Pesquisadores australianos e brasileiros querem saber as causas da redução da população dos insetos
Pesquisadores australianos e brasileiros estão desenvolvendo sensores capazes de medir por quanto tempo as abelhas voaram, polinizaram, comunicaram-se e descansaram. Com essas informações, os cientistas esperam entender o que está acontecendo com a saúde destes insetos. O objetivo é identificar as causas da redução das populações de abelhas, fenômeno que poderá afetar a produção de alimentos no mundo. Os novos microchips, que têm metade do tamanho dos sensores usados em estudo do Instituto Tecnológico Vale no Brasil e do CSIRO, centro de pesquisa australiano, serão capazes de gerar energia a partir da movimentação do inseto. Os primeiros protótipos estão sendo produzidos em laboratórios de nanotecnologia em Melbourne, na Austrália. Os testes deverão se iniciar em 2015, no país e no Pará.
Os pesquisadores já realizam estudo com abelhas na Amazônia usando 12 mil sensores produzidos no Japão. Cada unidade tem 2,5 milímetros de diâmetro e 5 miligramas de peso. Durante seis meses, o comportamento 800 abelhas africanas será monitorado por um microssensor instalado no tórax dos insetos. “A abelha pesa 105 miligramas, em média. É como se passasse a carregar uma mochila nas costas. Observamos que o chip reduz em um terço a capacidade dos insetos de transportar néctar e pólen, mas não os impede de trabalhar normalmente”, explica o físico Paulo de Souza, coordenador da pesquisa. Neste caso, a intenção é observar em que medida mudanças no clima, como a alteração do regime de chuvas, afeta o comportamento dos insetos.
Entre as hipóteses para a mortandade de abelhas está o uso excessivo de pesticidas nas lavouras; a infestação por praga a varroa, ácaro que se alimenta do sangue das abelhas; e a disseminação da monocultura. O fato é considerado preocupante, já que põe em risco o atual modelo de produção agrícola. Cerca de 75% das culturas dependem da polinização, sendo as abelhas as principais polinizadoras. Desse total, elas são responsáveis por 73% das espécies agrícolas cultivadas no mundo, estima o agrônomo Aroni Sattler, professor de Apicultura da Ufrgs.
Segundo ele, embora o cultivo de grãos, legumes e frutas não sejam tão dependentes, são favorecidos pela presença de polinizadores durante o florescimento. “A situação do Brasil é melhor quando comparada ao resto do mundo, pela intensa presença de abelhas africanizadas em abrigos naturais, somadas aos apiários de produção de mel”, avalia Sattler, que integra o Comitê Científico de Sanidade Apícola do Ministério da Agricultura.
Produção de mel pode expandir-se no Estado
Embora o número de colmeias e a produção de mel mantenham-se estáveis nos últimos dez anos, o Rio Grande do Sul é o maior produtor do país, com potencial para expansão da atividade. Mais de 50 mil famílias têm a apicultura como atividade produtiva. Somados, esses produtores têm 650 mil colmeias e produzem de 8 a 10 mil toneladas de mel por ano. Em 2013, pela primeira vez, o mel gaúcho foi exportado ao Canadá e aos Estados Unidos, países onde a produção está diminuindo, possivelmente devido à redução da população de abelhas. A China, líder mundial na produção de mel, também registra queda. O país não está conseguindo atender à demanda das exportações, já que com a melhora do poder aquisitivo o consumo do mercado interno aumentou.
Com a redução da produção nestes três países, o apicultor vislumbra oportunidades de negócio. O produto gaúcho, que duas safras atrás era destinado praticamente só ao mercado interno, conquista novas fronteiras. Segundo estimativa da Emater, o volume embarcado em 2013 corresponde a 40% do total produzido. “Antes, virava o inverno e tinha estoque em casa, pois não comercializava tudo. Agora, quando chega o frio, o apicultor já não tem mais mel”, analisa o agrônomo Paulo Conrad, da Emater de Lajeado, referindo-se à estação do ano em que o consumo interno aumenta. Mas para investir na atividade e ampliar a produção, “o produtor precisa ter segurança de que o mercado vai se manter”.
Apesar das incertezas, o cenário já se refletiu na valorização. Com os embarques, diminuiu a oferta no mercado interno, e os valores subiram de R$ 6 a R$ 10 o quilo, em 2013, para R$ 8 a R$ 14 o quilo em 2014. Os produtores brasileiros usam somente 15% da capacidade de produção no que se refere à diversidade de plantas com pólen disponíveis nos campos. O Brasil produz 40 mil toneladas/ano.
Fonte: Bruna Karpinski / Correio do Povo 16/08/2014
Os pesquisadores já realizam estudo com abelhas na Amazônia usando 12 mil sensores produzidos no Japão. Cada unidade tem 2,5 milímetros de diâmetro e 5 miligramas de peso. Durante seis meses, o comportamento 800 abelhas africanas será monitorado por um microssensor instalado no tórax dos insetos. “A abelha pesa 105 miligramas, em média. É como se passasse a carregar uma mochila nas costas. Observamos que o chip reduz em um terço a capacidade dos insetos de transportar néctar e pólen, mas não os impede de trabalhar normalmente”, explica o físico Paulo de Souza, coordenador da pesquisa. Neste caso, a intenção é observar em que medida mudanças no clima, como a alteração do regime de chuvas, afeta o comportamento dos insetos.
Entre as hipóteses para a mortandade de abelhas está o uso excessivo de pesticidas nas lavouras; a infestação por praga a varroa, ácaro que se alimenta do sangue das abelhas; e a disseminação da monocultura. O fato é considerado preocupante, já que põe em risco o atual modelo de produção agrícola. Cerca de 75% das culturas dependem da polinização, sendo as abelhas as principais polinizadoras. Desse total, elas são responsáveis por 73% das espécies agrícolas cultivadas no mundo, estima o agrônomo Aroni Sattler, professor de Apicultura da Ufrgs.
Segundo ele, embora o cultivo de grãos, legumes e frutas não sejam tão dependentes, são favorecidos pela presença de polinizadores durante o florescimento. “A situação do Brasil é melhor quando comparada ao resto do mundo, pela intensa presença de abelhas africanizadas em abrigos naturais, somadas aos apiários de produção de mel”, avalia Sattler, que integra o Comitê Científico de Sanidade Apícola do Ministério da Agricultura.
Produção de mel pode expandir-se no Estado
Embora o número de colmeias e a produção de mel mantenham-se estáveis nos últimos dez anos, o Rio Grande do Sul é o maior produtor do país, com potencial para expansão da atividade. Mais de 50 mil famílias têm a apicultura como atividade produtiva. Somados, esses produtores têm 650 mil colmeias e produzem de 8 a 10 mil toneladas de mel por ano. Em 2013, pela primeira vez, o mel gaúcho foi exportado ao Canadá e aos Estados Unidos, países onde a produção está diminuindo, possivelmente devido à redução da população de abelhas. A China, líder mundial na produção de mel, também registra queda. O país não está conseguindo atender à demanda das exportações, já que com a melhora do poder aquisitivo o consumo do mercado interno aumentou.
Com a redução da produção nestes três países, o apicultor vislumbra oportunidades de negócio. O produto gaúcho, que duas safras atrás era destinado praticamente só ao mercado interno, conquista novas fronteiras. Segundo estimativa da Emater, o volume embarcado em 2013 corresponde a 40% do total produzido. “Antes, virava o inverno e tinha estoque em casa, pois não comercializava tudo. Agora, quando chega o frio, o apicultor já não tem mais mel”, analisa o agrônomo Paulo Conrad, da Emater de Lajeado, referindo-se à estação do ano em que o consumo interno aumenta. Mas para investir na atividade e ampliar a produção, “o produtor precisa ter segurança de que o mercado vai se manter”.
Apesar das incertezas, o cenário já se refletiu na valorização. Com os embarques, diminuiu a oferta no mercado interno, e os valores subiram de R$ 6 a R$ 10 o quilo, em 2013, para R$ 8 a R$ 14 o quilo em 2014. Os produtores brasileiros usam somente 15% da capacidade de produção no que se refere à diversidade de plantas com pólen disponíveis nos campos. O Brasil produz 40 mil toneladas/ano.
Fonte: Bruna Karpinski / Correio do Povo 16/08/2014
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