sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Governo institui dias de prevenção ao suicídio e à automutilação

 
Lei estabelece campanha Setembro Amarelo anual para ações de saúde

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta semana, a Lei 15.199/2025 que define a realização da campanha Setembro Amarelo, anualmente, no mês de setembro, em todo o país, para a promoção da saúde mental e da conscientização sobre a prevenção da automutilação e do suicídio.

Na prática, a mobilização nacional, idealizada no fim de 2014 por diversas entidades, passa a ter o status de política pública nacional com a nova legislação.

No Brasil, em 2023, mais de 16,8 mil óbitos por suicídio foram notificados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde (MS).

Publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (9), o texto define que a campanha Setembro Amarelo deve ser voltada a informar sobre riscos, oferecer orientação sobre recursos disponíveis de apoio e tratamento e fortalecer o acolhimento às pessoas que enfrentam desafios relacionados à automutilação e a pensamentos ou à intenção de tirar a própria vida, chamada tecnicamente de “ideação suicida”.

Pela publicação, também ficam instituídos o dia 10 de setembro como o Dia Nacional de Prevenção do Suicídio e o dia 17 de setembro como o Dia Nacional de Prevenção da Automutilação.

A critério dos gestores estaduais, poderão ser veiculadas campanhas na mídia, prédios públicos poderão ser iluminados com luzes de cor amarela, entre outras ações.


Setembro amarelo

A campanha do Setembro Amarelo teve sua primeira edição em 2015, organizada pela sociedade civil e entidades representativas de classe.

Atualmente, estão à frente do Setembro Amarelo o Centro de Valorização da Vida (CVV), a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM).

Em 2025, a campanha do Setembro Amarelo tem o tema “Conversar pode mudar vidas”. O foco é reforçar que o diálogo é uma ferramenta poderosa para acolher quem sofre em silêncio e, por isso, o objetivo é promover a conversa sobre a prevenção do suicídio.
Prevenção

Como medida de prevenção ao suicídio do Setembro Amarelo, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) lançou, nesta quarta-feira (10), a Cartilha Amarela – Prevenção e combate ao assédio, a outras formas de violências e ao suicídio relacionado ao trabalho.

O documento trata o suicídio como um grave problema de saúde pública e alerta para os impactos de práticas abusivas e ambientes de trabalho hostis à saúde física e mental de trabalhadores.

A cartilha relaciona os principais alvos do assédio moral: mulheres, pessoas com deficiência (PCD), com idade avançada, população LGBTQIAPN+, pessoas de outra região do país, de outras nacionalidade ou culturas, além de doentes ou acidentados.

O material ainda ajuda identificar formas de assédio e violência relacionados ao trabalho que podem gerar sofrimento e adoecimento da pessoa assediada.

Acesse aqui a Cartilha Amarela.

Apoio e tratamento

Entre os recursos públicos disponíveis para apoio e tratamento à saúde mental estão os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), em todas unidades da federal. A rede oferece serviços com profissionais especializados para atender as necessidades da comunidade.

Nos Caps, as equipes multiprofissionais contam com médicos, enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e técnicos de enfermagem.

Outra modalidade assistência gratuita é o Centro de Valorização da Vida (CVV) que oferece canais de atendimento disponíveis 24 horas por dia, todos os dias da semana, inclusive aos fins de semana e feriados para prestar apoio emocional e prevenção do suicídio a todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob anonimato. O CVV atende no telefone Ligue 188, no chat e por e-mail.

Em qualquer caso de urgência ou emergência, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) pode ser acionado imediatamente pelo telefone 192 e a Polícia Militar do estado, no telefone 190.

Mitos x realidade

A questão do suicídio ainda é vista como tabu por diversos setores da sociedade brasileira. Por isso, a cartilha lançada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) ainda lista os mitos mais comuns sobre o tema e como devem ser abordados para reduzir estigmas.

O material esclarece, entre outros, que:

· falar sobre o suicídio não aumenta o risco de uma pessoa se matar. Ao contrário, protege, porque pode aliviar a angústia e tensão e pode quebrar tabus;

· a maioria dos suicidas fala ou dá sinais de seu desejo de se matar. Por isso, o indivíduo que fala sobre a intenção de tirar a própria vida ou sobre um plano suicida deve ser levado a sério;

· pessoas nesta situação, muitas vezes, já relataram ou deram pistas destes pensamentos a uma ou mais pessoa e experimentam sentimentos ambivalentes sobre o suicídio, ou seja, ficam em dúvida se devem fazê-lo, considerando motivos para morrer e para viver;

· a imprensa não é proibida de abordar o suicídio. É o oposto: a mídia deve informar a população sobre o assunto de saúde pública e divulgar onde e como os interessados devem buscar ajuda.

Saúde pública

Em média, mais de 720 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2021, o suicídio foi a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

No Brasil, o número de suicídios da população em geral e de pessoas indígenas somados aumentou 66,47% em uma década (2013-2023). O Atlas da Violência 2025, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela que, em 2023, foram mais de 16,8 mil casos: em média, 46 pessoas cometem suicídio por dia no país.

Um dos compromissos assumidos pelo Brasil, em acordo com a meta 3.4 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), é a redução desse número em um terço até 2030. Esta meta aborda a redução da mortalidade prematura por doenças não transmissíveis via prevenção e tratamento, e promoção da saúde mental e do bem-estar.

Fonte: Agência Brasil

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Câmara aprova projeto de compra de alimentos para merenda escolar

 

Câmara dos Deputados concluiu  a votação do Projeto de Lei (PL) 2205/2022 que determina que os gêneros alimentícios adquiridos no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) deverão ser entregues pelos contratados com prazo restante de validade superior à metade do período entre sua data de fabricação e sua data final de validade. Como a matéria já passou pelo Senado, ela agora vai para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os deputados aprovaram, em votação simbólica, emendas do Senado ao texto. Apenas o partido Novo votou contra a matéria.

Segundo a proposta a regra se aplica apenas aos gêneros alimentícios com obrigação legal de exibir data de validade, excluindo os provenientes da agricultura familiar. Segundo o texto, a determinação de que a exigência de validade mínima deverá constar obrigatoriamente dos instrumentos convocatórios e contratos de aquisição de alimentos do PNAE.

O relator da matéria, deputado Florentino Neto (PT-PI) disse que a incorporação da regra visa coibir o envio de alimentos próximos do vencimento para as escolas, garantindo maior qualidade, segurança na merenda escolar, evitando a distribuição de produtos inadequados ou com valor nutricional comprometido aos alunos.

“Além de proteger diretamente a saúde dos estudantes, a exigência de prazo de validade mínimo contribuirá para evitar desperdícios de recursos e alimentos, pois reduz a probabilidade de descarte de produtos vencidos antes do consumo”, disse.

Outra emenda é a que eleva, a partir de 1º de janeiro de 2026, de 30% para 45% o percentual mínimo dos recursos do PNAE que devem ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural, ou de suas organizações.

“Ao direcionar quase metade dos recursos da merenda para a agricultura familiar, a lei amplia a oferta de alimentos frescos, saudáveis e produzidos localmente nas escolas, diversificando os cardápios e enriquecendo a dieta dos estudantes com itens de maior valor nutricional. Além de fortalecer a segurança alimentar e nutricional dos alunos, a medida dinamiza as economias rurais locais, gerando renda para pequenos agricultores e cooperativas familiares e estimulando práticas de agricultura sustentável”, disse o relator.

O texto diz ainda que deve ficar explícito o papel fiscalizatório dos Conselhos de Alimentação Escolar (CAE) na fiscalização dos contratos.

“Ao incluir a cláusula de prazo de validade já nos editais e contratos, a norma assegura que os fornecedores e gestores estejam vinculados de antemão ao cumprimento do requisito, integrando a nova regra aos procedimentos operacionais de compra pública”, concluiu.

Fonte: Agência Brasil

Estados e DF devem padronizar Autorização de Supressão de Vegetação

 
A mudança foi resultado da aprovação de uma resolução do Conama

Todos os estados e o Distrito Federal (DF) terão que adequar as informações do serviço de emissão de Autorização de Supressão de Vegetação (ASV), também chamada de uso alternativo do solo, ao padrão nacional adotado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O serviço atende às empresas e produtores rurais que queiram submeter projetos, com a necessidade de retirada de vegetação nativa em propriedade privada.

Segundo o coordenador-geral de Gestão e Monitoramento de Uso da Flora do Ibama, Allan Valezi Jordani, o objetivo da mudança é uniformizar os dados disponibilizados pelas unidades da federação e também dar maior transparência aos processos de uso de solo no Brasil. “A ideia é ter parâmetros e critérios mínimos, como, por exemplo, a análise do CAR [Cadastro Ambiental Rural], que foi uma das etapas acrescentadas como condicionante para a emissão da autorização”, explica.

A mudança foi resultado da aprovação de uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que reúne representantes da sociedade civil, como empresários, trabalhadores e organizações ambientais, além das três instâncias de governos federal, estadual e municipal.

Após a publicação da decisão no Diário Oficial da União, o que ainda não ocorreu, as unidades da federação terão ainda 180 dias para promover as mudanças necessárias. “A gente vai precisar de um exercício nas regulamentações estaduais, mas isso é inerente a viver em uma Federação, onde cada estado tem a sua regulamentação”, destacou o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, durante a votação da resolução.

Atualmente, os estados recebem os pedidos de ASV, analisam a regularidade e lançam essas informações no Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor) para emitir o documento. De acordo com Jordani, o procedimento permanecerá o mesmo, mas as informações entregues não poderão seguir padrões diferentes do sistema administrado pelo Ibama.

“A gente tem muito problema de integração, porque nem todos os estados da federação utilizam o Sinaflor. Alguns estados utilizam sistemas próprios. Agora, esses sistemas precisam estar integrados com o Sinaflor, para que todas as informações sejam constantes no sistema federal”, explica.

Sem integração, os dados ficam ausentes no Sinaflor, e essa ausência não permite ao poder público constatar se as propriedades cumprem os requisitos de preservação de vegetação nativa existentes no Código Florestal, como a reserva legal estabelecida por bioma e a conservação das Áreas de Proteção Ambiental.

“A ideia, no final, é que a gente tenha um sistema transparente, que possa ter informação para subsidiar a política pública de gestão florestal, tanto pela sociedade civil quanto pela própria administração pública”, conclui Jordani.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, comemorou a construção democrática da resolução e destacou, por meio de nota: “Em um ambiente não democrático, perderíamos toda essa capacidade de aportar tamanhas contribuições para a gestão pública e para o fortalecimento do Sistema Nacional de Meio Ambiente.”

Fonte Agência Brasil

Unicef: obesidade infantil supera desnutrição pela 1ª vez no mundo

 
Relatório da agência traz dados dados de mais de 190 países

Uma em cada cinco crianças ou adolescentes do mundo está acima do peso, o que representa cerca de 391 milhões de indivíduos. Quase metade delas - 188 milhões - apresenta obesidade. Com isso, pela primeira vez na história, o excesso de peso grave superou a desnutrição como a maior forma de ná nutrição infantil. Os dados são do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) que alerta para o risco de adoecemento.

Em um relatório com dados de mais de 190 países, a organização mostra que a prevalência de desnutrição entre crianças de 5 a 19 anos caiu de quase 13% para 9,2%, entre 2000 e 2025 Enquanto isso as taxas de obesidade aumentaram de 3% para 9,4%. A obesidade só não superou a desnutrição em duas regiões do mundo: a África Subsaariana e o Sul da Ásia.

No Brasil, esse já é o panorama há algumas décadas. No ano 2000, 5% das crianças e adolescentes apresentavam obesidade, contra 4% afetados pela desnutrição. Até 2022, o índice de obesidade triplicou, chegando a 15%, enquanto a desnutrição continuou caindo para 3% dessa população. Além disso, o sobrepeso dobrou de 18% para 36%.

Segundo o relatório, as maiores taxas de obesidade entre crianças e adolescentes foram encontradas em países das Ilhas do Pacífico, passando de 30%. A principal razão, segundo o Unicef, é a substituição da alimentação tradicional por alimentos ultraprocessados, que são mais baratos.

Mas as taxas de obesidade e o consumo de ultraprocessados também preocupam em países de alta renda, de continentes e com contextos culturais diferentes. No Chile, 27% das habitantes entre 5 a 19 anos vivem com obesidade, e a proporção é de 21% nos Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos, ou seja, 2 a cada 10.

“A obesidade é uma preocupação crescente que pode impactar a saúde e o desenvolvimento das crianças. Os alimentos ultraprocessados estão substituindo cada vez mais frutas, vegetais e proteínas, justamente quando a nutrição desempenha um papel crítico no crescimento, desenvolvimento cognitivo e saúde mental das crianças”, lamenta Catherine Russell, Diretora Executiva do Unicef.

De acordo com a organização, a mudança não se deve a escolhas pessoais, mas a "ambientes alimentares prejudiciais que estão moldando a dieta das crianças, para privilegiar alimentos ultraprocessados e fast foods", que contém altas concentrações de açúcar, amido refinado, sal, gorduras não saudáveis e aditivos.

"Esses produtos dominam comércios e escolas, enquanto o marketing digital dá à indústria de alimentos e bebidas acesso poderoso ao público jovem", alerta a publicação.

O relatório mostra também que a desnutrição continua sendo uma preocupação significativa entre crianças menores de 5 anos em muitos países de baixa e média renda, enquanto o excesso de peso é mais prevalente entre as crianças em idade escolar e adolescentes.

De acordo com o relatório, a condição aumenta o risco de desenvolver resistência à insulina, pressão alta e doenças graves ao longo da vida, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer.

O Unicef calcula que, se os países não intervirem para prevenir o excesso de peso infantil, podem enfrentar grandes impactos econômicos, por causa das consequências na saúde pública. Até 2035, o impacto econômico global do sobrepeso e da obesidade deve ultrapassar US$ 4 trilhões por ano.

Por outro lado, alguns países aparecem como exemplos positivos, incluindo o Brasil. A organização destaca: a restrição progressiva da compra de ultraprocessados no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE); a vedação de propagandas de alimentos não saudáveis para crianças; a rotulagem frontal, que destaca quando um produto é rico em substâncias nocivas, como açúcar e sódio; e a proibição do uso de gorduras trans na produção de alimentos.

Fonte: Agência Brasil

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Ilhas brasileiras: estudo revela presença de espécies exclusivas

 
Pesquisa foi publicada pela plataforma Peer Community Journal

Por muitos anos, Galápagos, no Oceano Pacífico, foi conhecida por ser um verdadeiro santuários de espécies únicas, como as tartarugas-gigantes e as iguanas-marinhas. Isso agora pode mudar e ilhas oceânicas brasileiras, como Fernando de Noronha, São Pedro e São Paulo e Trindade, podem passar a dividir o título de mais diversas do planeta.

O estudo Escalas de Endemismo Marinho em Ilhas Oceânicas e o Endemismo Provincial-Insular, publicado nesta quarta-feira (10) pela plataforma científica Peer Community Journal, destaca a presença massiva de espécies exclusivas e de grande relevância para a ciência nas ilhas oceânicas brasileiras.

“O trabalho de campo tem contribuído para um levantamento mais apurado da nossa biodiversidade. Temos encontrado e descritos muitas novas espécies que são endêmicas, exclusivas das nossas ilhas. E, com isso, a gente observa que as ilhas brasileiras têm uma importância mundial muito grande em relação à proporção dessas espécies endêmicas”, explica o pesquisador da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), Hudson Pinheiro, que liderou o estudo.

Junto com a equipe, que conta com diversos pesquisadores do mundo, Pinheiro analisou mais de 7 mil espécies de peixes recifais em 87 ilhas do mundo. E entre as conclusões os pesquisadores revelaram que 40% das espécies são presentes em mais de uma ilha da mesma região, mas não colonizam áreas continentais próximas.

A partir dessa descoberta, o grupo propõe um novo conceito científico de Endemismo Provincial-Insular, que levaria essas espécies a serem consideradas endêmicas. Segundo Pinheiro, o termo traria mais interesse às localidades que não ganharam a fama de serem centros de endemismo e, portanto, atraem menos estudos e iniciativas de conservação.

O pesquisador explica que o mesmo comportamento é tratado pela ciência de forma desigual.


“Por exemplo, a Ilha de Fernando de Noronha tem algumas espécies que só ocorrem ali, mas também tem muitas espécies que ocorrem ali e na Ilha do Atol das Rocas. Ou somente em Fernando de Noronha e na Ilha de São Pedro e São Paulo. Então, elas compartilham algumas espécies que não estavam sendo contadas como endêmicas”, diz.

VULNERABILIDADE
Para Pinheiro, esse olhar mais detalhado da ciência sobre as espécies que habitam as ilhas oceânicas, além de permitir uma maior compreensão dos processos evolutivos e ecológicos em ambientes recifais, também permite a descoberta de mais espécies endêmicas.

“As Ilhas oceânicas são locais muito mais difíceis de serem estudadas do que a costa continental, que está aqui mais perto da gente. As Ilhas Oceânicas dependem de expedições científicas e consequentemente acabam tendo menos oportunidades de estudos. Então, corre o risco de algumas espécies já terem sido até mesmo extintas antes de serem descobertas”, afirma.

As mudanças climáticas ocasionadas pelo aquecimento global reforçam a urgência do avanço desses estudos, diz o cientista.

“No continente, com o aquecimento mais intenso ocorrendo nos trópicos, muitas espécies são capazes de migrar para regiões de latitudes mais altas, e, portanto, mais frias. Ou seja, é possível ocorrer uma transição dos ambientes marinhos, ou espécies que conseguem migrar. Mas em ilhas oceânicas, isso não ocorre”, explica.

COOPERAÇÃO
Para o cientista, essa vulnerabilidade das espécies que habitam as ilhas oceânicas exigem um esforço coletivo que viabilize iniciativas de apoio à pesquisa nessas regiões. Ele explica que os resultados apresentados pelo grupo de cientista só foram possíveis pelo empenho da Marinha do Brasil, com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e organizações sociais que apoiam as pesquisas.

“Ao revelar a riqueza do endemismo nas ilhas brasileiras, reforçamos a urgência de proteger esse patrimônio. Não se trata apenas de evitar que a biodiversidade desapareça, mas de assegurar que o oceano continue a fornecer recursos, regular o clima e inspirar novas soluções para o futuro”, afirma Marion Silva, gerente de Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário.

Outra iniciativa que levou ao avanço das pesquisas nas ilhas brasileiras foi a criação da primeira estação de mergulho científico mesofótico da América Latina, pelo Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (Cebimar USP), que preparou os pesquisadores para a coleta de dados e a observação de ambientes com até 150 metros de profundidade.

“Nosso apoio se baseia na crença de que a ciência, quando aplicada, gera benefícios concretos para a sociedade. As expedições que apoiamos nas ilhas brasileiras nos últimos anos já atualizaram listas de espécies e revelaram novos registros para a ciência”, conclui Marion Silva.

Fonte Agência Brasil

Anvisa proíbe venda de 32 suplementos de empresa de produtos naturais

 
Inspeção sanitária revelou condições insalubres de higiene na produção

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a apreensão e proibiu a comercialização, a fabricação, a importação e a propaganda de 32 suplementos alimentares da empresa Ervas Brasillis Produtos Naturais Ltda.

A medida, publicada no Diário Oficial da União, foi adotada após inspeção revelar que os itens eram produzidos em estabelecimento sem licença sanitária, em condições insalubres de higiene e sem atender às boas práticas de fabricação de alimentos.


Saiba quais produtos tiveram a venda proibida.

Creatina Monohidratada Sabor Frutas Vermelhas Marca Turbo Black Vitamin (todos).

Creatina Marca Turbo Black Vitamin (todos).

Colágeno Tipo II Não Desnaturado Sabor Iogurte Marca Turbo Black (todos).

Colágeno Hidrolisado Sabor Frutas Tropicais Marca Turbo Black Vitamin (todos).

Cafeína com Taurina Marca Turbo Black Vitamin (todos).

Moringa Marca Ervas Brasil (todos).

Maca Peruana Marca Ervas Brasil (todos).

Hibisco Marca Ervas Brasil (todos).

Graviola Marca Ervas Brasil (todos).

Tadala Natural Marca NB Nutrition (todos).

Magnésio Treonato Marca Turbo Black Vitamin (todos).

Maca Peruana Marca Turbo Black Vitamin (todos).

Maca Preta Marca Turbo Black Vitamin (todos).

Lactoze sem Glúten Marca Turbo Black Vitamin (todos).

L-Arginina e Alanica Marca Turbo Black Vitamin (todos).

K2 + D3 2000 Ui Turbo Marca Black Vitamin (todos).

Energy Maca Marca Turbo Black Vitamin (todos).

Creatina Monohidratada Sabor Laranja Marca Turbo Black Vitamin (todos).

Ômega 3 Marca NB Nutrition (todos).

Moringa Oleifera Marca NB Nutrition (todos).

Magnésio Treonato Marca NB Nutrition (todos).

Magnésio Dimalato Marca NB Nutrition (todos).

Colágeno Tipo II Não Desnaturado Marca NB Nutrition (todos).

Cabelo Pele e Unha Marca NB Nutrition (todos).

Lactoze Marca Natuforme Produtos Naturais (todos).

Óleo de Girassol Ozonizado Marca Ozonlife (todos).

Maca Premium Marca Nutrição Esportiva (todos).

Max Vision Marca Turbo Black Vitamin (todos).

Ácido Hialurônico + Colágeno Tipo II Marca NB Nutrition (todos).

Maca Peruana Concentrado Marca Max Force (todos).

Ora Pró Nobis Premium Marca Vitacorpus (todos).

Todos os Produtos Fabricados por Ervas Brasillis (todos).

A Agência Brasil não conseguiu contato com a empresa. O espaço está aberto para posicionamento,

Fonte: Agência Brasil

domingo, 7 de setembro de 2025

Pesquisa mede impacto de mudanças do clima e desmatamento na Amazônia

 
Trabalho é de pesquisadores da Universidade de São Paulo

O período de estiagem na Amazônia brasileira está mais severo e a temperatura da floresta aumentou 2 graus entre 1985 e 2020, segundo estudo liderado por cientistas da Universidade de São Paulo. A análise revisou 35 anos de dados de desmatamentos, temperatura e chuvas no bioma, o que permitiu medir o impacto do desmatamento e da emissão de gases de efeito estufa em todo o mundo sobre a floresta. O desmatamento é responsável por 74,5% da redução de chuvas e 16,5% do aumento da temperatura do bioma nos meses de seca.

A pesquisa separou o território do bioma em 29 blocos de análise. Esses blocos, com área delimitada de 300 quilômetros (km) por 300 km, foram pensados assim pois permitiam análises que consideravam o comportamento do clima em escala ampla, considerando grandes chuvas e sistemas climáticos com escala de quilômetros. Sua precisão, porém, era bem mais próxima: usando o mapeamento desenvolvido para monitoramento de supressão de vegetação, pela rede MapBiomas, a "visão" dos pesquisadores chegava a impressionantes 30 metros. Cruzando essas informações, foi possível acompanhar como, nos diferentes quadrantes da região, as mudanças em cobertura vegetal ao longo das décadas tiveram impacto na precipitação e na temperatura.

Além de entender o processo, acenderam mais uma luz de alerta: a manutenção dos ritmos atuais de devastação aqui e de emissão de gases no planeta aumentará os extremos climáticos na região, chegando mais próximo do que seria um ponto de estresse, com impactos cada vez mais profundos no equilíbrio da vida na região, já para 2035. Hoje, a média é de 19% de perda da cobertura, porém há áreas com pico de 80% de superfície desmatada.

"A Amazônia é um bioma bastante complexo, que recebe umidade do oceano e tem dinâmica bastante equilibrada a respeito do ciclo hidrológico. Ela já está impactada, precisamos começar a reverter este processo e não há margem para mais fatores de estresse do bioma, internos ou não", explicou o professor Marco Franco , do Instituto de Astronomia da USP, principal autor do artigo, que recebeu destaque na revista Nature.

Os pesquisadores preferem não falar em ponto de não retorno para a floresta, pois o termo não tem consenso na comunidade científica, mas não têm dúvidas em afirmar que não há margem segura para permitir a exploração na região. Grandes empreendimentos, como minas e usinas, podem desequilibrar ainda mais o entorno, com potencial para afetar áreas extensas.

"Isso já tem sido sentido na produção da safrinha, que é uma condição rara do nosso agronegócio, em relação ao mundo. Em algumas áreas do bioma ela tem tido quedas relevantes. A seca está aumentando, em média, 12 dias a cada 10 anos", disse Franco.

Ela já é sentida a partir de um limiar relativamente pequeno de supressão, com 10% de perda da vegetação nas áreas analisadas. Segundo os dados obtidos, taxas de supressão entre 10% e 40% da vegetação nativa levam a uma queda mais brusca das chuvas e acentuam o aumento local de temperaturas. A partir daí, a taxa de impacto diminui, porém é cada vez mais difícil reflorestar.

Conhecendo esse impacto, alertam os participantes, fica mais transparente a responsabilidade e a possibilidade de cooperação entre governos.


"Já sabíamos que as alterações climáticas ocorriam, a partir de outros estudos. Agora conseguimos mensurar isso, o que nos permite sentar e conversar com os responsáveis. Saber o nosso papel, do Brasil, em relação ao desmatamento, e conversar com o resto do mundo sobre o impacto que as emissões de gases globais de efeito estufa têm sobre a floresta", explicou o professor Luiz Machado, que acompanhou e coordenou o levantamento.

Segundo os resultados obtidos, as chuvas apresentaram redução de cerca de 21 milímetros (mm) na estação seca por ano, com o desmatamento contribuindo para uma diminuição de 15,8 mm. A temperatura máxima aumentou cerca de 2 °C, sendo 16,5% atribuídos ao efeito da perda florestal e o restante às mudanças climáticas globais. Esse peso varia. Áreas da Amazônia oriental, onde a cobertura vegetal está mais próxima da original, com supressão abaixo de 10%, sofrem bem menos com a seca. Lá a contribuição para o aumento de temperatura é quase exclusiva da emissão industrial, externa e ligada aos países do norte global, como Estados Unidos e a China. Em áreas do sudeste do bioma, como a região de Santarém, no Pará, o impacto do desmatamento no aumento da temperatura é mais equilibrado, além do impacto das secas ser bem mais relevante, explicou Franco.

No artigo, os pesquisadores alertam que se o desmatamento continuar sem controle, a extrapolação dos resultados sugere um declínio adicional na precipitação total durante a estação seca e maior elevação da temperatura. O próximo desafio do grupo está em mensurar o impacto possível, em diferentes cenários, para a floresta, até o ano de 2100. Uma das contribuições do grupo além da mensuração e da comprovação dessa relação entre desmatamento, precipitações e aumento das temperaturas, está na disponibilização de parâmetros para outros grupos de pesquisa, permitindo por exemplo, que biólogos usem esses dados para entender impactos em espécies e territórios mais restritos, dentro do bioma.

A Amazônia brasileira perdeu 14% da vegetação nativa entre 1985 e 2023, de acordo com dados do MapBiomas, atingindo uma área de 553 mil km2, o equivalente ao território da França. A pastagem foi a principal causa no período. Mesmo com a queda nos últimos dois anos em relação à área desmatada, o fogo e o avanço de áreas agrícolas continuam ameaçando a região.

Fonte: Agência Brasil

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Programação do Dia da Amazônia mobiliza para COP30

 
Tema escolhido para a data ressalta que preservação é soberania

Como parte da celebração do Dia da Amazônia, comemorado nesta sexta-feira (5), organizações, movimentos sociais e coletivos da sociedade civil promovem, em ao menos oito estados, mais de 20 atividades para ampliar a conscientização sobre a emergência climática e incrementar a mobilização para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será em Belém, entre os dias 10 e 21 de novembro.

Maior bioma brasileiro, a Amazônia vai sediar neste ano a mais importante conferência climática do mundo por meio da capital paraense, e o tema das comemoração deste ano é “Celebrar a Amazônia e os biomas é soberania”. As atividades abordarão as ameaças e a crise climática como fatores relevantes para a soberania nacional e o dia a dia das pessoas em todo o planeta. Segundo os organizadores, soberania também significa proteger os povos, a terra e a vida. Ao mesmo tempo, cada atividade pretende comemorar a abundância da Amazônia e dos demais biomas brasileiros.

“Ao celebrar a Amazônia e todos os biomas, os organizadores querem reforçar a potência dos povos originários e das comunidades tradicionais, quilombolas, ribeirinhas e camponesas, que são referência inclusive para as populações urbanas", diz a organização do evento em texto de divulgação da programação.

"A importância das comunidades e territórios para a proteção da Amazônia e dos demais biomas deve ser reconhecida, e aponta caminhos como resposta a uma urgência real, uma vez que os impactos das mudanças climáticas já são sentidos na rotina das populações, no Brasil e no mundo. Por isso, a data também é um chamado global no circuito de mobilizações para a COP30”.

Integrante do Coletivo Reocupa, Deuza Brabo disse que a programação também quer mostrar a multiplicidade da Amazônia Legal.

“Existem inúmeras Amazônias dentro da Amazônia. A maioria das atividades ocorre em locais públicos para aproximar as comunidades. Com o tema deste ano, a gente pretende mostrar o quanto a Amazônia é potente, mas que há eventos extremos climáticos, de devastação”.

Além do coletivo de Deuza Brabo, participam da organização a Associação Cultural Na Cuia – Comitê de Comunicadores Populares das Baixadas de Belém; a Associação Intercultural de Hip-Hop Urbanos da Amazônia; a Comissão Solidária Vila da Barca; o Coletivo Etinerâncias ─ Assessoria Popular em Redes de Cuidado e Direitos Humanos; o Fórum Paraense de Juventudes; o Instituto Clima e Sociedade (ICS); o Instituto Mapinguari; o LabExperimental e Condô Cultural; o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); o Observatório do Marajó; o Projeto Aldeias; a Rede Emaranhadas e a Seja Democracia.

Belém (PA)

A Organização Seja Democracia e o Cursinho Popular Ágora farão uma aula pública com três estações. Na primeira, “COP30 na Quebrada”, haverá um debate sobre como megaeventos intensificam vulnerabilidades; na segunda, “Saberes Ribeirinhos”, serão mesclados o conhecimento tradicional e a ciência climática; na terceira, “Lambe-lambe Poético”, serão colados trechos de fanzines como intervenção urbana. Durante a aula, os materiais produzidos serão distribuídos gratuitamente, convertendo o espaço em um manifesto vivo. Às 8h30, no Pontão de Icoaraci, na Travessa do Cruzeiro com Rua Siqueira Mendes.

Também na capital paraense, a Comissão Solidária Vila da Barca promoverá uma feira gastronômica com participantes do “Roteiro Cozinha Periférica”, projeto que formou mais de 20 mulheres ao longo de quatro meses em “Conhecimento Histórico e Ancestral”, “Empreendedorismo”, “Técnicas de Fogo e Fogão” e “Noções de Marketing Digital”. Durante o festival, as participantes apresentarão seus pratos, que concorrerão ao prêmio “Cozinha Criativa Periférica”, com votos do público presente. Haverá apresentações culturais, espaços para fomentar a economia criativa e ações artísticas e práticas sustentáveis. A atividade será na Comunidade da Vila da Barca, na Travessa Magno de Araújo e na Rua Professor Nelson Ribeiro,Telégrafo, Belém, às 17h.

Dentro do projeto “Dia da Amazônia: Juventudes que Ecoam”, organizado pelo Fórum Paraense de Juventudes ─ coletivos e lideranças jovens do Pará, com apoio do programa Fortalecendo Legados & Ampliando Horizontes, haverá rodas de conversa, exibição de filmes, oficinas, intervenções urbanas e experiências sensoriais que conectam ancestralidade, ecologia, inovação e cultura popular. Na Casa Aberta, na Rua Ó de Almeida, 1062, Reduto, haverá, das 14h às 16h, a roda de conversa “Amazônia Is Burning: Um Diálogo entre Clima e Cultura Ballroom”, com Watare Maniva. E, das 16h às 18h, a vivência cultural “Acarimbolando a Amazônia ao Som da Natureza”, com Roberto Porto. Inscrições pelo formulário https://forms.gle/QRVjxdtA5X4F5zxp8.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) fará uma ação de visibilidade e distribuição de mudas no Guamá, na entrada da Universidade Federal do Pará, das 8h às 12h.

Ananindeua (PA)

A Associação Cultural Na Cuia e o Comitê de Comunicadores Populares das Baixadas de Belém lançam a Campanha #ClimaDeVerdade, com uma série de formações, escutas e produções comunitárias. Será na comunidade do Açaizal, com roda de conversa com a temática: Vozes da Periferia contra a Desinformação Climática Com Samilly Maré Cheia (IBAMCA), Xan Marçall (Casa Cura) e Paulie (Na Cuia) e roda de conversa de Cartografia Afetiva com Beatriz Lacerda (Afroamazonida). A atividade vai acontecer das 9h às 17h, com café da manhã e almoço coletivo, na Casa Cura. Mais informações e inscrições: https://www.instagram.com/nacuia_org/

Manaus (AM)

O Festival Grito Rua, no Formigueiro Skate Park, no Parque da Juventude Ajuricaba, bairro São José Operário, das 16h às 23h, reunirá DJs, batalhas de rima, intervenções artísticas, campeonato de skate, feira criativa de empreendedores locais e espaço kids, oferecendo uma programação diversa e acessível para toda a família. O evento é uma iniciativa da Associação Intercultural de Hip-Hop Urbanos da Amazônia – AIHHUAM, em parceria com o coletivo Orígenas. Mais do que entretenimento, o Grito Rua é um chamado à ocupação dos espaços públicos e à valorização da cultura como instrumento de transformação social e ambiental.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) promove o 31° Grito dos Excluídos e Excluídas 2025, com concentração na Rotatória Novo Aleixo, Alameda Alphaville, às 15h.

São Paulo (SP)

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) fará o “Sextou em Defesa da Amazônia e da Soberania”, com concentração no Teatro Municipal no Centro, às 16h.

Porto Velho (RO)

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) promoverá um ato em defesa da Amazônia, no Baixo Rio Madeira, às 9h.

Fonte: Agência Brasil

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Desmatamento é responsável por mais de 28 mil mortes anuais por calor

 
Efeitos são ainda mais graves em países de baixa renda, diz estudo

Estudo internacional  avalia o impacto do desmatamento de florestas tropicais sobre a saúde humana. A pesquisa utilizou, de forma inédita, uma escala pantropical, que inclui todas as regiões tropicais do mundo: Américas, África e Ásia.

Apesar das variações regionais, os resultados apontaram que, em todas as regiões tropicais, há uma ligação direta entre perda de floresta, aumento de temperatura local e elevação de mortalidade. Ao todo, são aproximadamente 28 mil mortes por ano. A pesquisa alerta que quase todas as mortes são evitáveis.

O trabalho foi publicado na revista científica Nature Climate Change, liderado pelo Instituto de Ciência do Clima e Atmosfera da Universidade de Leeds (Reino Unido), em colaboração com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Kwame Nkrumah de Ciência e Tecnologia (Gana).

Segundo a investigação, em quase 20 anos (entre 2001 e 2020), 345 milhões de pessoas foram expostas ao aquecimento local resultante do desmatamento em regiões tropicais. Em média, as populações experimentaram um aumento de 0,27 °C na temperatura da superfície terrestre durante o dia. Segundo os pesquisadores responsáveis pelo estudo, esse valor pode parecer modesto, mas tem efeitos diretos sobre a mortalidade.

Em termos de impacto à saúde, a consequência mais grave revelada pelo estudo é a estimativa de 28.330 mortes não acidentais por ano atribuídas ao calor induzido pelo desmatamento, com intervalo de confiança de 23.610 a 33.560 mortes anuais.

O Sudeste Asiático lidera o impacto com 15.680 mortes por ano, impulsionado principalmente pela vulnerabilidade da população da indonésia ao calor. A África tropical, embora com maior número de pessoas expostas e taxas de mortalidade geral mais altas, apresenta menor vulnerabilidade térmica, totalizando 9.890 mortes por ano. As Américas Central e do Sul tropical, com forte aquecimento, mas menor densidade populacional nas áreas afetadas, somam 2.520 mortes anuais.

DESMATAMENTO


A perda de cobertura florestal no período analisado foi de cerca de 1,6 milhão de km², sendo 760 mil km² nas Américas Central e do Sul tropical, 490 mil km² no Sudeste Asiático e 340 mil km² na África.

O desmatamento coincidiu com aumentos significativos de temperatura. Regiões que mantiveram cobertura florestal preservada apresentaram aquecimento médio de +0,20 °C, enquanto áreas desmatadas chegaram a aquecer +0,70 °C — mais de três vezes acima da média. Entre as áreas de 1 km² que registraram os maiores aumentos de temperatura (acima de quatro desvios padrão da média), 60% sofreram desmatamento no período analisado.

Os pesquisadores destacam que o aquecimento induzido pelo desmatamento reduz a produtividade laboral e expõe milhões de pessoas a condições perigosas de trabalho ao ar livre.

Estima-se que, apenas entre 2003 e 2018, 2,8 milhões de trabalhadores tropicais foram expostos a níveis de calor que ultrapassam os limites térmicos seguros para o trabalho ao ar livre. Além do desempenho físico e cognitivo comprometido, a exposição ao calor extremo está ligada a doenças cardiovasculares e aumento de mortalidade por causas diversas.

Esses efeitos são ainda mais graves em países de baixa renda, onde o acesso a tecnologias adaptativas como ar-condicionado é limitado. A população mais pobre, frequentemente vivendo em regiões tropicais, enfrenta dupla vulnerabilidade: aos efeitos diretos do calor e à precariedade dos sistemas de saúde e infraestrutura para redução dos impactos.

“Além da regulação climática, os serviços ecossistêmicos florestais são essenciais para o bem viver e a qualidade de vida das populações locais. Assim, a redução do desmatamento também é uma questão de saúde pública, pois evitamos mortes por calor e garantimos condições climáticas mais favoráveis para populações em situação de vulnerabilidade que dependem diretamente desses ecossistemas”, destaca a pesquisadora da Fiocruz Piauí, Beatriz Oliveira, coautora do estudo.

*Com informações da Fiocruz

Fonte: Agência Brasil

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Implante contraceptivo deve ser ofertado por planos a partir de hoje

 


O Implanon passa a ser de oferta obrigatória pelos planos de saúde

A partir desta segunda-feira (1º), planos de saúde devem incluir em sua cobertura, de forma obrigatória, o implante subdérmico contraceptivo liberador de etonogestrel, conhecido como Implanon.

De acordo com decisão da diretoria colegiada da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), publicada em agosto, a medida vale para mulheres com idade entre 18 e 49 anos como forma de prevenção à gravidez não desejada.

SUS

Em julho, o Ministério da Saúde informou que vai disponibilizar o Implanon via Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a pasta, o método é considerado vantajoso em relação aos já existentes por sua longa duração, já que age no organismo por até três anos, e pela alta eficácia.

Até 2026, o governo federal estima distribuir 1,8 milhão de dispositivos, sendo 500 mil ainda este ano. O investimento será de aproximadamente R$ 245 milhões. Atualmente, o produto custa entre R$ 2 mil e R$ 4 mil.

Além de prevenir a gravidez não planejada, o acesso a contraceptivos, de acordo com o ministério, também contribui para a redução da mortalidade materna, em alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). A pasta tem o compromisso de reduzir em 25% a mortalidade materna geral e em 50% a mortalidade materna entre mulheres negras até 2027.


COMO FUNCIONA O IMPLANON

O implante subdérmico atua no organismo por até três anos, sem necessidade de intervenções durante esse período. Após o prazo, ele deve ser retirado e, se houver interesse, um novo dispositivo pode ser inserido imediatamente.

A fertilidade, segundo o Ministério da Saúde, retorna rapidamente após a remoção do implante.

Entre os contraceptivos atualmente oferecidos no SUS, apenas o DIU de cobre é classificado como Larc (sigla em inglês para contraceptivos reversíveis de longa duração), considerados mais eficazes no planejamento reprodutivo por não dependerem do uso contínuo ou correto por parte da usuária, como acontece com anticoncepcionais orais ou injetáveis.

Fonte: Agência Brasil

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Por hora, 14 crianças são internadas por acidentes; saiba como evitar

 
Estudo aponta que hospitalizações cresceram 2% em relação a 2023

Em 2024, 121.933 crianças e adolescentes até 14 anos foram internados no Brasil vítimas de acidentes. Em média, são 334 hospitalizações por dia, o que representa cerca de 14 internações por hora em razão desses episódios.

Os dados fazem parte de um levantamento da Aldeias Infantis SOS, organização que lidera um movimento global sobre cuidados de crianças, jovens e famílias. O estudo foi elaborado a partir de informações do DataSUS, do Ministério da Saúde.

QUEDAS LIDERAM AS INTERNAÇÕES


As quedas são a principal causa de lesões não intencionais de crianças e adolescentes, respondendo por 44% dos casos ou 54.056 internações. Logo em seguida estão queimaduras (19% ou 23.412 casos) e acidentes de trânsito (10% ou 12.196 ocorrências). Outras causas de internação envolvem intoxicações (3%), afogamentos (0,21%), sufocamentos (0,48%) e incidentes com armas de fogo (0,07%).

Em relação a 2023, o total de internações de crianças e adolescentes cresceu 2,2%. A maior alta foi nos casos de afogamento, com elevação de 11,8%, seguido de sufocamento (+11,2%) e acidentes de trânsito (+7,8%).

MORTES


O mesmo estudo também analisa o número de crianças e jovens que morreram em decorrência de acidentes, a partir de dados de 2023. Ao todo, foram registradas 3.398 mortes por acidentes na faixa etária até 14 anos. Isso significa que, a cada dia, nove crianças perdem a vida em acidentes que poderiam ser evitadas em 90% dos casos, de acordo com a organização.

O número representa um aumento de 5% em relação a 2022. As principais causas foram sufocamento (30%), acidentes de trânsito (26%) e afogamento (26%). Foi registrado um crescimento de 20% das mortes por armas de fogo. Os óbitos causados por acidentes de trânsito aumentaram 8%, assim como relacionados a afogamentos. As mortes decorrentes de quedas cresceram 6%, e as provocadas por sufocamentos, 3%. No período, caíram apenas as mortes decorrentes de intoxicações (-3%) e queimaduras (-1%).

ACIDENTES POR FAIXA ETÁRIA


A pesquisa aponta que a faixa etária mais atingida por esses acidentes é entre 10 e 14 anos, com 36% das internações, seguida por crianças de 5 a 9 anos (35%) e de 1 a 4 anos (23%). Bebês com menos de 1 ano representam 5% dos registros.

De acordo com o estudo, a concentração de casos no intervalo de 5 a 14 anos, que totalizam 71% das internações, pode ser explicada pela maior autonomia de crianças e adolescentes nessa faixa etária. Como circulam mais livremente, também ficam mais expostos.

PREVENÇÃO


A Aldeias Infantis SOS e o Ministério da Saúde recomendam algumas medidas simples que podem evitar acidentes nesta faixa etária.

CONFIRA:

Para evitar sufocamento, mantenha o lençol sempre ajustado ao colchão e fique atento para que o rosto do bebê não fique encoberto;

Evite o contato da criança com peças pequenas, como clipes, botões, moedas e anéis. Ofereça brinquedos grandes e adequados para a faixa etária;

Uma das principais causas de sufocamento é por alimentos. Evite oferecer a comida quando a criança estiver agitada, brincando ou dentro do carro em movimento;

Evite que a criança tenha contato com sacos plásticos, cordões e fios;

Não deixe a criança sozinha em cima de móveis e use barreiras, grades e redes de proteção em escadas e janelas;

Não deixe a criança sob os cuidados de outra criança;

Não deixe a criança sozinha na banheira e mantenha-a afastada de baldes, tanques, vasos, poços e piscinas. Mesmo um nível baixo de água pode causar afogamento;

Bebês devem ser transportados sempre no bebê conforto ou na cadeirinha. Após os 7 anos e meio, as crianças deixam de usar a cadeira de transporte infantil, mas devem continuar sentando no banco de trás do carro, presas por um cinto de segurança de três pontas;

Mantenha produtos de limpeza, medicamentos e produtos de higiene pessoal fora do alcance da criança, de preferências em armários altos e/ou trancados;

Limite o acesso da criança à cozinha;

Dê preferência por usar as bocas de trás do fogão e deixe os cabos das panelas virados para a parte central;

Fique atento ao forno ligado, ferro de passar roupas, chapinha de cabelos, aquecedor e outros equipamentos quentes;

Coloque protetores nas tomadas.

Fonte: Agência Brasil