O Conselho Consultivo da Estação Ecológica (Esec) do Taim aprovou a proposta de ampliação da área da unidade de conservação (UC), gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no Rio Grande do Sul. Com isso, a Esec passará dos atuais 11 mil ha para cerca de 33 mil ha, dos quais apenas 8 mil ha estão em terras particulares que serão desapropriadas.
Durante a reunião do conselho, realizada dia 31, além da nova poligonal com o mapa da unidade, foram aprovados os critérios usados pelo Grupo de Trabalho (GT) para definir a ampliação. Ficaram de fora da unidade de conservação, por exemplo, as pequenas propriedades. Já os alagados e banhados foram considerados áreas prioritárias para integrar a estação ecológica.
As discussões sobre a nova poligonal da UC vinham sendo feitas desde 2008, quando o conselho decidiu pela ampliação da área. Na época, foi elaborado um termo de referência para contratar uma empresa que fizesse o levantamento fundiário da região. O trabalho foi concluído em 2011. Do início de 2012 para cá, o GT debateu e formulou a proposta de ampliação dos limites, aprovada na semana passada pelos conselheiros.
Zona de amortecimento
Agora, o Grupo de Trabalho tem outra tarefa: decidir sobre a zona de amortecimento da Esec. A definição só deve sair em abril de 2013, pois envolve entendimentos com o setor produtivo da região que participa do GT e do conselho. Só após essa decisão, a proposta de ampliação da UC será encaminhada ao ICMBio em Brasília, para concluir o processo de legalização da medida (realizar consultas públicas e preparar o decreto de ampliação).
Segundo o chefe da Esec do Taim, Henrique Ilha, embora o método participativo de elaboração da proposta de ampliação exija tempo e muita negociação, o processo permite, por outro lado, aproximar os usuários e vizinhos da unidade, o que contribui para a gestão e harmonização das práticas produtivas com as necessidades de conservação.
“A participação expressiva da comunidade já demonstra que está cada vez mais disseminado o conceito de que a Estação Ecológica do Taim é de todos nós. E todos os envolvidos estão de parabéns por esse avanço histórico alcançado”, disse o chefe da unidade.
A reserva
Criada em 1986, a Estação Ecológica do Taim ocupa áreas dos municípios de Santa Vitória do Palmar e Rio Grande, no Rio Grande do Sul, entre a Lagoa Mirim e o Oceano Atlântico, próximo do Arroio Chuí, na fronteira do Uruguai. Um dos principais motivos para a criação da Esec foi o fato de ser local de passagem de várias espécies de animais migratórios, principalmente aves, vindas da Patagônia. Lá, elas descansam, fazem ninhos e se desenvolvem, antes de seguir viagem. Sem a unidade de conservação na rota de migração, esses animais correriam sério risco de extinção.
Na parte norte da estação, há uma pequena floresta, que constitui uma verdadeira preciosidade ecológica. As árvores dominantes são a figueira nativa (Ficus organensis) e a corticeira (Erythrina sp) das quais pendem barbas-de-velho que causam efeito decorativo. Nas árvores há também lindas orquídeas, sendo a principal a Cattleya intermedia.
No banhado, que constitui a maior parte da Esec, domina o junco (Sairpus ca/ifornicus). Estãos presentes, também, plantas que boiam nas águas como o aguapé (Eichornia crasnpes), a Pistia stratiotes, a erva-de-santa-luzia, além de gramíneas diversas. Dentre estas foram assinaladas a Paspalum e a Spartina de porte elevado, que ocupam grandes áreas do banhado. Muitas delas oferecem refúgio para diversas espécies de aves e mamíferos.
A Estação Ecológica do Taim protege uma fauna variada como o jacaré-de-papo-amarelo (Caiman atirostris), incluído nas listas nacionais e internacionais de animais ameaçados de extinção. A principal ave é o cisne-de-pescoço-preto (Cygnus melancoryphus), o único cisne verdadeiro do continente sul-americano e um dos mais bonitos do mundo, que é a grande estrela da avifauna do Taim.
Outras espécies também ameaçadas de extinção e encontradas na Esec são o coscoroba (Coscoroba coscoroba), os Dendrocygna (iererês e outros), o marrecão da Patagônia (Neta peposaca), os socós (Trigrisonia spp), o tachã (Chauna torquata) e a garça-branca-grande (Casmerodis a/bus).
Entre os mamíferos, estãos presentes a nutria ou ratão-do-banhado (Myocastor coypus), que sofre forte pressão da caça devido ao valor da sua pele, o tuco-tuco (Atenomys flamarioni) e a capivara (Hydrochoereus hydrochoereus). O cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), que habitava o local no início do século passado, está praticamente extinto na região devido a ações predatórias do homem.
Pelo fato de proteger um dos últimos remanescentes do ecossistema banhado, a Estação Ecológica do Taim tem valor especial para estudos ecológicos. Por isso, conta com infra-estrutura para o desenvolvimento de pesquisas. A UC não recebe visitação pública com o objetivo de lazer, mas está aberta para visitas guiadas com a finalidade de educação ambiental.
Pelo alto valor ecológico e pela beleza de suas águas e matas, o banhado do Taim é considerado uma das Sete Maravilhas do Rio Grande do Sul.
Comunicação ICMBio
ICMBio/EcoAgência
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