sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O ELO PERDIDO DA EDUCAÇÃO

O resultado de uma avaliação realizada por diversas entidades em parceria revela dados por demais preocupantes, como o de que os alunos que acabam o segundo ano do ensino fundamental sequer conseguem calcular o troco de uma compra simples ou que 43,9% dos alunos pesquisados não obtêm níveis mínimos de leitura. O levantamento esteve a cargo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), da Fundação Cesgranrio, do Instituto Paulo Montenegro/Ibope e do movimento Todos pela Educação.

É muito comum que se ouçam as pessoas de mais idade afirmarem que o ensino do seu tempo era muito melhor. Não há por que duvidar, pois elas se mostram com domínio de conteúdos semelhantes aos que, hoje, ensinados em faixas etárias muito parecidas, simplesmente não são assimilados. Há todo um contexto por trás disso, como a desmobilização da escola pública, a desvalorização do magistério, a falta de investimentos efetivos em equipamentos, recursos humanos e infraestrutura escolar. Exemplo ilustrativo é o de que, outrora, a família mostrava-se orgulhosa de ter uma professora em seu meio e hoje isso é motivo de enorme desconforto pelo achatamento salarial e pelas dificuldades de sobrevivência.

Um olhar no alunado também confirma mudanças para pior. A escola sempre foi lugar de se preparar para enfrentar as vicissitudes da vida e para apreender o conhecimento básico para achar um lugar no mundo e na sociedade. Atualmente, as avaliações demonstram claramente que esse objetivo está longe de ser alcançado.

De tudo isso, fica o questionamento sobre o elo perdido entre um ensino eficiente e uma educação que já não educa nem repassa saberes essenciais. Os quocientes mínimos de aprendizado não estão sendo atingidos. É preciso repensar o modelo em voga, sob pena de o país continuar reproduzindo uma educação formal que prima apenas pela quantidade em detrimento da qualidade.
Fonte:Editorial do jornal Correio do Povo 26/08/2011

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