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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

“Se investe pouco em conhecimento e muito em destruição”

Professor da FURG critica as políticas públicas que degradam o meio ambiente e causam problemas sociais


A devastação do Bioma Pampa foi retratada pelos professores da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), biólogo Ubiratan Jacobi, e da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), o médico veterinário e anatomista Althen Teixeira Filho. O Seminário sobre a situação socioambiental do RS, no dia de luta em defesa do Bioma Pampa, ocorreu na noite dessa segunda-feira (17), na Assembleia Legislativa. A realização foi do Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente, Mogdema, que atua para a articulação dos cidadãos, ligados ou não às entidades ambientalistas.

Jacobi trabalha com conservação, manejo e restauração de áreas do Bioma Pampa. Contou que a zona de restinga em Rio Grande está sendo devastada. É uma região recente em relação ao tempo de formação, cinco mil anos, e de rica diversidade, que vem sendo substituída pelo chamado “tapete verde”, os monocultivos arbóreos de pinus. “A lagoa do peixe está cercada de pinus. É uma área sensível sujeita a ação antrópica de grande impacto, que deixa o solo contaminado, comprometendo a área por muitos anos,” disse. Ele explicou que é difícil restaurar áreas de monoculturas porque os efeitos sobre o solo e a água se evidenciam em longo prazo. “Como recuperar áreas onde espécies são extintas, nem é possível saber o que se perdeu? Se investe pouco em conhecimento e muito em destruição,” afirmou.

Empreendimentos
A pesca extensiva, a ampliação do estaleiro e a construção da plataforma petrolífera estão entre os grandes empreendimentos que preocupam o professor de Rio Grande. O primeiro causou a drástica redução de mariscos, tatuíras, dentre outros que, além de evidenciar a perda da biodiversidade, evidenciam o drama dos pescadores. Informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Ibama, ontem (18), revelam que em 2012 somente na região de Rio Grande, foram apreendidas quatro toneladas de camarão-rosa, oito toneladas de pescados diversos, um caminhão, um veículo pequeno e três vans de transporte irregular de pescado.
Já o segundo grande empreendimento, a dragagem de aprofundamento do estaleiro, causa a remoção de milhares de metros cúbicos de sedimentos. A argila acaba retornando à praia, conforme Jacobi, e deixa a areia sem vida. Além disso, mencionou, é feita também a dragagem para a exploração de metais preciosos, como o titânio.

Mineração
A mineração nos solos do Pampa também é motivo de preocupação para o organizador das publicações “Lavouras de Destruição: a (im)posição do consenso” e “Eucalipitais- Qual o Rio Grande do Sul desejamos?”, Althen Teixeira Filho. O professor da UFPEL mostrou resultados da busca que fez no site do Ministério de Minas e Energia, como o de que as empresas da celulose, através dos monocultivos arbóreos de pinus e eucalipto, estão buscando minérios nos solos do Bioma Pampa. Dentre eles, cobre, zinco e ouro. “Temos que nos unir para defender o meio ambiente. Capão do Leão tem 108 mil hectares para a pesquisa de cobre. Precisamos estar atentos porque estão tirando a riqueza do nosso solo,” disse.
Althen mostrou também, um rol de investimentos em três recentes campanhas eleitorais, feitos pelas empresas da celulose, mineradoras, construtoras e empreiteiras. “Os políticos eleitos não defendem os interesses republicanos, eles defendem os interesses particulares,” apontou. Enquanto isso, atribuiu, ocorre a devastação ambiental e social, já que as populações também são atingidas diretamente. O uso de agrotóxicos, insumos indispensáveis dos monocultivos, aumenta. Segundo este professor, não há área em Pelotas livre da contaminação por glifosato.

Políticas públicas
Da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e Pela Vida, Edmundo Oderich, enfatizou que o Brasil é o maior consumidor de venenos no mundo, numa média de 5,2 litros/pessoa/ano. E ainda, que dos 50 tipos de agrotóxicos mais utilizados no país, 20 deles já estão banidos em países da Europa, nos Estados Unidos e no Canadá. Vale destacar ainda segundo o Ibama, em Alegrete, Santana do Livramento e Uruguaiana, foi realizada neste ano, uma ação para coibir o contrabando, o descaminho e a utilização de agrotóxico estrangeiro ilegal.
Os impactos do uso dos venenos na agricultura são perceptíveis na saúde humana, dos solos, da flora e da fauna. A visão fragmentada e não inclusiva da economia do crescimento, apoia a monocultura, a concentração de terra e de riquezas, e elimina a biodiversidade que também pode ser rentável, como é o caso da aroeirinha, cujo quilo pode ser vendido a R$ 50, mas na mão do agronegócio recebe a pulverização aérea com um herbicida que pertence ao grupo químico do famoso desfolhante agente laranja, o 2,4-D, utilizado pelos norte-americanos para eliminar os vietnamitas.
Esta Campanha Permanente busca incidir nas políticas públicas e uma das reivindicações é o fim da isenção fiscal para a produção dos agrotóxicos. O alerta sobre os impactos dos agrotóxicos foi feito ainda nos anos 70, quando o agrônomo José Lutzenberger trabalhou na Basf, uma das seis empresas que lucram com a utilização dos venenos. O ambientalista gaúcho foi também o primeiro a reconhecer a riqueza do Bioma Pampa, daí a escolha da data do seu aniversário, 17 de dezembro, para celebrar o Dia Nacional do Bioma Pampa.

EcoAgência Solidária de Notícias Ambientais

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Pinguins, tartarugas e lobos-marinhos são reconduzidos ao mar


Na manhã desta segunda-feira, vários animais marinhos tratados pelo Centro de Recuperação de Animais Marinhos (Cram), da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), foram reconduzidos ao seu habitat.

Foram 11 pinguins, quatro tartarugas marinhas e quatro lobos-marinhos juvenis. Eles foram liberados na beira da praia do Cassino e logo seguiram para o mar. 




Por Carmem Ziebell
carmem@jornalagora.com.br

Cram/Furg devolve animais ao mar nesta segunda-feira


O Centro de Recuperação de Animais Marinhos (Cram), da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), vai devolver ao mar vários animais nesta segunda-feira, dia 5. Serão 11 pinguins, três tartarugas e quatro lobos-marinhos, que foram reabilitados durante os últimos meses no Centro.
Conforme o veterinário Rodolfo Pinho da Silva, as tartarugas e os filhotes de lobos-marinhos sofrem com o lixo deixado no mar. Os animais confundem os dejetos com a alimentação natural e acabam ficando doentes ou sendo levados à morte por ingerir materiais diversos, que ficam alojados no estômago ou aparelho respiratório dos animais.


Ele acredita que este ano já não apareçam mais pinguins para reabilitação. Mas o Cram ainda tem espécimes de tartarugas e lobos-marinhos sendo tratados.
O diretor do Cram e do Complexo de Museus da Furg, Lauro Barcellos, diz que este trabalho de recuperação dos animais é possível pelo apoio de várias empresas, entidades e instituições. Porém, acredita que o ideal é que as populações sejam conscientizadas da importância do mar para a vida na terra e que não se pode jogar lixo na água.
A saída dos veículos e equipe para liberação dos animais será do Museu Oceanográfico, às 8h de segunda-feira. A liberação acontecerá perto da Querência, no balneário Cassino. Apóiam a operação a Marinha do Brasil (Comando do 5º Distrito Naval e Fuzileiros Navais), Patrulha Ambiental da Brigada Militar, Ibama e voluntários.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Lobo-marinho juvenil recebe cuidados no Cram


O Centro de Recuperação de Animais Marinhos (Cram), do Museu Oceanográfico da Furg, recebeu nesta segunda, 9, um novo hóspede: um lobo-marinho-do-sul juvenil. Ele foi encontrado na beira da praia do Cassino, pela manhã, por moradores do balneário que comunicaram ao Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (Nema). Um técnico do Nema foi ao local e ao verificar que o animal estava com uma lesão em uma nadadeira, o levou para o Cram, onde, na tarde de ontem ele estava descansando.


A oceanóloga Paula Canabarro, do Cram, relatou que o lobinho chegou ao Centro bastante cansado, por isso, inicialmente ele iria apenas descansar. Depois, passaria por exame físico para verificação do seu estado geral. O tratamento do animal no Cram também inclui hidratação e alimentação, entre outros procedimentos.


Também nesta segunda, 9, outro lobo-marinho juvenil, que estava em tratamento no Centro de Recuperação há duas semanas, foi encaminhado para liberação. Técnicos do Nema que faziam monitoramento de praia entre o Molhe Oeste e o Farol Sarita, o levaram para reintroduzi-lo no mar. Este animal chegou ao Cram debilitado e magro, mas em duas semanas se recuperou e engordou.


Paula Canabarro observa que a maioria dos animais dessa espécie se reproduz em ilhas do Uruguai e da Argentina, e nos meses de inverno e primavera migram para a costa gaúcha para alimentar-se. Muitos vão para a praia simplesmente para descansar e depois retomar sua migração, o que significa que é normal eles aparecerem na orla. "A praia é lugar deles". Somente os debilitados são levados para o Cram.


A oceanóloga orienta as pessoas que os virem na praia a fazerem contato o Museu oceanográfico (53 3232.9107) ou com o Nema (53 3236.2420), que enviarão técnicos para verificarem as condições dos animais.


Por Carmem Ziebell
carmem@jornalagora.com.br

terça-feira, 15 de maio de 2012

Sociedade ambiental X Pseudotradições


Atualmente vivemos em uma sociedade por vezes considerada ambivalente, sob a análise dos mais renomados pensadores contemporâneos ou pós-modernos. Algumas pessoas tentam de maneira frustrada coadunar o pensamento de proteção do ambiente e, aqui compreendidos todos os seres vivos, com práticas reiteradamente consideradas objeto de reprovação por parcela majoritária da sociedade atual. Aqui especificamente trataremos das práticas chamadas muitas vezes de tradição ou pasmem, Cultura por alguns não menos importantes personagens de nossa vida cotidiana. E, então afinal que prática é essa?

O debate que se pretende nesse ensaio é acerca das constantes agressões que seres vivos sofrem em nome de Pseudo-tradições, que em verdade se refletem em práticas primitivas e não históricas, que não podem ser recepcionadas por qualquer sociedade considerada civilizada e, muito menos por aqueles que pretendem alcançar a condição de sociedade ambiental. Os exemplos são muitos, dessa forma, neste texto não há espaço suficiente para pormenorizar cada conduta granjeada de um sentimento de desprezo pela vida do outro ser. Todavia, é necessário, com vistas à melhor esclarecer e promover o debate em torno do tema, se utilizar de exemplos que a todo o momento são encontrados nos noticiários, como as touradas, rinhas de cães e galos e, a tão combatida pelos grupos ambientalistas, farra do boi.

Os defensores dessas práticas argumentam em sua maioria que se trata de tradições de décadas ou até mesmo séculos e que o sofrimento impingido aos animais é controlado ou até mesmo inexistente, mas é notório que por menor que seja a parcela de dor que aquele ser vivo está sofrendo não se justifica para a mera diversão de um grupo de pessoas. Tradições são e devem ser respeitadas, porém não podemos incorrer em erros que nossos antepassados incidiam por sua ignorância ou desconhecimento, fruto latente dos seus estágios de evolução.

Nossa sociedade pôde analisar de maneira detalhada o passado, pois evoluímos muito nas últimas décadas, o que nos garante uma condição ainda mais privilegiada em relação aos demais animais que nos cercam. E, então qual o motivo da repetição de comportamentos que não coadunam com nosso estágio evolutivo? Um grande exemplo de adaptação foram alguns rodeios que por intervenção do Poder Público passaram a não se utilizar de meios que possam ferir ou causar sofrimentos aos animais. Dessa forma, vê-se preservadas as tradições, afinal, cultura não é caracterizada por práticas violentas e ignóbeis, mas têm sentido e significado em síntese de cuidar ou ter cuidado. Este cuidado se reflete em nossas atitudes com todos os seres vivos, mesmo que outrora tenham sido objetalizados.

De certo é que podemos acompanhar incessantemente que nas mais diversas espécies animais o comprometimento e o afeto com os humanos são notáveis e, são igualmente comuns os atos de heroísmo em defesa do seu amigo humano, mas por mais comum que sejam essas condutas, muitas pessoas negam e pensam que os animais são meras coisas das quais podemos nos servir quando necessário, inclusive para diversão torpe e fútil. Esse é apenas o começo de um grande debate, pois nossa sociedade também é responsável por práticas tão ou mais abjetas que as pseudo-tradições, tudo em nome da economia, da moda, da beleza ou simplesmente do status. Porém esse é campo para outras discussões, mas o que fica é a reflexão de uma dignidade da vida e não apenas do ser humano. Uma dignidade ambiental para uma sociedade ambiental
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Carlos Alexandre Michaello Marques
Professor da Faculdade de Direito/FURG e Coordenador Pedagógico da Faculdade Anhanguera do Rio Grande

quarta-feira, 7 de março de 2012

A taça (copa) do mundo é nossa: com brasileiro não há quem possa!


O regime diferenciado de licitações para as obras da Copa do Mundo de 2014 provoca nos lábios de alguns um sorriso irritante e amarelo, aquele que detestamos ler nas faces de nossos interlocutores, traduzido assim, para nossa decepção: “eu avisei”, “eu não te disse?” ou pior, “aconteceu o que você temia, agora eu vou me esbaldar nessa farra”. Parece que já ouvíramos anteriormente algo como “as obras não estão atrasadas, eles estão parados porque sabem que quando a água bater na bunda, o governo abre as torneiras e afrouxa as licitações, assim eles deixam escorrer uma parte do dinheiro para os seus bolsos”. Os gastos previstos para a realização da Copa do Mundo no Brasil devem ultrapassar os R$23 bilhões, bem mais que o previsto inicialmente. Entretanto, esse dado sozinho não elucida o quadro. A coisa é muito pior.
Além de gastar mais que o previsto, o governo, apoiado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (desde sua suntuosa sede na Barra da Tijuca, um dos endereços mais caros do País) e por uma turma gigantesca de atravessadores e empreiteiros – entre outros, sem falar de políticos querendo aparecer na foto oficial do evento, proíbe que se tenha conhecimento das contas das obras da Copa. Eeeeeeeeta Esquadrão de Ouro!
Depois do balão de ensaio do Pan do Rio, cujas contas ainda estão sob suspeita (inclusive em instâncias jurídicas), os procedimentos começam a ficar ainda mais descarados, a ponto de o presidente da Confederação Brasileira de Futebol nomear a própria filha, Joana Havelange, para um importante cargo no Comitê Organizador da Copa. Na esteira desse oba-oba, a Câmara dos Deputados aprovou o texto principal do projeto de lei de conversão apresentado pelo relator, deputado José Guimarães (PT-CE), à Medida Provisória (MP) 527, que cria a Secretaria de Aviação Civil com a emenda que flexibiliza as licitações para as obras da Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016, criando o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC). Ao flexibilizar a Lei das Licitações (Lei 8.666/93), dá-se início à fase mais perigosa da Copa para os cofres públicos (leia-se: nosso bolso).
Sim, caro leitor, nós vimos a candidatura do Brasil crescer, tornar-se única (não nos iludimos, o Brasil era o único sul-americano e tinha que ser um país daqui), ser aprovada, exaltada, atrasar e, por fim, veremos as obras sugarem nosso rico dinheirinho. Resta-nos chorar sobre o leite derramado... de fato, nem isso poderemos fazer, porque o governo fabricou uma Medida Provisória (MP) que diz que o orçamento prévio será disponibilizado “estritamente” a órgãos de controle, com “caráter sigiloso”.
Retirando do texto a garantia de acesso a qualquer momento por esses mesmos órgãos. Em tese, portanto, o governo pode informar valores só após o fim das obras. A “presidenta” (será que ela foi “adolescenta”, como sempre pergunta nosso colega Minasi) teve a coragem de dizer que a mordaça tem a finalidade de baratear as obras. Além das questões intrínsecas à copa, há outras que podemos considerar relevantes. No Estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, a Secretaria de Esportes foi dividida em duas: uma parte trata da política Pública de Esporte, a outra é o Comitê local da Copa. O Brasil tem mais de 5.500 municípios, qual a política pública de esporte do governo federal para aqueles que não serão sede ou subsede na copa do mundo e quanto nela será gasto? Para se pensar: qual foi a última vez em que você praticou um esporte? É mais divertido assistir ou jogar? Entre aumentar o salário de professores, policiais, bombeiros ou pagar contas da copa, qual seria a sua escolha?
Billy Graeff Bastos - Coordenador do Curso de Educação Física Furg e diretor da Aprofurg.
Jornal Agora 06/03/2012

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Boto adulto é encontrado morto na praia do Cassino


Um boto adulto, de aproximadamente 15 anos, com três metros e meio de comprimento e pesando em torno de 350 quilos, foi encontrado morto na beira da praia do Cassino, perto do monumento à Iemanjá, na noite de segunda-feira. Bombeiros do balneário avisaram técnicos do Centro de Recuperação de Animais Marinhos (Cram) do Museu Oceanográfico da Furg que, junto com integrantes da equipe do Laboratório de Mamíferos Marinhos, também do museu, verificaram o animal e, na manhã desta terça-feira, o recolheram para o museu. Conforme os técnicos, ele foi vítima de redes de pesca, o que ficou evidenciado pelas marcas na cauda, no focinho e na nadadeira peitoral. Durante a madrugada, ainda foi arrancada a mandíbula dele, provavelmente para retirada dos dentes para confecção de colar, o que se constitui em crime ambiental.
Trata-se de um dos machos da população de aproximadamente 90 botos que habita o estuário da Lagoa dos Patos e águas costeiras adjacentes. O animal era chamado de "Chicão" pelos técnicos e pesquisadores do Cram e do Laboratório de Mamíferos, que acompanham essa população desde 1974 por meio do projeto Botos da Lagoa dos Patos. O biólogo Pedro Fruet, do Laboratório, diz que esses animais podem viver até 40 ou 45 anos. "Estamos tristes e preocupados porque não é só essa espécie que está sendo vítima dessa dizimação", observou o biólogo. Segundo ele, de novembro até agora, oito dos botos desta comunidade morreram devido às redes de pesca colocadas perto das praias no litoral gaúcho.
"Lamentavelmente, essas redes de pesca matam os botos e pessoas. Quarenta e nove pessoas já morreram por causa delas. A quantidade delas (redes) na beira da praia é cada vez maior", observa o oceanólogo Lauro Barcellos, diretor do Museu Oceanográfico. Ele diz que uma providência legal precisa ser tomada para proibição total da pesca com redes na zona de arrebentação até cinco milhas mar adentro. "A fauna marinha está sendo dizimada", ressaltou. No monitoramento feito pelo Museu Oceanográfico no último domingo entre Rio Grande e São José do Norte, foram contadas 193 redes e achadas mais de 20 toninhas mortas.
O corpo do animal estava sendo analisado hoje por técnicos do Cram e do Laboratório de Mamíferos para os projetos de pesquisa que objetivam a proteção destes animais.
Fonte:Jornal Agora 31/01/2012

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Tartaruga marinha sem uma nadadeira será submetida a cirurgia


O Centro de Recuperação de Animais Marinhos (Cram), do Museu Oceanográfico da Furg, está tratando de uma tartaruga-verde (Chelonia mydas), juvenil, encontrada sem a nadadeira anterior esquerda e com uma lesão profunda na anterior direita. Em breve, ela será submetida a uma cirurgia para retirada do fragmento ósseo restante da nadadeira ausente. O procedimento cirúrgico será feito por profissionais do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) da UFPel, em Pelotas, em parceria com o Cram.
Após a cirurgia, ela permanecerá no Centro de Recuperação de Animais Marinhos até recuperar-se e estar em condições de ser reconduzida ao seu ambiente. Conforme o veterinário Pedro Bruno e a bióloga Roberta Petitet, da equipe técnica do Cram, essa tartaruga foi achada na Barra do Chuí, na beira da praia. O Centro de Recuperação foi comunicado e técnicos foram buscá-la. Ela está no "hospital de animais marinhos" do Museu Oceanográfico desde 30 de dezembro.
Além dessa tartaruga marinha, outras quatro, juvenis e da mesma espécie, estão em tratamento no Cram, com quadro de ingestão de lixo encontrado no mar. A poluição do mar é apontada como uma das principais ameaças às tartarugas-verdes. As tartarugas desta espécie, mais a cabeçuda e a de couro, são as que mais ocorrem na costa do Rio Grande do Sul. O litoral gaúcho é uma área de alimentação desses animais.
Pinguins
O Cram ainda está "hospedando" cinco pinguins-de-Magalhães que chegaram ao local ainda no inverno, junto com outras dezenas dessas aves, a grande maioria atingidas por manchas de óleo no mar. Os cinco animais estão reabilitados e prontos para serem liberados. Porém, a equipe do Centro de Recuperação vai aguardar o início da temporada de migração dos pinguins para o Brasil para reconduzí-los ao hábitat. Eles costumam sair da Patagônia, área de reprodução da espécie, no fim de abril, em busca de alimentação.
Por Carmem Ziebell
carmem@jornalagora.com.br
Fotos:Leandro Carvalho

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

BALEIA É ENCONTRADA MORTA PRÓXIMA AO NAVIO ALTAIR

Uma baleia, com aproximadamente 9 metros de comprimento, foi encontrada morta na praia do Cassino, na sexta-feira, próxima ao navio Altair. O corpo do animal já está em estado de decomposição e, de acordo com especialistas, não há marcas provocadas por material de pesca ou arma, o que caracterizaria morte por causas naturais. Mas, para o professor Eduardo Secchi, do Instituto de Oceanografia da Furg, não há como descartar a participação humana, ou possibilidade de o animal ter batido contra embarcações em alto-mar.
 De acordo com ele, a baleia, da espécie Sei, vive em águas profundas e pode ser encontrada no Nordeste e Sudeste do Brasil, durante o período de reprodução. Nesta época do ano, o animal deveria estar migrando para a Antártica, em busca de alimento.
Durante a semana, alunos e profissionais da Furg devem retornar ao local para dar continuidade às análises, já que o corpo do animal deve permanecer na praia.

Fonte: Jornal Agora 13/11/2011

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A PRAIA É AMBIENTE NATURAL DE LEÕES E LOBOS-MARINHOS

Nos últimos dias, tem sido frequente a presença de lobos-marinhos na beira da praia do Cassino e a reação de muitos populares ao vê-los tem preocupado o Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (Nema). O coordenador do Projeto Mamíferos Marinhos do Litoral Sul, do Nema, oceanólogo Kléber Grübel da Silva, observa que, na chegada do inverno, a corrente de águas provenientes do Sul (das Malvinas) traz com ela sua fauna característica. Além dos cardumes de enchova, dos pinguins-de-Magalhães e da baleia Franca, várias espécies de pinípedes, como focas, leões-marinhos e lobos-marinhos, vêm à costa gaúcha para descansar e se alimentar. E neste mês e no próximo, eles retornam para as águas uruguaias. Em função disso, muitos aparecem nas praias para descansar ou debilitados e a comunidade se mostra meio confusa sobre como proceder em relação a eles.
O oceanólogo diz que, este ano, devido ao inverno ter sido bem típico, com as correntes costeiras e frios bem marcados e sincronizados, o litoral gaúcho foi utilizado principalmente por grande quantidade de filhotes de lobos-marinhos. Por isso, a ocorrência deles na praia está se dando com maior frequência. "É principalmente nesta época que, ao passearmos pela beira da praia do Cassino, podemos encontrar uma destas espécies à beira-mar, descansando de suas longas migrações. Precisamos compreender que a praia e a região costeira são os ambientes naturais desses animais. Nunca devemos tentar colocá-los de volta no mar ou capturá-los. A menos que apresentem algum ferimento, eles estarão muito melhor na beira da praia do que em qualquer centro de reabilitação", orienta.
Conforme Silva, o balneário Cassino é um dos melhores lugares para observarmos os pinípedes em seu ambiente natural. Portanto, quem encontrar uma dessas espécies na orla, deve ter o cuidado de não perturbá-las. Para uma convivência harmônica e uma boa observação desses mamíferos, o ideal é manter distância mínima de cinco metros deles, evitar gritos e movimentos bruscos e não jogar objetos ou cutucá-los. Também não se deve tentar capturá-los, pois eles podem se tornar agressivos, quando assustados, ou transmitir algumas doenças por contato, como tuberculose. Deve-se ainda evitar a aproximação de cachorros que podem perturbá-los ou machucá-los. Os motoristas não devem parar o carro ao lado deles e precisam ter cuidado para não os atropelar.
As pessoas também podem avisar o Nema (53)3236.2420 ou o Museu Oceanográfico (53)3232.9107, que técnicos dessas instituições irão até o local, o mais rápido possível, para averiguar as condições de saúde do animal e avaliar a necessidade de algum tratamento emergencial. Caso o Pinípede precise de maiores cuidados, será removido para o Centro de Reabilitação de Animais Marinhos (Cram) do Museu Oceanográfico. "Em um ecossistema cada vez mais pressionado por atividades humanas de grande impacto - construções, poluição, lixo e tráfego de veículos -, eles são símbolos de beleza e exemplo de harmonia com a natureza. O aparecimento deles em nossas praias indica ainda boa qualidade ambiental em nossa orla", salienta Silva.

Por Carmem Ziebell
carmem@jornalagora.com.br
Fonte:Jornal Agora 16/10/2011

sábado, 1 de outubro de 2011

AS REDES SOCIAIS E SUAS EPIDEMIAS...

Olá, invisíveis. Começo esta crônica com uma pergunta: vocês costumam verificar a procedência do conteúdo recebido em mensagens recebidas por e-mail ou por redes sociais como Twitter ou Facebook?
E têm percebido que determinadas ideias, frases ou notícias invadem nossas time lines quase como pragas de gafanhotos? De onde vem tudo isso?
A minha resposta: de todos os lugares e de lugar nenhum...
Nos anos 50, Isaac Asimov, um dos mais famosos e prolíficos escritores de ficção científica do século XX, criador da Trilogia da Fundação e das famosas Três Leis da Robótica, publicou um artigo curioso tentando imaginar como seriam os computadores no futuro. No texto, em seu característico entusiasmo a respeito das maravilhas tecnológicas, Asimov pensou nos computadores do futuro como máquinas que contivessem a maior quantidade de informações e que bibliotecas inteiras poderiam caber em uma sala ou um armário dentro das residências, escolas, centros culturais.
De fato, os primeiros processadores e modelos de inteligência artificial foram projetados para processar e armazenar o maior número de dados no menor espaço de tempo possível, porém, a partir do final dos anos 80 a informática experimentaria uma revolução sem precedentes e que seguiu o caminho oposto ao que Asimov imaginou e que o próprio (que faleceu em 1992) pode vivenciar:
A expansão das redes de computadores e da Internet.
E como muitas tecnologias da atualidade, os rudimentos da internet tiveram início como estratégia de inteligência militar: grandes computadores cheios de dados são alvos fáceis ao inimigo, logo, a distribuição e o compartilhamento destes dados em locais diversos tornaram-se uma necessidade.
Desta maneira, a informática, bem como os estudos em inteligência artificial, abandonou o acúmulo de informações e partiu na direção oposta: as melhores máquinas são aquelas mais capazes de compartilhar e interagir, e a ciência da cibernética veio postular que comunicação é controle e que controle é poder.
Na contemporaneidade essa dissolução é evidente nas redes de relacionamento, mas também em redes de comércio informal. Os vendedores de DVDs piratas do centro da cidade abandonaram seus pontos fixos e mesmo a ideia antiga de posse, sendo capazes de compartilhar suas mercadorias e escondê-las no meio da multidão, tornando-se invisíveis aos olhos da polícia e mesmo intangíveis aos mecanismos de busca e apreensão. Ao menor sinal da repressão, uma rua lotada de camelôs se desmancha no ar para, em poucos minutos, se reagrupar com uma configuração completamente diferente.
A expansão das redes levou a cabo uma revolução quase silenciosa e imperceptível, captada em sua origem por dois grandes filósofos contemporâneos: Michel Foucault e Gilles Deleuze. Tanto Deleuze como Foucault, tendo como objeto o poder, conferem grande ênfase analítica a seu caráter a-centrado e multifatorial.
Nas redes de poder não há cabeça, não há chefe. Quando há, é apenas uma ilusão, ou um diagrama resultante de um momento específico de uma configuração que se cria e se dissolve. O poder está em todos os lugares e em nenhum, e cada um de nós é apenas parte integrante de uma rede e agente contaminador e, mesmo sem querer, somos hospedeiros e disseminadores de frases, ideologias, equívocos e propagandas.
Nós mesmos somos os vírus...

 Fábio Dal Molin
Psicólogo, Doutor em Sociologia, professor adjunto da Universidade Federal de Rio Grande -FURG- área de Psicologia Escolar e Educacional. Para ler mais textos do autor, acesse: Laboratório de Estudos Nomadológicos //Akiles Cronópio
Fonte:Jornal Agora 30/09/2011

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

MUSEU OCEONOGRÁFICO RECEBE TUBARÃO DE RARO REGISTRO

O Museu Oceanográfico da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) recebeu em doação um exemplar, sem vida, de uma espécie de tubarão que habita águas profundas e que raramente é visto com vida. Trata-se do tubarão-duende. O animal, um macho de dois metros e trinta centímetros de comprimento, foi pescado acidentalmente em uma rede de emalhe pelo barco pesqueiro Gunnar Vingrenn III, no último dia 12, a 400 metros de profundidade, no oceano Atlântico Sul, na costa do Rio Grande do Sul, na latitude 31 graus sul. A doação ao museu foi feita pelo observador de bordo Luiz Fernando Raizer Moro, da Univali, de Itajaí (SC).
De acordo com o diretor do Museu Oceanográfico, Lauro Barcellos, essa espécie atinge até quatro metros de comprimento e vive bem no fundo do mar. Ocorre no oeste do oceano Pacífico e a oeste do Índico e a leste e oeste do oceano Atlântico. Alimenta-se de lulas, camarões, polvos e outros moluscos, que também vivem no fundo do mar. Possui um longo nariz em forma de faca incorporada por minúsculas células sensoriais e uma grande boca com dentes em forma de agulha. "Os tubarões-duendes são um dos mais antigos tubarões existentes no mundo. Há registro dessa espécie ao largo das costas das ilhas japonesas, Austrália e do sul africano", observa Barcellos. "Desde 1898 foram encontrados 36 tubarões dessa espécie no mundo todo", acrescenta.
Na tarde de hoje, 21, a convite de Barcellos, o professor do Laboratório de Elasmobrânquios do Instituto de Oceanografia da Furg, Carolus Maria Vöoren, analisou o exemplar que, depois, foi encaminhado a esse laboratório. Segundo Vöoren, é um animal jovem, que vai ser preservado em um tanque com formol e será integrado à coleção científica do local. Para a preservação dos órgãos internos, será injetado formol na cavidade abdominal.
O responsável pelo laboratório, professor Santiago Montealegre Quijano, observou que já houve registros dessa espécie no Pará e no Rio Grande do Sul. Este será o primeiro tubarão dessa espécie a ser incluído na coleção científica da Furg.
Por Carmem Ziebellcarmem@jornalagora.com.br
Fonte:Jornal Agora 21/09/2011

quinta-feira, 21 de julho de 2011

VOLUNTÁRIOS AUXILIAM NA RECUPERAÇÃO DE PINGUINS

Atuando na reabilitação de 122 pinguins de Magalhães, o Centro de Recuperação de Animais Marinhos (Cram) da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) conta com o auxílio de aproximadamente 35 voluntários de todo País. Eles são estudantes e profissionais das áreas de Medicina Veterinária, Ciências Biológicas e Oceanografia, vindos dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Junto à equipe do Centro, o grupo se reveza no atendimento dos animais, que começaram a chegar no mês de junho, após serem encontrados sujos de óleo, desidratados e desnutridos, no litoral gaúcho.
O apoio vindo das mais diversas partes do País é recebido com satisfação pelos envolvidos. “Temos uma lista de espera de mais de 300 voluntários, o que demonstra o carinho com os animais e o meio ambiente”, ressalta o diretor do Cram e do Museu Oceanográfico, Lauro Barcellos.
Ele afirma que os pinguins ainda não têm previsão de liberação, uma vez que o sucesso da reabilitação está diretamente relacionado com a demora em iniciar os procedimentos. “Alguns foram recolhidos tardiamente e sofreram mais com o frio na semana do desastre, ainda sem fonte identificada”, conta. As perspectivas, entretanto, são boas.
Para Barcellos, o empenho de diferentes setores é fundamental para viabilizar o desenvolvimento das ações, principalmente o acompanhamento da Reitoria e o apoio constante da Petrobras ao trabalho do Cram/Furg, além do apoio das indústrias de beneficiamento de pescado, que fornecem gratuitamente a alimentação para os animais atendidos nesses 37 anos de existência do Centro. O consumo médio de pescado é de aproximadamente 200kg/dia.
Acolhida
Na tarde de segunda-feira, 11, os voluntários receberam o agradecimento da instituição, através do reitor João Carlos Brahm Cousin e do diretor Lauro Barcellos. No encontro com o grupo, o reitor deixou uma mensagem de acolhida da Universidade aos voluntários, destacando a importância do cuidado com a vida e o papel do Cram/Furg no contexto nacional, “como espaço de formação de estudantes e como espaço de recuperação dos animais”. Lembrou ainda o apoio dos técnicos do Ibama que também auxiliam no processo de recuperação dos animais
Fonte:Jornal Agora 13/07/2011

quinta-feira, 23 de junho de 2011

CHEGAM AO CRAM MAIS 26 PINGUINS SUJOS DE ÓLEO

Maioria dos "pacientes" são jovens
O Centro de Recuperação de Animais Marinhos (Cram), do Museu Oceanográfico da Furg, recebeu hoje, 22, mais 26 pinguins-de-magalhães sujos de óleo. Destes, 24 foram recolhidos da beira da praia na região de Mostardas por técnicos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que atuam na Lagoa do Peixe.
Técnicos do Cram foram buscá-los de barco hoje à tarde em São José do Norte, até onde os animais foram levados por servidores do ICMBio. A equipe do Parque entregou 25, mas um deles estava muito fraco e morreu no trajeto entre São José do Norte e Rio Grande. Além destes, outros dois pinguins foram entregues no Cram, ontem, por um casal que os trouxe do Litoral Norte.
Somando estes 26 com os 20 que já se encontravam no Cram, no final da tarde o Centro estava com 46 aves atingidas por petróleo no mar. Na terça-feira, havia 21, porém uma delas morreu. Dos novos "pacientes", a maioria é juvenil. Apenas quatro são adultos. Todos estão desidratados e subnutridos, sendo que cinco estão em situação mais delicada.
Nesta quarta, os animais recém-chegados receberiam apenas hidratação via oral. A partir de amanhã, 23, receberão o tratamento aplicado aos outros - exames, banho superficial para retirada de fezes das penas, hidratação e alimentação. Assim como os demais, quando estiverem mais fortes, eles serão submetidos a banho com sabonete neutro para a retirada do óleo de suas plumagens.
Por Carmem Ziebell
carmen@jornalagora.com.br
Fonte:Jornal Agora 23/06/2011

sábado, 7 de maio de 2011

CONCHAS DE MAIS DE 10 CENTÍMETROS APARECEM NA PRAIA

A ocorrência de conchas com até 13 centímetros de comprimento na beira da praia do Cassino, a aproximadamente dois quilômetros ao sul do monumento à Iemanjá, nesta sexta, chamava a atenção de quem passava pela orla. Também deixou a beira-mar ainda mais bonita. Era uma quantidade elevada de conchas espalhadas pela areia.

Conforme o professor Lauro Calliari, do Instituto de Oceanografia da Furg, o aparecimento das conchas na praia deve-se às tempestades ocorridas no início da semana, longe da costa, que geraram ondas de períodos longos. Segundo ele, ondas de dois a quatro metros, de longos períodos (12 segundos), geradas a centenas de quilômetros da costa e que se propagam até as águas rasas, têm o poder de transportar esses objetos da zona costeira para a praia. Elas agitam o fundo do mar e lançam as conchas na área de espraiamento.
"Quando tem tempestade, o nível da água sobe e ajuda a empurrá-las para a beira-mar", acrescenta o professor. O aparecimento de conchas acontece principalmente no período de outono e inverno, quando as tempestades intensificam-se.

Na beira da praia, elas acabam sendo enterradas ou podem retornar para o mar quando, em nova ocorrência de mau tempo, a maré sobe até as dunas. As tempestades também geraram o lançamento de um pequeno volume de lama no local.
Por Carmem Ziebell
carmen@jornalagora.com.br
Fonte: Jornal Agora 07/05/2011

sábado, 5 de março de 2011

TARTARUGA GIGANTE É SUBMETIDA A PROCEDIMENTO CIRÚRGICO

A tartaruga gigante que chegou ao Centro de Recuperação de Animais Marinhos (Cram) do Museu Oceanográfico da Furg no último dia 28 foi submetida a um procedimento cirúrgico na manhã de sexta-feira. O animal, encontrado com um sério ferimento na cabeça, teve o corte fechado com cimento ósseo (methil metacrilato de metila). O procedimento foi realizado pelo traumatologista Flávio Hanciou, do Hospital Universitário da Furg, com auxílio da equipe de técnicos do Cram.

Hanciau explica que o animal teve uma perda óssea na cabeça e essa perda comprometeria a vida dele, uma vez que no corte se desenvolveriam larvas e se alojariam caranguejos. Por isso, a parte perdida foi substituída por cimento ósseo, o mesmo usado para artroplastia total de quadril e de joelho em seres humanos. É um material de fixação rápida e biocompatível com seres humanos e animais. Segundo o médico, foi um procedimento que exigiu grande precaução para proteger o cérebro da tartaruga do cimento ósseo, pois o material gera grande calor quando solidificado. "Fizemos uma proteção e substituímos a calota perdida", relatou o médico.
Em 35 anos de atividade, essa foi a primeira experiência de Hanciau com procedimento cirúrgico em tartaruga marinha. De acordo com o traumatologista, como se trata de um animal em crescimento, é provável que, com o passar dos anos, vá se formando tecido normal do organismo embaixo do cimento ósseo e esse material seja eliminado. Ele observou que a importância do procedimento está no fato de que o animal precisa ser liberado em seu ambiente o quanto antes, já que fora do mar é submetido a grande estresse.

Conforme o veterinário Pedro Luis Bruno Filho, do Cram, concluído o procedimento, a tartaruga de 1,14 metro de comprimento de casco e peso de 135 quilos, também chamada de tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), foi recolocada em um tanque. Bruno Filho relatou que o animal estava bem ativo, com estado corporal bom e reagiu bem ao procedimento. A intenção da equipe do Cram é reconduzi-lo ao mar neste sábado, por volta das 10h.

No Cram, como se alimenta de gelatinosas - como água-vivas e medusas, as quais procura em grandes profundidades do mar -, a tartaruga gigante está sem se alimentar, mas recebe soro e vitaminas por via subcutânea ou intracavitária. Também é tratada com antibiótico por via intramuscular. O animal foi encontrado na beira da praia do Cassino na noite do último domingo, 27, e recolhido na manhã de segunda-feira pelo 2º Pelotão Ambiental da Brigada Militar.

Trata-se de uma tartaruga juvenil, de aproximadamente 20 anos, que deve ter se ferido em um acidente com alguma embarcação. Essa espécie é a maior das tartarugas marinhas. Quando adulta, chega a medir até dois metros de comprimento e a pesar até 750 quilos. É uma das três espécies que mais ocorrem na costa do Rio Grande do Sul. As outras duas são a verde e a cabeçuda. Elas se alimentam nesta região. As três estão ameaçadas de extinção, mas a de couro está entre as criticamente ameaçadas. A desova, no Brasil, ocorre basicamente no Espírito Santo.

Por Carmem Ziebell
carmen@jornalagora.com.br
Jornal Agora 05/03/2011