segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Anvisa suspende fabricação e venda de cosmético com suspeita de formol na composição


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu hoje (3) a fabricação, a distribuição, o comércio e o uso em todo o país do Lote 01-01/10 do cosmético Alinhamento Amarula (data de fabricação agosto/2011).
Por meio de nota, o órgão informou que a decisão de suspender o produto foi tomada porque o cosmético, além de não ter registro, é suspeito de conter formol. A Anvisa foi notificada após denúncia de intoxicação grave encaminhada pela Vigilância em Medicamentos e Congêneres da Secretaria de Saúde de Minas Gerais.
Também foram suspensos todos os produtos da empresa fabricante do cosmético, John Hair, que não tem autorização para funcionar. A suspensão tem validade imediata. A medida foi publicada hoje no Diário Oficial da União.
A orientação da Anvisa é que as pessoas que já tiverem comprado algum produto da empresa interrompam o uso.
Agência Brasil

domingo, 2 de setembro de 2012

Críticas a escolas unem blogueiras mirins do Brasil e da Escócia


Da BBC Brasil
São Paulo - Embora uma esteja em Argyll, na Escócia, e a outra em Florianópolis, no Brasil, as meninas Martha Payne, de 9 anos, e Isadora Faber, de 13, têm muito em comum. Tímidas, porém questionadoras, as duas sonham em ser jornalistas e chamaram a atenção da mídia ao criticar as escolas onde estudam em blogs na internet, cobrando das autoridades soluções para os problemas.
A convite da BBC Brasil, as duas blogueiras mirins trocaram vídeos contando mais sobre a experiência pessoal de cada uma. Martha ficou feliz em saber que serviu de inspiração para Isadora. "Bom trabalho! Aposto que você também vai inspirar muitas outras crianças ao redor mundo!", disse a escocesa no vídeo.
Ainda no final de abril, a escocesa criou o blog Never Seconds (Nunca Repetir o Prato, em tradução livre), criticando a pouca quantidade e baixa qualidade da merenda em sua escola. Além de apontar que alguns alimentos não eram saudáveis, Martha dizia que muitas vezes chegava em casa ainda com fome.
Na época, a BBC Brasil entrevistou o pai da menina, Dave Payne, trazendo a história para o público brasileiro. Na capital de Santa Catarina, Eduarda Faber, de 15 anos, leu a reportagem na internet e mostrou para a irmã mais nova.
Conhecida na família por seu lema "tacar o horror", Isadora, que desde muito antes já dizia que pretende trabalhar como repórter, se inspirou na ideia e logo enxergou a possibilidade de expandir o projeto. "Se ela falou das merendas e deu resultado, vou falar também de outras coisas, porque minha escola tem mais problemas", foi a reação da garota, relembra a mãe, Mel Faber.
Por ser mais nova, Martha divulgou as fotos das merendas em um blog montado e mantido com a ajuda do pai. Já a pré-adolescente brasileira criou sozinha a página "Diário de Classe: A Verdade" no Facebook, com fotos de bebedouros e ventiladores quebrados, uma quadra sem cobertura e até um pedido para que um professor fosse substituído.
"Estamos no Brasil, as coisas podem ser mais difíceis", aconselhou a mãe. "Mas mesmo assim ela embarcou na ideia e seguiu firme", conta. Dias depois, após sites de notícias, jornais e programas de TV darem destaque ao assunto, o governo local anunciou a troca do professor e uma série de reformas foram iniciadas na escola.
Como boa jornalista, Isadora está de olho e vem postando fotos das obras que incluem pintura da escola, novos banheiros, instalação de novas portas e até de um telefone público novo.
blog da escocesa Martha foi lido por quase 8 milhões de pessoas em quatro meses e a página da brasileira Isadora no Facebook, em pouco mais de um mês já conquistou quase 200 mil seguidores.
Martha também conseguiu o que queria. Seu blog virou notícia não só na Grã-Bretanha mas em diversos países, e sobretudo nos Estados Unidos e na Austrália, muitas crianças copiaram a ideia.
"Sei que também há projetos semelhantes na França, Alemanha e na Nova Zelândia", diz Dave. "Mas a maioria foca no assunto das merendas. A página da Isadora é a primeira a tratar de tantos assuntos, em um lugar tão longe, e sem dúvida é a que rendeu mais repercussão até agora", acrescenta o pai da menina.
Tanto a escocesa quanto a brasileira, no entanto, tiveram que se manter firmes diante de represálias dentro e fora da escola. "Os professores apoiavam, mas o conselho de educação da região não gostou e acabou retaliando", diz Dave. Em junho, o conselho de Argyll decidiu que a menina não poderia mais postar fotos de merendas em seu blog e proibiu os professores de comentarem o assunto em sala de aula.
"É difícil, porque o governo é muito maior do que nós. Ela se assustou, mas logo expliquei que os adultos ficaram bravos porque estavam com muita vergonha", explica o escocês.
Em Florianópolis, professores, coordenadores, a diretora e até as merendeiras da escola quiseram impedir Isadora de continuar com as críticas. "Puxavam o prato da mão dela na hora da merenda. Foi sério. Ela sofreu repressão mesmo e ainda não terminou, porque a reforma da escola está na metade. Mesmo assim ela nunca faltou à aula", diz Mel.
A página da catarinense entrou no ar no dia 13 de julho, mas só ganhou repercussão nacional esta semana.
Além das críticas às merendas, o blog de Martha lançou uma campanha para arrecadar fundos para a Mary’s Meal, uma entidade de caridade que entrega alimentos a escolas na África. Em quatro meses ela arrecadou 114 mil libras (R$ 370 mil), e no fim de setembro irá ao Malawi, um dos países mais pobres do Continente Africano, para acompanhar os programas beneficentes.
Dave adiantou à BBC Brasil que ele e Martha estão escrevendo um livro sobre o blog, os bastidores, e como o projeto foi recebido pelo conselho de educação e por crianças pelo mundo. Com previsão de lançamento para o Natal, o livro se chamará Never Seconds.
Agência Brasil

sábado, 1 de setembro de 2012

Redução de APPs compromete rios e biomas brasileiros

Entrevista com Elvio Sérgio Medeiros. "As mudanças aprovadas no novo Código Florestal atacam dois dos biomas brasileiros mais degradados pelo homem: a Caatinga e o Cerrado”, aponta o biólogo.


A aprovação da emenda do Código Florestal que põe fim às Áreas de Preservação Permanente – APPs em rios intermitentes "significa um retrocesso na legislação ambiental brasileira e representa uma ameaça para a integridade ecológica dos rios de forma geral, principalmente para o bioma da Caatinga, que concentra grande parte dos rios intermitentes brasileiros”, assinala o biólogo Elvio Sérgio Medeiros na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line. Segundo ele, a redução das APPs, além de contribuir para a degradação ambiental, agravará "o quadro socioeconômico da região, por contribuir com o aumento da escassez de água”.
Para ele, as mudanças propostas no texto do Código Florestal representam a "conjuntura econômica brasileira atual, onde a pressão por áreas cultiváveis, necessidade de lucro imediato e respostas a curto prazo para os mercados são prioridade em detrimento a opções menos imediatistas e mais sustentáveis, que permitiriam a manutenção a longo prazo dos recursos naturais e a disponibilização dos seus benefícios para gerações futuras”. E dispara: "O novo Código Florestal é um ataque e uma afronta aos biomas brasileiros, principalmente os que mais precisam de preservação, como o Cerrado e Caatinga”.
Elvio Medeiros é graduado e mestre em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba. Cursou o doutorado em Ciência Ambiental pela Griffith University, Austrália. Atualmente leciona Ecologia na Universidade Estadual da Paraíba.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Qual a especificidade dos rios intermitentes?
Elvio Sérgio Medeiros - Os rios intermitentes representam cursos de água corrente que cessam seu fluxo durante um ou mais períodos do ciclo hidrológico. De forma geral podem ser classificados como temporários ou efêmeros. No primeiro caso, os rios apresentam fluxo de água superficial durante vários meses, enquanto que no segundo o fluxo de água é normalmente limitado a alguns dias ou semanas. Em anos muito úmidos, rios efêmeros podem se tornar temporários e, em períodos de seca, rios temporários podem se tornar efêmeros. Essa variação hidrológica extrema é uma característica natural desses sistemas e tem sido reconhecida como o principal elemento influenciando a estrutura das comunidades aquáticas e o funcionamento geral dos rios intermitentes. Essas características tornam esses rios muito sensíveis à variação climática, funcionando como preditores das respostas do meio ambiente ao aquecimento climático global.
Os rios intermitentes podem representar cursos de água de pequena ordem, ou seja, os riachos de cabeceira. Tradicionalmente, porém, têm sido associados a regiões secas, tanto temperadas, como é o caso nos desertos dos Estados Unidos e da Espanha, quanto em zonas tropicas, como no norte da Austrália, África e no semiárido brasileiro. No semiárido do Brasil, estes rios também estão associados a outros ambientes como lagoas temporárias naturais e os reservatórios construídos pelo homem.
Os rios intermitentes do Brasil fazem parte da paisagem da Caatinga e do dia a dia do homem do Nordeste, servindo como fonte de água, áreas de recreação, cultivo de vegetais e criação de animais. O sertanejo apresenta estratégias de sobrevivência durante os períodos de estiagem, que são resultado direto de suas percepções sobre as variações no fluxo de água desses rios. Estes ambientes fazem parte da cultura do sertanejo sendo citados em sua produção artística e por grandes escritores como Euclides da Cunha, João Cabral de Melo Neto, José Lins do Rego e Guimarães Rosa.
IHU On-Line - Como a legislação ambiental vigente aborda a preservação de Áreas de Preservação Permanente - APPs e matas ciliares nas margens dos rios intermitentes e perenes?
Elvio Sérgio Medeiros - A legislação atual não trata especificamente de diferenças entre cursos temporários ou perenes, mas rios intermitentes são mencionados e associados a nascentes. Para a legislação vigente, as florestas e demais formas de vegetação reconhecidas de utilidade às terras que revestem são consideradas APPs. É interessante notar que a concessão feita para desmatamento em rios intermitentes vai de encontro a vários artigos e parágrafos do Código Florestal que descrevem a proteção de florestas e demais formas de vegetação natural situadas ao longo dos rios ou outros cursos d'água. O próprio entendimento de APP fica comprometido porque ele inclui áreas cobertas (ou não) por vegetação, que tenham a função de preservar os recursos hídricos, a paisagem ambiental, sua biodiversidade e fluxo gênico, além de manter aspectos geomorfológicos associados à estabilidade geológica e solo. Matas ciliares de rios intermitentes contribuem com todas essas funções.
IHU On-Line - Como avalia a aprovação da ementa do Código Florestal, que põe fim às APPs em rios intermitentes? A que atribuiu a aprovação desta ementa?
Elvio Sérgio Medeiros - Essa mudança significa um retrocesso na legislação ambiental brasileira e representa uma ameaça para a integridade ecológica dos rios de forma geral (intermitentes ou não), e principalmente para o bioma da Caatinga, que concentra grande parte dos rios intermitentes brasileiros. Representa a indiferença e desrespeito do governo brasileiro com o meio ambiente e sua preservação.
IHU On-Line - Quais as implicações da redução de APPs e matas ciliares para estes rios e o entorno? Esta medida atinge que percentual dos rios brasileiros?
Elvio Sérgio Medeiros - Cerca de 40% da superfície terrestre do planeta é representada por áreas secas e essa proporção vem aumentando em função da expansão dos processos de desertificação causados por mudanças climáticas globais e destruição de florestas. No Brasil, a zona de clima semiárido, que representa o domínio dos rios intermitentes, abriga cerca de 20 milhões de brasileiros. Essa zona participa com cerca de 18% do total da área correspondente às bacias hidrográficas do Brasil, sendo sua maioria composta por cursos de água intermitentes. A redução das APPs e matas ciliares para estes rios vem contribuir para a degradação ambiental e, a médio e longo prazos, vem agravar o quadro socioeconômico da região, por contribuir com o aumento da escassez de água.
As implicações da redução ou remoção das matas ciliares para os rios intermitentes são múltiplas. Do ponto de vista geomorfológico, estas matas, através de suas raízes e cobertura do solo, contribuem para a sustentação do solo marginal diminuindo o assoreamento. Com relação à biodiversidade, estudos indicam que a mata ciliar contribui com estruturas subaquáticas, como galhos, troncos e folhas para o leito do rio, que servem de abrigo e alimento para a fauna e flora aquáticas. Por sua vez, esses sustentam outros organismos aquáticos, como peixes, anfíbios e animais terrestres como aves e pequenos mamíferos, que vêm se alimentar desses animais maiores. Estudos sobre os nutrientes que têm origem na vegetação ciliar mostram que uma parcela importante do carbono de origem ripária entra na rede alimentar aquática e sustenta parte de produção primária e secundária nos rios intermitentes. Além disso, itens alimentares originados na vegetação ciliar, como sementes e insetos terrestres, são consumidos diretamente por peixes e anfíbios. Portanto, é evidente que a destruição ou alteração da mata ciliar terá um efeito importante no funcionamento desses sistemas com consequências para a diversidade aquática.
IHU On-Line - A maioria dos rios intermitentes está no Nordeste. Em sua avaliação, a aprovação desta ementa tem alguma relação com os projetos desenvolvimentistas do governo na região?
Elvio Sérgio Medeiros - Além das implicações para as políticas de desenvolvimento para o Nordeste, este novo texto do Código Florestal representa a conjuntura econômica brasileira atual, onde a pressão por áreas cultiváveis, necessidade de lucro imediato e respostas a curto prazo para os mercados são prioridade em detrimento a opções menos imediatistas e mais sustentáveis, que permitiriam a manutenção a longo prazo dos recursos naturais e a disponibilização dos seus benefícios para gerações futuras.
IHU On-Line - A falta de proteção nos rios intermitentes pode causar impacto nos rios perenes? Alguns pesquisadores mencionam possíveis prejuízos e comprometimento da rede hidroviária. É possível?
Elvio Sérgio Medeiros - Sim. Os rios intermitentes são parte de bacias hidrográficas do Nordeste e também da maioria dos sistemas aquáticos continentais. Seu comprometimento pode alterar, a médio e longo prazos, a dinâmica hidrológica e geomorfológica da bacia como um todo, agravando assoreamento, qualidade da água, dinâmica de nutrientes, limites de variação hidrográfica, entre outros fatores.
IHU On-Line - Qual é a situação dos rios intermitentes do semiárido e da Caatinga? Qual a importância deles na preservação dos ecossistemas?
Elvio Sérgio Medeiros - Os rios intermitentes do semiárido brasileiro são importantes do ponto de vista econômico (como fonte de água e alimento), científico e cultural. Eles fazem parte do ciclo global da água e são ainda sítios de biodiversidade e endemismos.
Dentre os elementos mais importantes para a conservação dos rios intermitentes destaca-se a necessidade de seu reconhecimento como sítios importantes de biodiversidade e que essa biodiversidade está associada aos padrões naturais de variação no fluxo de água. Sem o entendimento de como esses processos atuam na fauna aquática, e com o agravamento do risco ambiental desses rios legitimado pelo governo brasileiro, as estratégias de conservação para o bioma Caatinga serão pouco efetivas.
Muito embora importantes medidas para a conservação do bioma da Caatinga têm sido tomadas, como a criação de áreas de preservação e delineamento de áreas prioritárias para conservação e para pesquisas científicas, o comprometimento das matas ciliares acontece em detrimento ao argumento de que a conservação dos rios intermitentes deve ser ampliada devido à natureza seca do ambiente ao seu entorno.
Estudos enfatizam a necessidade de cinco passos fundamentais a serem considerados para os planos de conservação no semiárido: (1) que estes planos sejam estabelecidos com base no conhecimento científico sobre a estrutura e funcionamento dos rios intermitentes e no papel das variações hidrológicas na biodiversidade aquática e do seu entorno; (2) que áreas de conservação incluam bacias de rios intermitentes importantes, baseado não apenas na diversidade de espécies, mas também nos processos ecológicos que sustentam essas espécies; (3) que os processos sustentando a biodiversidade sejam mantidos em múltiplas escalas da paisagem, e não apenas em escala local; (4)que a integridade natural da zona ripária (e das matas ciliares) sejam mantidas e restauradas; e (5) que, tendo em vista a história de ocupação humana no semiárido, as configurações dos ecossistemas e suas interações com os sistemas sociais humanos devem também ser levados em consideração nos planos de manejo para a região.
IHU On-Line - Quais são hoje os fatores que mais contribuem para a degradação dos rios intermitentes?
Elvio Sérgio Medeiros - Principalmente a partir do século passado, a expansão dos projetos de manejo de águas no Nordeste tem representado uma ameaça à integridade do fluxo de água natural desses sistemas e, consequentemente, sua rica fauna e flora. A tentativa de se mitigar possíveis danos causados por esses projetos é difícil tendo em vista o limitado conhecimento científico sobre os processos ecológicos atuando nas comunidades desses riachos.
A remoção da mata ciliar ou sua substituição por espécies exóticas (como a algaroba, por exemplo) já são ameaças antigas à integridade biológica de rios intermitentes no semiárido do Brasil. A nossa legislação agora apenas institucionaliza e fornece a legitimidade para essas práticas. A remoção e alteração da vegetação natural no semiárido não estão limitadas apenas às matas ciliares. Mudanças nas condições climáticas locais e intensificação dos processos de desertificação têm sido causados e/ou agravados pela ocupação humana, resultando na intensificação das condições de aridez e no aumento do déficit hídrico.
Estudos realizados em outros países, como a Austrália, reconhecem a importâncias das matas ciliares em rios de áreas secas e observam que mudanças na vegetação ripária estão associadas a mudanças deletérias para o funcionamento dos ecossistemas aquáticos, bem com estão associadas à diminuição da saúde dos rios e a algumas mudanças na dinâmica do carbono, elemento fundamental para a produção e manutenção dos sistemas vivos.
No Brasil, hoje inúmeras atividades humanas e práticas de uso da terra vêm alterando a integridade das matas ciliares em rios intermitentes, como a introdução de espécies exóticas de plantas, mudanças no regime de fogo e queimadas artificiais e remoção da mata ripária. Além disso, atividades como a extração de areia e minério, poluição por pesticidas e esgotos, e práticas inadequadas de irrigação também podem ser importantes para a alteração da vegetação ciliar dos rios intermitentes bem como seu regime natural de fluxo de água. Em conjunto, essas atividades aumentam a ameaça de desertificação e salinização do solo.
IHU On-Line - Além desta ementa do Código Florestal, que outros equívocos percebe no texto?
Elvio Sérgio Medeiros - As mudanças aprovadas no novo Código Florestal atacam dois dos biomas brasileiros mais degradados pelo homem: a Caatinga e o Cerrado. O Cerrado é um "hotspot” da biodiversidade mundial, mas apresenta amplas áreas desmatadas e vem sofrendo processo de degradação. Esse bioma é chamado de "caixa d'água do Brasil”, porque por ele passam ou nascem grandes sistemas hidrográficos brasileiros, como o Rio São Francisco, e bacias do Paraná e Tocantins. Apesar disso, o novo texto do Código diminui restrições para o desmatamento de APPs em algumas áreas de Cerrado.
O novo Código Florestal é um ataque e uma afronta aos biomas brasileiros, principalmente os que mais precisam de preservação, como o Cerrado e Caatinga. A Caatinga é o único bioma que ocorre apenas em solo nacional, e as políticas atuais contribuem para sua destruição.


IHU On-Line/EcoAgência

No Dia do Nutricionista, profissionais alertam para boa alimentação como fonte de bem-estar


No Dia do Nutricionista, comemorado hoje (31), profissionais da área alertaram para o consumo de alimentos com qualidade e em quantidades adequadas à saúde.
A presidenta da Federação Nacional dos Nutricionistas, Elizabeth Moura, destacou que a nutrição não deve ser lembrada apenas na hora de perder peso." Em geral,  as pessoas pensam mais em nutrição quando se preocupam com o seu peso, mas essa ciência é muito mais que isso. A boa nutrição também cura e é responsável pelo bem-estar da população”, disse.
Para a nutricionista Andrielle Haddad, a indústria de alimentos promove um "bombardeio sensorial no público, através da propaganda, para vender seus alimentos, mas o consumidor tem que ficar alerta para a sua necessidade individual de nutrientes". Ela recomenda que as pessoas olhem os rótulos dos produtos para saber "o teor de gordura, de açúcar, de carboidratos, enfim, de tudo que tenha a ver com as necessidades diárias de cada um".
Sobre o consumo de açúcar, a presidenta do Conselho Regional de Nutrição do Distrito Federal, Mara De Boni, alerta para os perigos da ingestão em excesso, que aumentam as chances do surgimento de doenças, como diabetes. É importante ainda, continuou a nutricionista, alternar os tipos de adoçantes usados, pois é mais seguro consumir variadas marcas que tenham princípios ativos diferentes. Há suspeitas de que o uso continuado de um único tipo possa causar doenças.
Ela destacou que a sociedade "clama hoje pela participação profissional do nutricionista em prol da saúde”, ao participar de sessão solene na Câmara Legislativa do Distrito Federal em homenagem aos nutricionistas.
A funcionária pública Marli Bitencourt reconhece que o cuidado com os alimentos não é uma preocupação frequente das pessoas. Em casa, ela tenta adotar hábitos saudáveis, como cozinhar com azeite de oliva no lugar do óleo de soja. Porém, reclama do preço do azeite o que “inviabiliza o uso permanente". Ela e dez  irmãos, todos com mais de 50 anos de idade, passaram a controlar o consumo de açúcar e gordura, pois já perderam um membro da família, vítima de infarto. 
O motorista Douglas Moreno diz ficar atento às informações nos rótulos dos produtos, lembrando que a indústria é obrigada a informar as características do alimento nas embalagens.
A coordenadora de Segurança Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS),  Patrícia Chaves, destacou que, nos últimos dez anos, a nutrição passou a se tornar peça importante dentro dos programas sociais do governo. "A questão da nutrição vem contando com a preocupação das políticas públicas, na área do ministério e no trabalho do governo em prol do combate à fome dentro das políticas sociais."