"Água, Berço da Existência", enredo da Escola de Samba União da Vila do IAPI para o Carnaval 2012 |
Por Renato Gianuca, especial para a EcoAgência de Notícias Ambientais
A água é direito humano e essencial para a nossa sobrevivência. Nem todos os governos do mundo pensam assim. Poderosas multinacionais pretendem - inclusive aqui, no Sul do Brasil - privatizar a água e transformá-la em simples mercadoria.
Um dos pontos altos do Fórum Social Mundial (FSM) foi sempre a reunião de ativistas sociais de todos os continentes, cada um trazendo a experiência e a súmula de suas lutas, sejam as ambientais, as sociais e tantas outras.
No recente Fórum Social de Porto Alegre, de 24 a 29 de janeiro de 2012, foi proporcionado aos jornalistas credenciados um importante documento, ao qual esta EcoAgência teve acesso.
Em enxutas 56 páginas ilustradas, o livreto intitula-se “Aysén: Huellas de uma Iglesia profética em la Patagônia”, e vem com o patrocínio do Vicariato Apostólico de Aisén, na Patagônia do Chile.
Este repórter, em uma de suas muitas viagens ao exterior, esteve no finzinho dos anos 90 do século 20, nesta região. Da Patagônia, volta-se transformado: os cenários de beleza ímpar, a vastidão escassamente povoada, as geleiras azuis, os pingüins em suas colônias, cidades pequenas, populações hospitaleiras.
Um dos pontos altos do Fórum Social Mundial (FSM) foi sempre a reunião de ativistas sociais de todos os continentes, cada um trazendo a experiência e a súmula de suas lutas, sejam as ambientais, as sociais e tantas outras.
No recente Fórum Social de Porto Alegre, de 24 a 29 de janeiro de 2012, foi proporcionado aos jornalistas credenciados um importante documento, ao qual esta EcoAgência teve acesso.
Em enxutas 56 páginas ilustradas, o livreto intitula-se “Aysén: Huellas de uma Iglesia profética em la Patagônia”, e vem com o patrocínio do Vicariato Apostólico de Aisén, na Patagônia do Chile.
Este repórter, em uma de suas muitas viagens ao exterior, esteve no finzinho dos anos 90 do século 20, nesta região. Da Patagônia, volta-se transformado: os cenários de beleza ímpar, a vastidão escassamente povoada, as geleiras azuis, os pingüins em suas colônias, cidades pequenas, populações hospitaleiras.
Mas agora, em 2012, aqueles lados encaram desafios e enfrentam adversários poderosos. O bispo católico apostólico de Aisén, Luis Infanti De la Mora, já no começo do livreto, lembra a criação em agosto de 2008 da carta pastoral. "Daí-nos hoje a água de cada dia", com a presença de numeroso público e ativistas sociais latino-amricanos como o teólogo brasileiro Leonardo Boff.
É que a Patagônia chilena enfrenta hoje em dia as corporações que lucram com a água, além de outras que buscam a construção de grandes represas, destruindo o meio ambiente e aniquilando o modo de vida de sua população.
Diz o bispo De la Mora, na introdução: “A água é o dom mais extraordinário de todos os que contemplamos, em especial se o compararmos com a alarmante e progressiva escassez da água que acontece hoje em muitas partes do Planeta. Com razão, Aisén é uma das maiores reservas de água doce, potável, do mundo”.
Já no final do documento, as comissões de Justiça e Paz e de Água e Vida dizem:
“Já há várias décadas foi imposta aos cidadãos uma ‘democracia de papel’, fundada em instituições que, longe de representar os valores e princípios democráticos, impediram a participação nas decisões relevantes do país, promoveram os privilégios às grandes empresas, marginalizaram os pobres e lucraram com e à custa deles, o que consideramos uma violência contra a ‘alma do Chile’.
As guerras da água
Em novembro de 2005, este repórter escreveu um artigo para o jornal alternativo do Rio de Janeiro ‘Bafafá’ ---www.bafafa.com.br -, com o título “As guerras da água, uma nova ameaça”. Ali se dizia que o modelo econômico ainda hoje vigente privilegia, em todo o mundo, o crescimento ‘infinito’, em contraste com os recursos naturais da Terra, que são finitos. Um desses recursos, até chamado de ‘ouro azul’, pela sua escassez em todo o lado, poderia levar às guerras pela água, segundo especialistas previam em 2005.
Mas vinha então do vizinho Uruguai um modelo e um exemplo a ser seguido. No histórico referendo de 2004, o povo uruguaio pela ampla maioria de 65% dos sufrágios considerou a água um bem público, um autêntico direito humano, com o conseqüente cancelamento de todas as concessões a empresas privadas - o que está em vigor por lá até hoje.
"O caso uruguaio é único no mundo, um símbolo, um exemplo a ser seguido”, dizia Catherine Legna, diretora de projetos da France Libertes, uma ONG fundada pela falecida Danielle Mitterrand, uma das mais ativas personalidades do Fórum Social Mundial desde a sua primeira edição, em janeiro de 2001, em Porto Alegre.
Carnaval aqui falará sobre água
Nos desfiles de Carnaval deste ano, em Porto Alegre, nesta sexta e sábado, até a madrugada de domingo, na região do Porto Seco, uma novidade: a escola de samba União da Vila do IAPI vai entrar na avenida com o objetivo de chamar a atenção do público para os problemas da água. Rafael Tubino e Vitor Nascimento compuseram o samba-enredo “Água, Berço da Existência”. Todas as alas e alegorias da escola serão alusivas ao elemento que é essencial para a nossa sobrevivência.
A União da Vila do IAPI vai mostrar a água em todos os seus aspectos e significados, falando sobre os mares, sobre o deus Oxum e também sobre as águas doces.
Já no ensaio, na primeira noite da Muamba, a escola “foi a que mais animou o público, devido ao bom samba-enredo, que fala sobre a água, e ao trabalho da bateria”, relata o jornal ‘Correio do Povo’ de Porto Alegre em sua edição do dia 12 deste mês.
Então, brincar com o samba, ensaiar alguns passos, tudo bem - sem nunca esquecer da importância da água, este ‘berço da existência’.
Ecoagência Solidária de Notícias Ambientais
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