Pneumologista afirma que a maioria dos adultos que fumam não avaliam o grau de periculosidade que o tabaco representa
O Rio Grande do Sul é o Estado que apresenta maior incidência de pessoas que fumam no país - cerca de um quinto da população adulta -, segundo revela o coordenador do programa de Controle do Tabagismo do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre, o pneumologista Luiz Carlos Corrêa da Silva. Na percepção do especialista, a maioria dos fumantes gaúchos, que totaliza 19% dos adultos, não avalia o grau de periculosidade que o tabaco representa.
Dados do Ministério da Saúde (MS) indicam que o fumo contribui para a ocorrência de várias doenças graves, como câncer, enfisema pulmonar, derrame cerebral e doenças cardiovasculares. Segundo o ministério, mais de 24 milhões de brasileiros fumam no país e o índice de mortalidade é de 200 mil por ano.
"O Estado representa a maior parte das pessoas que fumam, cerca de 19%. Já atingimos 40% há três décadas e, agora, esse percentual tem reduzido, mas, bem menos que em outros estados", explicou. Segundo ele, em 2002, enquanto Porto Alegre registrava 25% de fumantes, cidades como Aracaju apresentavam 12% apenas.
"Hoje, não é mais permitido fumar em ambientes fechados, como era no ano passado, com a criação dos fumódromos. Contudo, o fumante, quando está em local como um bar ou um restaurante, por exemplo, não analisa que, além de prejudicar a sua própria saúde, ele prejudica também a do funcionário que tem que atendê-lo", explicou. O médico lembra que a lei federal 12.543, de 14 de fevereiro de 2011, extingue o fumódromo em ambientes fechados, valendo para todo o país.
No hospital, o pneumologista coordena, desde 2007, um programa de controle ao tabagismo para colaboradores, familiares de pacientes e comunidade. Segundo o médico, desde a implantação do projeto na unidade, o quadro de colaboradores fumantes reduziu para quase a metade, de 12% para 7%.
A Prefeitura Municipal de Porto Alegre também intensificou a fiscalização em estabelecimentos comerciais no combate ao fumo nos últimos anos. De acordo com o diretor de fiscalização da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic), Rogério Teixeira Stockey, através da Campanha Fumo Zero, desenvolvida pela Smic para coibir o uso de cigarro em ambientes fechados e coletivos, dos 2.520 estabelecimentos verificados em 2011, foram autuados apenas 60. "Desde 2010 que estamos com quase 95% de adesão dos estabelecimentos à campanha: primeiro devido ao rigor da fiscalização, e segundo pelo nível de conscientização dos proprietários de casas noturnas", destacou. O diretor explicou que a autuação ocorre quando é verificado pessoas fumando em áreas não destinadas a fumantes, os respectivos fumódromos. Na primeira vistoria, o dono do local é advertido e, se houver reincidência, autuado. "A nossa expectativa para 2012 é recuperar esses 5% negativos", destacou.
O presidente do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre (Sindpoa), José de Jesus Santos, informou que as legislações estaduais e municipais permitem aos estabelecimentos a utilização de espaços específicos para fumantes. Em sua avaliação, a criação dos fumódromos, em 2011, foi a alternativa encontrada para preservar e não discriminar os fumantes em locais fechados.
"A adequação de um espaço para os fumantes tem custo alto e nem todos os proprietários têm condições de oferecer este benefício. Mesmo assim, orientamos os estabelecimentos a cumprirem a legislação. O que não é justo é o proprietário ser punido devido à falta de responsabilidade do usuário", observou.
Maiores taxas de mortalidade pelo fumo*
- Caseiros (1)
- São Valério do Sul (2)
- São João da Urtiga (3)
- Paim Filho (5)
- Mormaço (6)
- Linha Nova (10)
- Engenho Velho (11)
- Coronel Pilar (13)
- Maximiliano de Almeida (14)
- Gentil (15)
- Vanini (25)
- Poço das Antas (28)
- Vila Maria (32)
- Porto Vera Cruz (33)
- Itatiba do Sul (36)
- Ibiaçá (45)
- Itapuca (47)
* Posição ocupada pelos municípios gaúchos entre os 50 com maior incidência de mortes entre 2006 e 2010
Fonte: Pesquisa CNM
Dados do Ministério da Saúde (MS) indicam que o fumo contribui para a ocorrência de várias doenças graves, como câncer, enfisema pulmonar, derrame cerebral e doenças cardiovasculares. Segundo o ministério, mais de 24 milhões de brasileiros fumam no país e o índice de mortalidade é de 200 mil por ano.
"O Estado representa a maior parte das pessoas que fumam, cerca de 19%. Já atingimos 40% há três décadas e, agora, esse percentual tem reduzido, mas, bem menos que em outros estados", explicou. Segundo ele, em 2002, enquanto Porto Alegre registrava 25% de fumantes, cidades como Aracaju apresentavam 12% apenas.
"Hoje, não é mais permitido fumar em ambientes fechados, como era no ano passado, com a criação dos fumódromos. Contudo, o fumante, quando está em local como um bar ou um restaurante, por exemplo, não analisa que, além de prejudicar a sua própria saúde, ele prejudica também a do funcionário que tem que atendê-lo", explicou. O médico lembra que a lei federal 12.543, de 14 de fevereiro de 2011, extingue o fumódromo em ambientes fechados, valendo para todo o país.
No hospital, o pneumologista coordena, desde 2007, um programa de controle ao tabagismo para colaboradores, familiares de pacientes e comunidade. Segundo o médico, desde a implantação do projeto na unidade, o quadro de colaboradores fumantes reduziu para quase a metade, de 12% para 7%.
A Prefeitura Municipal de Porto Alegre também intensificou a fiscalização em estabelecimentos comerciais no combate ao fumo nos últimos anos. De acordo com o diretor de fiscalização da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic), Rogério Teixeira Stockey, através da Campanha Fumo Zero, desenvolvida pela Smic para coibir o uso de cigarro em ambientes fechados e coletivos, dos 2.520 estabelecimentos verificados em 2011, foram autuados apenas 60. "Desde 2010 que estamos com quase 95% de adesão dos estabelecimentos à campanha: primeiro devido ao rigor da fiscalização, e segundo pelo nível de conscientização dos proprietários de casas noturnas", destacou. O diretor explicou que a autuação ocorre quando é verificado pessoas fumando em áreas não destinadas a fumantes, os respectivos fumódromos. Na primeira vistoria, o dono do local é advertido e, se houver reincidência, autuado. "A nossa expectativa para 2012 é recuperar esses 5% negativos", destacou.
O presidente do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre (Sindpoa), José de Jesus Santos, informou que as legislações estaduais e municipais permitem aos estabelecimentos a utilização de espaços específicos para fumantes. Em sua avaliação, a criação dos fumódromos, em 2011, foi a alternativa encontrada para preservar e não discriminar os fumantes em locais fechados.
"A adequação de um espaço para os fumantes tem custo alto e nem todos os proprietários têm condições de oferecer este benefício. Mesmo assim, orientamos os estabelecimentos a cumprirem a legislação. O que não é justo é o proprietário ser punido devido à falta de responsabilidade do usuário", observou.
Maiores taxas de mortalidade pelo fumo*
- Caseiros (1)
- São Valério do Sul (2)
- São João da Urtiga (3)
- Paim Filho (5)
- Mormaço (6)
- Linha Nova (10)
- Engenho Velho (11)
- Coronel Pilar (13)
- Maximiliano de Almeida (14)
- Gentil (15)
- Vanini (25)
- Poço das Antas (28)
- Vila Maria (32)
- Porto Vera Cruz (33)
- Itatiba do Sul (36)
- Ibiaçá (45)
- Itapuca (47)
* Posição ocupada pelos municípios gaúchos entre os 50 com maior incidência de mortes entre 2006 e 2010
Fonte: Pesquisa CNM
Cidades gaúchas no topo de pesquisa
Pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) revela que o Rio Grande do Sul é o Estado com maior taxa de mortalidade pelo uso do fumo, com 0,036 para cada 1000 habitantes. Na segunda e terceira posição aparecem Piauí e Rio Grande do Norte, com 0,033 cada um. O estudo mostra que, em relação aos estados com maiores médias de morte por tabaco, o RS possui 17 municípios na lista, e três deles ocupam as três primeiras posições: Caseiros, com 0,328; São Valério do Sul, 2,647 e São João da Urtiga, 0,202.
A pesquisa baseada em dados de 2006 a 2010 revela também que o fumo, apesar de ser uma das principais causas de morte evitável no mundo, aparece em segundo lugar por óbito, com 11,3% do total de 4.625. Na primeira posição está o álcool, com 34.573 (84%), e em terceiro, substâncias psicoativas (1,18%). Ao todo, 40.692 pessoas já morreram no país devido ao uso destas substâncias lícitas e ilícitas. Pelo estudo, o uso do cigarro apresenta uma dinâmica diferenciada, pois a maioria dos usuários começa a fumar na adolescência, além do complemento de que o cigarro contém diversas substâncias que causam dependência. Outro destaque é que o uso do tabaco está consolidado na rotina das pessoas, tem ligações com aspectos posológicos e sociais da vida dos indivíduos, o que torna a superação do vício algo mais difícil.
O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, explicou que a pesquisa serviu para fazer uma reflexão sobre o real motivo das causas das mortes no país. "A pesquisa se baseia nos prontuários dos médicos, e em algumas situações o prontuário indica que o paciente morreu de câncer de pulmão, quando sabemos que o cigarro é o fator principal para a ocorrência da doença. Ou então quando o sujeito mata no trânsito e não aparece no relatório que foi por efeito de álcool. Os documentos devem ser melhorados e a CNM quer debater", disse.
O tabagismo é responsável também por:
- 200 mil mortes no país por ano (23 pessoas por hora);
- 25% das mortes causadas por doença coronariana (angina e infarto do miocárdio);
- 45% das mortes por infarto agudo do miocárdio na faixa etária abaixo de 65 anos;
- 90% dos casos de câncer no pulmão (entre os 10% restantes, 1/3 é de fumantes passivos);
- 85% das mortes causadas por bronquite crônica e enfisema pulmonar;
- 25% das doenças vasculares (entre elas, derrame cerebral);
- 30% de outros tipos de câncer: de boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo do útero e leucemia.
A pesquisa baseada em dados de 2006 a 2010 revela também que o fumo, apesar de ser uma das principais causas de morte evitável no mundo, aparece em segundo lugar por óbito, com 11,3% do total de 4.625. Na primeira posição está o álcool, com 34.573 (84%), e em terceiro, substâncias psicoativas (1,18%). Ao todo, 40.692 pessoas já morreram no país devido ao uso destas substâncias lícitas e ilícitas. Pelo estudo, o uso do cigarro apresenta uma dinâmica diferenciada, pois a maioria dos usuários começa a fumar na adolescência, além do complemento de que o cigarro contém diversas substâncias que causam dependência. Outro destaque é que o uso do tabaco está consolidado na rotina das pessoas, tem ligações com aspectos posológicos e sociais da vida dos indivíduos, o que torna a superação do vício algo mais difícil.
O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, explicou que a pesquisa serviu para fazer uma reflexão sobre o real motivo das causas das mortes no país. "A pesquisa se baseia nos prontuários dos médicos, e em algumas situações o prontuário indica que o paciente morreu de câncer de pulmão, quando sabemos que o cigarro é o fator principal para a ocorrência da doença. Ou então quando o sujeito mata no trânsito e não aparece no relatório que foi por efeito de álcool. Os documentos devem ser melhorados e a CNM quer debater", disse.
O tabagismo é responsável também por:
- 200 mil mortes no país por ano (23 pessoas por hora);
- 25% das mortes causadas por doença coronariana (angina e infarto do miocárdio);
- 45% das mortes por infarto agudo do miocárdio na faixa etária abaixo de 65 anos;
- 90% dos casos de câncer no pulmão (entre os 10% restantes, 1/3 é de fumantes passivos);
- 85% das mortes causadas por bronquite crônica e enfisema pulmonar;
- 25% das doenças vasculares (entre elas, derrame cerebral);
- 30% de outros tipos de câncer: de boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo do útero e leucemia.
Jornal Correio do Povo 05/02/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário