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sexta-feira, 11 de março de 2011
MATA ATLÂNTICA EM NOSSA VIDA
A Mata Atlântica é muito antiga. Sua história começou quando os continentes africano e sul-americano começaram a se separar, há 150 milhões de anos aproximadamente. É uma das florestas úmidas do mundo que se situam entre os trópicos e regiões com índices de chuva acima de 1.800 mm por ano. Mais da metade delas está situada no Brasil – entre a Amazônia e o pouco que restou do Pampa Gaúcho.
Em Candelária é fácil identificar os limites de cada bioma. Pode-se dizer que o Botucaraí é uma das últimas florestas que representam os limites do bioma Mata Atlântica no limite Sul. No encontro com o mar, a Mata Atlântica repete a história da vida, das algas. Sendo a primeira vegetação costeira acompanhando a umidade, a mata se estende por tabuleiros, costões, dunas e baixadas; se esparrama aos manguezais, juncos, caetés e matas de baixadas de encostas até o topo das serras, onde se vê desmatamento crescente.
No Brasil o que resta da Mata ocupa 1% do território. Nessa extensão está concentrado o maior índice de diversidade vegetal do Planeta, pois as florestas têm longa história biológica. Uma de suas maiores características, sem dúvida, é a relação com a água – cachoeiras, nascentes, lençóis freáticos. Não se encontra essa abundância de água onde não há mata. Entre as regiões mais biodiversas do mundo, chamam-se “hot spot” aquelas que perderam mais de 70% de sua vegetação original. Vale lembrar que hoje, a cada dia, 19 milhões de árvores caem no mundo e que três das áreas mais devastadas estão no Brasil (Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica).
É preciso repensar nos benefícios da floresta e no retorno que ela nos deu (e ainda dará). Como se vê, toda a ocupação ao longo da nossa costa – o café e a cana no centro do País, o fumo no Sul – é parte da nossa história. Não é possível explicar, pensar ou mesmo redimensionar a história do Brasil sem passar pela Mata Atlântica como ponto de partida. Infelizmente não é isso que se divulga nos comerciais de TV em que o apresentador promete “nós temos a solução”. Só que nós não temos a solução. Não há meios de reaver cinco milhões de Maracanãs devastados.
O que se pode é preservar o que sobrou, pois é possível ser mais ativo nessa causa. Desde que saiu a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o quanto a Mata Atlântica foi desmatada se viu uma real preocupação das comunidades. Indignar-se já é um grande passo. Depois cobre de seus vereadores, prefeitos e deputados mesmo que eles queiram justificar com números dizendo se tornarem caras certas soluções. Pare e pense: estamos assistindo nos noticiários que as consequências do desmatamento estão saindo muito mais caro do que sairiam certas soluções.
Marcelo Coimbra da Silva/Coord. do Grupo de Apoio, Ações e Ideias Ambientais (Gaaia) de Candelária/RS
Fonte:Jornal Gazeta do Sul 10/03/2011
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