terça-feira, 22 de março de 2011

UM DIA PARA A ÁGUA

O calendário assinala, nesta terça-feira, dia 22 de março, o Dia Internacional da Água. A data instituída pela Organização das Nações Unidas tem o propósito de alertar a população para os cuidados que todos nós devemos ter em relação a esse bem insubstituível para a vida. Advertências são feitas aqui e acolá. O uso racional é pregado como forma de garantir esse rico produto com qualidade e quantidade. Neste dia, a pergunta óbvia é: de que forma nós celebramos a data? Seria da mesma forma como muitos lembram da mãe, correndo atrás de presentes, às vésperas do segundo domingo de maio? Seria com a comemoração natalina, quando afilhados são acariciados uma vez por ano?

Nas andanças da militância de ambientalista vejo que a data mais se assemelha com a comemoração do Dia do Índio, passando quase despercebida no 19 de abril. Num dia, a criançada se fantasia, sem maiores discussões sobre a importância dessa raça na formação do país. Depois, nada mais acontece. Com o Dia da Água, não é a mesma coisa? Num dia, cartazes, frases e apelos contra o desperdício. Nas lições, o lembrete de que para se produzir uma simples folha de papel são gastos 10 litros de água, e assim por diante; tudo dependendo de água para gerar o conforto que se deseja.

Nas lições do Dia da Água, são lembradas as ações simples que todos podem exercer, como evitar banhos demorados que desperdiçam até 180 litros de água; evitar que uma torneira fique pingando o dia todo, jogando fora quase 50 litros de água; não lavar pátio com mangueira, sem necessidade, pois o descuido leva para o ralo até 300 litros de água, e por aí vai.

A reflexão necessária pede uma resposta. Cuidaremos da água depois da lição passada no seu dia? Ou será mais um Dia do Índio, que nem é lembrado quando a data cai num domingo?

Nessa linha de cobrança, merece entrar na pauta a indispensável educação ambiental. E aí não será apenas tarefa de educadores em sala de aula. Até deve começar pelos mestres e seus discípulos, mas precisa mobilizar um batalhão bem maior, que seja capaz de promover mudanças de comportamento na população em geral, começando por gestores públicos e políticos que ainda não tiveram a noção exata dos impactos causados ao meio ambiente a partir da falta dessa educação. Está na lei, mas ataca-se a ponta errada, promovendo gastos enormes e nem sempre com a eficácia desejada. Nesse rol não está apenas a água lembrada no dia de hoje, mas o destino dos resíduos, o esgoto doméstico que, em grande parte, contamina os recursos hídricos, o desmatamento e outras formas de desrespeito ao meio ambiente. Sem educação, pouco adianta discursar pela sustentabilidade do planeta, pois as provas são inequívocas de que estamos sugando além de sua capacidade.

Claudio Wurlitzer presidente da APNVG
Jornal Correio do Povo  22/03/2011

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