quinta-feira, 27 de julho de 2017

Mortandade das abelhas já é generalizada no Rio Grande do Sul (primeira parte)

Nunca houve nada igual, dizem apicultores. Pelo menos 250 mil colmeias desapareceram no Rio Grande do Sul em 2015. Culpa é dos agrotóxicos usados nas lavouras, apontam os especialistas

Chocados, tristes, desanimados. É como se sentem muitos apicultores do Rio Grande do Sul diante da assustadora mortandade das abelhas em suas colmeias. Pelo menos 250 mil colmeias desapareceram no Rio Grande do Sul em 2015. Todos os especialistas ouvidos não têm dúvidas em afirmar que a responsabilidade é dos agrotóxicos, usados descontroladamente nas lavouras, além do desmatamento que não para de aumentar.
“No Estado a morte de abelhas tornou-se generalizada, principalmente em áreas com uso intensivo de agrotóxicos”, afirma o coordenador da Câmara Setorial de Apicultura e Meliponicultura da Secretaria Estadual da Agricultura (Casam), Nadilson Ferreira. “O problema atinge maiores proporções nas regiões da Depressão Central, Missões, Alto Uruguai e parte da Campanha. Os agrotóxicos estão acelerando a perda de biodiversidade e contribuindo para o extermínio das populações de abelhas”, completa.

O fenômeno da mortandade tem um impacto muito grande no Estado, já que o Rio Grande do Sul é o maior produtor de mel do Brasil. São cerca de 30 mil apicultores, que produzem em torno de oito mil toneladas por ano (60% na primavera e 40% no outono). A metade é exportada, principalmente para a Europa, e a outra parte consumida no mercado interno.

Um temor que ronda os apicultores que trabalham com exportação é que, a continuar assim, o mel gaúcho passe a sofrer restrições e a perder valor nos países compradores por causa da contaminação por esses venenos. “Com toda essa desgraça (das mortes por envenenamento) o mel gaúcho ainda é considerado orgânico”, ressalta Ferreira.

O período de maior colheita, a primavera, é justamente o de maior atividade agrícola no Estado e de maior extermínio destes insetos pelos venenos jogados nas plantações. Estima-se que as perdas decorrentes, tanto de colmeias como da produção de mel, andem em torno de 30% a 40%, quase a metade. Mas os apicultores que ouvimos apontam um prejuízo muito acima disso.

Morte anormal
Os produtores de mel, de forma geral, contam que as abelhas começaram a morrer de forma anormal, sem nenhuma doença ou desnutrição que justificasse, há cerca de três ou quatro anos. É o caso de Luiz Darci Demo Garlet, 60 anos, que entre dezembro e janeiro último perdeu nada menos que 600 das 1.200 colmeias que tinha em Cruz Alta, no Noroeste do Estado.

Desde 2013 ele já vinha tendo perdas por causa dos agrotóxicos, de 100 a 200 caixas, onde ficam as colmeias, por ano. Ele tem certeza que a causa, desta última vez, foi um veneno ainda mais forte que usaram para atacar o “tamanduá-da-soja”, um inseto que raspa o caule da planta. Outros venenos, como os da lagarta da soja, relata, não matam tanto, mas deixam as abelhas desorientadas, fracas, e acabam perecendo também.

Como boa parte dos apicultores, ele acomoda as colmeias em propriedades de outras pessoas mediante o pagamento de uma comissão. Por isso, muitos como ele não reclamam e não informam o ocorrido aos órgãos de fiscalização ambiental. “Não podemos reclamar, porque senão os donos das terras vão dizer ‘pega tuas caixas (de abelhas) e vai embora’. Não tem o que fazer, fazer o quê?”, indaga o apicultor. Ele calcula que vai demorar quase dois anos para recuperar o que perdeu, isso se a mortandade não continuar.

“Outra dificuldade é a falta de lugar para colocar as abelhas porque estão terminando com os matos e elas têm que ser colocadas na sombra, porque se as colmeias ficarem no sol morrem todas”, acrescenta. Garlet que normalmente tirava 30 toneladas de mel por safra, este ano colheu apenas 11 toneladas com a perda de tantas colmeias: “Meus dois funcionários ficaram até mais chocados que eu. Tinha um apiário com 25 colmeias novas, lindas, bonitas, morreram as 25. Isso entristece muito”, lamenta.

Nunca houve nada igual
O vice-presidente da Associação dos Apicultores da cidade, Walmor Kirchhof, 65 anos, confirma que a mortandade é generalizada, atingindo a todos os apicultores: “Nunca tinha acontecido nada igual como nesse ano, todo o pessoal da região perdeu uma barbaridade de abelhas”, relata.

Das suas 200 caixas sobreviveram apenas 40 colmeias. “Teve local que não sobrou nenhuma caixa”, completa. Até alguns anos atrás, perdia meia dúzia de caixas por ano.

Kirchhof garante que “doença não foi, as abelhas estavam fortes e estavam produzindo mel”. Mas, de repente, morreram todas e apodreceu tudo nas caixas. “Geralmente as traças comem a cera (quando as abelhas morrem por algum outro motivo), mas neste caso nem as traças apareceram, também morreram”, acrescentou.

Ele é aposentado, trabalha com isso há 35 anos e o mel é a maior parte da sua renda. “É um prejuízo enorme, a gente depende disso aí”. Como fornece para a merenda escolar, precisou comprar mel de outros fornecedores, de regiões distantes, para cumprir as encomendas.

Vontade de desistir 
Distante dali, bem no interior de São Borja, junto ao rio Uruguai, na fronteira com a Argentina, Vilmar Soares, 78 anos, que tem na atividade um complemento para a aposentadoria, já pensou até em desistir da apicultura. “Tinha 223 caixas, sobraram 70”, relata. Dos 900 quilos que costumava colher das colmeias agora só colhe 200. 

Ele conta que o extermínio começou por volta de 2014 e também está certo de que vem acontecendo por causa dos venenos das lavouras: “Já vi um enxame e no outro dia, depois que passaram veneno por perto, as abelhas estavam todas mortas. E a caixa fica imunizada, porque novos enxames na mesma caixa morrem também. Disseram que é um veneno que se um só inseto leva para a colmeia, contamina todas as outras”.

Assim como tantos outros, não procurou ajuda de ninguém, nenhum técnico, nenhuma autoridade, porque não sabe a quem procurar. Mas, principalmente, porque não quer “se incomodar” com os vizinhos agricultores, que estão utilizando os agrotóxicos: “A gente precisa dos vizinhos”, explica.

Soares diz que já se sentiu “desacorçoado”, um termo fronteiriço para desânimo, desalento. Pensou em desistir, mas vai continuar, por enquanto, tentando salvar o que restou da matança das suas abelhas pelos venenos das lavouras.

Da conversa com eles fica muito evidente que, além do negócio, cria-se uma relação de grande afeição por esses insetos, que Garlet conhece desde criança, quando ajudava o pai a produzir mel: “Na apicultura, se a pessoa não gosta das abelhas não funciona, a apicultura é uma profissão diferente, é algo da natureza, tem que gostar do bichinho”.

Por isso, se o prejuízo desses apicultores é enorme, o abalo emocional pela mortandade também: “É horrível!”, desabafa Kirchoff.

Situação extremamente grave
A situação é tão alarmante que foi criado um Grupo de Trabalho da Mortandade das Abelhas, em 2015, ligado à Câmara Setorial (Casam). Durante um ano, entre 2015 e 2016, o GT fez estudos, reuniões, e, mês passado, entregou suas conclusões ao secretário da Agricultura, Ernani Polo.

“É uma situação extremamente grave”, define Sanderlei Pereira, coordenador da Emater/Ascar em Candelária, que coordenou o GT. “Estimamos uma redução de 40% do volume de mel colhido nas últimas safras e uma diminuição de 40% das colmeias do RS”. O GT constatou que todo o Estado está sendo atingido pela mortandade, com maior intensidade nas regiões com maior produção de cultivos anuais, como soja, arroz e milho.

A apicultura gaúcha exercida basicamente por pequenos agricultores/apicultores. Isto é positivo, diz Sanderlei, porque distribui muito bem geograficamente as colmeias e seus benefícios, na melhoria da alimentação das famílias rurais, na comercialização do seu excedente, agregando renda, e também pela polinização das culturas na propriedade. “Por outro lado, isso dificulta o levantamento da morte das colmeias e da diminuição da colheita”.

Fipronil e Neonicotinoides
“A mortandade de abelhas ocorre também por fome, manejo errado de apiários, pólen tóxico (barbatimão), doenças e parasitas, causas essas conhecidas pelos apicultores, diferente da mortandade que vem ocorrendo nos últimos anos pela ação do Fipronil e algumas partículas dos neonicotinóides”, diz o relatório do GT.

O documento reforça como principal causa “O uso em larga escala no Brasil de agrotóxicos com efeitos nocivos às abelhas, em especial aqueles do grupo dos Neonicotinóides (Clotianidina, Imidacloprid, Tiametoxam) e Fipronil”.

Esses, especificamente, são os que têm ação fulminante sobre as abelhas, salienta Sanderlei. Eles causam a morte das polinizadoras até mesmo quando são usados no tratamento das sementes porque são sistêmicos, ou seja, entram na seiva das plantas e contaminam o pólen e néctar de suas flores, que são visitadas pelas abelhas quando acontece a floração.

Também as caixas e caixilhos ficam com resíduo de agrotóxico, muitas vezes causando intoxicação crônica na nova colmeia que ali é alojada e acaba sucumbindo também – como relataram os apicultores que entrevistamos.

Padrão das morte
O padrão do extermínio é sempre o mesmo. A morte repentina das abelhas, na sua totalidade ou em parte, com presença de abelhas mortas na caixa. Quando há presença de abelhas vivas ao redor, elas estão desorientadas e em pequeno número e há mel produzido nos favos.

Noutros casos, as colmeias vão perdendo população até ficarem sem abelhas no final do processo. Com a diminuição da população, acontece um estresse nas suas defesas que conduz a sucessivos ataques de varroase (um ácaro), bactérias e fungos, que causam a morte dos insetos restantes.

“Nenhuma espécie de abelha está livre da ação destes inseticidas. Sempre existiu morte de colmeias, por fome, mau manejo, mas com características próprias conhecidas pelos apicultores e técnicos, em média 10% ao ano, totalmente diferente do que vem ocorrendo, com mortalidade de até 80% das colmeias”, afirma Sanderlei.

O coordenador do GT salienta que não é a proximidade das lavouras que implica nas mortes e sim os produtos químicos usados nelas. A soja, por exemplo, “é benéfica para as abelhas, produz mel de excelente qualidade e a soja também se beneficia com as abelhas através da polinização, que amplia em média 10% a produtividade da lavoura”.

Na Europa, foi registrada perda de mais de um milhão de colmeias devido às mortes causadas pelos neonicotinóides. Quanto ao Fipronil, a Agência de Proteção do Meio Ambiente dos Estados Unidos classificou esse produto como de alto potencial cancerígeno (afeta principalmente a tireóide).

Ecoagência


quarta-feira, 19 de julho de 2017

Exército passa prédios desocupados à prefeitura



O relógio marcava 14h15 na tarde gelada de quarta-feira (19), quando o prefeito de General Câmara, Helton Barreto, subiu correndo as escadas da prefeitura municipal com um molho de chaves nas mãos. O prefeito gritava, comemorava e compartilhava uma boa notícia com os funcionários e a comunidade ali presente. Ele estava vindo do Arsenal de Guerra General Câmara e o molho de chaves, entregue pelo Coronel Santiago representava uma vitória da administração. O Exército passou para o município prédios do Próprio Nacional Residencial, os chamados PNRs. A conquista é resultado de uma luta de muitos anos, e que o prefeito acompanha desde quando era vereador.


Em entrevista ao Programa Linha Direta da Rádio Gazeta do Jacuí, Helton destacou os caminhos que proporcionaram a conquista. Agradeceu ao diretor do Grupo Gazeta de Comunicação, Gerson Galvão, a senadora Ana Amélia Lemos, aos vereadores parceiros e aos Militares do Exército.

“Na última viagem que fiz a Brasília, acompanhado dos vereadores Nando (Franken) e Xando (Alessandro Rasquinha), entregamos o pedido ao General Otávio Santana do Rêgo Barros, chefe do Centro de Comunicação Social do Exército, graças ao empenho do diretor da Gazeta, Gerson Galvão que viabilizou a reunião através de seu contato com o comandante do Exército, General Eduardo Villas Bôas, e agora saiu à decisão, se concretizando nesta ótima notícia. Isso mostra que não podemos deixar de lutar pelos nossos pleitos, se for necessário ir dez vezes a Brasília, temos que ir”, ressaltou o prefeito.

ESPAÇOS - Conforme o prefeito, o município recebe do Exército, o Centro de Saúde (localizado nas proximidades da prefeitura), sete residências, o GDAG e possivelmente o GA1 (ainda depende de oficialização). A administração já tem projetos para utilização dos patrimônios. “Nossa ideia é transferir o CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) para o Centro de Saúde, melhorando o serviço com espaço amplo em área central da cidade. Nas residências, vamos transferir famílias que estão em situação de emergência, principalmente do Bairro Maragato e as afetadas pelas enchentes”, completou.

O prefeito visitou o Centro de Saúde, acompanhado do seu vice, Geraldo Dias, do Secretário de Planejamento, Habitação e Desenvolvimento Econômico, Fábio Freitas, do presidente da Câmara de Vereadores, Nando Franken e do vereador Xando.

O vereador Nando Franken, vibrou com a conquista. “Recebemos estas chaves com grande alegria. É uma luta nossa desde 2009, nunca desistimos de buscar esses prédios, que abandonados acabavam denegrindo a imagem da nossa cidade. Este é mais um resultado positivo da viagem à Brasília, onde o comando do Exército nos recebeu com muita atenção”.

O vice-prefeito, Geraldo e o vereador Xando também celebraram o feito. “Luta de bastante tempo, é uma grande notícia para a comunidade camarense que tem que ser muito comemorada”, disse o vice-prefeito. Para o vereador Xando, é um grande prazer estar participando de conquistas importantes do município.


Rádio Gazeta do Jacuí

Problemas ambientais atingem de forma drástica os mais pobres, afirma pesquisador da UFRJ

Impactos de grandes obras e ações políticas são direcionadas a populações mais carentes, afirmou o pesquisador na aula inaugural do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Henri Acserald comprovou a informação através de uma análise histórica

Historicamente os eventos climáticos extremos e processos de degradação ambiental atingem mais diretamente os menos favorecidos. Este foi o tema apresentado pelo doutor em Planejamento, Economia Pública e Organização do Território pela Université Paris 1, Henri Acserald, que comprovou a informação através de uma análise histórica. Na última sexta-feira, 10 de junho, ele foi o convidado da aula inaugural do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

O histórico apresentado pelo pesquisador iniciou com os princípios da industrialização que, no surgimento do capitalismo, passa a gerar dois produtos: bens materiais, que são os desejáveis e o efeito da produção destes bens, que seria a degradação ambiental e inicialmente de forma mais potencial a poluição. Neste processo, afirma Acserald, a Terra passa a se configurar como espaço mercantil, mas ainda existe outro, denominado por ele não não-mercantil, no qual são comercializados ou negociados os impactos. 

Durante a aula inaugural Henri resgatou um episódio ocorrido em 1995 em que um relatório do Banco Mundial vazou à imprensa contendo informações sobre a “economia política da vida e da morte”, que recomendava poluir os países pobres por dois motivos:  as pessoas nestes lugares viviam menos e suas mortes teriam um custo menor devido os seus salários menores.

Avançando até a atualidade o pesquisador relatou dados sobre o rompimento da barragem da Samarco/Vale em Mariana, em Minas Gerais, em novembro de 2015. Um dos critérios para a implantação de grandes obras tem sido a cor da população, que vai “clareando” conforme afasta-se da zona de risco. Henri, no entanto, fez a ressalva de não necessariamente a cor teria a ver com a baixa renda. Citando o pesquisador David Harvey, em uma análise feita em 1995, ele levanta a questão da existência de lugares com vantagens competitivas, nos quais haveria uma conivência maior com os impactos das atividades industriais. Seria um avanço predatório planejado e projetado sobre o meio ambiente e as populações mais desassistidas. Henri concluiu sua fala frisando que a atual degradação da esfera política está diretamente relacionada com o nosso modelo extrativista, tendo o agronegócio como base, e repleto de projetos de grandes obras de infraestrutura, o mesmo modelo que fragiliza ainda mais as estruturas sociais e os mais pobres.

EcoAgência

terça-feira, 18 de julho de 2017

Cigarro, álcool e HPV aumentam risco de câncer de cabeça e pescoço

As pessoas que fumam um maço por dia, por 20 anos, têm risco de cinco a dez vezes maior de desenvolver esse tipo de câncer



























A prevenção ao tabaco, a bebidas alcoólicas e ao papilomavírus (HPV) faz parte do alerta do julho verde, mês em que são reforçadas as campanhas contra o câncer de cabeça e pescoço. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que mais de 10 mil pessoas tenham morrido de câncer de laringe e cavidade bucal em 2015, de acordo com o levantamento mais recente.

Os tumores do câncer de cabeça e pescoço manifestam-se em lesões na boca, na faringe, na laringe e na tireoide. Não são classificados nessa modalidade de câncer os tumores no cérebro e nos olhos. Segundo Luiz Paulo Kowalski, diretor do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital A.C. Camargo, a automedicação e a falta de diagnóstico correto fazem com que de 70% a 80% dos pacientes cheguem ao médico com a doença em estado avançado.

Os sintomas do câncer incluem lesões brancas ou vermelhas, feridas, caroços, incômodo para engolir, rouquidão, dor e desconforto, com duração maior que duas semanas. “São sintomas que se confundem com doenças comuns. No caso da doença comum, em duas semanas os sintomas desaparecem, com ou sem tratamento. O câncer vai se tornando cada vez pior, os sintomas só se agravam. Aí deve despertar a atenção, 15 dias é o ponto chave”, esclarece o médico.

No caso de doença avançada, os sintomas são dor, sangramento, perda de dentes e perda de peso. O diagnóstico precoce traz mais chances de cura ao paciente. Há 20 anos, a taxa média de cura era 50%. Atualmente, com o aumento do diagnóstico precoce e os tratamentos mais modernos, o índice subiu para 65% a 70%. Os tumores de tireoides têm ainda mais sucesso, com taxa de cura superior a 90%.

A taxa de incidência apurada no país este ano pelo Inca mostra que homens são os mais afetados por esse tipo de câncer. Para o câncer de laringe, foram 6.360 novos casos de homens e 990 casos em mulheres. O câncer da cavidade oral afetou 11.140 pacientes masculinos e 4.350 mulheres.

Prevenção

Evitar os principais fatores de risco, como o cigarro, são a mais importante forma de prevenção. Segundo o médico, os diversos componentes químicos da combustão do tabaco, com forte potencial cancerígeno, afetam a boca, a garganta e a laringe. “As pessoas que fumam um maço por dia, por 20 anos, têm risco de cinco a dez vezes maior que a pessoa que nunca fumou. Se beber, aumenta de 60 a 80 vezes esse risco”, adverte.

A ingestão de bebidas alcoólicas é outro fator prejudicial. “O álcool é um solvente que facilita a penetração dos agentes cancerígenos na mucosa. O indivíduo que bebe muito, se alimenta mal e não tem cuidado com higiene oral, aumenta a proliferação de bactérias, que podem produzir infecções crônicas”, explica.

O terceiro fator de risco é o HPV, que pode ser transmitido para a boca por meio de sexo oral ou até pelo beijo. A incidência do HPV alterou o perfil do paciente, que antes era, em sua maioria, pessoas entre 55 e 60 anos. Com o vírus, a faixa etária diminuiu para 30 a 40 anos, predominante até entre pessoas que não fumam ou bebem. Segundo o médico, outras questões como dieta pobre em frutas e verduras também aumentam os riscos.

Tratamento

A cirurgia ou a radioterapia podem ser o tratamento nos estágios iniciais. Com o avanço do câncer, a quimioterapia ou a combinação das terapias também passam a ser indicadas. Kowalski destaca que a cirurgia, nos tempos atuais, deixaram de ter caráter mutilador. “Temos mídia assistida, laser, robótica e técnicas mais refinadas de reconstrução. Hoje, conseguimos retirar os tumores sem deixar sequelas significativas para o paciente, o sucesso do tratamento melhorou muito”, destaca.

Agência Brasil

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Pais devem acompanhar o acesso de crianças à internet, alertam especialistas

Segurança na Internet
Julho é o mês das férias escolares e, com elas, vêm a preocupação de muitos pais sobre como os filhos aproveitam o tempo livre. O acesso à internet e às redes sociais é uma das formas de passar o tempo, mas deve ser feito com cuidado para não prejudicar as crianças e adolescentes.

Especialistas concordam que o acesso à rede mundial é um caminho sem volta, e a proibição do uso não é a melhor opção para os pais. O presidente da organização não governamental Safernet, Thiago Tavares, diz que a melhor estratégia continua sendo o diálogo, a conversa franca e a relação de confiança que deve existir entre pais e filhos.

“Da mesma forma que você conversa com seus filhos sobre os riscos que existem ao sair na rua, na escola, no cinema, você diz para ele não aceitar bala de estranhos, você também deve orientá-lo em relação ao uso seguro da internet”, diz. Ele recomenda também o uso de versões customizadas de sites e aplicativos, que selecionam o conteúdo apropriado para crianças.

O especialista não recomenda o monitoramento dos filhos com o uso de softwares espiões. Segundo ele, esses programas passam uma falsa sensação de segurança e podem comprometer a relação de confiança entre pais e filhos. “Proibir o uso da internet não adianta. E monitorar o que seu filho faz por meio de softwares espiões também não ajuda, porque quebra uma relação de confiança e é ineficiente, porque as crianças não acessam a internet de um único dispositivo”, justifica.

Espaço público

A mestre em psicologia clínica Laís Fontenelle orienta aos pais acompanhar os acessos virtuais dos filhos da mesma forma como é feito no mundo real. “O mesmo cuidado que tem de ter na internet é o cuidado que tem de ter em um espaço público. Os pais têm de monitorar da mesma forma que monitora a casa do amigo que o filho vai, a praça que vai frequentar, a festa, porque é como se fosse um espaço público, só que virtual”, explica.

No caso de crianças não alfabetizadas, o acesso à internet precisa sempre ser feito com a supervisão de um adulto, diz a psicóloga. “A mediação é imprescindível principalmente para crianças que não estão alfabetizadas. Elas vão com o dedinho no touchscreen [tela do celular ou tablet] e podem cair em um conteúdo que não é adequado para elas, e não têm a maturidade para lidar com o conteúdo que está ali”, adverte.

A psicóloga também “puxa a orelha” dos pais, alertando para a responsabilidade do exemplo dado às crianças. “Não adianta a gente fazer um overposting dos nossos filhos nas redes sociais, expondo tudo que acontece na vida deles: 'ganhou um peniquinho, comeu a primeira papinha' e dizer para eles não fazerem isso. Se a gente não sabe lidar com esses limites claros sobre o que pode ser publicizado sobre a intimidade das nossas vidas, eles nunca vão saber”, diz Laís.

Os principais riscos do uso da internet por crianças e adolescentes são os acessos a conteúdos inapropriados para a idade, como pornografia, a exposição da privacidade em redes sociais, ocyberbulling e a exposição da intimidade, principalmente na adolescência. “Os casos de vazamento de nudes [fotos de nudez] não param de crescer ano a ano”, diz o presidente da Safernet. Além disso, há o perigo do contato com estranhos, que pode resultar em tentativas de assédio, aliciamentos ou golpes.

Uma pesquisa divulgada no ano passado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil mostrou que 87% crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos têm perfil em redes sociais, e 66% acessam a internet mais de uma vez por dia. Segundo o estudo TIC Kids Online Brasil, 11% dos entrevistados acessaram a internet antes dos 6 anos de idade.

Trem-bala

A jornalista Melissa Gass levou um susto quando viu que o canal no Youtube da filha Lívia, de 7 anos, tinha mais de 15 mil visualizações. O sucesso veio quando a menina postou um vídeo dançando o hit Trem-Bala, da cantora Ana Vilela. “Como ela não posta muita coisa, eu não esperava, mas por causa desse vídeo acabou tendo uma repercussão maior. É muita exposição, a gente fica meio preocupado”, conta a mãe.

Em seu canal, Lívia mostra brincadeiras, músicas, livros e até receitas culinárias. “Eu gosto de ser famosa”, diz a menina, que também participa de aulas de canto, dança e vai começar a fazer teatro.

Para Melissa, não tem como proibir o acesso das crianças à internet, mas é preciso monitorar as atividades dos pequenos na rede. “A tecnologia é uma realidade. Com um ano de idade, ela mexia no celular, então não tem como fugir. Quando a gente proíbe, é pior, porque vai fazer escondido. Então a gente monitora, acompanha, incentiva o que pode incentivar”, explica.

Entre as orientações que os pais dão para Lívia, estão não seguir canais de adultos e não comentar nem trocar mensagem privada com desconhecidos. “A gente fala que têm adultos que querem fazer maldades para as crianças, então que ela tem de tomar cuidado, a gente dá essa orientação”, diz Melissa. A mãe também monitora as redes sociais da filha e, quando vê algo suspeito, desabilita o contato.


Agência Brasil

sábado, 15 de julho de 2017

Ex-catadora de lixo se forma na Ufes e diz: 'educação me transformou'



















Ercília Stanciany desafia o improvável e mostra que, com dedicação, o sonho dela foi possível.

Quando ainda estava no ensino médio, já casada e com filhos, Ercília Stanciany da Silva Mozer, 46 anos, ouviu de um colega de classe que ela nunca iria concluir aquela etapa de estudos, muito menos entrar na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), assunto que gerou o comentário negativo do colega de pouca fé.
Anos depois, ela se ajeita na cadeira no meio da minibiblioteca que mantém em casa, para posar para foto com um documento na mão e diz, antes de exibir o sorriso tão largo que chega a lhe apertar os olhos: “Olha aqui o meu diploma!”.
Clique feito, ela volta a falar, como boa conversadeira que é, sobre a sua história. “A educação me transformou”, destaca.

Ercília veio de Minas Gerais há 13 anos com o marido e a filha, então com sete, sem um centavo no bolso, “nem para comprar um café no trem”, para o Espírito Santo.
A família veio atrás de melhores chances e encontrou no recolhimento de lixo reciclável a sobrevivência possível em terras capixabas.

Ercília chamou a atenção do Espírito Santo ao ter sua história contada, em março de 2012, por passar para o curso de Artes Plásticas da Ufes, pelo sistema de cotas, estudando com os livros que ela encontrava nos lixos.

E chamou a atenção do Brasil, ao ser a estrela do quadro “Lar Doce Lar”, do programa da Rede Globo “Caldeirão do Huck”, e ter o barracão, como ela chama, onde vivia, em Nova Almeida, Serra, ser completamente transformado.

Hoje, ela se dedica à pós-graduação de Arteterapia, iniciada logo após ela receber, em abril deste ano, o certificado de conclusão do curso de Artes Plásticas.

“Disseram que não posso dar aula em escola pública porque sou bacharel ainda. A Arteterapia então me abriu um leque de oportunidades para trabalhar. A Arteterapia foi reconhecida pelo SUS e vou usar isso para chegar às pessoas. Quero ajudar”, disse.

Saúde
O curso de quatro anos de duração foi concluído em cinco, por causa de greves na universidade e por problemas de saúde. “É falta de oxigenação no cérebro. Comecei a esquecer das coisas. Um dia estava no terminal de Jacaraípe e não lembrava para onde estava indo.”
“O médico disse que isso foi resultado de muito sofrimento. Quando criança, eu ia para o lixão pegar comida para os meus irmãos e para a minha mãe. Meu pai bebia muito, me batia muito”, relembra.

Outro ponto nebuloso é a relação com a filha de 20 anos, que hoje mora com a avó: “Ela nunca aceitou nossa vida de catadores. Ela tem muitas questões para resolver”. “Hoje entendo que meu pai era doente e que a minha filha é assim e pronto”, diz, resiliente.
O curioso é que todo o sofrimento com a figura masculina do pai durante a infância foi compensado pela figura do marido, o Everaldo, 53 anos, que hoje trabalha como operador de moto roçadeira.

“Abaixo de Deus é meu marido, meu companheiro, meu porto seguro.” E completa, para não ser injusta com os homens de sua vida: “E tem o meu filho Breno Miguel (11 anos). Meu pequeno é show”.


Há duas semanas, Ercília reencontrou em um mercado o colega de escola que disse que ela não concluiria o ensino médio. “Ele perguntou debochando se consegui entrar na Ufes.” Sem precisar debochar, ela não só confirmou que entrou, mas que, tão importante quanto, conseguiu sair.

Realização
Hoje o que Ercília Stanciany, 46, quer é vestir a beca para família e aproveitar a pequena biblioteca, formada com livros doados, para ajudar outras pessoas.

“Disseram que a Ufes era impossível” - Ercília Stanciany, pós-graduanda

#ENTREVISTA

Vai ter formatura?
Não, nunca sonhei com festa. Não condiz com a minha história nem com as minhas condições financeiras. A minha ideia é ir para Minas Gerais, onde mora a minha família, alugar uma beca e tirar foto lá. A beca é simbólica. O que eu mais escutava era que Ufes para mim era impossível.

Como vieram para o Estado?
Eu e meu marido estávamos desempregados. Ele veio de ônibus e eu, com a minha filha, de trem, há 13 anos. No trem, vim com 12 sacolas de açúcar com todas as nossas coisas. Não trouxe um centavo para tomar um café dentro do trem. Meu marido teve que pedir dinheiro da passagem do ônibus emprestado para buscar a gente na estação.

Como iniciaram como catadores?
O lixo veio após a nossa chegada. Botaram um nome bonito, material reciclável, mas o nome é lixo. Hoje eu me dedico à pós-graduação de Arteterapia e meu marido trabalha numa empreiteira para a Vale. A gente continua juntando sucata no fim de semana, mas hoje não tem muito valor.

E o que vai fazer com esse monte de livro?
Quero transformar isso aqui num biblioteca e fazer oficinas de arte gratuitas aqui. Tudo para atrair as pessoas para a leitura
.

G1 Espirito Santo - Tv Gazeta

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Ex-morador de rua recebe medalha na Assembleia Legislativa



























Richard de Campos reside em um albergues da prefeitura e é um dos principais ativistas na luta pelos direitos das pessoas em situação de rua na Região Metropolitana

Natural de Guaíba, Richard de Campos, 25 anos, saiu de casa quando era criança, para fugir das agressões que sofria do pai. Morou em um abrigo até os 18 anos e, depois, em situação de rua, passou a ser uma das principais vozes em defesa dos direitos daqueles que, como ele, também não têm onde viver na Região Metropolitana. Os anos de luta renderam ao jovem a Medalha da 54ª Legislatura da Assembleia Legislativa do Estado, entregue na tarde desta sexta-feira. 
Campos é um dos líderes do Movimento Nacional da População de Rua do Rio Grande do Sul. A medalha da AL, recebida em uma cerimônia no Salão Júlio de Castilhos, foi a primeira homenagem que recebeu. “Eu acho que essa medalha é bastante simbólica neste momento em que a gente vive uma crise de representatividade tão grande. Alguém do parlamento homenagear uma pessoa em situação de rua é, sem dúvida, uma esperança. Me faz ser ainda mais responsável pela pessoas em situação de rua, essa medalha é de todos”, afirmou Campos.  
A homenagem foi uma proposta do deputado Pedro Ruas (PSOL), que acompanha há anos a atuação de Campos. “Conheci ele fazendo esse trabalho para ajudar as pessoas em situação de rua, ele é um líder. Uma frase que ele sempre diz é que não pode mudar o passado dele, mas tem que lutar para que outras pessoas não passem pelo que ele passou”, afirma Ruas.
Com a distinção, Ruas espera também dar mais visibilidade à causa das pessoas que vivem em situação de rua na Capital. “Nosso atendimento à essa população é péssimo, principalmente no inverno, quando eles mais precisam. Essas pessoas necessitam de cuidado, acesso à saúde e de um abrigamento mais humano, com menos exigências e com horários mais flexíveis”, critica o deputado. “Também precisam de segurança, mas são tratados como criminosos, discriminados”, completa.  
Segundo Campos, é preciso que a prefeitura retome com urgência o diálogo com as pessoas em situação de rua, que até o ano passado era feito em reuniões do Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Municipal para a População em Situação de Rua (Comitê POPRUA). “No início do ano, infelizmente, essas reuniões foram encerradas unilateralmente pela prefeitura. Acho que a retomada seria o mais importante agora, pois é preciso fazer política com essas pessoas e não para essas pessoas”, afirma Campos.
Entre 2007 e 2016, o número de pessoas em situação de rua quase dobrou na Capital, passando de 1.203 para 2.115 pessoas. Os dados foram divulgados no último censo sobre o perfil dessa população, apresentado pela prefeitura e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), contratada para fazer a pesquisa, em dezembro do ano passado. O Correio do Povo questionou a assessoria de imprensa da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) da Prefeitura de Porto Alegre sobre a continuidade do Comitê POPRUA, mas não obteve retorno até o horário de publicação da reportagem. 
Correio do Povo 14/07/2017

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Publicada lei que garante prioridade especial a idosos maiores de 80 anos

Diário Oficial da União publica na sua edição desta quinta-feira (13) a lei sancionada pelo presidente Michel Temer que altera o Estatuto do Idoso. Com a alteração, os maiores de 80 anos sempre terão suas necessidades atendidas com preferência em relação aos demais idosos.

“Em todo os atendimentos de saúde, os maiores de 80 anos terão preferência especial sobre os demais idosos, exceto em caso de emergência”, diz um trecho da Lei 13.466. De acordo com o Estatuto do Idoso, são consideradas idosas pessoas a partir de 60 anos.

O projeto saiu do Senado no dia 21 de junho e seguiu para sanção presidencial. A relatora do projeto foi a senadora Regina Souza (PT-PI). “Entre os idosos, existe um segmento mais vulnerável”, afirmou Regina na ocasião. “Como a lei diz que é a partir dos 60, todo mundo chega e usa a prioridade, sem observar se atrás tem uma pessoa com mais de 80 anos.”
Regina Souza ressaltou ainda que, em contendas judiciais, é ainda mais importante a preferência para os octogenários porque “não adianta atender ao direito depois que a pessoa morre”. Para a senadora, os precatórios são o principal ponto em que pessoas acima de 80 anos devem ter prioridade.

Agência Brasil