Motivação é algo subjetivo para muita gente, principalmente quando está sujeita apenas a eventos externos e decisões alheias, fortes o suficiente para nos transformar da noite para o dia em outra pessoa: “Se eu mudasse de emprego, com certeza seria muito mais motivado” ou “se Fulano ou Fulana fizer tal coisa, eu serei mais feliz”. Quando delegamos as nossas possibilidades de crescimento pessoal ao futuro ou às pessoas com quem convivemos, deixamos a nossa capacidade de mobilização no modo “pausa”, correndo o risco de passar uma vida toda esperando a tal da motivação aparecer.
A base da automotivação reside na busca de significado naquilo que fazemos. Se não há significado, as relações pessoa-pessoa ou pessoa-trabalho tornam-se frágeis. Senso de propósito não é algo que surge de forma explosiva, mas sim, que se constrói com as pequenas opções que fazemos todos os dias, aos “pouquinhos” sobre os quais temos um poder mais forte de decisão e de controle.
O “insight”, que é a visão da mudança, não é a mudança em si, que precisa ser incorporada no dia a dia, tornando-se um hábito. É na força do hábito que a curva da mudança ganha força e a revolução acontece. Tomar banho diariamente, por exemplo, é uma mudança que consolidou-se no século passado. Este é o exemplo de um dos pouquinhos que a humanidade incorporou como hábito e que melhorou fatores como a higiene, a saúde, o bem-estar e a autoestima das pessoas.
Imagine se hoje optássemos por eliminar o banho diário de nossas vidas. Pensou no estrago? Pense agora em algo que você sabe que precisa mudar, aquela decisão que você considera crucial e no pouquinho que você pode fazer por dia, para caminhar em direção a essa ela. A Visualização é a primeira parte da Revolução do Pouquinho. Na segunda parte, que trata do Compromisso da Continuidade, é onde reside o perigo. Por tratar-se de “pouquinhos” apenas, tendemos a ser autocomplacentes perdoando toda derrapada, como se ela não fosse fazer diferença. E assim fumamos só mais um cigarro, mesmo já tendo decidido parar de fumar. Comemos só mais um bombom da caixa, mesmo já tendo decidido reduzir o açúcar. Nos permitimos perder a cabeça numa situação conflituosa, mesmo já tendo percebido ou sido avisado sobre a necessidade de maneirar a nossa agressividade e por aí vai.
Afinal, é só um pouquinho, certo? Sim, o mesmo pouquinho que ajuda, também põe em risco o todo. Nas decisões diárias, pequenas e persistentes, é que a revolução acontece. Os pontos fracos são trabalhados de forma tranquila e serena, tornando a mudança um aprendizado, não apenas um evento. Se uma pessoa que já carrega o rótulo de mal humorada no ambiente de trabalho chega um dia feliz da vida, cumprimentando e distribuindo a todos a simpatia e o afeto que negou-se a fazer até então, o que pensamos? Como a mudança não é um interruptor liga/desliga, atitudes assim geram desconfiança. Aquele mau hábito que temos e que precisamos eliminar, ou o bom hábito que desejamos conquistar e consolidar em nossas vidas, entre eles o hábito da motivação, tornam-se muito mais atingíveis quando optamos pelo pequeno compromisso diário de mudança, cumprindo-o com determinação, sem concessões. No ano que vem por aí, que tal parar de acreditar que a mudança virá a galope ou num bilhete de loteria, após os frágeis compromissos de ano-novo de sempre? Que tal assumir para si mesmo a Revolução do Pouquinho? Melhorando um pouquinho a cada dia, após alguns meses, teremos construído uma verdadeira revolução em nossas vidas. Em 2013, uma feliz revolução pra você!
Eduardo Zugaib
escritor, profissional de comunicação e marketing, professor de pós-graduação, palestrante motivacional e comportamental. Ministra treinamentos nas áreas de Desenvolvimento Humano e Performance Organizacional. www.eduardozugaib.com.br.
Fonte:Jornal Agora
Nenhum comentário:
Postar um comentário