Dos resíduos que geramos em casa – o lixo de cozinha ou de banheiro –, quase metade é de orgânicos: cascas e restos de alimentos, café, erva mate etc (veja tabela). Esse material tem potencial para ser “reciclado” por um processo natural de decomposição da matéria orgânica, que terá como resultado adubo natural para o solo. O nome disso é compostagem, que pode ser feita de diferentes maneiras. A mais conhecida é depositar resíduos no solo, misturar à terra e cobrir com matéria seca – folhas ou serragem. Com mais alguns cuidados, basta deixar que o resto com o próprio material. “Compostar tem a ver com respeitar o ciclo natural de sobras orgânicas. O que veio da terra, volta para a terra”, explica a engenheira sanitarista e ambiental Paula Moletta. Para Nicole Becker Portela, engenheira ambiental, esse é um exemplo de economia circular – o composto gerado vai nutrir o solo. Mas em Porto Alegre (e na maioria das cidades brasileiras), o material orgânico descartado pela população não é reciclado – ou compostado. O destino dessa parcela de resíduos é o aterro sanitário, para onde vai também o rejeito – o lixo do banheiro, por exemplo. No caso do rejeito, não há tecnologia disponível ou viável que permita sua reciclagem. Com o orgânico, contudo, está se enterrando um recurso que poderia ser reaproveitado. Por dia, Porto Alegre envia cerca de 1.100 toneladas de rejeitos e orgânicos para um aterro sanitário em Minas do Leão, distante 100 km da Capital. São mais de 70 viagens diárias para dar conta de escoar todo o resíduo descartado. Os dados são do DMLU. Como desse total já está descontada a parcela reciclável, coletada separadamente e enviada para unidades de triagem, mais da metade da carga é formada por orgânicos que poderiam ficar na cidade. Em 2020, o recurso pago pela prefeitura ao aterro sanitário chegou a R$ 35 milhões, a um custo de R$ 67,18 por tonelada. Para 2021, o preço por tonelada subiu para R$ 74,17. Os valores são do Portal Transparência. “O custo da operação de resíduos é um dos maiores das prefeituras, às vezes equiparado com obras. Compostar, além dos benefícios (ambientais e sociais), permite encaminhar o dinheiro ‘enterrado’ para outras áreas”, sustenta Paula. Para isso, é preciso deixar de pensar no ‘lixo’ como passivo e encarar como um ativo, sustentam Paula e Nicole. As duas são embaixadoras do Instituto Lixo Zero em Porto Alegre, organização sem fins lucrativos vinculada ao Zero Waste International Alliance, que incentiva a conscientização sobre o lixo gerado e tem como meta desviar 90% dos resíduos de aterro sanitário ou incineração. O caminho começa na casa de cada pessoa, ao seguir a lógica da separação por frações, conforme explicado na tabela: compostar o orgânico, reciclar o “seco” (embalagens), descartar o que é rejeito e separar de todos esses o que é lixo perigoso, como pilhas e lâmpadas. O passo seguinte é cobrar do poder público que recicle o material orgânico, conforme prevê a Política Nacional de Resíduos Sólidos desde 2010. Em Porto Alegre, a prefeitura faz a compostagem de podas feitas em parques e praças. No Programa de Metas, estabeleceu que ampliará a produção de composto orgânico em 100 toneladas até 2024, passando de 384 para 489. “Para começar a compostar, pode ser um bairro piloto, ou um condomínio”, diz Paula.
COMPOSTÁVEIS
Casca de frutas e verduras
Casca de ovos
Guardanapos
Saquinhos de chá
Borras de café com filtro
Erva mate
Palitos de madeira
Podas de plantas
RECICLÁVEIS
Vidro e Plástico
Papel e papelão
Latas e Metais
Isopor e Tetrapack
Embalagens de alimentos
* * fazer mínima higienização, tirar excesso de comida
PERIGOSOS
Lâmpadas
Pilhas e Baterias
Eletrônicos sem conserto
Eletrodomésticos sem conserto
Medicamentos vencidos
NÃO RECICLÁVEIS
Máscaras
Fitas adesivas
Chicletes
Papel filme
Papel higiênico
Fio dental
Absorventes
Fraldas descartáveis
Resíduos de varreção
DESTINO DOS RESIDUOS
COMPOSTÁVEIS=======> COMPOSTAGEM
RECICLÁVEIS=========> COLETA SELETIVA
PERIGOSOS==========> INDÚSTRIA
NÃO RECICLÁVEIS=====> ATERRO SANITÁRIO
JC 02/06/21
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