quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Governo divulga lista de municípios habilitados no Programa Carretas do Saber

 


Mais de R$ 56 milhões estão sendo investidos para qualificação profissional itinerante

O governo do Estado divulgou, nesta terça-feira (7/10), a lista dos 130 municípios habilitados a receber as unidades móveis do Programa Carretas do Saber. Com investimento de mais de R$ 56 milhões, a iniciativa visa proporcionar acesso à qualificação e aumentar a empregabilidade local. Lista completa dos municípios

A ação está sendo executada pela Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Profissional (STDP), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Rio Grande do Sul (Senai RS), integrante do Sistema Fiergs. O convênio foi assinado em janeiro de 2025 pelo governador Eduardo Leite.

As carretas funcionarão como escolas técnicas móveis. Equipadas com salas de aula, laboratórios, oficinas e recursos audiovisuais, as unidades serão deslocadas para os municípios contemplados para a oferta de cursos gratuitos na área industrial.

Cada município terá duas turmas de 15 participantes. Nos cinco anos de execução do programa, estão previstos mais de 400 atendimentos e aproximadamente 12 mil alunos capacitados. Esta é a primeira vez que o Estado destina recursos para levar oportunidades de formação profissional de forma itinerante.

Para o titular da STDP, Gilmar Sossella, o programa reforça o compromisso do governo com a qualificação e com o desenvolvimento regional. “Estamos levando a educação profissional aonde ela nunca chegou. Muitas das cidades contempladas não têm escolas técnicas, nem acesso asfáltico, mas têm gente com vontade de aprender e se qualificar. O exemplo de Garruchos mostra bem essa realidade: é um município distante, e para quem busca qualificação, enfrentar longos trajetos em estrada de chão muitas vezes torna inviável”, destaca. “Com as carretas, a oportunidade chega até as pessoas. Nosso objetivo é criar condições para que os gaúchos possam se capacitar e conquistar espaço no mercado de trabalho, sem precisar sair de seu município.”

Municípios selecionados

Foram selecionados com prioridade os municípios que não possuem vias asfaltadas ou com difícil acesso, sem escolas de formação (como Senai, Senac ou institutos federais), não contemplados em programas estaduais anteriores de qualificação e que optaram, como primeira opção, por cursos alinhados à demanda local.

Do total de habilitados: 16 municípios não têm acesso asfáltico;
129 municípios não possuem escolas de formação;
35 municípios não foram contemplados em programas estaduais anteriores de qualificação.

Os municípios que não foram habilitados podem interpor recurso no período de 8 a 14 de outubro.

Unidades disponibilizadas

As unidades móveis operarão a partir de 4 de novembro, conforme calendário disponível no site da STDP. São elas: 

energia fotovoltaica;

automação industrial;

couro e calçado;

usinagem CNC (produção de peças de alta precisão);
alimentos;

mecânica de máquinas agrícolas;

construção civil;

mecânica de veículos;

mecânica de refrigeração;

energias renováveis;

soldagem.

Texto: Ascom STDP 
Edição: Secom

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Vacina contra HPV reduz em 58% casos de câncer de colo de útero

 
Imunizante também reduz em 67% as lesões pré-cancerosas graves

Um estudo realizado entre 2019 e 2023, avaliou dados do Sistema Único de Saúde (SUS) de mais de 60 milhões de mulheres a cada ano, com idade de 20 a 24 anos, para analisar o impacto da vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) no Brasil. A pesquisa envolveu cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com apoio da Royal Society e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),

Os resultados indicaram que tomar a vacina reduziu em 58% os casos de câncer do colo do útero e em 67% as lesões pré-cancerosas graves (NIC3).

Publicada pela revista The Lancet, a pesquisa indicou que o efeito da vacina foi consistente mesmo antes da idade indicada para o rastreamento (25 anos). De acordo com os pesquisadores, os resultados demonstram o potencial do imunizante como uma das estratégias mais eficazes de saúde pública para salvar vidas e reduzir desigualdades no acesso à saúde.

“O impacto observado no Brasil confirma que a vacinação contra o HPV é eficaz não apenas em países de alta renda, mas também em contextos com recursos limitados. Esse é um passo fundamental rumo à eliminação global do câncer do colo do útero”, destacam os autores do estudo. A análise foi conduzida pelos pesquisadores da Fiocruz Bahia, Thiago Cerqueira-Silva, Manoel Barral-Netto e Viviane Sampaio Boaventura.

Avanços

Desde 2014, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece a vacina contra o HPV gratuitamente pelo SUS. Em 2024, o Brasil adotou o esquema de dose única, alinhado às evidências científicas mais recentes. Em 2025, novas diretrizes ampliaram a vacinação para adolescentes de 15 a 19 anos, além de grupos prioritários como usuários de PrEP, imunossuprimidos e pacientes com papilomatose respiratória recorrente.

O câncer do colo do útero ainda é o segundo mais comum entre mulheres brasileiras e representa uma das principais causas de mortalidade feminina. A vacinação é uma ferramenta decisiva para reduzir desigualdades em saúde e aproximar o Brasil da meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de eliminar a doença como problema de saúde pública.

Vacina

Estima-se que 50% a 70% das pessoas sexualmente ativas terão contato com o HPV em algum momento da vida. A vacina protege contra até 98% dos tipos oncogênicos mais perigosos.

Vacinar-se contra o HPV é a medida mais eficaz de prevenir a infecção. A vacina é distribuída gratuitamente pelo SUS e é indicada para: meninas e meninos de 9 a 14 anos; mulheres e homens que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos; vítimas de abuso sexual, imunocompetentes, de 15 a 45 anos (homens e mulheres) que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com o esquema incompleto.

Também podem ser imunizados, usuários de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de HIV, com idade de 15 a 45 anos, que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto (de acordo com o preconizado para a idade ou em situação especial); e pacientes portadores de Papilomatose Respiratória Recorrente/PRR a partir de 2 anos de idade.

A vacina contra o HPV está disponível em unidades básicas de Saúde. A vacinação é gratuita. Os centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie) disponibilizam a vacina para pessoas com HIV/Aids, transplantados e pacientes oncológicos de até 45 ano
s.

Fonte: Agência Brasil

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Por que a polinização é importante e quais animais fazem esse papel? Spoiler: não são só as abelhas

Processo pode ser feito por insetos, aves, mamíferos e até sem a presença de animais, sendo essencial para a manutenção de flores e vegetais

Quando se fala em polinização, o que vem à sua mente? Se for uma abelha espalhando um pozinho entre as flores, você está certo: as abelhas são os maiores polinizadores que existem. Mas saiba que, além delas, há vários outros animais que cumprem esse papel na natureza, como outros insetos, além de aves e mamíferos. Além disso, a polinização também acontece pela ação do vento e das águas, que carregam o pólen pela vegetação sem a presença de animais ou humanos. Existem ainda técnicas de polinização artificial, que é feita por humanos, chamada de polinização artificial.

Para entendermos melhor os processos naturais, o Portal do Butantan conversou com a técnica do Laboratório de Coleções Zoológicas do Instituto Butantan, Natália Batista Khatourian, que explica essas e outras questões sobre polinização.


A mosca-zangão-europeia (Eristalis tenax) é um exemplo de polinizadora

1- O que é polinização?

O pólen é um conjunto de minúsculos grãos, geralmente amarelos, que contêm os gametas masculinos das flores. A polinização é o processo de transferência do pólen das anteras (parte do órgão reprodutor masculino) para o estigma (parte do órgão reprodutor feminino) da flor.

Essa transferência pode ocorrer na mesma flor, o que é chamado de autopolinização, ou entre flores diferentes, conhecida como polinização cruzada.

É através da polinização que ocorre a fecundação dos óvulos existentes no estigma, possibilitando a formação de sementes e frutos. Em resumo, é a polinização que permite o surgimento de novas flores e plantas que dão origem a tantas frutas e vegetais deliciosos!


O beija-flor é um exemplo de ave polinizadora

2- Que animais são polinizadores?

A polinização feita por animais tem um nome: zoofilia. A maioria dos polinizadores são insetos, como as abelhas - que de fato são as que polinizam o maior número de espécies –, além de borboletas, vespas, mariposas, besouros, moscas, tripes e até formigas (Camponotus crassus), que se alimentam do pólen e do néctar das flores.

Alguns exemplos de borboletas polinizadoras pertencem às famílias Nymphalidae e Papilionidae.

Algumas mariposas das famílias Sphingidae, Geometridae, Erebidae e do gênero Manduca sp., assim como os besouros das famílias Scarabaeidae e Curculionidae, entre outros, também são capazes de polinizar. Até mesmo algumas moscas, especialmente a mosca-zangão-europeia (Eristalis tenax), têm essa capacidade.

Algumas aves também são polinizadoras. É o caso do beija-flor – a ave que mais poliniza espécies –, periquito, sanhaço, maritaca, entre outras. Até alguns mamíferos, como morcegos e lêmures polinizam ao se alimentar de frutos.

Cada tipo de polinização recebe um nome. A polinização por insetos é chamada de entomofilia (termo que vem de entomon, inseto em grego); a polinização por aves, recebe o nome de ornitofilia (palavra que deriva de órnis, ave em grego); a polinização por morcegos é denominada quiropterofilia (termo que vem da junção das palavras gregas cheir, que significa mão, e pteron, que quer dizer asa, porque o morcego é um mamífero que tem asas e dedos).

Geralmente os animais são atraídos pelas cores vibrantes e pelo odor característico das flores – propriedades que as plantas desenvolveram ao longo de sua evolução justamente para atrair polinizadores. Cada animal vai polinizar determinadas espécies de flor ou vegetação. Ao ir de flor em flor, ele carrega parte do pólen de uma para a outra, permitindo que se mantenha o ciclo de polinização e a reprodução de inúmeras espécies vegetais.



As abelhas são os insetos que mais polinizam espécies


3- Por que a polinização existe mesmo sem animais?

A polinização também pode ocorrer sem uma ajudinha animal, processo chamado de polinização abiótica (que não envolve um ser vivo). Isso pode ocorrer de duas maneiras: pelo vento ou pela água. A polinização por vento é chamada de anemofilia e ocorre naturalmente, quando o vento transporta grãos microscópicos de pólen de uma flor ou agente vegetal para outra. Este tipo de polinização tende a ser mais eficaz em distâncias curtas, como em plantações de milho e trigo, entre pinheiros e cedros e em flores como o dente-de-leão.

Já a polinização por água é chamada de hidrofilia e ocorre entre plantas aquáticas que vivem em áreas alagadas, quando o pólen flutua pela superfície líquida até encontrar o estigma de outra planta. No órgão reprodutor feminino, o pólen germina, desenvolvendo tubos microscópicos e fecundando a planta. Este tipo de polinização não é o mais comum entre as plantas aquáticas, já que insetos também podem polinizar algumas dessas espécies.


4- Qual a importância da polinização na natureza?

A polinização é essencial para ajudar a perpetuar espécies de plantas, o que, consequentemente, influencia na alimentação de muitos outros animais. A manutenção deste ciclo contribui também para garantir o enriquecimento ambiental do local onde ela acontece. Esse enriquecimento ocorre quando as espécies que habitam um determinado lugar vivem da melhor forma possível, ou seja, mantendo suas características e com condições adequadas de sobrevivência.

Um exemplo claro de desequilíbrio ecológico é quando não há presença de certos insetos em área de mata. Este pode ser um indicativo de que há pouco alimento para eles na região, ou seja, uma vegetação empobrecida.

Sendo assim, é muito importante evitar a degradação dos ecossistemas. Ao ver animais polinizadores, como abelhas, borboletas e até mesmo outros insetos que podem incomodar, não tente eliminá-los. Deixe-os fazerem o seu nobre trabalho, que nos garante, além de belas paisagens floridas, vegetais e frutas importantes para a alimentação e para a saúde das pessoas. Os polinizadores têm uma função muito nobre na natureza e cabe a nós ajudá-los neste processo.


Fontes adicionais:
Portal de Educação Ambiental do Estado de São Paulo
Embrapa
Fonte: Instituto Butantan

domingo, 5 de outubro de 2025

Inca estima 73,6 mil novos casos de câncer de mama no Brasil em 2025

 
São estimados 73.610 novos casos este ano no país

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) lançou nesta sexta-feira (3), no mês do Outubro Rosa, que conscientiza sobre o câncer de mama, a publicação Controle de câncer de mama no Brasil: dados e números 2025, com informações sobre incidência, mortalidade, fatores de risco, prevenção, acesso a exames e tratamento para ajudar profissionais de saúde e gestores pelo país.

Segundo o Inca, o câncer de mama é o que mais mata mulheres no Brasil. São estimados 73.610 novos casos este ano. Em 2023, foram contabilizadas mais de 20 mil mortes pela doença no país. Entre 2020 e 2023, houve redução da mortalidade entre mulheres na faixa entre 40 e 49 anos.

De acordo com o relatório, o Sudeste é a região com maior incidência da doença, e Santa Catarina, no Sul, registra a maior taxa entre as unidades da federação. Em relação à mortalidade, as regiões Sul, Sudeste e Nordeste lideram, e as maiores taxas estão em Roraima, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, respectivamente.

A chefe da Divisão de Detecção Precoce e Organização de Rede do Inca, Renata Maciel, disse que nos últimos 3 anos tem melhorado o tempo entre o diagnóstico e o primeiro tratamento, com destaque na Região Sul, que tem o maior percentual de casos tratados em 60 dias.

"A mortalidade em mulheres de 80 anos ou mais tem aumentado e tem reduzido essa mortalidade em idades mais jovens. O maior percentual de mortes está na população entre 50 e 69 anos", disse.

Para Renata, ainda se tem que melhorar a cobertura do rastreamento, que é baixa no Brasil. "Precisamos aumentar essa cobertura para 70%, e hoje a gente tem uma variação em alguns estados do Norte em torno de 5,3% e no Espírito Santo, de 33%. É muito baixo. Nosso foco é centrar esforços nesse rastreamento organizado para que as mulheres façam a mamografia a cada dois anos".

O diretor do Departamento de Atenção ao Câncer do Ministério da Saúde , José Barreto, lembra que o rastreamento e o diagnóstico precoce fazem parte da proposta do programa Agora Tem Especialista, lançado pelo governo federal.

"Estamos com o propósito de redução da fila de espera no tratamento. O tempo é vida no câncer. Incorporamos novos medicamentos", afirmou.

https://www.youtube.com/watch?v=nsuj2aOmLw8&t=396s

Fonte: Agência Brasil

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Governo lança campanha para vacinar crianças e jovens até 15 anos

 

Imunização será realizada de 6 a 31 de outubro em todo o país

O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (1º) uma campanha de multivacinação voltada para crianças e adolescentes de até 15 anos. A estratégia, segundo a pasta, é atualizar a caderneta de jovens que, por algum motivo, ainda não foram imunizados ou que estão com doses atrasadas.

A campanha será realizada de 6 a 31 de outubro em todo o país, com o Dia D agendado para 18 de outubro, um sábado.


“Todas as vacinas do calendário estarão disponíveis. A ideia é oferecer e intensificar a vacinação para todas as vacinas”, explicou o diretor do Programa Nacional de Imunizações, Eder Gatti.

Segundo ele, o ministério fez um repasse financeiro extraordinário no início do ano aos estados e municípios no valor de R$ 150 milhões com o objetivo de financiar ações de multivacinação e estimular a imunização em nível municipal.

Para a campanha, foram distribuídas 6,8 milhões de doses fora a grade regular já enviada aos estados e municípios. Do total de doses, 1,8 milhão são da vacina tríplice viral; 1,6 milhão, da vacina contra a febre amarela; 1,1 milhão, da vacina contra a varicela ou catapora; e 2,3 milhões das demais vacinas que compõem o calendário.

Cobertura vacinal

Dados da pasta indicam que, de janeiro a julho deste ano, a vacina tríplice viral, por exemplo, alcançou quase 91% de cobertura vacinal. Já a dose contra a febre amarela registrou cobertura vacinal de 78%, enquanto a dose contra a varicela registrou a cobertura vacinal mais baixa: 67%.


“A ideia é que, com essa multivacinação, a gente consiga não apenas manter até o final do ano essa cobertura, mas fecharmos o ano com indicadores ainda melhores de cobertura vacinal”, avaliou Eder.

Meu SUS Digital

O aplicativo Meu SUS Digital vai enviar alertas a usuários informando sobre a campanha de multivacinação. A previsão é que mais de 40 milhões de pessoas recebam a notificação. Segundo Eder, serão inseridas ainda funcionalidades como lembretes de doses pendentes e vinculação do cadastro de crianças ao perfil de seus cuidadores.

Febre amarela

De acordo com o secretário, o governo planeja “um esforço adicional” durante a campanha com foco na distribuição de doses contra a febre amarela. “Vamos aproveitar o período da multivacinação e estabelecer a necessidade de se vacinar, não apenas crianças e adolescentes menores de 15 anos, mas também adultos até 59 anos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná”.


“Por isso enviamos doses extras contra a febre amarela – muito concentradas nesses estados – porque temos uma preocupação adicional com esses estados, considerando o último ciclo de casos de febre amarela que tivemos. A ideia é aproveitar que estamos no período pré-sazonal, ou seja, não está acontecendo a doença, para melhorar a cobertura vacinal”, completou.

HPV

Outra ação adicional, segundo Eder, é a imunização contra o HPV. A recomendação da pasta é vacinar crianças e adolescentes de 9 a 14 anos. Atualmente, a cobertura vacinal chega a 82% entre as meninas nessa faixa etária e a 67% entre os meninos da mesma faixa etária.


“Na multivacinação, vamos manter o resgate de pessoas que não se vacinaram durante o período regular de 9 a 14 anos, para que possam se vacinar agora. A vacinação vai continuar aberta, durante a multivacinação, para pessoas de 15 a 19 anos.”

Sarampo

A vacinação contra o sarampo também será intensificada durante a campanha, por meio da distribuição da vacina tríplice viral. A proposta do ministério é vacinar uma faixa etária que vai dos 12 aos 59 anos. “A gente vai dar a oportunidade para que as pessoas que não se vacinaram resgatem a sua dose e coloquem a vacinação em dia”, disse Eder.


“Embora o Brasil seja reconhecido como área livre da doença, já que não temos a livre circulação do vírus no nosso país, infelizmente, a gente observa muitos casos acontecendo em outros países, com destaque para a ascensão da doença aqui no continente americano”.

O surto de sarampo, segundo ele, permanece ainda muito concentrado na América do Norte, sobretudo nos Estados Unidos, no Canadá e no México, que respondem por 7 mil dos 10 mil casos notificados no continente americano. Mas já há casos em países latino-americanos, como Bolívia, Paraguai e o próprio Brasil.


“São casos relacionados à importação, isolados, que estamos trabalhando para conter. E, obviamente, aproveitamos a multivacinação para aumentar a proteção da nossa população e, consequentemente, evitar a reintrodução do sarampo no nosso país”, detalhou Eder.



Dados da pasta mostram que, até o dia 13 de setembro, foram confirmados 31 casos de sarampo no país, enquanto 1.7134 foram descartados.

Fonte: Agência Brasil

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Acidentes com serpentes peçonhentas no Brasil: mais de 31 mil casos em 2024 e trabalhadores rurais como principais vítimas

 


Soro do Butantan para picada de jararaca foi o mais aplicado entre os acidentados; taxa de letalidade praticamente quadruplica quando espera por socorro supera 12 horas


Reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença tropical negligenciada, os acidentes com serpentes peçonhentas continuam sendo um importante desafio de saúde pública no Brasil. Segundo o Painel Epidemiológico do Ministério da Saúde, em 2024 foram 31.735 notificações e 127 mortes em decorrência do problema no país.

Os dados mostram que os trabalhadores rurais estão entre os mais atingidos e que a região Norte concentra as maiores taxas de ocorrência. A população indígena, embora represente menos de 1% dos brasileiros, aparece proporcionalmente mais exposta. Além disso, os atrasos no atendimento médico continuam sendo um dos principais fatores que aumentam o risco de complicações e de óbito.

Impacto dos acidentes na zona rural

A análise do perfil dos acidentados em 2024 mostra que os homens representaram 76% das vítimas, enquanto as mulheres corresponderam a 24%. Já a faixa etária mais atingida foi entre 20 e 49 anos, grupo em idade produtiva.

Dados sobre o território onde os acidentes ofídicos ocorreram indicam uma possível relação do problema com o trabalho desempenhado no campo: 75% das notificações aconteceram em áreas rurais, contra apenas 20% em zonas urbanas. Também corrobora a hipótese o fato de que 18% das notificações ocorreram em contexto laboral, ainda que muitas vezes em ambiente informal – o número pode ser ainda maior, já que quase 13% das fichas não apresentavam a informação.

O local da picada no corpo também ajuda a compor o cenário, uma vez que picadas em pés e pernas correspondem a mais de 60% dos casos. Tal indicador evidencia a possível exposição dos trabalhadores rurais, frequentemente em áreas de roçado ou agricultura de subsistência, em beira de rios, mata fechada e florestas. Em muitos casos, a falta de uso de equipamentos de proteção individual aumenta ainda mais a vulnerabilidade do grupo.

Distribuição dos acidentes ofídicos e perfil das vítimas

Em 2024, a região Norte registrou a maior incidência de acidentes ofídicos, com um total de 9.400 casos e 50,35 atingidos por 100 mil habitantes – o coeficiente representa quase o triplo da média nacional, de 14,86. Considerando os números absolutos, o estado do Pará lidera o ranking com mais de 5 mil vítimas, seguido por Minas Gerais (3.357) e Bahia (3.089).

Outro aspecto relevante diz respeito ao perfil dos acidentados: 61% se autodeclararam pardos, 22% brancos, 8% pretos, 4% indígenas e 1% amarelos.

No caso dos indígenas, embora o percentual de acidentes pareça pequeno em um primeiro momento, o dado ganha peso quando comparado à participação na sociedade: de acordo com o último Censo do IBGE, eles representam menos de 1% da população total do país.

Múltiplos fatores ajudam a explicar a vulnerabilidade do grupo, visto que diversas comunidades indígenas estão localizadas em áreas rurais, florestais e ribeirinhas, sobretudo na região Norte, onde o contato com serpentes, inclusive peçonhentas, é naturalmente mais frequente.

A isso se somam as barreiras logísticas no acesso à saúde: em muitos casos, para chegar a um hospital com estrutura adequada, o paciente precisa enfrentar longas horas de deslocamento fluvial ou rodoviário. Dependendo da época do ano, a via aérea pode representar o único meio para um indivíduo em sua comunidade ou área indígena alcançar um serviço de saúde. Essa demora no atendimento aumenta o risco de complicações e pode ser decisiva para o agravamento do quadro.

Uso dos antivenenos e evolução dos casos

Outro ponto de destaque é o tratamento com antivenenos, reconhecido como a única alternativa terapêutica específica para o envenenamento ofídico. Em 2024, quase 80% dos pacientes receberam algum tipo de soro. Desse total, mais da metade recebeu o soro antibotrópico, utilizado para combater os efeitos da picada de serpentes do gênero Bothrops, como jararaca, jararacuçu, urutu e surucucu.

O Painel Epidemiológico mostra que 56% dos acidentes foram classificados como leves, 30% como moderados e 7% como graves. Entre as complicações mais frequentes estão infecção secundária, insuficiência renal, necrose e, em situações extremas, amputações.

Os números também mostram que o tempo decorrido entre o momento da picada e o atendimento médico é fator determinante: quando o socorro acontece até três horas após o acidente, a taxa de letalidade é de 0,29; porém, se a demora supera 12 horas, o coeficiente salta para 1,13.

Dia Internacional de Atenção aos Acidentes Ofídicos

Celebrada em 19 de setembro, a data busca ampliar a visibilidade para os riscos e impactos das picadas de serpentes em diferentes populações do mundo. Nesse cenário, a OMS tem como meta reduzir em 50% as mortes e incapacidades decorrentes dos envenenamentos até 2030.

No Brasil, o Instituto Butantan tem papel central no enfrentamento do problema, como principal produtor nacional de soros hiperimunes. Em 2024, foram entregues ao Ministério da Saúde mais de 420 mil frascos de antivenenos para o tratamento de agravos em decorrência das mordeduras.

O Butantan produz cinco soros antiofídicos: o antibotrópico, para envenenamento por serpente do gênero Bothrops (jararaca, jararacuçu, urutu, surucucu, comboia); o antibotrópico e antilaquético, para acidentes com serpentes do gênero Bothrops (jararaca) ou Lachesis (surucucu-pico-de-jaca); o anticrotálico, para casos de picadas por serpente do gênero Crotalus (cascavel); o antibotrópico e anticrotálico, para envenenamento por serpentes do gênero Bothrops (jararaca) ou Crotalus (cascavel); e o antielapídico para picadas de serpente do gênero Micrurus (coral verdadeira).


Essa matéria contou com a colaboração e a validação da diretora técnica de produção de soros do Butantan, Fan Hui Wen.

Fonte: Instituto Butantan

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Intoxicação por metanol é diferente do abuso de álcool; veja os sinais

 


Especialistas explicam como identificar essas diferenças

Apesar de quimicamente muito parecido com o etanol - o álcool comum presente nas bebidas -, o metanol tem dinâmica de degradação no corpo humano muito diferente e perigosa, podendo causar danos permanentes ou levar à morte mesmo em doses baixas. Especialistas ouvidos pela Agência Brasil falam sobre os perigos mais comuns e a dinâmica da intoxicação por esse agente.

O metanol não é metabolizado da mesma maneira que o etanol, que compõe as bebidas alcoólicas, O etanol se transforma em molécula conhecida como acetaldeído, que é tóxico mas com a qual o nosso fígado consegue geralmente trabalhar, convertendo-o em ácido acético (o mesmo do vinagre). O ritmo e a capacidade de cada pessoa para lidar com o álcool varia de acordo com fatores como idade, peso e saúde do fígado. Ele pode causar dependência, intoxicação e mesmo a morte, se em quantidades acima da capacidade de metabolismo do organismo, além de ser fator de risco para doenças do fígado, do coração e dos rins.

Para o metanol, a dinâmica segue o mesmo caminho, mas produz formaldeído. Esse composto é transformado em ácido fórmico (encontrado na natureza em algumas formigas, abelhas e plantas). O passo seguinte é seu metabolismo com ácido fólico, gerando água e gás carbônico, o que pode ser muito lento e causar acúmulo em alguns órgãos. Ai começam os problemas: o acúmulo sobrecarrega inicialmente o sistema nervoso, principalmente o nervo óptico, e um dos sintomas mais característicos são as alterações na visão ou mesmo cegueira, que podem ser breves, duradouras ou até permanentes.

O pior dos cenários, porém, é de uma intoxicação severa, onde a concentração de ácido fórmico no sangue leva a uma sobrecarga no metabolismo intracelular, afetando as mitocôndrias. Elas são responsáveis pela geração de energia dentro das células e qualquer coisa que as afete terá impacto em todo o corpo.

Os sintomas iniciais aparecem, em média, de 12 a 14 horas após a ingestão, informou Hanna Flávia Gomes, oftalmologista do CBV-Hospital de Olhos do Distrito Federal, e variam entre dores de cabeça, náuseas e vômitos, dores abdominais, confusão mental, visão turva repentina ou cegueira. Quem tem esses sintomas não irá apresentar necessariamente todos eles, nem irão aparecer em ordem específica.

"É importante procurar um médico logo, pois o tratamento adequado depende dos exames iniciais e da confirmação no laboratório. Doses a partir de 10 ml já podem causar cegueira", alerta a especialista.

Entre os tratamentos possíveis estão o uso de corretores de acidez, como bicarbonato, o tratamento com vitaminas, como ácido fólico e com antídotos, como etanol venoso, ou mesmo a hemodiálise em casos graves, mas não se deve tentar soluções caseiras, pois a situação tende a piorar com o acúmulo no organismo e se agravar em pouco tempo após os primeiros sintomas.

A diferença nos sintomas talvez seja a melhor forma de identificar se a bebida continha uma mistura de etanol e metanol. Enquanto o primeiro gera desconforto e impactos rapidamente, mesmo os mais graves, os sintomas do metanol vão aparecer aos poucos, pois o corpo metaboliza a substância lentamente, explicou o neurocirurgião André Meireles Borba. Os sintomas, segundo ele, tendem a aparecer algumas horas depois da ingestão e vão se agravando.


"Mesmo que você tenha ingerido álcool, se horas depois da ingestão você começar a sentir sintomas que sejam diferentes dos habituais, especialmente se envolvem a alteração da parte visual, deve haver alguma preocupação. Especialmente se os sintomas, em vez de diminuírem, forem piorando ao longo das horas".

Entre os sintomas possíveis estão cegueira, névoa na visão, intolerância à luz e aparecimento de manchas.

Apesar dos sinais relacionados ao nervo óptico serem os mais comuns, Borba esclarece que o mais perigoso são os sintomas do que seria a "intoxicação das mitocôndrias".

"Normalmente, elas fazem a respiração bioquímica, que é a produção de energia dentro das células, por meio do metabolismo do açúcar no sangue (que não é o açúcar que comemos, já é um produto dele, geralmente açúcares menores e gorduras). Esse processo é regulado por um mecanismo bioquímico que envolve sais e é desequilibrado pelo metabólito do metanol, o formaldeído. "Na prática ele 'gruda' no citocromo, o que faz com que pare de funcionar. Se a gente comparar esse funcionamento com o pistão do motor de um carro, é como você encher o pistão de água, e isso impede seu funcionamento", ilustra o médico. É como um processo de asfixia em nível celular, muito difícil de tratar e, a partir de um certo ponto, irreversível. "As células deixam de produzir energia, não tem como a gente trocar isso", conclui.

A orientação dos especialistas, assim como de todos os órgãos técnicos, é procurar o atendimento em serviços de urgência próximos imediatamente. As unidades trabalham com protocolos de triagem e podem diferenciar rapidamente tipos distintos de intoxicação. Mesmo serviços locais de saúde têm redes de referência que podem orientar os profissionais para o atendimento rápido e adequado.

FONTE: Agência Brasil.

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Médicos alertam para cuidados no volante durante gestação e puerpério

 
Recomendações incluem evitar trajetos longos e usar meia de compressão

O início da gestação é comumente marcado por vertigens, náuseas e vômitos, além de cansaço e sonolência. Com a evolução da gravidez, edemas, câimbras e contrações abdominais se somam à lista de sintomas e podem dificultar a concentração necessária para a condução de um veículo. O alerta é da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet).

Durante o 16° Congresso Brasileiro de Medicina do Tráfego, em Salvador, a obstetra e membro da comissão científica da Abramet Lilian Kondo destacou que tanto a gestação quanto o puerpério são períodos que exigem maior atenção da mulher ao assumir o volante.

No caso de motoristas gestantes, as recomendações, segundo ela, incluem: 

evitar trajetos longos;
em caso de mal-estar, parar o veículo e pedir ajuda;
programar paradas frequentes para se alongar e se movimentar;
usar meias de compressão em viagens acima de quatro horas; 
utilizar equipamentos de segurança.

Nesse último quesito, a médica destaca que é recomendado afastar o banco do volante ao máximo, mas de forma que não prejudique a direção, além de utilizar o cinto de segurança de forma que a faixa subabdominal fique o mais baixo possível e nunca por cima da barriga. Já a faixa diagonal deve ser posicionada passando lateralmente ao útero.

Para puérperas, não há prazo definido para o retorno à condução de veículos. Alguns países, segundo Lilian, orientam aguardar de duas a seis semanas.

“A condição essencial é que a mulher esteja fisicamente e emocionalmente apta e sem fazer uso de medicamentos que prejudiquem a condução”.

Fonte: Agência Brasil

Estudo mostra que demarcar terras indígenas melhora saúde da população

 
Doenças respiratórias e infecciosas aumentam onde há menos proteção

Um estudo liderado por pesquisadoras brasileiras juntou dados dos primeiros 20 anos deste século e concluiu que as Terras Indígenas, principalmente as legalizadas, tem impacto real na mitigação de doenças causadas por queimadas e nas doenças infecciosas tropicais em cidades localizadas a um raio de até 500 quilômetros de distância.

A análise foi possível após uma coleta de dados extensa, que incluiu os nove países que compõem a região amazônica. Em um estudo paralelo, as pesquisadoras avaliaram o impacto das terras indígenas na Mata Atlântica, com resultado semelhante.

"Nossas descobertas reforçam a importância do reconhecimento legal das Terras Indígenas (TIs), não apenas para conter o desmatamento, mas também para melhorar a saúde humana local", diz o estudo, publicado este mês na revista científica Nature.

"O equilíbrio entre os modos de vida tradicionais autóctones e a sustentabilidade dos recursos naturais é frágil e pode ser enfraquecido por mudanças socioeconômicas e ambientais, levando potencialmente ao colapso das populações animais e ameaçando a dinâmica ecológica essencial para preservar o surgimento de doenças."


Fumaça de queimadas

A pesquisa, liderada por Julia Barreto, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), e por Paula Prist, do Forests and Grassland Program, da União Internacional pela Conservação da Natureza, instituto de pesquisa sediado em Washington (EUA), avaliaram dados entre os anos 2000 e 2019, analisando o impacto de material particulado proveniente das queimadas com dimensões inferiores a 2,5 micrômetros.

A escolha por este poluente tem relação com o impacto que ele provoca na saúde: irrita mucosas, afeta a respiração, causando doenças respiratórias, e se acumula no sistema sanguíneo, aumentando a incidência de doenças cardiovasculares, explicou Paula Prist. Além disso esse material viaja a até 500 quilômetros de distância dos focos de queimadas, carregado pelos ventos.

"A gente acaba usando duas maneiras de tentar entender de uma maneira mais completa o que ocorreu. Fazemos inferências a partir de grandes extensões de dados, no tempo e no espaço. O ideal é quanto mais tempo e mais espaço se tem, mais podemos enriquecer o nosso modelo, inclusive quando pensamos no método de estatística usado. Isso enriquece a base de dados, embora seja um desafio pois aumenta a complexidade do que temos de analisar", explicou Julia Barreto à Agência Brasil.

"A maior importância disso é a de que, quanto mais anos a gente tem, menor fica a variação decorrente de anos atípicos. Dessa forma os diferentes fatores que afetam o cenário – político, social, pandemia, ciclos de clima – impactam menos no nosso resultado. A série temporal longa permite mais acurácia na pesquisa, com uma resposta mais robusta", complementa Paula Prist.

Com estes dados iniciais as pesquisadores estabeleceram uma rede de colaboração com cientistas dos demais países que formam a Amazônia: Colômbia, Venezuela, Equador, Peru, Bolívia, Suriname, Guiana Francesa e Guiana.

A rede buscou dados que pudessem ser comparados sobre doenças causadas por poluição e por agentes infecciosos, como a malária, a Leishmaniose e o Hantavírus. Também cruzaram informações sobre populações indígenas nos nove países, em terras legalmente protegidas ou não.

Resultados

As conclusões apontam que as TIs protegidas legalmente diminuem o impacto de queimadas, seja na quantidade de focos, seja na extensão do dano (área queimada e quantidade de material emitido), além de terem impacto na disseminação das doenças infecciosas.

"Analisamos a população inteira da Amazônia. Precisa-se de muito mais floresta para proteger um município degradado. O contexto do município é importante nessa equação. A Terra Indígena protegida equilibra toda a região", explica Paula Prist.

O trabalho confirmou a hipótese de que os territórios indígenas legalmente reconhecidos oferecem maiores benefícios colaterais para a saúde humana devido à eventual redução da exploração e à maior integridade florestal em comparação com as terras indígenas não reconhecidas.

A associação entre essas terras e os benefícios à saúde foram classificadas como complexas, não lineares e variando de acordo com as doenças estudadas. Dessa forma diferentes configurações de preservação (áreas maiores ou menores, mais ou menos densas) têm influência diferente de acordo com vetores e características dos agentes causadores das moléstias.

Para as doenças respiratórias, ampla maioria dos casos analisados, a relação é bem direta: quanto maior a integridade e extensão das áreas de floresta menor é o impacto na saúde dos moradores.

Um dado interessante levantado no estudo é o de que municípios com maior devastação nas áreas fora das terras indígenas precisam mais destas reservas para compensar os impactos de queimadas. Em municípios com áreas preservadas abaixo de 40% essa influência decai a ponto de ser residual, principalmente para as doenças infecciosas.

Um dos mecanismos que o estudo observou é o de que as áreas florestais e, particularmente, os territórios indígenas, podem desempenhar um papel fundamental na mitigação da poluição do ar, removendo o material particulado do ambiente por meio do processo de deposição seca.

Portanto, proteger mais áreas florestais sob o manejo dos povos indígenas poderia reduzir significativamente os poluentes atmosféricos e melhorar os resultados de saúde humana.

Outros fatores, como a estrutura da paisagem e a perda remanescente de biodiversidade, mas também a exposição humana, o comportamento e fatores socioeconômicos são importantes nessa dinâmica, mas necessitam de estudos locais para se transformar em políticas públicas de saúde.

"Uma mensagem central do trabalho é que a gente trouxe mais uma evidência do papel dos territórios indígenas e de sua proteção. A importância desses territórios está além do reconhecimento do direito ancestral. Eles têm um papel sobre a saúde humana, com evidências de seus benefícios", conta Julia Barreto.

A pesquisadora destaca que o alcance dos benefícios para a saúde vai além dos indígenas que moram nos territórios demarcados, beneficiando moradores de cidades próximas.

"Nos nossos dados e em outros trabalhos percebemos um impacto também na proteção desses territórios na saúde das populações próximas. As TIs têm um serviço ambiental importante, uma capacidade de tornar paisagens mais saudáveis para toda a região", conclui Julia.

A pesquisadora do IEA citou ainda a importância da rede formada no levantamento e da qualificação dos dados:

"Foi uma parte muito rica e muito legal desse trabalho, levantando questões que podem ser respondidas mais a frente."

Os dados levantados pela rede estão disponíveis gratuitamente para outros grupos, como forma de devolver à sociedade a oportunidade de trabalhar o tema e reconhecimento do papel colaborativo da ciência.

Fonte: Agência Brasil


sábado, 27 de setembro de 2025

Transporte: melhor lugar de criança no carro é o meio do banco de trás

 
Essa atitude pode aumentar em 24% a segurança do menor

O melhor local para instalar um dispositivo de segurança para o transporte de crianças é o meio do banco de trás do veículo. De acordo com o diretor científico da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), Flavio Adura, transportar a criança no centro do banco traseiro pode aumentar em 24% a segurança do menor.

Durante o 16º Congresso Brasileiro de Medicina do Tráfego, em Salvador, ele destacou que não há diferença significativa quanto ao risco entre o posicionamento da criança no lado direito ou no lado esquerdo do banco de trás do veículo. Além disso, a escolha correta do dispositivo pode reduzir em 60% o risco de morte de crianças em acidentes de trânsito.

Adura lembrou ainda que crianças só devem andar no banco da frente a partir dos 10 anos ou ao atingirem altura mínima de 1,45 metro, quando já não necessitam de nenhum tipo de dispositivo. As exceções incluem casos onde o carro só conta com o banco dianteiro e casos onde todos os assentos do banco de trás já estão ocupados por crianças.

“Nessas situações, o dispositivo de segurança apropriado para a idade deve ser mantido, o airbag do passageiro da frente deve ser desligado e o banco deve ser ajustado o máximo possível para trás”, explicou. Em carros com quatro crianças, a mais alta e não necessariamente a mais velha deve ser transportada no banco da frente.

O diretor científico da Abramet destacou também que, em carros fabricados antes de 1988 e que não tem cinto de três pontos no banco de trás, a orientação é transportar a criança no banco da frente, onde o cinto de três pontos está disponível, utilizando o dispositivo apropriado para a idade e mantendo as orientações de desligar o airbag e recuar o banco o máximo possível.

Fonte: Agência Brasil

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Veto a celular leva 80% dos alunos a prestar mais atenção nas aulas

 
Pesquisa ouviu 2.840 alunos, 348 professores e 201 gestores no país

Mais de 80% dos estudantes brasileiros afirmam que têm prestado mais atenção nas aulas depois da restrição ao uso de celulares em salas de aula.

A percepção de impacto positivo é maior nos anos iniciais do Ensino Fundamental I, com 88% afirmando prestar mais atenção nas aulas. No Ensino Médio, 70% disseram perceber mudanças para melhor sem os celulares.

Os dados fazem parte de pesquisa realizada pela Frente Parlamentar Mista da Educação, em parceria com o Equidade.info, iniciativa do Lemann Center da Stanford Graduate School of Education.

O estudo mostra, também, que 77% dos gestores e 65% dos professores relataram diminuição do bullying virtual dentro das escolas. Entre os alunos, entretanto, apenas 41% afirmaram sentir essa mudança, o que sugere que parte dos conflitos pode não estar sendo reportado pelos estudantes ou percebido por professores e gestores escolares.

TÉDIO CRESCE


Segundo os dados do levantamento, 44% dos alunos disseram sentir mais tédio durante os intervalos e os recreios. Esses números são mais elevados entre estudantes do Ensino Fundamental I (47%) e do período matutino (46%). Além disso, 49% dos professores relataram aumento de ansiedade entre os alunos com a ausência do uso do celular.

Em relação ao comportamento dos estudantes, o Nordeste aparece como destaque positivo, representando 87% dos avanços. O Centro-Oeste e o Sudeste são as regiões com o menor índice de melhora no ambiente escolar, com 82% indicando que a eficácia das medidas tende a variar segundo fatores regionais.

“Proteger nossos estudantes do uso do celular em sala de aula é garantir um ambiente mais saudável e focado no aprendizado. O resultado que vemos hoje é a confirmação de que a educação precisa ser prioridade, com políticas que cuidem do presente e preparem o futuro dos nossos jovens”, disse o presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação, deputado Rafael Brito.

A presidente do Equidade.info, Claudia Costin, ressaltou que a pesquisa mostra avanços positivos no foco e na atenção dos alunos, mas as questões como tédio, ansiedade e bullying, ainda muito presentes entre os estudantes, indicam que ainda há desafios a serem enfrentados.

“Houve uma queda significativa no bullying virtual na visão dos gestores, mas é crucial ouvirmos os estudantes que ainda sentem o problema. Ou seja, a conclusão é que a restrição foi positiva, mas sozinha não basta: as escolas precisam criar alternativas de interação e estratégias específicas para cada idade", avalia.

ESTRATÉGIAS

Segundo o coordenador do Equidade.info e docente da Stanford Graduate School of Education, responsável pela pesquisa, Guilherme Lichand, os dados reforçam a necessidade de estratégias diferenciadas por faixa etária e rede de ensino, além do desenvolvimento de práticas pedagógicas que mantenham os estudantes engajados e promovam seu bem-estar mesmo sem o celular em sala de aula.

“Os resultados confirmam que a regulação do uso de celulares trouxe ganhos importantes para o aprendizado. Mais do que limitar o uso do telefone celular, a lei abre espaço para repensarmos como a escola se conecta com os alunos. O próximo passo é garantir que a aplicação da lei seja efetiva em todas as etapas, respeitando as particularidades de cada contexto escolar. Assim, conseguiremos transformar a medida em uma política duradoura, que una foco acadêmico e bem-estar dos estudantes”, enfatiza.

A lei que proíbe o uso de celular dentro das escolas pelos alunos foi sancionada em janeiro de 2025 após aprovação no Congresso Nacional.

O estudo ouviu 2.840 alunos, 348 professores e 201 gestores em escolas públicas municipais, estaduais e privadas de todas as regiões do país, entre maio e julho de 2025.

Fonte: Agência Brasil

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Ministério da Saúde passa a recomendar mamografia a partir dos 40 anos

 

Faixa de 40 a 49 anos concentra 23% dos casos de câncer de mama


O Ministério da Saúde passou a recomendar o acesso a mamografia, via Sistema Único de Saúde (SUS), para mulheres de 40 a 49 anos – mesmo que não haja sinais ou sintomas de câncer de mama. De acordo com a pasta, a faixa etária concentra 23% dos casos da doença, e a detecção precoce aumenta as chances de cura.

Até então, a orientação era que o exame fosse feito a partir dos 50 anos.

A medida faz parte de um conjunto de ações anunciadas nesta terça-feira (23) voltado para a melhoria do diagnóstico e da assistência. A recomendação para mulheres a partir dos 40 anos é que o exame seja feito sob demanda, em decisão conjunta com o profissional de saúde.

“A paciente deve ser orientada sobre os benefícios e desvantagens de fazer o rastreamento. Mulheres nesta idade tinham dificuldade com o exame na rede pública de saúde por conta da avaliação de histórico familiar ou necessidade de já apresentar sintomas”, informou o ministério em nota.

As mamografias via SUS em pacientes com menos de 50 anos, de acordo com a pasta, representam 30% do total, o equivalente a mais de 1 milhão apenas no ano de 2024.

Rastreamento ativo

Outra medida anunciada é a ampliação da faixa etária para o rastreamento ativo – quando a mamografia é solicitada de forma preventiva a cada dois anos. A idade limite, até então, era 69 anos. Agora, passa a ser 74 anos. Dados do ministério revelam que quase 60% dos casos de câncer de mama estão concentrados entre 50 e 74 anos.

“A ampliação do acesso à mamografia aproxima o Brasil de práticas internacionais, como as adotadas na Austrália, e reforça o compromisso em garantir diagnóstico precoce e cuidado integral às mulheres brasileiras. O câncer de mama é o mais comum e o que mais mata mulheres, com 37 mil casos por ano”, reforçou a pasta.

Os números mostram que, em 2024, cerca de 4 milhões de mamografias para rastreamento e 376,7 mil exames diagnósticos foram realizados no SUS.

Unidades móveis

O ministério anunciou ainda a oferta de 27 carretas de saúde da mulher em 22 estados por meio do programa Agora Tem Especialistas. A ação é voltada para a expansão do acesso a consultas, exames e cirurgias com o objetivo de reduzir o tempo de espera para atendimento no SUS.

Os primeiros testes foram realizados em Goiânia. No próximo mês, as carretas seguem para diferentes estados do país. A expectativa é alcançar até 120 mil atendimentos ao longo de outubro, com investimento de R$ 18 milhões para a execução da ação.

“As unidades móveis vão oferecer uma ampla gama de serviços para o diagnóstico precoce de câncer de mama e de colo do útero, incluindo mamografia, ultrassonografia, punção e biópsia de mama, colposcopia e consultas médicas presenciais e por telemedicina”, informou a pasta.

Biópsia

Outra iniciativa é a aquisição de 60 kits de biópsia, cada um com uma mesa de biópsia estereotática em decúbito ventral e um equipamento de raio-X especializado. Os equipamentos, segundo ministério, utilizam tecnologia de imagem 2D e 3D, garantindo maior precisão diagnóstica e reduzindo a necessidade de repetição de procedimentos.

Medicamentos mais modernos

A partir de outubro, o SUS vai disponibilizar também novos medicamentos para o tratamento do câncer de mama. Um deles é o trastuzumabe entansina, indicado para mulheres que ainda apresentam sinais da doença mesmo após a primeira fase do tratamento com quimioterapia antes da cirurgia.

Outro grupo de medicamentos inclui os inibidores de ciclinas (abemaciclibe, palbociclibe e ribociclibe), recomendados para pacientes com câncer de mama avançado ou metastático – quando a doença já se espalhou para outras partes do corpo – e que têm receptor hormonal positivo e negativo.

Fonte: Agência Brasil


sábado, 20 de setembro de 2025

Pressão 12 por 8 passa a ser considerada pré-hipertensão

 
Objetivo da reclassificação é identificar indivíduos em risco

Uma nova diretriz brasileira de manejo da pressão arterial passa a considerar a aferição 12 por 8 não mais como pressão normal, mas como indicador de pré-hipertensão. O documento foi elaborado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Nefrologia e pela Sociedade Brasileira de Hipertensão.

De acordo com a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025, a reclassificação tem como objetivo identificar precocemente indivíduos em risco e incentivar intervenções mais proativas e não medicamentosas no intuito de prevenir a progressão do quadro de hipertensão dos pacientes.

A partir de agora, portanto, para que a aferição passe a ser considerada pressão normal, ela precisa ser inferior a 12 por 8. Valores iguais ou superiores a 14 por 9 permanecem sendo considerados quadros de hipertensão em estágios 1, 2 e 3, a depender da aferição feita pelo profissional de saúde em consultório.

Nas redes sociais, a Sociedade Brasileira de Cardiologia avaliou o documento como fundamental no sentido de orientar a prática clínica de cardiologistas em todo o país. “Atualização essencial para quem busca fazer medicina baseada em evidências e alinhada às recomendações mais recentes”, postou a entidade

Fonte: Agência Brasil

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

SUS fará teste para diagnóstico precoce de autismo aos 16 meses

 
Nova linha de cuidado para TEA foi lançada pelo Ministério da Saúde

Profissionais da atenção primária vão passar a realizar o teste que detecta sinais de transtorno do espectro autista (TEA) em todas as crianças com idade entre 16 e 30 meses, como parte da rotina de avaliação do desenvolvimento. A orientação consta na nova linha de cuidado para TEA, lançada nesta quinta-feira (18) pelo Ministério da Saúde.

A expectativa, segundo a pasta, é que as intervenções e estímulos a esses pacientes ocorram antes mesmo do diagnóstico ser fechado. “A atuação precoce é fundamental para a autonomia e a interação social futura”, destacou o ministério em nota.


“Pela primeira vez, o ministério estabelece uma linha de cuidado para o TEA. O centro dela, a recomendação mais importante, é o esforço do diagnóstico precoce no início dos cuidados e intervenções”, avaliou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Para o ministro, a nova linha de cuidados é um instrumento potente e abrangente.


"Para que a gente faça não só o diagnóstico mais precoce possível, mas o cuidado e as intervenções mais precocemente. Não precisa fechar o diagnóstico para começar as ações. Tem um impacto muito grande no desenvolvimento dessas crianças”, completou.

Números

O governo estima que 1% da população brasileira viva com TEA. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que 71% dessa população apresentam ainda outras deficiências, o que, de acordo com o ministério, reforça a necessidade de ações integradas via Sistema Único de Saúde (SUS).

“A nova linha de cuidado lançada pelo Ministério da Saúde orienta gestores e profissionais de saúde sobre como deve funcionar a rede, da atenção primária aos serviços especializados, com foco no rastreio precoce e no início imediato da assistência”, reforçou o ministério.

Teste

O teste de triagem para TEA, conhecido como M-Chat, identifica sinais de autismo em crianças já nos primeiros anos de vida. Por meio da detecção precoce, a ideia é que os profissionais possam encaminhar e orientar as famílias em relação aos estímulos e intervenções necessários caso a caso.

O questionário está disponível na Caderneta Digital da Criança e também no prontuário eletrônico E-SUS. Já os estímulos e terapias para crianças com sinais de TEA foram disponibilizados na edição atualizada do Guia de Intervenção Precoce, que deve ser colocado em consulta pública a partir de hoje.

Tratamento individualizado

Outra proposta do ministério envolve o fortalecimento do Projeto Terapêutico Singular (PTS), que prevê um plano de tratamento e individualizado, construído entre equipes multiprofissionais e as famílias.

“A nova linha de cuidado também orienta sobre os fluxos de encaminhamento, esclarecendo quando o paciente atendido nos Centros Especializados em Reabilitação (CER) deve ser encaminhado a outros serviços, como os de saúde mental, caso o paciente apresente algum sofrimento psíquico”, destacou a pasta.

Acolhimento e suporte


A nova linha de cuidado para TEA também destaca a importância do acolhimento e do suporte às famílias, reconhecendo o papel central dos pais e cuidadores no desenvolvimento infantil.

As ações incluem orientação parental, grupos de apoio e capacitação de profissionais da atenção primária com o objetivo de estimular práticas no ambiente domiciliar de forma a complementar o trabalho das equipes multiprofissionais.

“Com isso, busca-se reduzir a sobrecarga das famílias e promover vínculos afetivos mais saudáveis”, acrescentou o ministério, que articula a implementação do programa de treinamento de habilidades para cuidadores, da Organização Mundial da Saúde (OMS), para famílias com crianças com TEA ou atraso no desenvolvimento.

Fonte: Agência Brasil

Camada de ozônio deve ter recuperação total nas próximas décadas

 
Buraco sobre a Antártida foi menor que nos últimos anos

A camada de ozônio da Terra apresentou sinais de recuperação em 2024, segundo o Boletim de Ozônio da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

O documento foi divulgado nesta terça-feira (16), Dia Mundial do Ozônio e marco dos 40 anos da Convenção de Viena, evento que reconheceu a redução do ozônio estratosférico como um problema global.

O boletim aponta que o buraco sobre a Antártida foi menor que nos últimos anos e credita a melhora à ação científica e internacional coordenada.

Caso as atuais políticas sejam mantidas, a expectativa é que a recuperação total ocorra até 2066 na Antártida, até 2045 no Ártico e até 2040 no restante do mundo.


“A Convenção de Viena e seu Protocolo de Montreal tornaram-se um marco de sucesso multilateral. Hoje, a camada de ozônio está se recuperando. Essa conquista nos lembra que, quando as nações acatam os alertas da ciência, o progresso é possível”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.

O Protocolo de Montreal é um tratado internacional de 1989 que prevê a eliminação da produção e do consumo das substâncias responsáveis pela destruição do ozônio. Segundo a OMM, ele levou à eliminação de mais de 99% das substâncias nocivas, utilizadas em sistemas de refrigeração, ar-condicionado, espumas e até sprays.

A recuperação da camada aos níveis da década de 1980 deve reduzir riscos de câncer de pele, catarata e danos a ecossistemas causados pela radiação ultravioleta.

A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, destacou o papel da ciência no processo.

“A pesquisa científica da OMM sobre a camada de ozônio remonta a décadas. Ela é sustentada pela confiança, colaboração internacional e compromisso com a livre troca de dados – todos pilares do acordo ambiental mais bem-sucedido do mundo”, disse.

Buraco da Antártida em 2024

Segundo a OMM, a profundidade do buraco na camada de ozônio sobre a Antártida ficou abaixo da média de 1990 a 2020, com déficit máximo de 46,1 milhões de toneladas em 29 de setembro de 2024. Foi menor do que os buracos relativamente grandes entre 2020 e 2023.

Matt Tully, presidente do Grupo Consultivo Científico da OMM sobre Ozônio e Radiação Solar UV, lembrou que o trabalho não está concluído.

“Apesar do grande sucesso do Protocolo de Montreal nas décadas seguintes, este trabalho não está concluído, e ainda há uma necessidade essencial de que o mundo continue monitorando sistematicamente e cuidadosamente tanto o ozônio estratosférico quanto as substâncias que destroem a camada de ozônio e seus substitutos”, disse Tully.

Além do Protocolo de Montreal, a Emenda de Kigali de 2016, ratificada por 164 partes, prevê a redução gradual de hidrofluorcarbonetos, gases de efeito estufa usados como substitutos das substâncias nocivas à camada de ozônio.

A medida pode evitar até 0,5°C de aquecimento global até o fim do século.

Fonte: Agência Brasil

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Sete em cada 10 alunos do ensino médio usam IA generativa em pesquisas

 

Apenas 32% receberam orientação na escola sobre uso dessa tecnologia

Sete em cada dez estudantes brasileiros do ensino médio usuários da internet utilizam ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa, como o ChatGPT e o Gemini, para realizar pesquisas escolares. Apesar disso, poucos deles (apenas 32% do total) receberam alguma orientação nas escolas sobre como utilizar de forma segura e responsável essa tecnologia.

As informações fazem parte da 15ª edição da pesquisa TIC Educação, que foi divulgada na manhã de hoje (16) pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). O núcleo foi criado para implementar projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), que é o responsável por coordenar e integrar as iniciativas e serviços da internet no país.

Nesta primeira coleta de dados, 37% dos estudantes de ensino fundamental e médio disseram usar esse tipo de ferramenta na busca de informações. Entre os alunos dos anos finais do ensino fundamental, a proporção sobe para 39% e entre os estudantes do ensino médio chega a 70%.

"O dado evidencia novas práticas de aprendizagem adotadas pelos adolescentes”, explicou Daniela Costa, coordenadora do estudo.


“Tais recursos requerem novas formas de lidar com a linguagem, de pensar a curadoria de conteúdos e de compreender a informação e o conhecimento”, ressaltou.

Segundo ela, as escolas já estão se adaptando a esse novo uso e passando a debater com os pais o uso de IA Generativa pelos alunos.

De acordo com dados da pesquisa, as regras sobre o uso de IA generativa por alunos e professores nas atividades escolares já é pauta de reuniões dos gestores com professores, pais, mães e responsáveis.

"68% dos gestores escolares dizem que realizaram reunião com professores e outros funcionários e 60% com pais, mães e responsáveis sobre o uso de tecnologias digitais nas escolas. Regras sobre o uso de celulares nas instituições foram uma das principais pautas desses encontros, mas regras sobre o uso de ferramentas de IA pelos alunos ou pelos professores são citadas por 40% dos gestores”, explicou.

Apesar de a maioria dos estudantes brasileiros de ensino médio já usar ferramentas de IA Generativa em seus trabalhos escolares, poucos deles (apenas 32% do total) receberam alguma orientação nas escolas sobre como utilizar essa tecnologia, o que seria extremamente importante, defendeu a coordenadora do estudo.

“O principal ponto é que essas práticas de busca de informações baseadas em IA trazem novas demandas para as escolas no que diz respeito a orientar os alunos sobre a integridade da informação, a autoria e sobre como avaliar fontes de informação", destacou a coordenadora.

"Além disso, é importante também que os alunos saibam como se valer desses recursos para construir o próprio conhecimento e ampliar as suas estratégias de aprendizagem, além de receber uma resposta pronta e considerá-la como única resposta possível, a mais adequada ou a verdadeira”, disse, em entrevista à Agência Brasil.

Esta foi a primeira vez que a TIC Educação investigou os recursos adotados pelos estudantes na realização de pesquisas escolares. O levantamento foi feito entre agosto do ano passado e março deste ano por meio de entrevistas realizadas com 945 gestores e 864 coordenadores em 1.023 escolas públicas e privadas. A pesquisa também ouviu 1.462 professores e 7.476 alunos, tanto de escolas rurais quanto urbanas de todo o país. Os resultados estão disponíveis no site do levantamento.

CELULARES

A pesquisa TIC Educação foi realizada enquanto estava sendo promulgada a Lei 15.100, de janeiro deste ano, que passou a restringir o uso de dispositivos móveis, como celulares nas escolas.

Apesar disso, a pesquisa já começou a demonstrar a mudança de uso nas regras de aparelhos celulares dentro das escolas. Em 2023, por exemplo, 28% das instituições proibiam o uso do telefone celular pelos alunos e 64% permitiam o uso apenas em alguns espaços e horários. Em 2024, a proporção de escolas que não permitem o uso do dispositivo aumentou para 39%, enquanto a permissão em alguns espaços e horários diminuiu para 56%.

"Os indicadores confirmam a tendência de redução de uso de telefones celulares pelos alunos, especialmente entre os estudantes de escolas localizadas em áreas rurais (de 47% para 30%), de escolas municipais (de 32% para 20%) e particulares (de 64% para 46%)”, explicou a coordenadora da pesquisa TIC Educação.

Segundo ela, essa mesma tendência é observada nas escolas particulares, que vêm diminuindo o uso de tecnologias digitais, inclusive nos espaços escolares. “A proporção de escolas particulares com disponibilidade de acesso à internet na sala de aula passou de 70% em 2020 para 52% em 2024”, disse Daniela à Agência Brasil.

CONECTIVIDADE NAS ESCOLAS


A pesquisa também apontou que quase a totalidade das escolas brasileiras (96% do total) possui acesso à internet. Esse acesso cresceu principalmente nas instituições municipais (que passaram de 71% de acesso em 2020 para 94% em 2024) e nas escolas rurais (que passou de 52% para 89% nesse mesmo período).


No entanto, embora a conectividade tenha crescido, as desigualdades nesse acesso permanecem presentes. Se nas escolas estaduais, 67% dos alunos utilizam a internet para fazer atividades solicitadas pelos professores, na rede municipal, a proporção é de apenas 27%.

No caso das instituições de educação básica municipais, por exemplo, 75% dispõem de, pelo menos, um espaço com conexão à Internet para uso dos alunos, mas apenas 51% delas têm computadores para atividades educacionais e 47% contam com acesso à Internet e dispositivos para os estudantes.

“O acesso à internet tem se disseminado entre as escolas de ensino fundamental e médio”, diz a coordenadora do estudo.

Em 2020, 52% das escolas rurais contavam com acesso à rede, proporção que passou para 89% na edição 2024.

"No entanto, a disponibilidade de dispositivos digitais, como computadores, ainda é um grande desafio para as instituições, especialmente nas escolas rurais e municipais de pequeno porte. Entre 2022 e 2024, a presença de ao menos um computador para uso dos alunos nas escolas rurais diminuiu, passando de 46% para 33%”, explicou.

Para ela, essas desigualdades só poderão ser reduzidas a partir de “melhor entendimento sobre o papel das tecnologias digitais nos processos de ensino e aprendizagem” e também com “iniciativas que permitam a equalização de oportunidades entre os estudantes de diferentes contextos”.

FORMAÇÃO DOCENTE


Além disso, a pesquisa revelou que, nos últimos anos, caiu o número de professores que participaram de formação voltada ao uso de tecnologia digital nos processos de ensino e de aprendizagem. Se em 2021, cerca de 65% dos professores dizia ter feito algum curso de formação sobre tecnologia digital, em 2024 esse número caiu para 54%. A queda foi ainda maior entre os professores da rede pública municipal, que passou de 62% em 2021 para apenas 43% no ano passado.


Para a coordenadora do estudo, o acesso dos professores a cursos de formação, apoio e atualização seria essencial, “especialmente em um contexto de mudanças nas formas de lidar com a aprendizagem, como a inserção de tecnologias emergentes – entre elas a IA, nas práticas pedagógicas”.

Essa formação também é importante porque permitiria que os professores orientassem melhor seus alunos para o uso seguro, crítico, responsável e criativo das tecnologias digitais. Segundo Daniela, esse foi um dado comprovado pela pesquisa: a maior parte dos docentes que realizaram desenvolvimento profissional (67% do total) mencionou que a atividade contribuiu para melhor orientar os alunos sobre o uso dessas tecnologias.

Fonte: Agência Brasil

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Brasil produzirá vacina contra vírus sincicial respiratório

 
Imunizante deve começar a ser distribuída no SUS em novembro

O Ministério da Saúde anunciou  uma parceria de transferência de tecnologia entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Pfizer para a produção nacional da vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), uma das principais causas de infecções respiratórias graves em bebês, incluindo quadros de bronquiolite.

A previsão é que as primeiras 1,8 milhão de doses sejam entregues até o fim deste ano. Em fevereiro, a pasta já havia confirmado a incorporação do imunizante ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Com o acordo, a distribuição da vacina contra o VSR na rede pública, para gestantes e bebês, deve começar na segunda quinzena de novembro.

Devem ser imunizadas, por meio de dose única, gestantes a partir da 28ª semana de gravidez. A vacinação materna, segundo o ministério, favorece a transferência de anticorpos para o bebê, contribuindo para a proteção nos primeiros meses de vida, período de maior vulnerabilidade ao VSR.

"O VSR é uma das maiores causas de hospitalizações em UTI, nos primeiros 6 meses de vida e justamente nos primeiros meses o risco é muito mais alto. Eu vejo muitas mulheres com medo, adiando as vacinas da gestação, mas elas são seguras, não geram nenhuma má formação, não trazem nenhum prejuízo para a gravidez e também não oferecem risco de aborto ou parto prematuro", esclarece a diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações Isabela Ballalai.

De acordo com o ministério, o vírus é responsável por 80% dos casos de bronquiolite e por 60% dos casos de pneumonias em crianças menores de 2 anos. A cada cinco crianças infectadas, uma precisa de atendimento ambulatorial e, em média, uma em cada 50 acaba hospitalizada no primeiro ano de vida.

Dados da pasta mostram ainda que, no Brasil, cerca de 20 mil bebês menores de um ano são internados anualmente. O risco é mais elevado entre prematuros, cuja taxa de mortalidade é sete vezes maior do que em crianças nascidas a termo — grupo que representa 12% dos nascimentos no país.

“A vacina tem potencial para prevenir cerca de 28 mil internações por ano, oferece proteção imediata aos recém-nascidos e beneficiará aproximadamente 2 milhões de bebês nascidos vivos”, informou o comunicado.

Esclerose múltipla

O Brasil também passará a produzir, por meio de parceria de desenvolvimento produtivo (PDP), o natalizumabe, medicamento biológico usado no tratamento da esclerose múltipla. De acordo com o ministério, a transferência de tecnologia será feita pela farmacêutica Sandoz para o Instituto Butantan.

“A vulnerabilidade do país na oferta de insumos durante a pandemia de covid-19 e os recentes episódios relacionados a aplicação de tarifas abusivas às exportações brasileiras reforçam a importância da soberania do SUS para garantir o acesso da população a medicamentos e tratamentos”, avaliou a pasta em nota.

O natalizumabe é indicado a pacientes com a forma remitente-recorrente de alta atividade, que corresponde a cerca de 85% dos casos, e que não responderam de forma adequada a outros tratamentos. O medicamento é ofertado no SUS desde 2020, mas atualmente há apenas um único fabricante com registro no país.

A esclerose múltipla é uma doença autoimune que compromete o sistema nervoso central e afeta principalmente adultos jovens, com idade entre 18 e 55 anos. É caracterizada pela desmielinização da bainha de mielina, que possibilita a condução de impulsos elétricos responsáveis pelo controle das funções do organismo.

Fonte: Agência Brasil