domingo, 8 de janeiro de 2012

Da ética à corrupção

Não é à toa que a sociedade tem insistentemente se manifestado em todos os cantos do país e do mundo contra os atos de corrupção praticados pelo homem.

A corrupção é uma praga dura de ser combatida, está impregnada nos mais diversos segmentos da sociedade. Há algum tempo, era normal falar-se em corrupção na vida política, desde a esfera federal até as pequenas prefeituras, mas eis que, num piscar de olhos, de onde você menos espera, ela se apresenta, sob as mais variadas formas, e os personagens são os mais diversos. Pode estar naquele cidadão que, à primeira vista, parece ser do bem. Para exemplificar, o fenômeno ultimamente tem surgido até nas instituições do Clero e, definitivamente, parece ser um mal incurável.

O indivíduo corrupto, quando questionado sobre seus delitos, na investigação se apresenta com ar de deboche, se faz de vítima inocente, pode até ameaçar e tem poder para isso, sobre os que se atravessam em seu caminho. Corrompendo as mais diversas instituições, abusa do poder, barganha corporativismo e seu objetivo, via de regra, quase sempre é alcançado.

Identificado como um indivíduo sem princípios, de moralidade sem comprometimento com a verdade, a consciência, a ética, ou algo mais que nem os sociólogos sabem explicar. Pode surgir de famílias bem conceituadas de estabilidade econômica, não precisaria necessariamente ser corrupto para viver bem, mas o é. Mais do que um desvio de conduta, o fato é que não sabemos a origem ou os ingredientes que desencadeiam a conduta deles. A ganância e o poder provavelmente são fermentos fundamentais nesse grupo de indivíduos, mas não são os únicos.

Os malefícios da corrupção recaem sobre a sociedade e, especialmente, sobre os menos favorecidos: os honestos e os humildes. Esses não possuem acesso digno à saúde, à educação, à moradia e à qualidade de vida por conta do ilícito praticado pelos primeiros.

Talvez para melhor entender esse fenômeno, teremos que recorrer aos honestos, aos éticos, aos humildes, aos bons, àqueles trabalhadores que mal ganham para sobreviver e que, mesmo assim, estão satisfeitos, que se contentam com pouco, que não têm noção de patrimônio, que dormem de consciência tranquila e, o mais importante, que são pessoas plenamente felizes. Neste grupo de indivíduos, o segredo da humildade, da compaixão com seus semelhantes se resume num estado de espírito de imensa satisfação, felicidade em poder ajudar, sem distinção, seus semelhantes. As aspirações, os sonhos dos humildes não vão muito além do sobreviver. Eles agradecem a Deus a cada dia a mais vivido, não possuem metas econômicas definidas, até porque têm consciência de suas limitações financeiras. Porém a grandiosidade deste grupo está em valorizar as pequenas coisas, solidarizar-se com seus semelhantes sem se importar em obter vantagem, sobre seus atos, porque, mesmo inocentes, seu espírito é sábio quando se trata da recompensa, de paz de espírito, satisfação com nome de felicidade.



Domingos Luiz bosa - Engenheiro Agrônomo
Jornal Correio do Povo 08/01/2012

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