domingo, 6 de março de 2011

A EDUCAÇÃO PARA A FELICIDADE

Tenho dito a mesma frase em minhas conferências em todo o País e, principalmente, quando as realizo em instituições educacionais (cursos técnicos, escolas de ensino médio, universidades, etc): “A felicidade é a realização das potencialidades do ser humano e, portanto, educar um jovem pode ser muito fácil, desde que mostremos a ele – com amor – objetivos atingíveis e que, assim, ele encontre um sentido para seus objetivos existenciais”.

Embora não seja fácil ter “objetivos existenciais” aos 16 anos, a educação (entendida não apenas como a aprendizagem formal na escola, mas o contexto familiar e as experiências afetivas e relacionais) é a potência para a construção de um ser que percebe um futuro e almeja seu crescimento pessoal e profissional. É através da educação dada pelos pais, de seu exemplo e de sua conduta, que o jovem se espelha e constrói as suas primeiras referências.

Nesse sentido, não há dúvidas de que educar é uma tarefa sublime e significa oferecer muito mais do que uma boa estrutura formal de ensino. Educar é, sobretudo, ensinar a viver, a enfrentar os obstáculos, a fazer escolhas adequadas, ensinar a desejar, a acreditar em si mesmo e, talvez o mais importante: ensinar a sonhar e a acreditar no futuro. E todo esse processo tem início (e continuidade!) no contexto familiar.

Certa vez, fui abordado por um professor que me relatou que o seu filho estava terminando o ensino médio e queria ser músico – seguir a carreira de músico, ensinar música –, mas ele, como um pai severo, responsável e racional, queria que o filho fosse engenheiro, pois acreditava que o “guri” tinha um futuro promissor. Falei para esse pai que ele (como professor) deveria abandonar sua profissão, pois assim como estava impedindo que seu filho atingisse as suas potencialidades, provavelmente o faria com seus alunos. Pedi a ele que lesse Erich Fromm, em especial o livro A Arte de Amar, refletisse e se reposicionasse.

Atualmente, sabemos que não é uma educação rígida, e sim uma educação baseada na entrega, na dedicação total e no amor, que pode orientar os jovens em suas escolhas. Saber escolher é crucial! Mas como fazer a escolha “certa”? O autoconhecimento pode ser uma excelente oportunidade! Quem eu sou? Do que gosto? Quais minhas habilidades? Qual meu perfil? O segredo para a conquista da realização pessoal e profissional é fazermos aquilo que tem sentido para nós, aquilo que nos motiva, aquilo que nos gratifica. Os sonhos dos pais são sonhos dos pais, isso significa que devem ser realizados por eles e não através dos filhos.

Assim, a função parental é potencializar o que há de bom nos filhos. Quem tiver dúvida sobre isso, faça a seguinte pergunta para seu filho quando ele disser que deseja seguir determinada carreira: Por que você quer isso para você? Peça que ele formule três respostas razoáveis para ele mesmo, não para você. Então, peça para que ele vá até a frente do espelho e responda. Fique assistindo às argumentações. Depois, sim, faça sua reflexão como pai ou como professor e perceba se as respostas são consistentes e mostram a essência desse jovem ou se são apenas respostas superficiais.

Ser pai e/ou ser educador não é como ir ao trabalho e cumprir uma rotina. É estar presente, acompanhar, sorrir, abraçar, ouvir, ouvir, ouvir e conversar. É, sobretudo, amar. E o amor deve ser entendido como cuidado e orientação. Afinal, o maior desejo dos pais, antes de uma escolha acertada ou do sucesso profissional e financeiro, é educar para a felicidade, ou seja, contribuir para que seus filhos sejam seres humanos realizados e felizes. As demais conquistas são apenas consequência...

Fonte:Jorge Luiz da Rocha Bueno/Diretor-presidente do Instituto Padre Reus
          Jornal Gazeta do Sul 03/03/2011

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