quinta-feira, 5 de maio de 2011

CÓDIGO FLORESTAL

Nas primeiras décadas do século passado, o Brasil era considerado um país essencialmente agrícola.
Hoje, com uma população quadruplicada e com uma expansão industrial reconhecida internacionalmente, continuamos com um grande crescimento em nossa agricultura.
Percebe-se, então, que, no Código Florestal vigente, a agricultura não sofreu nenhum tipo de prejuízo. Até ao contrário, além de continuar atendendo as nossas necessidades, transformou-se em um dos grandes exportadores de grãos e, em especial, de soja.
O que os latifundiários desejam mais? Desejam, pela proposta, mudar o Código Florestal exatamente em pontos fundamentais que protegem florestas, matas nativas, morros, mananciais, mangues e rios.
Vê-se, todos os dias, nos noticiários, o crescimento irracional das devastações e das queimadas de florestas, matas nativas cortadas, arroios e rios desviados, rios poluídos, bem como restingas e margens de rios aterrados. É uma farra em agressões contra a natureza.
Querem terminar com topos de morros que, junto com as várzeas, serão reduzidos de tal modo que nada ficará a preservar. E esse processo já está acontecendo.
Estes desmoronamentos e estas enchentes recentemente acontecidos em Santa Catarina e Rio de Janeiro são uma prova incontestável da intervenção maligna do homem junto à natureza. E aí, acontece isso que vê!
A redução das margens dos recursos hídricos de 30 para 15 metros, com a devastação das margens ciliares, certamente provocará a sua erosão e, certamente, esta será a lógica contínua dos acontecimentos: enchentes e devastações das áreas envolvidas.
Todavia, não é isto que os latifundiários desejam. Desejam, sim, é a diminuição dos percentuais nos índices aplicados em áreas com mata nativa pela Reserva Legal, bem como a isenção de multas aplicadas aos infratores pela queima e pelo corte dessas matas e, principalmente, pela reposição florestal das áreas atingidas, exigidas na proposta atual.
Com isso, esses latifundiários acrescentariam às suas áreas de atividades milhões de hectares oriundos de matas nativa, ainda preservadas por lei.
Vê-se, de pronto, que a barganha pelos índices, junto aos recursos hídricos, em verdade, trata-se de uma grande estratégia para mascarar o desejo maior dos “coronéis dos campos”.
A agricultura sob o regime do atual Código Florestal não está sobre nenhum tipo de ameaça. Quem está sob ameaças com a nova proposta é a Natureza.

Diniz Maciel da Silva
Engenheiro civil, engenheiro sanitário - urbanista
Fonte:Jornal Agora 05/05/2011

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