sexta-feira, 18 de maio de 2012

Seca do Rio Taquari encarece em 50% o transporte de soja

Os reflexos da seca na região do Rio Taquari vão além das margens secas. Há seis meses falta água para que embarcações cruzem os canais transportando soja, fertilizante e areia entre o vale e outros portos do Estado.



A situação se agravou no último mês, quando a baixa do rio impediu que mesmo embarcações pequenas aportassem em Estrela. Somente estão passando pela barragem de Bom Retiro do Sul, barcos com dois metros de comprimento e, mesmo assim, sem a carga completa.
Em seu nível normal, o rio suporta a passagem de barcaças com 90 metros de comprimento e capacidade para 3 mil toneladas de soja. O farelo do grão, que sai da região rumo a Rio Grande, está sem circular em embarcações grandes desde novembro. Como reflexo, há aumento em 48% no custo de transporte substituindo a via fluvial pelas rodovias.
— Há dias que nenhum barco passa pelo rio e única esperança é que volte a chover — diz o administrador do Porto de Estrela, Homero Molina.
Acostumado com a chegada e saída de barcos que transportavam em médica 70 mil toneladas de areia, soja e fertilizantes por mês, o administrador vê a água do rio baixar sem movimento das embarcações. A navegação Aliança, principal operadora do porto, está deixando de faturar mais de R$ 1 milhão no transporte de cargas pelo Rio Taquari.
Os prejuízos também atingem as exportadoras de grão e farelo de soja, que estão arcando com as despesas extras para garantir a competitividade.
— Temos um gasto quase 50% maior com frete, além dos transtornos de logística dentro da empresa e da sobrecarga das rodovias — explica o gerente de produção da Camera Agroalimentos, Valdetar Biberg do Nascimento.

Areia é pouca e mais cara

Na barragem de Bom Retiro do Sul, onde a seca é mais crítica, o nível está 1,5 metro abaixo do normal na parte mais alta. A baixa histórica, não registrada nos últimos 40 anos, faz com que embarcações carregadas de areia no Jacuí, descarreguem ali ou em Taquari, a carga a ser levada até Estrela de caminhão.
— A situação é muito crítica. O custo da produção dobrou e começa a faltar areia para o mercado do Vale do Taquari — explica o sócio-administrador da Areia do Vale, Valdequio de Almeida.
A redução da areia que chega na empresa caiu de 20 mil toneladas mês para 10 mil toneladas pela baixa do rio. As pequenas embarcações que ainda chegam até Taquari ou Bom Retiro do Sul não navegam com a capacidade total, o que torna a areia item de luxo na região.
Maiores construtoras estão sendo privilegiadas com o material escasso e pagam, no mínimo, 25% a mais pelo produto.
Jornal Zero Hora 18/05/2012

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