A Lei do Piso foi sancionada em 2008 
e determina um valor mínimo que deve ser pago aos professores da rede pública 
com formação de nível médio e carga horária de 40 horas semanais. Pelas regras, 
o piso deve ser reajustado anualmente a partir de janeiro, tendo como critério o 
crescimento do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica 
(Fundeb). Entre 2011 e 2012, o índice foi 22% e o valor passou de R$ 1.187 para 
R$ 1.451. 
Governos estaduais e prefeituras alegam 
dificuldade para pagar o novo piso e 11 ainda não garantem a remuneração mínima. 
No Ceará, o estado pagava o valor do piso até 2011 mas, com o reajuste, aguarda 
a aprovação de um projeto de lei pela Assembleia Legislativa para aumentar a 
remuneração dos profissionais. Em Alagoas, o piso também era cumprido até o ano 
passado e segundo nota divulgada pela Secretaria de Educação, “o desejo do 
governo é continuar pagando”, mas antes será feito “um estudo do impacto 
financeiro da implantação”. A mesma situação se repete em Santa Catarina.
O Piauí também pagava o piso até 2011 e, segundo a secretaria, deverá começar a cumprir o novo valor a partir de maio. O governo do Amapá informou que está em negociação com o sindicato da categoria para definir como se dará o reajuste para atingir o piso.
O Rio Grande do Sul, a Bahia e o Tocantins não têm 
previsão de quando irão cumprir os R$ 1.451 determinados para 2012. A Secretaria 
de Educação do Paraná se negou a informar quanto recebem os profissionais de 
nível médio, alegando que a maioria do quadro tem nível superior. De acordo com 
o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP), os 
professores com nível médio e jornada de 40 horas – parâmetro estipulado pela 
Lei do Piso – têm vencimento inicial de R$ 1.233, portanto, abaixo do valor 
definido para 2012. 
“O fato de nove estados ainda não pagarem o piso 
mostra que os gestores públicos ainda não entenderam a importância dessa lei 
para termos uma educação de qualidade no país. É a prova de que as leis no 
Brasil costumam ser esquecidas. Quatro anos depois da lei aprovada, o gestor 
dizer que agora vai fazer um estudo orçamentário para ver como pagar é um 
desrespeito aos trabalhadores e ao Estado brasileiro”, criticou o presidente da 
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão. A 
entidade planeja uma paralisação da categoria na próxima semana para cobrar o 
cumprimento da lei.  
A situação mais crítica é a dos professores da 
rede estadual gaúcha que recebem piso de R$ 791 – o menor do país. De acordo com 
o governo do estado, o problema ocorre porque o vencimento básico dos 
professores ficou “achatado” ao longo dos anos. Para “inflar” o salário, a 
remuneração total é composta por extras, como gratificações a abonos. Mas a Lei 
do Piso determina que o valor mínimo se refere ao vencimento inicial e não pode 
incluir na conta esses adicionais. A Justiça do estado determinou que o governo 
pague conforme determina a regra. 
A Lei do Piso prevê complementação da União caso o 
município ou estado comprove que não tem capacidade financeira para pagar o piso 
a seus professores. Para isso, precisa atender a critérios como, por exemplo, 
ter um plano de carreira para os docentes da rede e investir 25% da arrecadação 
de tributos em educação, como determina a Constituição. De acordo com o MEC, 
nenhum estado entrou com pedido de complementação após o reajuste do piso.
Confira o valor do piso pago em cada unidade da 
Federação
Norte
Acre - R$ 1.451*
Amapá – R$ 1.085
Amazonas – R$ 1.905
Pará – R$ 1.451*
Rondônia – R$ 2.011
Roraima – R$ 2.142
Tocantins – R$ 1.329
Nordeste
Alagoas – R$ 1.187
Bahia – R$ 1.187
Ceará – R$ 1.270
Maranhão – R$ 1.451*
Paraíba – R$ 1.737
Pernambuco – R$ 1.451*
Piauí – R$ 1.187
Rio Grande do Norte – R$ 1.451*
Sergipe – R$ 1.451*
Centro-Oeste
Distrito Federal – R$ 2.314
Goiás – R$ 1.460
Mato Grosso – R$ 1.760
Mato Grosso do Sul – R$ 1.489
Sudeste
Espírito Santo – R$ 1.540
Minas Gerais – R$ 2.200
Rio de Janeiro – R$ 1.732
São Paulo – R$ 1.894
Sul
Paraná – R$ 1.233**
Santa Catarina – R$ 1.281
Rio Grande do Sul – R$ 791
Fonte: secretarias estaduais de Educação
*Reajuste aprovado será pago na próxima folha
**Valor informado pelo sindicato da categoria no estado
Agência Brasil 08/03/2012
 
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