Espécies ameaçadas, florestas em declínio, desastres ambientais. Um ano de previsões alarmantes, mas também de reflexões sobre o que podemos fazer para evitar um futuro sombrio.
Modelo matemático que calcula formação de grandes manchas de lixo no oceano é uma das pesquisas promissoras para a preservação da vida marinha em um futuro próximo. (foto: Algalita Foundation/ Flickr – CC BY-NC-SA 2.0)
O ano em que o mundo sentiu mais uma vez os efeitos do calor e da seca terminou com o relatório final da Cúpula do Clima, a COP-21, celebrado como um acordo histórico, embora questionável. No Brasil, além do desastre ambiental em Mariana (MG), resultados do presente e projeções para o futuro próximo apontam para uma conclusão em comum: é preciso correr contra o tempo para preservar as florestas e a biodiversidade de que tanto nos orgulhamos. Confira algumas das matérias publicadas sobre meio ambiente pela Ciência Hoje On-line ao longo de 2015.
Peixe das cavernas
Apesar de recém-descoberto, o peixe Ituglanis boticario, que vive exclusivamente em cavernas e foi encontrado na Gruna da Tarimba, em Mambaí (GO), já está ameaçado de extinção: tem dificuldade de encontrar alimento devido aos desmatamentos e ao uso de agrotóxicos e pesticidas no entorno de seu hábitat.
Raridade capixaba
Pequena e com a maior parte do corpo de cor branca, a saíra-apunhalada apresenta, logo abaixo do bico, uma mancha vermelha que se derrama como sangue pelo seu peito. A mancha – que lhe atribui o nome popular – é fruto de um golpe fictício; o perigo de extinção da espécie, no entanto, é uma pancada cada vez mais contundente. A estimativa dos especialistas é que menos de 50 saíras-apunhaladas ainda existam. Para protegê-las, a Associação para Conservação das Aves do Brasil (Save Brasil) e o Governo do Estado do Espírito Santo pretendem criar uma área de proteção, prevista para março de 2016.
Tempo de despertar
A discussão é antiga: há décadas, governos, ambientalistas, cientistas e empresas buscam alternativas para diminuir a emissão de gases de efeito estufa sem prejudicar o desenvolvimento econômico e social das nações. Entretanto, um estudo coordenado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) indica que, ao menos no Brasil, esse impasse pode estar próximo do fim. De acordo com o relatório, a adoção de medidas para o desenvolvimento sustentável do país poderia adicionar até cerca de R$ 600 bilhões ao PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2030.
Para prever o futuro
Para compreender o que acontecerá com a costa brasileira se – ou quando – as previsões de aquecimento das águas e aumento da poluição se concretizarem, não é preciso usar uma bola de cristal. No sul da Bahia, um sistema experimental denominado mesocosmo marinho tem possibilitado a simulação de condições ambientais diversas para avaliar como a vida marinha se transformará a partir de mudanças relacionadas principalmente ao aquecimento global. Caso a temperatura dos oceanos aumente apenas dois graus Celsius, as consequências serão catastróficas para os recifes de corais.
Radiografia das florestas
O total de árvores existentes no planeta é bem maior do que os cientistas estimavam. Segundo pesquisa publicada em setembro na revista Nature, aproximadamente 3,04 trilhões de árvores povoam a superfície terrestre. Se não houvesse interferência humana, no entanto, esse número seria ainda mais expressivo: em outra estimativa igualmente impressionante, o trabalho revela que quase metade das árvores desapareceu da Terra desde o início da nossa civilização.
O boto vai virar lenda?
O famoso mamífero amazônico corre o risco de desaparecer: ele vem sendo morto em especial para a pesca da piracatinga, uma espécie de peixe que se alimenta de carniça e gordura. De forma geral, os jacarés são os animais mais utilizados como isca, devido ao seu grande número e à facilidade de encontrá-los na região. Porém, são os botos as iscas mais valorizadas pelos pescadores. Segundo especialistas, a moratória da caça do boto-cor-de-rosa por cinco anos, iniciada em 2015, pode ser pouco para salvá-lo.
Recém-descoberta, já ameaçada
Uma ave que sequer era conhecida já luta contra sua própria extinção. É a patativa-tropeira (Sporophila beltoni), uma espécie recém-descoberta, que vive exclusivamente no Brasil. Ela corre sério risco de desaparecer antes mesmo de ser estudada pela ciência. É durante a migração que a ave está mais exposta aos caçadores ilegais de animais silvestres. Outro problema que a espécie enfrenta é a degradação do seu local de reprodução.
No rastro do lixo marinho
A famosa grande mancha de lixo do Pacífico foi descrita pelo oceanógrafo Charles Moore como um verdadeiro lixão em mar aberto, duas vezes maior do que o estado norte-americano do Texas. No entanto, mais do que uma ilha flutuante de detritos, sua parte principal e mais perigosa é composta, na verdade, por milimétricas partículas de plástico que formam uma espécie de sopa tóxica quase invisível a olho nu, mas muito prejudicial à vida marinha. Agora, cientistas australianos desenvolveram um método matemático que rastreou em detalhes como se formam essa e outras quatro ‘manchas’ similares e que pode ser capaz de apontar ‘culpados’ pelo acúmulo de lixo no mar.
Modelo matemático que calcula formação de grandes manchas de lixo no oceano é uma das pesquisas promissoras para a preservação da vida marinha em um futuro próximo. (foto: Algalita Foundation/ Flickr – CC BY-NC-SA 2.0)
O ano em que o mundo sentiu mais uma vez os efeitos do calor e da seca terminou com o relatório final da Cúpula do Clima, a COP-21, celebrado como um acordo histórico, embora questionável. No Brasil, além do desastre ambiental em Mariana (MG), resultados do presente e projeções para o futuro próximo apontam para uma conclusão em comum: é preciso correr contra o tempo para preservar as florestas e a biodiversidade de que tanto nos orgulhamos. Confira algumas das matérias publicadas sobre meio ambiente pela Ciência Hoje On-line ao longo de 2015.
Peixe das cavernas
Apesar de recém-descoberto, o peixe Ituglanis boticario, que vive exclusivamente em cavernas e foi encontrado na Gruna da Tarimba, em Mambaí (GO), já está ameaçado de extinção: tem dificuldade de encontrar alimento devido aos desmatamentos e ao uso de agrotóxicos e pesticidas no entorno de seu hábitat.
Raridade capixaba
Pequena e com a maior parte do corpo de cor branca, a saíra-apunhalada apresenta, logo abaixo do bico, uma mancha vermelha que se derrama como sangue pelo seu peito. A mancha – que lhe atribui o nome popular – é fruto de um golpe fictício; o perigo de extinção da espécie, no entanto, é uma pancada cada vez mais contundente. A estimativa dos especialistas é que menos de 50 saíras-apunhaladas ainda existam. Para protegê-las, a Associação para Conservação das Aves do Brasil (Save Brasil) e o Governo do Estado do Espírito Santo pretendem criar uma área de proteção, prevista para março de 2016.
Tempo de despertar
A discussão é antiga: há décadas, governos, ambientalistas, cientistas e empresas buscam alternativas para diminuir a emissão de gases de efeito estufa sem prejudicar o desenvolvimento econômico e social das nações. Entretanto, um estudo coordenado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) indica que, ao menos no Brasil, esse impasse pode estar próximo do fim. De acordo com o relatório, a adoção de medidas para o desenvolvimento sustentável do país poderia adicionar até cerca de R$ 600 bilhões ao PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2030.
Para prever o futuro
Para compreender o que acontecerá com a costa brasileira se – ou quando – as previsões de aquecimento das águas e aumento da poluição se concretizarem, não é preciso usar uma bola de cristal. No sul da Bahia, um sistema experimental denominado mesocosmo marinho tem possibilitado a simulação de condições ambientais diversas para avaliar como a vida marinha se transformará a partir de mudanças relacionadas principalmente ao aquecimento global. Caso a temperatura dos oceanos aumente apenas dois graus Celsius, as consequências serão catastróficas para os recifes de corais.
Radiografia das florestas
O total de árvores existentes no planeta é bem maior do que os cientistas estimavam. Segundo pesquisa publicada em setembro na revista Nature, aproximadamente 3,04 trilhões de árvores povoam a superfície terrestre. Se não houvesse interferência humana, no entanto, esse número seria ainda mais expressivo: em outra estimativa igualmente impressionante, o trabalho revela que quase metade das árvores desapareceu da Terra desde o início da nossa civilização.
O boto vai virar lenda?
O famoso mamífero amazônico corre o risco de desaparecer: ele vem sendo morto em especial para a pesca da piracatinga, uma espécie de peixe que se alimenta de carniça e gordura. De forma geral, os jacarés são os animais mais utilizados como isca, devido ao seu grande número e à facilidade de encontrá-los na região. Porém, são os botos as iscas mais valorizadas pelos pescadores. Segundo especialistas, a moratória da caça do boto-cor-de-rosa por cinco anos, iniciada em 2015, pode ser pouco para salvá-lo.
Recém-descoberta, já ameaçada
Uma ave que sequer era conhecida já luta contra sua própria extinção. É a patativa-tropeira (Sporophila beltoni), uma espécie recém-descoberta, que vive exclusivamente no Brasil. Ela corre sério risco de desaparecer antes mesmo de ser estudada pela ciência. É durante a migração que a ave está mais exposta aos caçadores ilegais de animais silvestres. Outro problema que a espécie enfrenta é a degradação do seu local de reprodução.
No rastro do lixo marinho
A famosa grande mancha de lixo do Pacífico foi descrita pelo oceanógrafo Charles Moore como um verdadeiro lixão em mar aberto, duas vezes maior do que o estado norte-americano do Texas. No entanto, mais do que uma ilha flutuante de detritos, sua parte principal e mais perigosa é composta, na verdade, por milimétricas partículas de plástico que formam uma espécie de sopa tóxica quase invisível a olho nu, mas muito prejudicial à vida marinha. Agora, cientistas australianos desenvolveram um método matemático que rastreou em detalhes como se formam essa e outras quatro ‘manchas’ similares e que pode ser capaz de apontar ‘culpados’ pelo acúmulo de lixo no mar.
Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/blogues/bussola/2015/12/retrospectiva-2015-meio-ambiente