quinta-feira, 29 de março de 2012

Porto Alegre: Voluntários instalam pontes para a travessia de bugios



Preocupados com a sorte destes pequenos animais, voluntários se reúnem há mais de quinze anos para instalar pontes suspensas no extremo-sul de Porto Alegre.

Morar próximo a área urbana e ainda precisar se deslocar para conseguir alimentos não é tarefa fácil para os inúmeros bugios e animais silvestres de Porto Alegre. No caso dos bugios-ruivos, muitas vezes eles precisam descer as árvores e atravessar a rua para alcançar o outro lado da mata. Mas, muitos deles, nem sempre conseguem completar a travessia, pois são atropelados, atacados por cachorros ou até mesmo capturados por pessoas. Outros ainda são eletrocutados, ao tentarem fazer a travessia pelos fios de luz desencapados.

Preocupados com a sorte destes pequenos animais, voluntários se reúnem há mais de quinze anos para instalar pontes suspensas no extremo-sul da capital. Integrantes do Núcleo de Extensão Macacos Urbanos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), entre biólogos, veterinários, moradores da região e outros ambientalistas, construíram as pontes de cordas para ajudar na movimentação de macacos bugios e de outros animais, como gambás e ouriços. Uma delas teve que ser substituída devido ao péssimo estado, no dia 22 de março, na Estrada do Pontal, entre a reserva biológica do Lami e um grande pinheiro. A ponte que foi substituída já estava ali há nove anos, garantindo a passagem segura das famílias de primatas.

Ao todo, já são onze pontes em uso na zona sul e extremo-sul. O grupo começou a instalação das estruturas em 1995 e depende, principalmente, da venda de camisetas para conseguir recursos financeiros. Recentemente, vem conseguindo o apoio do Núcleo de Fauna da Secretaria Municipal do Meio Ambiente – Smam.

Alta tensão – Conforme explicou a bióloga voluntária, Renata Pfau, além de criar alternativas para a travessia de animais em zonas urbanas, o grupo conseguiu que a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), encapasse os fios elétricos. Após denúncia no Ministério Público, com o argumento de que a companhia possuía a tecnologia necessária para evitar o eletrocutamento de animais, mas não a utilizava, a CEEE precisou isolar os fios em todas as áreas onde há registro de morte, queimaduras ou perda de membros nos animais devido a choques elétricos.

Para colaborar com trabalho desses voluntários, entre em contato através do email: macacosurbanos@ufrgs.br

Sobre o Bugio - Têm hábitos diurnos, vivem em bandos de aproximadamente oito indivíduos, com um macho dominante, uma ou duas fêmeas, filhotes e jovens. Os machos adultos chegam a pesar 7 quilos e se destacam pela coloração avermelhada, por isso o nome bugio-ruivo (Alouatta clamitans). Seu ronco característico é uma forma de demarcar território. O bugio se alimenta principalmente de folhas, além de flores e frutos, desempenhando o importante papel de “semeador de florestas”, pois dispersa as sementes dos frutos ingeridos. Esses animais estão presentes nas matas e em diversas propriedades da zona rural de Porto Alegre, mas não devem ser alimentados.
Por Simone Moro - Prisma Comunicação 
Prisma Comunicação/EcoAgência 

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