Como o mercado tenta conquistar o idoso, que tipo de atendimento nos hospitais ele tem, como o sistema de transporte trata aqueles que já passaram dos 60 anos. Esses foram alguns temas debatidos hoje (13) no seminário Um Brasil Mais Velho: O Novo Perfil do Consumidor Idoso, na Câmara dos Deputados.
Organizado pelo deputado federal Dimas Ramalho (PPS-SP), em parceria com a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), o evento reuniu profissionais para a discussão, sob a ótica da acessibilidade, do atendimento dos idosos e também sobre os direitos do idoso. Na ocasião, foi lançada a Cartilha dos Direitos do Idosos.
De acordo com o deputado, “a discussão principal é como as áreas de consumo, as empresas e o setor público vêm dispensando o tratamento aos idosos”.
Os participantes lembraram que o Estatuto do Idoso vai completar dez anos em vigor. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge-se a melhor idade aos 60 anos, e o envelhecimento é vivido de maneira muito individual, variando de pessoa para pessoa.
Diante dessa realidade, a coordenadora de Políticas do Idoso da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Márcia Cristina de Oliveira, destacou a necessidade de um debate aberto sobre as políticas públicas para o idoso. “Estamos fazendo dez anos [de estatuto] no momento em que a ONU [Organização das Nações Unidas] congregou os países à discussão das políticas mundiais para os idosos. Nós teremos uma reunião em dezembro, na Madrid+10, para a discussão do idoso no Brasil, que é o maior consumidor de políticas públicas da América Latina e do mundo”, disse.
De acordo com a diretora do Departamento de Produção e Defesa do Consumidor, Juliana Pereira, a população de idosos no Brasil tem sido alvo de armadilhas do mercado, como a facilidade de acesso ao crédito consignado, financiamentos com prestações baixas e benefícios exclusivos. São atrativos que acabam por seduzir os aposentados. Mas as alternativas, ressalta, nem sempre representam um bom negócio.
Juliana Pereira conta que houve um crescimento, entre 2009 e 2011, da procura dos idosos pelo Procon. “Dentre as maiores reclamações estão os cartões de crédito, que representam a terceira maior demanda, pois muitos idosos utilizam os cartões como uma segunda renda dentro da faixa financeira [deles], justamente por falta de orientação, o que acarreta o endividamento involuntário”, disse.
Ela ressaltou ainda que o idoso mostra-se muito ativo economicamente, dentro das relações de consumo. “Apesar disso, a condição de cidadania ainda está em processo de consolidação”. Na Secretaria de Direitos Humanos, o abuso financeiro, econômico e a violência patrimonial são a quarta denúncia mais representada com 22,24%, seguida pelas reclamações contra bancos comerciais e cartões de crédito, com 30% dos casos coletados pelo Disque Denúncia da secretaria.
Agência Brasil 13/03/2012
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