terça-feira, 11 de novembro de 2025

Tornados simultâneos no Sul surpreenderam meteorologistas

 
Seis diferentes tornados se formaram quase que simultaneamente

Nos últimos anos, o registro de fenômenos meteorológicos envolvendo ventos fortes, com grande potencial destrutivo, têm se tornado mais frequentes em diferentes partes do planeta. Ainda assim, segundo especialistas, os tornados ocorridos no Paraná e em Santa Catarina, na última sexta-feira (8), teve um caráter inédito no Brasil. O fenômeno sem precedentes coincide com a realização, em Belém, da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), evento que reúne lideranças políticas, ambientalistas, pesquisadores e representantes da sociedade civil organizada para discutir formas de tentar conter as mudanças climáticas .

De acordo com órgãos estaduais, seis diferentes tornados se formaram a partir das mesmas condições atmosféricas, atingindo, quase que simultaneamente ao menos seis cidades: Rio Bonito do Iguaçu, Turvo e Guarapuava, no Paraná, e Dionísio Cerqueira, Xanxerê e Faxinal dos Guedes, em Santa Catarina.

“Não é fato incomum termos tornados no sul do Brasil” explicou o meteorologista do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), Lizandro Jacóbsen à Agência Brasil.

“Mas nestes 32 anos de existência do Simepar, este é o mais intenso [tornado já registrado no estado]. E não há registros de que vários eventos desta magnitude e abrangência tenham ocorrido em um mesmo dia, em um curto espaço de tempo”, acrescentou Jacóbsen.

O meteorologista reconhece que a urbanização das cidades e o aperfeiçoamento tecnológico podem ter facilitado a identificação de fenômenos simultâneos.

“Antes, qualquer tornado afetava muito mais zonas rurais, de forma que, muitas vezes, não havia registro ou danos. Hoje, com o adensamento urbano e a atual tecnologia, se ocorrer, nós vamos saber. Principalmente se houver estragos e estes forem registrados pela Defesa Civil”, concluiu Jacóbsen.

Consultado pela reportagem, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) acrescentou que a forte instabilidade atmosférica que originou os “prováveis tornados” que atingiram o Paraná e Santa Catarina antecedeu uma frente fria. E que esta foi potencializada por um ciclone extratropical que se formou no Rio Grande do Sul e avançou em direção ao oceano.

“Sendo comprovada a ocorrência de múltiplos tornados independentes, pode ser um evento ímpar. Lembrando, no entanto, que por se tratar de um fenômeno de micro a mesoescala [cujo raio de ação varia entre algumas dezenas de metros e quilômetros de extensão], não há registros significativamente representativos sobre a ocorrência inequívoca destes fenômeno”, advertiu o instituto. De acordo com o Inmet, “somente estudos posteriores poderão esclarecer a ocorrência de múltiplos tornados”. "Muitas vezes, é necessária uma visita ao local, por especialista, para diferenciar os danos em relação a outros eventos que podem gerar danos similares".

como se forma um tornado

Em Rio Bonito do Iguaçu, cidade de cerca de 14 mil habitantes que fica a 400 quilômetros de Curitiba, o tornado de categoria F3 na escala Fujita provocou ventos estimados entre 300 km/h e 330 km/h, causando estragos em cerca de 90% da área urbana. Ao menos cinco pessoas morreram na cidade e 432 ficaram feridas devido às consequências dos fortes ventos. Um sexto óbito foi registrado em Guarapuava.

A chamada Escala Fujita Aprimorada, ou Escala EF, é empregada por diversos países para avaliar a intensidade dos tornados com base na destruição causada e outras variáveis, como as velocidades que as rajadas de vento de ao menos três segundos de duração atingem – e que podem variar entre pouco mais de 100 km/h e 330 km/h.

Os tornados têm a forma de um redemoinho de vento girando violentamente, com grande velocidade. Formados a partir de nuvens que podem estar a até 20 quilômetros acima da superfície da Terra, produzem uma espécie de coluna de ar ascendente capaz de sugar parte do que encontra em sua trajetória. Geralmente, os tornados duram pouco tempo – moradores de Rio Bonito cujos imóveis foram atingidos na última sexta-feira relataram que tudo não durou mais que poucos segundos -, mas têm grande poder destrutivo.

Condições meteorológicas instáveis podem ocasionar outros fenômenos semelhantes, como o chamado downburst, cuja principal diferença em relação ao tornado é que o sentido da corrente de ar é descendente. Ou seja, as fortes descargas de vento se voltam em direção ao solo. E, ao atingi-lo, se espalham horizontalmente, “varrendo” a área ao redor da base da nuvem.

Menos potente que tornados e downbursts, os vendavais são provocados e se caracterizam pelo forte deslocamento de ventos, normalmente acompanhados por tempestades que podem causar quedas de árvores, interrupção no fornecimento de energia elétrica ou nas telecomunicações, danos residenciais e em plantações, destelhamentos e outras consequências..

Quando acompanhadas por ventos de mais de 119 km/h, estas tempestades são designadas conforme a região do planeta onde ocorrem: furacões no Oceano Atlântico e nordeste do Oceano Pacífico; tufões no noroeste do Oceano Pacífico e ciclone tropical no Pacífico Sul e no Oceano Índico.

Fonte: Agência Brasil




Exposição digital mostra vida nos seis biomas brasileiros

 
Versão presencial está em cartaz até 1º de fevereiro, em Belém

Uma exposição digital que reúne mais de 50 histórias de vida coletadas nos seis biomas brasileiros entre 2024 e 2025 está disponível gratuitamente até o dia 1º de fevereiro de 2026.

A mostra exibe vídeos, sons e imagens que retratam como diferentes pessoas e comunidades convivem, resistem e criam soluções em meio a transformações da terra. Inaugurada pelo Museu da Pessoa, a mostra pretende que o público reflita sobre a relação entre seres humanos e o planeta a partir de uma escuta biocêntrica, que reconhece todas as formas de vida como igualmente valiosas.

Com curadoria de Ailton Krenak e Karen Worcman, a exposição traz narrativas de povos indígenas, agricultores, artistas, quilombolas, cientistas e guardiões da natureza que compartilham suas experiências de pertencimento à Terra.


“De onde nós viemos e para onde nós estamos indo, o que nós estamos fazendo com essa experiência? A terra tem resposta para todos nós, nos lugares de onde nós nos originamos”, afirma o curador Ailton Krenak.

Krenak diz acreditar que, conseguindo abrir o pensamento para esse movimento biocêntrico, seria mais fácil entender porque os povos nativos, os povos originários, são tão agarrados aos seus lugares de origem.

“Eu percebo que isso é uma atitude biocêntrica. E é interessante que ela articula também uma ideia de comunidade. É comum, não é individual. O jeito de estar na terra é comum, é coletivo”, ressalta.

Karen Worcman, curadora e fundadora do Museu da Pessoa, destaca que, ao longo da trajetória, exposições, mostras audiovisuais e projetos educativos têm ampliado o diálogo com diferentes públicos e visibilizado como as histórias de vida são ferramentas de transformação social. “É nessa perspectiva que apresentamos essa exposição, convidando cada visitante a se reconhecer como parte dessa grande teia comum de vida”, diz Karen.

Experiência imersiva em Belém

A versão presencial da mostra “Você Já Escutou a Terra?” está em cartaz até 1º de fevereiro de 2026 no Museu do Estado do Pará, no Palácio Lauro Sodré, em Belém. A exposição convida o público a “entrar” sob a crosta terrestre, por meio de um grande manto coletivo feito de resíduos e tecidos, trilha sonora imersiva e histórias gravadas em vídeo, criando uma experiência sensorial de escuta da Terra.

Com curadoria de Ailton Krenak e Karen Worcman, expografia de Marcelo Larrea e trilha de Benjamin Taubkin, a mostra é organizada em quatro módulos: Cabine Manto, O Manto (Escutando a Terra), Rios de Memória e Fala, Museu da Pessoa.

Fonte: Agência Brasil

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Entenda como funciona o Fundo Florestas Tropicais para Sempre - TFFF

 

Iniciativa foi lançada durante a COP30, em Belém

A sigla TFFF vem de Tropical Forest Forever Facility, batizado em português de Fundo Florestas Tropicais Para Sempre. Trata-se de um modelo de financiamento que vai combinar investimento público e privado e prevê que os recursos sejam repassados a países com florestas tropicais que trabalhem pela preservação dessas áreas.

Entre eles estão:

Brasil,
Colômbia,
Peru,
Indonésia,
República Democrática do Congo e
Gana.

Na prática, países que conseguirem recuperar e manter suas florestas de pé serão recompensados financeiramente por esse esforço. Eles só receberão os valores após verificação por imagens de satélite que confirmem níveis de desmatamento abaixo de limites pré-definidos.

Da mesma forma, haverá deduções para cada hectare desmatado ou degradado.

A lógica do TFFF é a de que as florestas tropicais regulam o clima global, fornecem água doce e abrigam uma biodiversidade valiosa que impacta a vida de todos ao redor do planeta e a própria sobrevivência da humanidade - e geram benefício não apenas para o território em que se encontram.

Por isso, a ideia é que os países que trabalham pela preservação sejam recompensados financeiramente, uma vez que os benefícios da floresta em pé são usufruídos por todo o planeta.
O TFFF já está em funcionamento?

A ideia foi anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023, na COP 28 em Dubai, e passa a funcionar neste ano, a partir do lançamento oficial durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontece em Belém.

O Brasil fez o primeiro aporte de US$ 1 bilhão para o fundo durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em setembro. O TFF está movimentando os debates da Cúpula do Clima, em Belém, evento que reúne chefes de Estado e governos e precede os debates oficiais COP30.
Quem já doou para o TFFF?

Além do aporte inicial de US$ 1 bilhão anunciado pelo Brasil, em setembro, outros países anunciaram investimentos durante a Cúpula do Clima, em Belém: Noruega - US$ 3 bilhões
Indonésia - US$ 1 bilhão
França - US$ 500 milhões

Dessa forma, até esta data, o TFFF já totaliza mais de US$ 5 bilhões.

O fundo já conta com o apoio de cinco países com florestas tropicais (Colômbia, Gana, República Democrática do Congo, Indonésia e Malásia), além de outros potenciais investidores como Alemanha, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido.
Como ele funciona?

O TFFF se diferencia dos modelos tradicionais como os fundos que são alimentados por doações. Isso porque ele paga por resultados, em vez de financiar projetos e recompensar florestas em pé.

Além disso, prevê um protagonismo das populações indígenas e povos e comunidades tradicionais, que desempenham papel direto na proteção das florestas. O mecanismo propõe destinar pelo menos 20% dos pagamentos nacionais a essas populações.
Quanto será investido no TFFF?

A proposta é que sejam captados, durante a COP30, US$ 25 bilhões por países investidores. Espera-se que o aporte seja um atrativo para alavancar o capital da iniciativa privada e, com isso, reunir US$ 125 bilhões a serem investidos na conservação das florestas tropicais.

De acordo com o Ministério de Meio Ambiente (MMA), o objetivo é mobilizar cerca de US$ 4 bilhões por ano, a serem distribuídos entre os países com florestas tropicais. Esse valor representa, segundo o governo, de três a quatro vezes os orçamentos discricionários dos ministérios do Meio Ambiente dos principais países florestais.

Por isso, a avaliação é de que o TFFF pode ter um impacto transformador sobre as políticas nacionais de conservação florestal.

Fonte: Agência Brasil

2025 deve ser o segundo ano mais quente, diz organização meteorológica

 
Crescem as concentrações de gases de efeito estufa que retêm calor

O ano de 2025 deve ser o segundo ou terceiro mais quente já registrado. A temperatura média próxima à superfície, de janeiro a agosto, foi de 1,42° C ± 0,12° C acima da média pré-industrial.

Os dados são do Relatório sobre o Estado do Clima Global da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Os últimos onze anos, de 2015 a 2025, terão sido individualmente os mais quentes nos 176 anos de registros de observação, sendo os últimos três anos os três anos mais quentes.

"Essa sequência sem precedentes de altas temperaturas, combinada com o aumento recorde dos níveis de gases de efeito estufa no ano passado, deixa claro que será praticamente impossível limitar o aquecimento global a 1,5 °C nos próximos anos sem ultrapassar temporariamente essa meta. Mas a ciência também é clara ao afirmar que ainda é totalmente possível e essencial reduzir as temperaturas para 1,5 °C até o fim do século", disse a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo.


Indicadores climáticos

O relatório foi divulgado pela OMM para a Cúpula da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, como referência científica para fundamentar as negociações da COP em evidências confiáveis. O documento ainda mostra indicadores climáticos essenciais e sua relevância para apoiar a formulação de políticas e documentos científicos mais detalhados.

Em seu discurso na COP30, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse que cada ano acima de 1,5 grau prejudicará as economias, aprofundará as desigualdades e causará danos irreversíveis.

“Devemos agir agora, com grande rapidez e em grande escala, para que esse aumento seja o menor, o mais curto e o mais seguro possível e para que as temperaturas voltem a ficar abaixo de 1,5°C antes do final do século”, assegurou.

Segundo o relatório, as concentrações de gases de efeito estufa que retêm calor e o conteúdo de calor dos oceanos continuaram a aumentar em 2025, com a extensão do gelo marinho no Ártico após o congelamento de inverno sendo o menor já registrado, e a extensão do gelo marinho na Antártida bem abaixo da média ao longo do ano. “A tendência de longo prazo de elevação do nível do mar continuou, apesar de uma pequena e temporária oscilação devido a fatores naturais”, diz o texto.

Também tiveram impacto em cascata os eventos climáticos extremos registrados em todo o mundo em 2025, como chuvas torrenciais e inundações, calor intenso e incêndios florestais. Todos esses fatores contribuíram para o deslocamento de pessoas em diversas regiões, prejudicando o desenvolvimento sustentável e o progresso econômico.

Fonte: Agência Brasil