A professora Amanda Gurgel, do Rio Grande do Norte, virou sucesso instantâneo na Internet após, em uma audiência pública, chamar a atenção dos parlamentares e dos responsáveis pela educação do seu estado para o completo descaso com o setor. A mestra mostrou seu contracheque, que não chega a R$ 1 mil, mesmo com curso de pós-graduação, e expôs o sucateamento dos serviços educacionais, denunciando as péssimas condições de trabalho para o magistério e a falta de uma infraestrutura mínima para o aprendizado.
Em sua intervenção, a docente deixou claro que jamais a educação, em qualquer nível de governo, foi prioridade. Acusou que durante as campanhas eleitorais, o segmento é sempre alvo de uma atenção que nunca sai do papel. Aduziu que os principais especialistas no setor, os próprios professores, nunca são ouvidos na hora de se formularem as políticas públicas e se definir o montante de recursos a ser alocado no sistema educacional. Falou das agruras do cotidiano de uma classe que não recebe a valorização devida, não obstante ser decisiva para os destinos do país, bem como para seu desenvolvimento.
A repercussão da intervenção da professora Amanda mostra que ela assumiu um papel ativo na defesa de uma educação pública e de qualidade, ao lado de toda sua categoria. Em sua grande maioria, a nobre classe dos que ensinam é formada por mulheres, que estão suplantando o estigma de serem Amélias, como na canção de Mário Lago e Ataulfo Alves, a personagem eternizada na sua bonomia e passividade.
A escola de que o povo brasileiro precisa tem de aliar qualidade técnica com senso crítico. Nesse processo, não poderá prescindir da participação daqueles que estão na linha de frente dos procedimentos de aprendizagem. É preciso rever o conceito de que educação é despesa e não investimento. Para inverter a lógica atual, precisamos de mais Amandas e menos Amélias.
Fonte:Jornal Correio do Povo 23/05/2011
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