O que faz um país é o trabalho de cada um dos seus cidadãos. E o crescimento sustentável somente é possível com investimentos planejados, transparência administrativa e total comprometimento dos governos federal, estaduais e municipais nas mais diversas áreas sociais e da economia. Entre tantos elos dessa corrente que puxa o crescimento, um se destaca, já que é diretamente ligado ao futuro de cada cidadão: a educação.
Desde cedo, o aprendizado nas salas de aula transforma-se em instrumento fundamental para a construção de uma base sólida, tanto individual quanto coletiva. Infelizmente, o Brasil está muito distante de uma educação abrangente e de qualidade. Educação acessível e de qualidade é um dever do Estado e um direito do cidadão. É difícil promover o desenvolvimento sustentável sem condições mínimas de qualificar e capacitar pessoas em todos os níveis.
Sem um ensino fundamental sólido, um ensino médio que profissionalize e dê bases para a chegada à universidade e sem estímulos e ferramentas que possibilitem a profissionalização em várias faixas de idade, fica cada vez mais complicado o acesso ao mercado de trabalho, onde as tecnologias se renovam com enorme velocidade. Como uma bola de neve, a falta de acesso a um ensino qualificado torna escassas as oportunidades para profissões de melhor renda, trazendo perdas às pessoas, à sociedade e ao país.
Para se ter um sistema educacional que realmente possa estar à altura da imagem positiva que o país passa para o resto do mundo, se faz necessário um profundo e constante processo de reavaliação.
Para começar, é urgente alterar o modelo educacional, em todos os seus aspectos, especialmente os relacionados à valorização dos recursos humanos. Professores melhor remunerados e mais preparados produzem um ensino de melhor qualidade. Não é possível preencher as demandas de um mundo em constante transformação sem constantes investimentos na requalificação dos mestres.
Outra medida fundamental nesse processo de evolução diz respeito à ampliação do estímulo à educação profissionalizante voltada para as necessidades do mercado de trabalho. É necessário um ensino que garanta qualificação capaz de dar acesso às oportunidades de emprego e melhoria de renda. Uma solução que precisa ser incentivada é a implantação de Faculdades de Tecnologia (Fatecs) e Escolas Técnicas (Etecs) em todas as regiões. Essas instituições prestam um serviço de extrema importância, preparando os estudantes para o exercício da profissão escolhida.
A lista de prioridades contempla, ainda, a ampliação dos programas de inclusão digital e acesso à tecnologia da informação, extremamente necessárias nos dias de hoje.
Tais iniciativas não bastam, mas podem servir como ignição. Sem uma educação de qualidade, sem tecnologia, é impensável o país conseguir se equiparar aos países mais desenvolvidos. O esforço para galgar novos degraus no cenário mundial passa por uma reformulação constante em todo o nosso processo de ensino.
Além da qualificação do corpo docente, há de se investir intensamente, também, na construção de mais escolas de ensino fundamental e médio, em centros de pesquisa, escolas técnicas e profissionalizantes, em universidades. O retorno de todo esse investimento é garantido. Afinal, o povo brasileiro é batalhador e está cada vez mais consciente de que é capaz de levar o país ao topo.
Milton Dallari/Conselheiro da Associação dos Aposentados da Fundação Cesp e ex-diretor do Sebrae-SP
Fonte:Jornal Gazeta do Sul 21/08/2010
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