segunda-feira, 23 de julho de 2012

De agente poluidor a material de limpeza

Projeto que transforma óleo usado em sabão reforça renda de voluntárias


O trabalho de um grupo de voluntárias em Venâncio Aires transforma um dos principais agentes poluidores do meio ambiente em material útil para a limpeza em residências e estabelecimentos comerciais e industriais. Criado há cinco anos na Comunidade São João Batista, no bairro Brands, o projeto Óleo Futuro começou com dez pessoas, realizando o recolhimento do produto usado nas casas para a fabricação de sabão.
Inicialmente, toda a produção destinou-se ao consumo próprio. Aos poucos, mulheres de outras comunidades integraram-se às atividades, e o trabalho passou a ser realizado no pavilhão São Sebastião Mártir, no centro da cidade. A iniciativa ganhou impulso com a aprovação na Câmara de Vereadores, em setembro de 2009, da lei municipal que proíbe estabelecimentos comerciais, indústrias e prestadores de serviços de descartarem óleos ou gorduras na rede coletora de esgoto, em águas pluviais, no lixo ou em locais que possam causar prejuízo ambiental. Com a medida, o grupo passou a receber maior volume do produto saturado.
As participantes também ganharam ajuda da prefeitura com a locação de uma casa, na rua Joaquim Correa Lima, que passou a ser a sede do projeto. A Câmara do Comércio e da Indústria e o Centro Promocional João XXIII tornaram-se apoiadores. Hoje, o grupo integra a ONG Associação De Olho no Futuro. Há pontos de coleta de óleo saturado nos supermercados, e a entrega também pode ser feita diretamente na sede. Um automóvel locado é utilizado para recolher o produto nos restaurantes.


A coleta chega a 800 litros mensalmente e a produção atinge até 150 barras por mês. Há ainda fabricação de sabão líquido. O material é vendido a empresas e utilizado pelas participantes. O dinheiro serve para a compra de soda e álcool usados na produção, além do pagamento do motorista e de despesas de manutenção. A sobra é dividida entre as voluntárias. A tesoureira da ONG, Ivone Gregory, diz que, para aumentar a produção, a população pode contribuir mais com a entrega do óleo saturado. Um litro do produto em contato com o recurso hídrico contamina 1 milhão de litros de água. Despejado na pia ou descartado de forma inadequada, causa entupimento na rede de esgoto.
Jornal Correio do Povo 23/07/2012



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