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sábado, 5 de julho de 2025

Entenda o que é o Brics, grupo que se reúne a partir de domingo no Rio

 







Brasil é um dos fundadores do bloco de países do Sul Global

Um pouco mais de oito meses depois de o Museu de Arte Moderna (MAM) receber os holofotes do mundo para a reunião do G20 (grupo formado por 19 países e as uniões Europeia e Africana), o Rio de Janeiro ocupa novamente cenário de destaque no palco das relações internacionais. No domingo (6) e na segunda-feira (7), será realizada a reunião de Cúpula do Brics, sob a presidência brasileira.

Fórum das maiores economias fora do G7, que reúne as potências alinhadas aos Estados Unidos, o grupo é apontado como uma voz do Sul Global. Entenda mais sobre esse evento internacional com a série de perguntas e respostas abaixo, preparadas pela Agência Brasil.

O QUE É O BRICS
O grupo se define como um foro de articulação político diplomática de países que formam o chamado Sul Global, buscando cooperação internacional e o tratamento multilateral de temas globais.

Além de buscar mais influência e equidade de seus integrantes em instituições como Organização das Nações Unidas (ONU), Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brics tem em seu radar a criação de instituições voltadas para seus participantes, como o Novo Banco de Desenvolvimento, chamado de banco do Brics.

Por não ser uma organização internacional, o Brics não tem um orçamento próprio ou secretariado permanente.


Quantos países fazem parte do Brics?


Atualmente, o grupo conta com 11 países membros e dez países parceiros.

Países-membros: África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia.

Países-parceiros: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.

Qual a diferença entre país-membro e país-parceiro?

A modalidade país-parceiro foi criada durante a Cúpula de Kazan, na Rússia, em outubro de 2024. Esses países são convidados a participar dos encontros e dos debates. A principal diferença entre as categorias é que apenas os países-membros têm poder de deliberação, ou seja, votar nos encontros, por exemplo, para referendar a declaração final do grupo.


O Brics começou com quantos países?


O termo Brics nasceu em um estudo de 2001, formulado pelo economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O'Neil, que projetou a crescente importância que Brasil, Rússia, Índia e China teriam na economia e na geopolítica global no Século 21.

A organização desses países enquanto grupo se deu em 2006.Cinco anos depois, em 2011, o acrônimo ganhou o “s”, de South Africa (África do Sul, em inglês).

Em 2024, o grupo passou a incluir Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. A Argentina chegou a ser convidada, mas sob a presidência de Javier Milei, recusou o ingresso. Em 2025, a Indonésia passou a fazer parte do Brics.

Também no ano passado, foi anunciado que os países-parceiros Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Tailândia, Uganda e Uzbequistão passariam a fazer parte do Brics a partir de 1º de janeiro de 2025.

A Nigéria recebeu o status em 17 de janeiro. O mais recente parceiro é o Vietnã, que foi anunciado no último dia 13 de junho.

Mais de 30 nações já manifestaram interesse em participar do Brics, tanto na qualidade de membros como de parceiros.

O que é o Sul Global?

O Sul Global pode ser entendido como uma união entre países em desenvolvimento, em regiões como América Latina, África, Ásia Meridional e sudeste asiático.

Esses países apresentam similaridades, como passado de colonização, economias diversificadas e desafios sociais. As nações buscam articulações entre si para reivindicar reformas na ordem econômica e política global, reduzindo a dependência dos países desenvolvidos.

Apesar no nome, muitos desses países se localizam geograficamente no hemisfério Norte, como Rússia, China, Arábia Saudita e Egito.

Mais países podem entrar no grupo?

Segundo a presidência brasileira, não há previsão, no momento, de se realizar novo processo de expansão. Eventual manifestação de interesse de ingresso no Brics será avaliada caso a caso. A decisão final sobre a adesão é feita por consenso entre os líderes do grupo.

O Brics tem poder de decisão sobre temas internacionais?

O Brics não é uma organização internacional ou um bloco formal. Trata-se de um foro de coordenação e cooperação entre países do Sul Global. Consensos de discussões precisam ser implementados internamente pelos países, caso queiram seguir o encaminhamento.

Por que o encontro acontece no Brasil? É a primeira vez?

A reunião de cúpula acontece no país-membro que ocupa a presidência rotativa ─ em 2025, é a vez do Brasil. Por isso, foi escolhido o Rio de Janeiro. Ao longo da presidência brasileira em 2025, foram realizadas mais de 200 reuniões online e presenciais.

Em 2026, a cúpula será na Índia. No ano passado, o encontro foi em Kazan, na Rússia.

O Brasil sediou três edições da cúpula: Brasília (2019 e 2010) e Fortaleza (2014).




Museu de Arte Moderna (MAM Rio) recebeu Cúpula do G20 no ano passado e recebe a do Brics neste ano Tânia Rêgo/Agência Brasil


O Brics representa quanto da população e da economia mundial?

Os 11 países representam 39% da economia mundial, 48,5% da população do planeta e 23% do comércio global. Em 2024, países do Brics receberam 36% de tudo que foi exportado pelo Brasil, enquanto nós compramos desses países 34% do total do que importamos.

Qual o potencial do Brics na área de energia?

Em termos de capacidade energética, o grupo representa 43,6% da produção mundial de petróleo e 36% de gás natural. O Brics detém 72% das reservas mundiais de minerais classificados como terras raras, elementos químicos fundamentais para diversas aplicações tecnológicas, desde eletrônicos até energia renovável.

Quais as prioridades brasileiras no Brics?

Cooperação em saúde global;
Comércio, investimento e finanças;
Combate à mudança do clima;
Governança da inteligência artificial;
Arquitetura multilateral de paz e segurança;
Desenvolvimento institucional do Brics.

>> Entrevista: Brasil não quer Brics antiocidental, diz especialista.

O que é o Banco do Brics?

Criado em 2015, O New Development Bank (NDB), Novo Banco de Desenvolvimento, também conhecido como Banco do Brics, é um banco multilateral de desenvolvimento criado para mobilizar recursos para financiar projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento.

De acordo com o site da instituição, o NDB já aprovou 120 projetos e US$ 39 bilhões (equivalente a mais de R$ 210 bilhões) em financiamentos.

Países de fora do Brics, casos de Uruguai, Argélia e Bangladesh, também podem fazer parte. Os fundadores do Brics são os maiores depositantes de recursos do banco de fomento. A Colômbia já manifestou interesse em virar integrante. Por outro lado, a entrada no Brics não garante acesso ao NDB.

Em 2023, a ex-presidente Dilma Rousseff foi escolhida presidente do NDB, sendo reeleita em 2025.


O que é o Arranjo Contingente de Reservas (ACR)?

O Arranjo Contingente de Reservas (ACR) é uma plataforma de apoio financeiro entre os integrantes do Brics para os casos de dificuldades no balanço de pagamentos do país (fuga de moedas estrangeiras, por exemplo).

O ACR está plenamente operacional e pode ser acionado a qualquer momento por iniciativa de um dos membros.

Por meio do ACR, os membros se comprometem a colocar à disposição reservas internacionais no valor de até US$ 100 bilhões, distribuídos da seguinte maneira: China (US$ 41 bilhões), Brasil (US$ 18 bilhões), Índia (US$ 18 bilhões), Rússia (US$ 18 bilhões) e África do Sul (US$ 5 bilhões).

Os novos membros do Brics podem solicitar adesão ao ACR.

Fonte: Agência Brasil

sábado, 28 de junho de 2025

Defesa Civil do Rio Grande do Sul emite novo alerta para chuvas fortes








Chuvas, ventos fortes e granizo deverão atingir o RS até domingo
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul emitiu, no fim da manhã desta sexta-feira (27), um novo alerta sobre o risco de chuvas fortes voltarem a atingir grande parte do estado a partir deste fim de semana.

A mudança no tempo se inicia neste sábado, quando chuvas intensas devem voltar a cair sobre a Região Metropolitana de Porto Alegre e outras partes do território gaúcho já afetadas pela precipitação das últimas semanas.

A preocupação maior é com as cidades e áreas de influência de rios que cortam o estado e cujos níveis já estão altos, como o Jacuí, que responde por cerca de 80% de toda a água que chega ao Lago Guaíba. Às 15h de hoje, o nível do lago estava em 3,29 metros próximo a Porto Alegre – apenas 31 centímetros abaixo da cota de inundação da área.

GRANIZO E VENTOS FORTES

O volume de chuva pode variar entre 50 e 90 milímetros/dia nas regiões Metropolitana de Porto Alegre e Norte do estado, podendo chegar aos 100 mm/dia nas regiões dos Vales, Noroeste, Centro Norte, Serra e Litoral Norte, especialmente durante a noite. Também há risco de temporais com granizo e rajadas de vento acima dos 70 km/h no Noroeste e Norte do estado.

A formação de um ciclone extratropical próximo à costa favorece a ocorrência de chuvas intensas e persistentes, acompanhada de raios e temporais isolados, a partir do domingo (29). Os acumulados variam entre 50 e 80 mm/dia nas Missões, Noroeste, Centro-Norte, Serra e na Região Metropolitana de Porto Alegre, podendo chegar aos 100 mm/dia nos Vales e Litoral Norte.

Ainda devido à influência do ciclone extratropical, as rajadas de vento deverão se intensificar, variando entre 50 e 75 km/h em toda a metade sul do estado, bem como no litoral e nas regiões Nordeste e Metropolitana de Porto Alegre. Há risco de temporais com granizo e rajadas de vento acima dos 70 km/h nas regiões Noroeste e Norte e o mar deve ficar agitado.

Fonte: Agência Brasil

terça-feira, 17 de junho de 2025

Natureza precisa ser aliada e não ameaça às crianças, diz especialista

 







Iniciativas procuram proteger os menores da crise climática
Uma atividade ao ar livre, em contato direto com a natureza, costuma gerar boas lembranças na infância. Mas e quando a experiência da criança com o meio-ambiente envolve um desastre ou desequilíbrio ambiental? Para a especialista em educação e natureza do Instituto Alana Paula Mendonça, é preciso olhar com mais atenção para a relação dos mais jovens com a emergência climática.

“Precisamos construir escolas e comunidades sustentáveis, saudáveis e resilientes, nas quais as crianças possam ver a natureza como aliada e não como uma ameaça. A vivência de um evento climático pode causar um trauma na criança. E ela depois ter medo da chuva ou do calor, por exemplo”, analisa Paula.

A especialista participou, por videoconferência, de uma coletiva de imprensa durante visita guiada à Ilha do Combu, em Belém. E aprofundou reflexões presentes na pesquisa do Instituto Alana sobre resiliência climática nas escolas das capitais brasileiras.

Ela lembrou que 37,4% escolas de educação infantil e ensino fundamental do país não têm áreas verdes, 11,3% ficam em favelas e 6,7% estão em áreas de risco de desastres naturais.

“A gente vem trabalhando para defender o direito de toda criança viver em um meio ambiente saudável, como garante o artigo 225 da Constituição Federal. Para que as crianças possam fortalecer o vínculo com a natureza”, analisa Paula.

“Precisamos de ações que visem à adaptação e o enfrentamento das mudanças climáticas. É olhar para a restauração da biodiversidade, a redução da poluição, estratégias de educação que fomentem acesso à natureza e desenvolvimento de habilidades e competências que preparem melhor os estudantes para enfrentar a crise climática”, complementa.

Escolas Baseadas na Natureza

Durante a quarta edição do TEDx Amazônia, em Belém, o Instituto CCR, ligado à empresa de infraestrutura e mobilidade Motiva, também anunciou o programa Escolas Baseadas na Natureza, em parceria com o Instituto Alana. A proposta é oferecer formação continuada e materiais didáticos para alunos, professores e gestores do ensino fundamental de escolas municipais de todo o país. Tudo de forma gratuita.

A formação tem 40 horas e ocorre de forma virtual, aberta a qualquer educador. Por meio dela, os educadores poderão pensar em soluções baseadas na natureza no ambiente escolar, além de elaborar projetos práticos para aplicar nas instituições de ensino.

Uma outra forma de incentivo é o Prêmio Escolas Baseadas na Natureza, que vai selecionar cinco escolas públicas com projetos de destaque em educação ambiental. Cada uma receberá até R$ 100 mil para a realização de melhorias em sua infraestrutura. Também serão oferecidas mentoria pedagógica, assessoria técnica e consultoria especializada em arquitetura escolar sustentável.

As inscrições estão previstas para junho. O anúncio das escolas vencedoras deve ocorrer em julho. Entre os pontos que serão valorizados estão a criação de pátios naturalizados, hortas pedagógicas, sistemas de captação de água da chuva, uso de energias renováveis e mobiliário feito com materiais reaproveitados.

“Nós temos hoje uma base de mais de 6.000 professores que serão parceiros diretamente dessa iniciativa e mais de 170.000 estudantes também em 280 municípios. A gente quer que essa expansão ocorra o mais rápido possível, porque é uma temática urgente. Precisamos saber lidar com a emergência climática”, disse Jéssica Trevisam, gerente de Responsabilidade Social do Instituto CCR.

Fonte: Agência Brasil

domingo, 16 de março de 2025

Após enchentes, Serra Gaúcha pode levar 40 anos para recuperar o solo

 

Estudo mostra perda de mais de 85% do estoque de carbono na região

Por causa das enchentes de abril e maio do ano passado, a Serra Gaúcha perdeu mais de 85% do estoque de carbono no solo de pomares da região. A reposição desse importante nutriente pode demorar de 14 a 40 anos.

As informações são resultados de um estudo divulgado pelo professor de agronomia Gustavo Brunetto, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no seminário RS Resiliência e Sustentabilidade, realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), nessa sexta-feira (14). O evento discutiu temas relativos aos impactos da enchente do ano passado, aspectos das mudanças climáticas e alternativas de soluções para encarar o cenário preocupante.

No caso do solo, o professor Gustavo Brunetto explicou que as inundações devem comprometer o trabalho do produtor rural para que busque fertilidade nas plantações. Ele contextualizou que as cidades da Serra Gaúcha ficaram entre as regiões mais afetadas pela chuva em curto espaço de tempo.

“Isso estimulou o escoamento da água na superfície, a transferência de solo de partes mais altas para partes mais baixas e, com isso, nós tivemos importantes consequências e danos”.

Ele explicou que o primeiro dano foi a perda de solo, especialmente da camada superficial, já que nem toda a água conseguiu infiltrar.

“Por isso, nós tivemos perda de nutrientes que normalmente estão no solo e que são fontes para as plantas, para que elas consigam crescer, produzir e ter um produto de qualidade”.

Parte da matéria orgânica e dos nutrientes foram para partes baixas do relevo e também, em alguns casos, em águas superficiais.

“No futuro, isso poderá gerar contaminação da água. Esse dano ocorreu em virtude do excesso de precipitação. Tivemos perda de solo em áreas não cultivadas e também em áreas cultivadas”.

Riscos

Ele avaliou, pelo estudo feito na cidade de Bento Gonçalves, por exemplo, que houve também a diminuição dos teores de fósforo nas áreas de deslizamento.

“Se as áreas que foram degradadas pelo excesso de chuva forem incorporadas novamente à agricultura, o produtor vai ter que comprar mais fertilizante. Com isso ele vai ter um aumento, provavelmente, do seu custo na propriedade”.

A perda de fósforo, como observou Brunetto, pode gerar a contaminação da água. “Nós tivemos uma perda da matéria orgânica do solo. Com isso nós perdemos uma fonte importante que vai disponibilizar nutrientes para as plantas”

Soluções

O professor da UFSM identifica que, para repor nutrientes, é necessário conhecimento e investimento. Ele disse que são necessárias estratégias para que, no futuro, quando isso acontecer novamente, haja possibilidade de minimizar esse problema. Inclusive, ele aponta ser necessário haver o nivelamento do solo para que o produtor consiga novamente cultivar a sua área.

O pesquisador reitera que o caminho é utilizar técnicas reconhecidas e aceitas na área da agronomia, como a calagem (prática para corrigir a acidez, neutralizar o alumínio e fornecer cálcio e magnésio) e adubação.


“É preciso executarmos o uso de plantas de cobertura que podem ser utilizadas”

Ele defendeu práticas de manejo chamadas de conservacionistas. Além do uso de plantas de cobertura, uso de terraços em áreas, por exemplo, de culturas frutíferas perenes. “É uma forma de reter a água, estimular a infiltração da água, diminuir a perda de água e de solo

Impacto social

Além do diagnóstico sobre o solo, o evento apontou outros impactos, como o social. O professor de economia Gibran Teixeira, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), explicou que as enchentes no Estado deixaram um desastre que requer políticas públicas diante das perdas de postos de trabalho e queda de arrecadação.

Para se ter uma ideia, ele exemplificou que, nos municípios com apenas 10% da população afetada, houve uma perda de quatro empregos a cada mil habitantes, além de queda salarial e de assistência de saúde.

“Quanto maior for a exposição do município à área de inundação, mais há perdas de emprego formal, queda na arrecadação municipal, aumento de casos de leptospirose, redução de visitas e toda assistência básica em saúde”, diz o professor.

Nas cidades com maior nível de exposição (com mais de 50% da população afetada), houve o maior volume de queda de empregos formal, de admissões, e, por consequência, maior diminuição de ICMS.

“Paralisou praticamente a economia do estado e principalmente esses municípios que tiveram um maior nível de exposição à inundação”, ressaltou.

Fonte: Agência Brasil

sexta-feira, 7 de março de 2025

Entenda a relação dos impactos climáticos com a vida cotidiana

 








Em três décadas, 92% das cidades brasileiras registraram desastres


Em um único dia, Luiz Antônio Ceccon viu toda sua história de vida e o seu trabalho, na Ilha da Pintada, em Porto Alegre (RS), serem levados pelas águas do Rio Jacuí.


Luiz Antônio Ceccon e sua esposa abrigados no Ginásio Elyseu Quinhones, em Eldorado do Sul (RS) em junho de 2024 - Bruno Peres/Agência Brasil

“Eu tinha criação de animais, eu era pescador, perdi barco, perdi rede. Eu tinha criação de bicho, ovelha, cabrito, porco, perdi tudo. Porque minha casa era meio longe aqui da ilha, para chegar lá só de barco. Eu perdi os pés da minha casa na Mexiana, dentro da Ilha da Pintada, e tudo que tinha dentro. Aqui na Picada, eu perdi também tudo que tinha dentro, que é uma casa de aluguel onde minha mulher ia abrir uma floricultura. Perdemos tudo.”

Luiz e a esposa são sobreviventes das chuvas e enchentes que, em maio de 2024, devastaram 468 municípios do Rio Grande do Sul e atingiram mais de 2,34 milhões de pessoas, deixando 183 mortos, 806 feridos e 27 desaparecidos.


Líder comunitário de Tumbira, Roberto Macedo - Agência Brasil

Já no Norte do país, poucos meses antes, em fevereiro do mesmo ano, a Comunidade de Tumbira, no município de Iranduba (AM), começava a se recuperar de um longo período de estiagem, mais forte e longo que nos anos anteriores.

Sem chuvas, o Rio Negro atingiu um dos níveis mais críticos das últimas décadas, em setembro de 2023. Nos meses seguintes, as 140 famílias de Tumbira – que têm no turismo a principal forma de subsistência – foram afetadas drasticamente.

“Fumaça, calor acima da média, o rio seco, as ilhas de capim e o Cauxim – que é um fenômeno que deixa um [material] orgânico no rio quando ele seca além do normal, pega o sol, e vira tipo assim um pozinho que dá alergia nas pessoas”, conta o líder comunitário Roberto Macedo sobre o que chama de sequelas da seca.

Relatório


O pesquisador Ronaldo Christofoletti, do Instituto do Mar, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que o dia a dia dessas pessoas foi afetado pelo que denominou "desastres climáticos", no primeiro relatório da série Brasil em Transformação, que analisa como os desastres naturais no país são intensificados pelas mudanças climáticas ocorridas em todo o planeta.

“Tem um dado ali que chama muita atenção, quando a gente olha que 92% dos municípios brasileiros já registraram desastres, já foram afetados de alguma forma e que está aumentando de frequência”


Termômetros marcaram 46°C em um dia de calor intenso no Rio de Janeiro - Tomaz Silva/Agência Brasil

O estudo cruzou dados do Climate Change Institute, da Universidade do Maine, que evidenciam o aumento gradual da temperatura planetária tanto no ar, quanto no oceano; com os números do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, dos últimos 32 anos (1991 a 2023).

A partir desses dados, os pesquisadores concluíram que para cada aumento em 0,1 grau Celsius (°C) na temperatura média global do ar, houve um aumento de 360 registros de desastres.

Quando o mesmo aumento ocorreu nos oceanos, houve um crescimento foi de 584 registros. Isso representou um crescimento médio de 100 ocorrências ao ano no Brasil, no período compreendido entre 1991 a 2023.

Ao longo desse período, o estudo identificou 64.280 desastres climáticos e os classificou de acordo com cinco tipos de registro:climatológicos, para os relacionados a seca (estiagens, incêndios florestais e baixa umidade do ar);
hidrológicos, pra os relacionados a cheias (enxurradas, inundações e alagamentos);
meteorológicos, relacionados a mudanças de temperatura (ondas de frio, calor, ciclones, ventos costeiros);
geológicos, para os relacionados a deslocamento de massa (deslizamentos, terremotos e erosão); e
biológicos, para os relacionados ao desequilíbrio de espécies (epidemias e infestações).

“Quando você passa a ter alterações ambientais mais amplas, como desmatamento, poluição e enriquecimento de águas por nutrientes, você passa a beneficiar a proliferação de vários agentes infecciosos. De vírus, de bactérias e assim segue. Então, a partir daí, esse é um desastre biológico, porque ele não aconteceria naturalmente”, explica o pesquisador.

Do total de desastres climáticos, 49,8% foram climatológicos. Outros 26,58% foram hidrológicos; 19,87% foram classificados como desastres meteorológicos; 3,32% desastres geológicos e, por fim, os desastres biológicos somaram 0,35% dos registros entre 1991 e 2023.

Prejuízos

Os pesquisadores também concluíram que a cada aumento 0,1°C na temperatura média global do ar, houve um prejuízo econômico estimado de R$5,6 bilhões no país.

“Todos esses dados de prejuízo econômico, a gente pode afirmar, com certeza, que são subestimados. A gente sabe que é mais do que isso, porque o dado que a gente usou para avaliar o impacto econômico é apenas aquele que as prefeituras lançam na plataforma de desastre da Defesa Civil”, explica o Christofoletti.

Para o pesquisador, os impactos econômicos chegam à população duas vezes: uma de forma mais direta, quando os efeitos dos desastres climáticos afetam os bens, a moradia e a forma produtiva das pessoas; e uma segunda vez, quando o poder público precisa redirecionar recursos para as necessidades emergenciais criadas.


“Esse é um dinheiro de gasto público para reconstruir para reformar, recuperar as cidades, que é dinheiro que poderia estar indo para educação, saúde, em benefícios da sociedade, mas está sendo usado para reconstruir cidade.”

Há ainda os impactos sociais que alcançam cada vez mais pessoas, revelou o estudo. Nos últimos quatro anos da pesquisa, período entre 2020 e 2023, quase 78 milhões de pessoas foram afetadas por desastres climáticos, o equivalente a 70% do número de afetados nos dez anos anteriores, entre 2010 e 2019.


Hangar da Base Aérea de São Paulo com doações para o Rio Grande do Sul - Rovena Rosa/Agência Brasil

De acordo com o pesquisador, esses números se traduzem em impactos sociais que vão além do número de vítimas contabilizadas entre mortos, feridos e afetados. Christofoletti cita ainda as perdas emocionais não contabilizadas dessas vítimas.

“Aquela casa, principalmente para populações mais vulneráveis, ela vinha da mãe, do avô, do bisavô. Aquilo tinha história das pessoas lá dentro. São perdas que não são mensuráveis e tem um impacto de saúde mental muito grande.”

Segundo o pesquisador, outro estudo desenvolvido pela equipe do instituto da Unifesp apontou que 62% das pessoas entrevistadas sentem medo em dias com previsão de chuva intensa na sua região.

“Quando você tem 62% da população falando 'Eu sinto medo quando vai chover!', a gente já está falando de um impacto de saúde mental. As pessoas passam a ter medo e isso é um impacto muito forte, seja pela perda daqueles bens, que não é pelo dinheiro em si mas pelas memórias e pelo valor afetivo que eles têm, seja como isso está afetando a saúde mental propriamente”.

De acordo com a equipe, esses temas serão detalhados nas próximas publicações da série que, inicialmente, detalhará cada tipo de desastre e analisará seus impactos de forma mais específica.

“Nesse primeiro relatório a gente teve que analisar esses desastres todos juntos. Então assim, o pacote total de desastres, porque eles têm essa classificação ampla. Agora o passo que a gente vai dar, que a gente já está finalizando a primeira parte, é explorar desastre por desastre.”

Fonte: Agência Brasil

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Janeiro de 2025 foi o mês mais quente do planeta

 







Pesquisa é do Serviço Copernicus para Mudanças Climáticas da UE

Em janeiro de 2025, a temperatura do planeta registrou 1,75 grau Celsius (°C) acima do nível pré-industrial. Foi a maior já anotada pela série histórica do Serviço Copernicus para Mudanças Climáticas da União Europeia, ficando 0,79°C acima da média de 1991-2020 para o mês, com temperatura do ar na superfície de 13,23ºC.

“Janeiro de 2025 é outro mês surpreendente, continuando as temperaturas recordes observadas nos últimos dois anos, apesar do desenvolvimento das condições de La Niña no Pacífico tropical e seu efeito de resfriamento temporário nas temperaturas globais”, diz Samantha Burgess, líder estratégica para o clima do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF, na sigla em inglês).

O registro leva o planeta ao 18º mês - dos últimos 19 meses - em que a temperatura média global do ar superficial foi superior a 1,5°C acima do nível pré-industrial. De fevereiro de 2024 a janeiro de 2025, o planeta ficou 1,61°C acima da média estimada de 1850-1900 usada para definir o nível pré-industrial.

De acordo com o relatório da instituição divulgado nesta quinta-feira (6), as temperaturas acima da média foram observadas principalmente no sudeste da Europa, nordeste e noroeste do Canadá, Alasca e Sibéria, sul da América do Sul, África e grande parte da Austrália e Antártica.

Calor excessivo lota praias do Rio de Janeiro e de outras capitais 

Tânia Rêgo/Agência Brasil

Já no norte da Europa, Estados Unidos e nas regiões mais orientais da Rússia, Península Arábica e sudeste Asiático, as temperaturas foram abaixo da média.

A temperatura média da superfície do mar para janeiro foi de 20,78ºC, considerando as zonas temperadas e intertropical, a cerca de 10 metros de profundidade. De acordo com o Copernicus, esse é o segundo valor mais alto anotado para o mês: 0,19°C abaixo de janeiro de 2024.

Chuvas

O relatório informou ainda que janeiro também foi predominantemente mais úmido do que a média, com fortes precipitações que levaram a inundações em algumas regiões.

A média de chuvas foi maior na Europa Ocidental, em partes da Itália, Escandinávia e países bálticos; no Alasca, Canadá, centro e leste da Rússia, leste da Austrália, sudeste da África e sul do Brasil.

Medições

O Copernicus é um programa de observação da Terra que utiliza medições de satélites, navios, aeronaves e estações meteorológicas em todo o mundo para produzir análises de dados da atmosfera, marinho, Terra, alterações climáticas, segurança e emergência.

O programa é coordenado e gerido pela Comissão Europeia e implementado em parceria com estados membros, Agência Espacial Europeia (ESA), Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos e Centro Europeu de Previsões Meteorológicas em Médio Prazo, entre outros.

Fonte: Agência Brasil

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Efeitos das mudanças climáticas podem agravar fome, revela estudo



No Brasil, 61,3 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar


O último relatório O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo, elaborado por cinco agências especializadas das Nações Unidas, apontou que, em 2023, 2,33 bilhões de pessoas enfrentaram insegurança alimentar moderada ou grave e que 733 milhões passaram fome no mundo.

O estudo sinaliza que a insegurança alimentar e a má nutrição estão piorando devido a uma combinação de fatores, que incluem a inflação dos preços dos alimentos, desacelerações econômicas, desigualdade, dietas saudáveis inacessíveis e mudanças climáticas.

Só no Brasil, segundo o Atlas Global de Política de Doação de Alimentos, 61,3 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar, o que representa quase um quarto da população.

“O que vimos é que, entre 2019 e 2020, houve um grande aumento na fome e na insegurança alimentar em todo o mundo. Pensávamos que, à medida que a pandemia de Covid-19 terminasse, esses números diminuiriam. Mas o que realmente aconteceu é que, nos últimos três anos, eles permaneceram persistentemente elevados. Tivemos a guerra na Ucrânia, mudanças climáticas e uma superinflação. E tudo isso significa que há milhões e milhões de pessoas que ainda lutam para ter acesso a alimentos suficientes”, disse Lisa Moon, CEO [diretora-executiva] da The Global FoodBanking Network.

Lisa deu entrevista para a Agência Brasil durante o seminário internacional Sistemas Alimentares: Oportunidades para Combater a Fome e o Desperdício no Brasil, realizado hoje (6) pelo Sesc e pelo The Global FoodBanking Network (GFN), uma entidade internacional que trabalha com organizações locais para apoiar bancos de alimentos em mais de 50 países. O evento foi realizado no Sesc Belenzinho, em São Paulo.

“Esse seminário traz a abertura das comemorações dos 30 anos do programa Sesc Mesa Brasil e também traz à tona toda essa discussão das mudanças climáticas, desperdícios, vulnerabilidade e fome. É importante a gente estar sempre debatendo esse cenário e buscando novos caminhos para mitigar os efeitos tão severos que a gente encontra, com tantas pessoas em situação de insegurança alimentar”, disse Cláudia Roseno, gerente de assistência do Departamento Nacional do Sesc.

Um dos temas das discussões promovidas pelo seminário engloba os efeitos da crise climática sobre a fome e a insegurança alimentar no mundo.

“As mudanças climáticas impactam no circuito de produção e de distribuição [dos alimentos]. Um exemplo muito emblemático e recente é a tragédia no Rio Grande do Sul”, disse Cláudia. No Sul, lembrou ela, as enchentes atingiram toda a produção de agricultura familiar e de subsistência e também a produção de arroz, o que afetou o abastecimento em todo o país.

Questionada sobre esses impactos, Lisa destacou que as comunidades que mais têm sofrido com as mudanças climáticas são também as mais afetadas pela fome. “Vemos taxas mais elevadas de fome crônica e taxas mais elevadas de insegurança alimentar em comunidades que estão sofrendo os impactos das alterações climáticas. Ao mesmo tempo, o nosso sistema alimentar está produzindo alimentos mais do que suficientes para que todos tenham o suficiente, mas estamos descartando cerca de um terço de todos os alimentos produzidos a nível mundial, aumentando as emissões de gases de efeito de estufa”, observou. “Com o desperdício de alimentos, estamos agravando o problema das mudanças climáticas”, acrescentou.

No caso específico do Brasil, destacou Carlos Portugal Gouvêa, professor de Direito na Universidade de São Paulo (USP) e professor visitante na Harvard Law School, essa questão do desperdício de alimentos está relacionada também à pecuária. “Se a gente for olhar, o Brasil está entre os maiores produtores de carne do mundo. Temos as maiores companhias produtoras de proteína do mundo, mas a gente também tem um nível muito elevado de desperdício de animais e de desperdício de carne no mundo. E qual é a questão com a sustentabilidade? Se formos olhar quem é o maior poluidor brasileiro, quem mais contribui de uma forma negativa para a emissão de gases, que tem impacto no aquecimento global, é a indústria de carne. A gente consegue perceber que existe uma direta conexão entre o desperdício e a indústria”, afirmou ele, durante o seminário. “O desperdício, muitas vezes, está ligado a um sistema econômico no qual você precisa dar vazão a uma produção, a um certo nível de produção”, salientou.
Soluções

As respostas para enfrentar a fome e os impactos das mudanças climáticas sobre a insegurança alimentar não são fáceis, nem imediatas. Mas são urgentes.

Exigem também esforço coletivo e “muita discussão”, destacou Cláudia Roseno. “É preciso colocar à mesa pesquisadores, governos, sociedade civil e iniciativas como o Sesc Mesa Brasil para discutir esse problema. Precisamos encontrar outros caminhos para reduzir os efeitos das mudanças climáticas, do desperdício e também da vulnerabilidade e da fome no Brasil”, disse ela.



Para Lisa Moon, a redução da fome passa, por exemplo, pelo apoio aos bancos de alimentos. “Para as pessoas que estão na pobreza, se não tiverem dinheiro suficiente para sobreviver, a comida é muitas vezes a última coisa que comprarão. Elas terão que comprar suas moradias, remédios e outras coisas. E isso significa que a fome é muito, muito prevalente, mesmo entre as pessoas que têm emprego. E a função dos bancos alimentares é ajudar a fornecer esse apoio às pessoas necessitadas. E eles não só fornecem alimentos para satisfazer as necessidades básicas, como também fornecem nutrição vital”, sustentou.

Lisa destaca outras ações importantes para reduzir a fome e a insegurança alimentar no mundo, principalmente relacionadas às doações para os bancos alimentares. A primeira delas, afirmou, diz respeito à proteção de responsabilidade. “Se as empresas e os produtores de alimentos doarem de boa-fé deverão ter a certeza de que não terão qualquer tipo de problemas jurídicos”, opinou.

Outros pontos que Lisa ressaltou como importantes são os incentivos fiscais, a rotulagem e os investimentos no terceiro setor.

“Em muitos lugares é mais caro doar alimentos do que jogá-los fora. Com incentivos fiscais podemos ajudar a incentivar as empresas a conseguirem, pelo menos, aliviar alguns dos seus custos quando fazem essa doação. Outra coisa é a rotulagem de validade [dos alimentos]. A rotulagem de validade é muito confusa e causa confusão sobre se esses rótulos de qualidade ou de segurança alimentar. Adotar uma rotulagem realmente focada na segurança alimentar pode ser muito útil para a doação. A última coisa é pensar realmente em como investir no terceiro setor que vai recuperar esse excedente alimentar. Descobrimos que, com pequenos investimentos em subsídios para infraestruturas, podemos realmente aumentar a capacidade dos bancos alimentares para receber mais produtos excedentes e redistribuí-los às pessoas necessitadas”, frisou Lisa.

Para o professor Carlos Portugal Gouvêa, da USP e da Harvard Law School, a questão da fome precisa ser enfrentada não só com políticas públicas eficientes, mas também com assistência social. Ele lembra que não adianta ter uma boa política pública, se ela não chega a quem mais necessita. “Você precisa ter pessoas que vão onde a pobreza está. A gente precisa ter pessoas que descobrem o problema daquelas famílias especificamente e aí usam o aparato estatal para dar uma resposta especificamente para aquela família”, observou.

“Se o Brasil é um país desigual e você faz uma política pública que, no fim, está atendendo uma classe média, você, eventualmente, está perpetuando essa desigualdade”, disse Carlos. “Os desafios, no caso da sociedade brasileira, são efetivamente imensos. Mas como eu digo para os meus alunos, se a gente conseguir resolver esses problemas no Brasil, a gente cria exemplos para o mundo”, argumentou.
Mesa Brasil

Para celebrar os 30 anos do programa Sesc Mesa Brasil, maior rede privada de bancos de alimentos da América Latina, o Sesc, em São Paulo, está promovendo uma programação especial, que foi chamada de Festival Sesc Mesa Brasil.

Nos dias 10 e 11 de agosto, as unidades da capital, litoral e interior paulista terão mais de 80 apresentações artísticas gratuitas, além de abrir seus espaços para receber doações de alimentos não perecíveis. Os itens arrecadados serão doados a instituições sociais. Mais informações sobre a programação podem ser obtidas no site.

Fonte: Agência Brasil