O Ministério da Educação (MEC) anunciou na última semana o valor do piso
nacional do magistério para 2012: R$ 1.451. Mas apenas em 18 unidades da
Federação os professores da rede estadual receberão na folha de pagamento de
março valor igual ou superior ao definido pela lei (veja quadro abaixo).
Levantamento feito pela
Agência Brasil, com informações
repassadas pelas secretarias estaduais de Educação, mostra que 12 estados já
praticavam valores superiores ao estipulado para este ano e seis reajustaram a
remuneração do seu quadro logo depois que o MEC anunciou o aumento.
A Lei do Piso foi sancionada em 2008
e determina um valor mínimo que deve ser pago aos professores da rede pública
com formação de nível médio e carga horária de 40 horas semanais. Pelas regras,
o piso deve ser reajustado anualmente a partir de janeiro, tendo como critério o
crescimento do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
(Fundeb). Entre 2011 e 2012, o índice foi 22% e o valor passou de R$ 1.187 para
R$ 1.451.
Governos estaduais e prefeituras alegam
dificuldade para pagar o novo piso e 11 ainda não garantem a remuneração mínima.
No Ceará, o estado pagava o valor do piso até 2011 mas, com o reajuste, aguarda
a aprovação de um projeto de lei pela Assembleia Legislativa para aumentar a
remuneração dos profissionais. Em Alagoas, o piso também era cumprido até o ano
passado e segundo nota divulgada pela Secretaria de Educação, “o desejo do
governo é continuar pagando”, mas antes será feito “um estudo do impacto
financeiro da implantação”. A mesma situação se repete em Santa Catarina.
O Piauí também pagava o piso até 2011 e, segundo a secretaria, deverá começar
a cumprir o novo valor a partir de maio. O governo do Amapá informou que está em
negociação com o sindicato da categoria para definir como se dará o reajuste
para atingir o piso.
O Rio Grande do Sul, a Bahia e o Tocantins não têm
previsão de quando irão cumprir os R$ 1.451 determinados para 2012. A Secretaria
de Educação do Paraná se negou a informar quanto recebem os profissionais de
nível médio, alegando que a maioria do quadro tem nível superior. De acordo com
o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP), os
professores com nível médio e jornada de 40 horas – parâmetro estipulado pela
Lei do Piso – têm vencimento inicial de R$ 1.233, portanto, abaixo do valor
definido para 2012.
“O fato de nove estados ainda não pagarem o piso
mostra que os gestores públicos ainda não entenderam a importância dessa lei
para termos uma educação de qualidade no país. É a prova de que as leis no
Brasil costumam ser esquecidas. Quatro anos depois da lei aprovada, o gestor
dizer que agora vai fazer um estudo orçamentário para ver como pagar é um
desrespeito aos trabalhadores e ao Estado brasileiro”, criticou o presidente da
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão. A
entidade planeja uma paralisação da categoria na próxima semana para cobrar o
cumprimento da lei.
A situação mais crítica é a dos professores da
rede estadual gaúcha que recebem piso de R$ 791 – o menor do país. De acordo com
o governo do estado, o problema ocorre porque o vencimento básico dos
professores ficou “achatado” ao longo dos anos. Para “inflar” o salário, a
remuneração total é composta por extras, como gratificações a abonos. Mas a Lei
do Piso determina que o valor mínimo se refere ao vencimento inicial e não pode
incluir na conta esses adicionais. A Justiça do estado determinou que o governo
pague conforme determina a regra.
A Lei do Piso prevê complementação da União caso o
município ou estado comprove que não tem capacidade financeira para pagar o piso
a seus professores. Para isso, precisa atender a critérios como, por exemplo,
ter um plano de carreira para os docentes da rede e investir 25% da arrecadação
de tributos em educação, como determina a Constituição. De acordo com o MEC,
nenhum estado entrou com pedido de complementação após o reajuste do piso.
Confira o valor do piso pago em cada unidade da
Federação
Norte
Acre - R$ 1.451*
Amapá – R$ 1.085
Amazonas – R$ 1.905
Pará – R$ 1.451*
Rondônia – R$ 2.011
Roraima – R$ 2.142
Tocantins – R$ 1.329
Nordeste
Alagoas – R$ 1.187
Bahia – R$ 1.187
Ceará – R$ 1.270
Maranhão – R$ 1.451*
Paraíba – R$ 1.737
Pernambuco – R$ 1.451*
Piauí – R$ 1.187
Rio Grande do Norte – R$ 1.451*
Sergipe – R$ 1.451*
Centro-Oeste
Distrito Federal – R$ 2.314
Goiás – R$ 1.460
Mato Grosso – R$ 1.760
Mato Grosso do Sul – R$ 1.489
Sudeste
Espírito Santo – R$ 1.540
Minas Gerais – R$ 2.200
Rio de Janeiro – R$ 1.732
São Paulo – R$ 1.894
Sul
Paraná – R$ 1.233**
Santa Catarina – R$ 1.281
Rio Grande do Sul – R$ 791
Fonte: secretarias estaduais de Educação
*Reajuste aprovado será pago na próxima folha
**Valor informado pelo sindicato da categoria no estado
Agência Brasil 08/03/2012