E têm percebido que determinadas ideias, frases ou notícias invadem nossas time lines quase como pragas de gafanhotos? De onde vem tudo isso?
A minha resposta: de todos os lugares e de lugar nenhum...
Nos anos 50, Isaac Asimov, um dos mais famosos e prolíficos escritores de ficção científica do século XX, criador da Trilogia da Fundação e das famosas Três Leis da Robótica, publicou um artigo curioso tentando imaginar como seriam os computadores no futuro. No texto, em seu característico entusiasmo a respeito das maravilhas tecnológicas, Asimov pensou nos computadores do futuro como máquinas que contivessem a maior quantidade de informações e que bibliotecas inteiras poderiam caber em uma sala ou um armário dentro das residências, escolas, centros culturais.
De fato, os primeiros processadores e modelos de inteligência artificial foram projetados para processar e armazenar o maior número de dados no menor espaço de tempo possível, porém, a partir do final dos anos 80 a informática experimentaria uma revolução sem precedentes e que seguiu o caminho oposto ao que Asimov imaginou e que o próprio (que faleceu em 1992) pode vivenciar:
A expansão das redes de computadores e da Internet.
E como muitas tecnologias da atualidade, os rudimentos da internet tiveram início como estratégia de inteligência militar: grandes computadores cheios de dados são alvos fáceis ao inimigo, logo, a distribuição e o compartilhamento destes dados em locais diversos tornaram-se uma necessidade.
Desta maneira, a informática, bem como os estudos em inteligência artificial, abandonou o acúmulo de informações e partiu na direção oposta: as melhores máquinas são aquelas mais capazes de compartilhar e interagir, e a ciência da cibernética veio postular que comunicação é controle e que controle é poder.
Na contemporaneidade essa dissolução é evidente nas redes de relacionamento, mas também em redes de comércio informal. Os vendedores de DVDs piratas do centro da cidade abandonaram seus pontos fixos e mesmo a ideia antiga de posse, sendo capazes de compartilhar suas mercadorias e escondê-las no meio da multidão, tornando-se invisíveis aos olhos da polícia e mesmo intangíveis aos mecanismos de busca e apreensão. Ao menor sinal da repressão, uma rua lotada de camelôs se desmancha no ar para, em poucos minutos, se reagrupar com uma configuração completamente diferente.
A expansão das redes levou a cabo uma revolução quase silenciosa e imperceptível, captada em sua origem por dois grandes filósofos contemporâneos: Michel Foucault e Gilles Deleuze. Tanto Deleuze como Foucault, tendo como objeto o poder, conferem grande ênfase analítica a seu caráter a-centrado e multifatorial.
Nas redes de poder não há cabeça, não há chefe. Quando há, é apenas uma ilusão, ou um diagrama resultante de um momento específico de uma configuração que se cria e se dissolve. O poder está em todos os lugares e em nenhum, e cada um de nós é apenas parte integrante de uma rede e agente contaminador e, mesmo sem querer, somos hospedeiros e disseminadores de frases, ideologias, equívocos e propagandas.
Nós mesmos somos os vírus...
Fábio Dal Molin
Psicólogo, Doutor em Sociologia, professor adjunto da Universidade Federal de Rio Grande -FURG- área de Psicologia Escolar e Educacional. Para ler mais textos do autor, acesse: Laboratório de Estudos Nomadológicos //Akiles Cronópio
Fonte:Jornal Agora 30/09/2011
Jamais trocarei o Orkut pelo Facebook!
ResponderExcluirO Orkut tem os fóruns de discussão, já o Facebook parece coisa de gente exibicionista que exibe tudo para os outros "curtirem"
exemplo de notícia falsa que se disseminou nas redes sociais como se fosse verdade:
ResponderExcluirhttp://www.sensacionalista.com.br/2011/09/29/casal-de-sao-paulo-batiza-o-filho-como-facebookson-e-causa-polemica-no-mundo/