Por meio da inspiração primeiro surgem as ideias; depois elas podem ser transformadas em ações, ou simplesmente adormecerem. A ideia desse texto, que é a minha ação, surgiu ao visitar o campus de uma universidade federal. Observando muitos alunos e professores e a grandiosidade dos prédios, fiquei imaginando a fragilidade dos recursos de que eles dependem, os quais variam de acordo com a prioridade dos governantes e entes públicos de cada época.
Pesquisa, educação e saúde são o verdadeiro motor de um país. Mas é histórica a resistência a qualquer espécie de imposto ao bem comum. Seria louvável a criação do IES – imposto para o ensino e saúde –, desde que os seus fraudadores pudessem legalmente ser execrados em praça pública. Só assim tal tributo, cuja sigla acabo de inventar, seria resguardado ao nobre fim a que se destinaria.
Outra forma de resguardar os recursos públicos era apregoada pelo engenheiro Leonel Brizola, mas jamais saberemos se a sua inspiração seria transformada em ação: avesso à concentração da renda, ele afirmava que se um dia fosse presidente da República, os recursos para a educação seriam divididos entre as diretoras dos colégios. “Quando os recursos ficam concentrados num bolo só, alguém vai lá e tira uma enorme fatia e ninguém nota.” Em seus discursos, Brizola também alertava que a boa alimentação e ensino de qualidade aos pequenos brasileiros poderiam colocar mais tutano em suas cabeças, e levar o País a um lugar de merecido destaque no cenário mundial.
Efetivamente algo continua mal ao sul do equador, uma vez que aqui existem os territórios mais ricos e os povos mais pobres do mundo. Somos, por falta de pesquisa científica, economicamente bem menores dos que, inicialmente, priorizaram a alta tecnologia por viverem em territórios paupérrimos e de natureza inclemente.
Se evoluíssemos para uma educação de qualidade, poderíamos trocar o conhecido “Yes; nós temos banana” por um brasileiríssimo “ies, nós temos tutano. Sim, poderíamos ter saúde e organização mental se fugíssemos das algemas impostas durante séculos pelos que apregoaram a falsa democracia de que tudo tem liberdade de mudar – desde que nada mude. Um imposto destinado a obter recursos para o ensino deve soar tão pecaminoso quanto a CPMF, que tentou destinar recursos para a saúde. Diante da alta carga tributária do País é impossível agradar a gregos e troianos. Mesmo assim, encerraremos essa crônica – de aceitação improvável – dizendo Yes ao IES.
Vilnei Maria Ribeiro de Moraes/Engenheiro civil
Fonte:Jornal Gazeta do Sul 28/03/2011
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