Uma denúncia recebida pela Vigilância Sanitária de Santa Cruz do Sul levou ao fechamento de uma fábrica clandestina de conservas de palmito, no fim da tarde de ontem. A informação era de que os alimentos eram produzidos de forma ilegal em uma residência no Bairro Margarida e depois comercializados por preços abaixo dos praticados no mercado formal.
O caso foi comunicado à 1ª Delegacia de Polícia, que obteve na Justiça um mandado de busca e apreensão. Uma equipe formada por agentes da Polícia Civil e da Vigilância Sanitária foi até a Rua Augusto Assmann e ao entrar na garagem da casa confirmou a existência da fábrica clandestina. No local, foram recolhidos 82 vidros de palmito em conserva, cada um contendo mais de cinco quilos.
Algumas embalagens estavam escondidas nos fundos da moradia, no meio do mato – provavelmente já prevendo alguma abordagem da fiscalização. Foram apreendidos ainda fogareiros industriais, botijões de gás e tachos usados para a fervura. Parte dos equipamentos de metal apresentava traços de ferrugem. Todo o material foi encaminhado à Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA) de Santa Cruz.
IMPRÓPRIO
Os vidros apreendidos não tinham rótulo e a fábrica funcionava sem qualquer conhecimento e autorização dos órgãos de fiscalização sanitária. Segundo a Vigilância, o palmito sem procedência reconhecida é impróprio para consumo, pois pode desenvolver uma toxina causadora do botulismo (ver quadro).
De acordo com a delegada Ana Luiza Aita Pippi, da 1ª DP, o responsável pela fábrica deve responder por crime contra as relações de consumo, com pena de um a quatro anos de reclusão, ou multa. “No decorrer das investigações também podemos constatar o crime ambiental, já que, em um primeiro momento, não se sabe da procedência”, adianta. A extração de palmito sem autorização é ilegal.
Saiba mais
Segundo o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), o principal risco apresentado por conservas de palmito feitas de forma clandestina ocorre em decorrência da falta de controle sobre o pH do produto. Quando acima do permitido pela resolução indicativa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), propicia a contaminação do produto pela toxina causadora do botulismo.
O botulismo é uma intoxicação causada pela presença da bactéria Clostridium botulinum. Por se tratar de uma bactéria presente no ambiente, é comumente encontrada em solos e superfícies de vegetais.
A intoxicação causada pelo consumo de alimentos contaminados por essa toxina causa paralisia muscular, podendo até matar. A principal via de transmissão é o consumo de conservas caseiras.
A ocorrência pelo consumo de conservas industrializadas é rara, pois o processo tecnológico é baseado no controle dos fatores que possam favorecer a multiplicação da bactéria: pH ácido (abaixo de 4,5), adição de conservadores e tratamento térmico (esterilização) adequado.
Fonte:Jornal Gazeta do Sul 06/05/2011
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