Um grupo de pesquisadores identificou o fóssil de uma nova espécie de cinodonte encontrado em Candelária. O animal foi batizado pelos cientistas de Candelariodon barberenai e é conhecido apenas por parte de sua mandíbula, de 6 centímetros, com dentes preservados. O primeiro nome faz referência ao município e o segundo, ao paleontólogo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Mário Costa Barberena.
O fóssil integrava um bloco descoberto em 2004, na localidade de Pinheiro, em Candelária, onde constavam ossos cranianos de cinodonte de outra espécie. Os materiais estão expostos no Museu Aristides Carlos Rodrigues, no município. O Candelariodon viveu entre 235 e 230 milhões de anos atrás, no período chamado Triássico Médio. Os pesquisadores consideraram a mandíbula diferente das demais peças em 2009, apesar de o bloco ter sido descoberto em 2004.
O artigo científico que valida o achado do Candelariodon foi publicado em setembro de 2011, na revista Zootaxa, da Nova Zelândia. O autor principal é o paleontólogo Téo Veiga de Oliveira, da Universidade Estadual de Feira de Santana, da Bahia. Os demais são os paleontólogos Cesar Leandro Schultz e Marina Bento Soares, da Ufrgs, e o curador do museu de Candelária, Carlos Nunes Rodrigues.
Oliveira explica que determinados dentes do Candelariodon, pontiagudos e estreitos, sugerem que o animal podia comer carne ou insetos. Ele diz que chamou a atenção um dente largo, mais posterior, que foi preservado. Segundo o pesquisador, é provável que o animal desenvolvesse algum tipo de mastigação ou incluísse outros itens na dieta, como os de origem vegetal. O último dente pós-canino inferior do animal se parece com os pós-caninos inferiores mais posteriores do Aleodon crompton, achado na Tanzânia, também no Triássico Médio. Oliveira diz que a semelhança é comum porque os bichos, embora distantes, viveram na mesma época, há cerca de 235 milhões de anos. "As massas de terra do planeta estavam agrupadas em um supercontinente chamado Pangeia. Por isso, os animais e as plantas podiam se dispersar por áreas imensas."
Correio do Povo 06/03/2012
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