Estamos em um ano eleitoral. Em 2012 teremos eleições municipais em todo o Brasil, prefeitos e vereadores devem ser eleitos neste processo eletivo. Sabemos com antecedência que o tema educação será um dos discursos preferenciais dos políticos candidatos a cargos públicos. Na verdade este é o momento, talvez o único, em que a educação torna-se prioridade. Todos sem exceção defendem ardorosamente uma educação pública de qualidade. Boas escolas e professores bem remunerados são promessas fáceis e nunca cumpridas após o objetivo maior ser conquistado.
Uma educação de qualidade se opõe a lógica de dominação das velhas e novas elites brasileiras. É mais confortável para estas elites conservadoras governarem e manipularem pessoas com pouca ou nenhuma capacidade de crítica qualificada. Assim, a educação de baixa qualidade serve aos interesses destes que dominam, concentram e dividem entre si as riquezas do nosso país.
Concretamente toda esta realidade é evidenciada por prédios escolares sucateados, salas de aulas lotadas e professores mal remunerados e com grandes jornadas de trabalho. A solução não pode ser encontrada sem investimentos. Em nível federal o governo precisa investir pelos menos dez por cento do PIB em educação para alcançar resultados positivos em médio e longo prazo. No âmbito estadual, o atual o governador, Tarso Genro deveria cumprir a lei que estabelece um investimento de trinta e cinco por cento da receita líquida em educação. Deveria também, Tarso Genro cumprir a Lei do Piso Salarial para os professores, Piso que ainda é insuficiente, mas que poderia representar um aceno de mudança desta trágica realidade.
Mas, ao contrário de todas as expectativas, Tarso Genro não pagou o "Piso Salarial do Magistério", ingressou na Justiça para embargar, não cumpre com a determinação da lei que estabelece que os professores devam ter um terço de sua jornada destinada aos trabalhos de estudo, reuniões, preparação de aulas e correção de trabalhos e provas. Em movimento oposto muda a duração de uma hora aula, contrariando todos os pareceres que estabelecem a duração de cinquenta minutos para uma hora aula.
Em síntese, Tarso Genro não investe o mínimo legal em educação, não paga o piso, aumenta a jornada de trabalho e atropela a categoria com o seu autoritarismo caribenho. O que pensar de um político que não cumpre uma lei que assinou, que não honra a sua palavra de pagar o piso e que trata a categoria como um grupo de pessoas despreparadas para a função que exercem. Está faltando respeito aos professores gaúchos. Isto precisa acabar não podemos continuar aceitando tanta ofensa de uma gente que até ontem dirigiam sindicatos, que diziam lutar por uma educação pública de qualidade e criticavam os partidos e governos que agiam exatamente como hoje agem.
Chegam ao absurdo de abonar, justamente, os dias de uma greve realizada no governo de Yeda e cortar o ponto e o salário de uma greve realizada no governo atual. Nos dois movimentos reivindicatórios os dias de aula foram recuperados, pois só assim o ano letivo poderia ter validade. Os progressistas, enquanto na oposição, transformaram-se em conservadores quando chegaram ao poder. São todos iguais. É triste, mas é verdade!
João Barcellos - Professor de História e mestre em Educação Ambiental
Jornal Agora 15/02/2012
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