todas elas num mecanismo de buscas unificado,
um tipo de Google taxonômico? Ainda não. Mas o
site Encyclopedia
of Life (EOL)
já deu os primeiros passos nessa tarefa hercúlea. Visando
reunir informações sobre o maior número possível de espécies
num único endereço, a plataforma serve como uma ponte entre o
usuário e dezenas de bancos de dados selecionados a dedo por
experts da área.
Após
um breve cadastro, você estará prestes a se embrenhar na selva
virtual dos reinos da natureza – com direito a mais de 900 mil
páginas repletas de informações variadas sobre a vida que nos
rodeia. “Isso faz do EOL uma ferramenta com interessantíssimo
potencial não apenas para consultas, mas especialmente para o
ensino”, diz Breen Byrnes, encarregado pela divulgação do
site. “Professores podem usar nosso conteúdo para criar
comunidades online, por exemplo, e elaborar planos de ensino
interativos.” Aliás, o site traz uma seção
exclusivamente dedicada aos docentes,
com sugestões de estratégias didáticas para otimizar o conteúdo
trabalhado em sala.
O
professor de ciências Rafael Cruz Lima, que leciona em duas escolas
de Curitiba (PR), aprova a ideia. “O funcionamento do site
atende tanto aos experientes quanto aos novatos”, diz. “Para
os que estão começando na área da biologia da conservação, as
informações são bem ricas e o acesso é facilitado pela boa
organização do site.” Para Lima, o EOL pode ser eficiente
aliado em estudos de classificação e relações taxonômicas,
além de permitir discussões interessantes acerca de relações
evolutivas e adaptativas, por exemplo.
Lançada
em 2007 e reformulada em setembro desse ano, a plataforma já
reúne mais de 50 mil membros – maioria estudantes e público
em geral. “Há uma demanda para traduzirmos o conteúdo para
outras línguas, inclusive para o português. Tudo dependerá
das futuras parcerias”, comenta Byrnes.
ARKive:
extinção documentada
Para
os professores animados com a ideia, há também um outro site que
vale a pena conhecer: o ARKive,
similar ao EOL, porém com uma proposta mais lúdica, focada em belas
fotografias e vídeos das espécies consideradas em risco de
extinção. “Nosso objetivo, ambicioso, é mostrar os rostos
de todas as espécies que correm perigo”, diz Liana Vitali,
responsável pela divulgação do site, referindo-se às 19 mil que
integram a lista vermelha da União Internacional para a Conservação
da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
Para
isso, o site traz fotografias e vídeos de primeiríssima qualidade –
material cedido por parceiros que entendem do assunto, como BBC,
National Geographic, Discovery além de muitas outras
instituições e profissionais independentes.
Entre
os diferenciais do ARKive está a opção de consulta por habitat. Há
uma seção, por exemplo, inteiramente dedicada à floresta
atlântica.
A boa surpresa é encontrar a maria-leque-do-sudoeste
(Onychorhynchus
coronatus swainsoni),
ave de pequeno porte de difícil observação. O imponente leque
alaranjado que ela exibe sobre a cabeça permanece a maior parte
do tempo fechado. Avistá-lo aberto, como nesta
foto, é
um momento raro.
Tanto
o EOL quanto o ARKive estiveram presentes na 21ª Conferência
da Sociedade de
Jornalistas Ambientais dos Estados Unidos,
que aconteceu em Miami no final de outubro, onde representantes
das entidades apresentaram a iniciativa à imprensa. “O Brasil
fica na 14º posição em número de visitantes do ARKive”, disse
Vitali durante o evento. “A expectativa é que, em breve, seu
país esteja no Top 10.”
Ciência
Hoje On-Line/EcoAgência
Nenhum comentário:
Postar um comentário