quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

A gaúcha que é referência em educação musical e dá show de vitalidade aos 80 anos



Noemi da Silva Kellerman nasceu em General Câmara (RS) em 1939. É a filha do meio de três crianças que tiveram um mecânico do Arsenal de Guerra da cidade e uma dona de casa que, por vezes, reforçava o orçamento lavando roupa para fora. Na cidade que fica a menos de 100 quilômetros de Porto Alegre ela teve uma infância feliz, estudando e brincando no pátio com os amigos.

Os pais sempre incentivaram a leitura e os estudos. A mãe lia muito e comprava semanalmente livros e revistas para todos em casa. A hora do almoço era dedicada a conversas sobre as leituras diárias. Noemi também ia muito ao cinema. O pai era projetista nas horas vagas e a mãe varria a sala para receber o público. Naquela época, a grande tela e o rádio eram as janelas para o mundo fora da cidade.

Aos 16 anos ela seguiu para Porto Alegre estudar o que hoje é o ensino médio. Conseguiu uma bolsa de estudos no internato do Colégio Metodista Americano. Lá Noemi também estudou música, canto e, depois de formada, passou a dar aulas no ensino fundamental. Ela também aproveitou para estudar Música com Oscar Zander, renomado professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e fez parte de um coro de música erudita.
Depois de um tempo, Noemi deixou de viver no internato para dividir um apartamento com a irmã. Dois ou três anos depois, o mestre Zander foi convidado para reformular a Escola de Música do Teatro Carlos Gomes, em Blumenau, e a convidou para ajudá-lo na missão.

Em Blumenau

Inicialmente eles organizaram seminários de música na cidade, mas em 1971 ela fixou residência na “capital” do Vale do Itajaí. Com outras duas professoras, alugou um apartamento na Rua XV de Novembro, o mesmo imóvel em que vive até hoje. Na escola ela montou o curso de Iniciação Musical e fez parte de alguns coros como solista.
Anos mais tarde, durante um curso em São Paulo, Noemi conseguiu uma bolsa de estudos em um importante instituto em Salzburgo, na Áustria. Estudou na Europa entre 1974 e 1975. Na volta contraiu tuberculose e ficou internada no sanatório de São José dos Pinhais (PR) por seis meses.
Quando ganhou alta e voltou para Blumenau, ela reencontrou um amigo que havia conhecido antes da temporada na Áustria. Com o cantor e artista plástico Roy Kellermann ela começou um namoro que resultou em casamento meses mais tarde, em novembro de 1976.
Além do trabalho na escola do Carlos Gomes, onde também foi diretora, Noemi ajudou a criar o curso de Artes da Universidade Regional de Blumenau (Furb), pioneiro na região. Por anos se dividiu entre as duas instituições até que 1996, com dor no coração, deixou o Carlos Gomes para se dedicar integralmente à universidade. Dez anos mais tarde ela se aposentou na Furb e foi convidada a retornar para a Escola de Música do Teatro Carlos Gomes, desta vez como diretora artístico pedagógica, cargo que exerce até hoje.

Ativa aos 80

Noemi nunca abandonou o hábito da leitura. Já doou centenas, talvez milhares de livros, para amigos e bibliotecas ao longo dos anos e não se cansa de renovar o estoque. Ela também continua a alimentar a paixão pelo cinema.
Do alto de seus 80 anos de idade, ela não deixa de ir à academia para tonificar os músculos. Também frequenta semanalmente aulas de inglês e alemão. Noemi não teve filhos e em 2014 ela perdeu Roy, vítima de problemas nos rins.
Ao longo da vida ela recebeu inúmeras honrarias e segue sendo referência em educação e música para mais de uma geração de professores e alunos. é uma mulher de poucos planos, mas tem foco certo no trabalho de ampliar a oferta de bolsas de estudos na escola, missão que, segundo ela, traz resultados lentos, mas sólidos.

Fonte: NSC TOTAL


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