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quinta-feira, 12 de junho de 2025

Aos 90 anos, Alcoólicos Anônimos têm maior participação feminina

 











Número de reuniões com mulheres aumentou mais de 40% após pandemia

Nesta terça-feira (10), faz cinco anos que a pernambucana I.F., 42 anos, resolveu dar um basta na dor que a atormentava. Ela viu, na ocasião, uma reportagem sobre os Alcoólicos Anônimos (AA) que, em 2020, completava 85 anos. I.F. se identificou com as histórias que foram narradas e resolveu buscar informações.

“Naquele dia, acordei e comecei a beber pela manhã. Eu estava passando por muitos problemas. Era pandemia”. Ela, que havia enfrentado uma separação e começou a beber inicialmente apenas esporadicamente, se viu dependente.

>> Saiba como participar de reunião dos AA

VULNERABILIDADE
Hoje, garante que participar das reuniões do grupo, que se organiza como uma “irmandade” com outras pessoas que vivem o mesmo problema, mudou o rumo de sua vida. “Sirvo a mulheres que estão em situações de vulnerabilidade como eu estava”.

Integrantes do grupo Alcoólicos Anônimos, que completa 90 anos, contam suas histórias - Foto: Alcóolicos Anônimos/Divulgação

Quando o AA completa 90 anos de criação, I.F espera que alguém com dependência de bebida alcóolica também conheça sua história e procure ajuda. “Eu peguei o número, mandei uma mensagem e me enviaram o link de uma reunião virtual”. Ela entrou numa reunião só com mulheres.


“Ouvi-las falar sobre aquelas questões, sem dúvida, foi o ponto-chave para eu ficar e querer essa recuperação dentro do Alcoólicos Anônimos”.

Ela garante que a participação no grupo salvou-a “da destruição”. I.F. também participa de reuniões tradicionais mistas.

Segundo o A.A., o número de reuniões de composição feminina aumentou 44,7%, comparando o período pré e pós-pandemia. Hoje são cerca de 65 reuniões de composição feminina, presencial e online, com participação de mulheres de todo o país.


GRUPOS

A Irmandade do AA foi criada nos Estados Unidos no ano de 1935. Para participar das reuniões, não há custos. A ideia é que as pessoas nos grupos compartilhem suas experiências para ajudar uns aos outros a se recuperar do alcoolismo.

Participação feminina nas reuniões do AA aumentou após a pandemia - Foto Alcóolicos Anônimos/Divulgação

A presidente da Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil (JUNAAB), Lívia Pires Guimarães, afirma que, no caso das mulheres, o uso de álcool é subnotificado e invisibilizado.

“Quando é uma mulher, esse estigma aumenta e é carregado de adjetivos pejorativos. O ambiente em que a mulher costuma beber frequentemente é sua casa. Então, fica invisibilizado”, avalia a psicóloga.

Ela observa, porém, que durante a pandemia e com as reuniões virtuais, as mulheres conseguiram encontrar um caminho e um espaço para ter acesso à Irmandade Alcoólicos Anônimos. “A partir do contato online, começaram a ir para o presencial também, ou permanecer nos dois. E aí o movimento começou a aumentar”.

VIRTUAL

Possibilitar a reunião virtual fez com que mais pessoas procurassem o serviço. Antes da pandemia, havia essa intenção de fazer encontros virtuais, mas existia um cuidado especial por causa do anonimato, um dos pilares importantes do grupo.

Lívia Guimarães explica que as reuniões são organizadas e feitas por membros do grupo. “Todas as ações são feitas por integrantes da irmandade. São eles que vão pensar, idealizar, trabalhar para acontecer e fazer”.

BEBIDA NA INFÂNCIA
Há muitas histórias para contar como a de R.S, 61 anos, morador do Piauí, que está há mais de 33 anos em abstinência de álcool. Ele chegou ao grupo em 1992. Experimentou bebida alcóolica aos seis anos. “Foi a primeira vez que me embriaguei”. O pai era dependente químico de bebida. Na adolescência e “todas as vezes” que tinha acesso à bebida, não tinha controle.

Grupo Alcoólicos Anônimos completa 90 anos e integrantes falam de suas experiências - Foto Alcoólicos Anônimos/Divulgação

“No meu primeiro emprego, o primeiro salário gastei todinho com bebida. Eu vivia dependendo de parentes, de irmãos, para me ajudar”, recorda. Ele diz que não perdeu a própria vida por muito pouco, diante das confusões em que se envolvia.

Aos 28 anos, o homem, em uma crise de abstinência, se assustou com o próprio vômito e se lembrou de um colega de trabalho que já havia se prontificado a ajudar. “Eu fui para a casa dele. Isso ocorreu em 22 de abril de 1992”. Data que ele nunca mais vai esquecer e que o levou ao grupo de AA. Desde então, constituiu família, com um filho, fez faculdade e até pós-graduação.

PERDAS

Outro membro do AA que descobriu a bebida muito jovem é um homem que se identifica como Natali, de 67 anos, residente em São Paulo. “O meu histórico com o alcoolismo começou com 13 anos quando perdi meu pai e comecei a trabalhar em uma metalúrgica”.

Hoje, ele entende que, aos 18 anos, já tinha problema sério com bebida. Mas, um momento importante foi quando uma noiva dele morreu. Ele tinha apenas 21 anos de idade. Em 1999, procurou ajuda no AA. O tempo de sobriedade mudou a trajetória. “Muda tudo depois que você conhece o caminho da sobriedade, evitando o primeiro gole. Você se descobre capaz de ser aquela pessoa que você sabe que é, mas o álcool não deixava”.

Fonte: Agência Brasil

sábado, 7 de junho de 2025

Consumo de álcool na gravidez pode causar transtorno fetal

 








Estudo mostra que consumo pode levar a deficiências físicas e mentais


Estudo feito por pesquisadores do Laboratório de Bioinformática e Neurogenética (LaBiN) do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) confirmou que o consumo de etanol (EtOH), componente ativo das bebidas alcoólicas, durante a gravidez pode comprometer o neurodesenvolvimento fetal. Isso pode provocar o Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal (TEAF), que inclui deficiências físicas, mentais e comportamentais e é normalmente confundido com o autismo, especialmente em crianças pequenas.

Segundo os resultados, o EtOH altera a organização da estrutura responsável por compactar o DNA (cromatina) e prejudica o desenvolvimento da formação de redes neurais funcionais durante o desenvolvimento cerebral. A exposição ao álcool afeta negativamente tanto a formação quanto a atividade dessas redes.

“Estudos anteriores já demonstraram que o consumo de álcool durante a gravidez pode levar a distúrbios conhecidos como Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal, que incluem deficiências físicas, mentais e comportamentais, que inclusive se confundem com o autismo, especialmente em crianças pequenas. Nos Estados Unidos, estima-se que 1 em cada 20 nascimentos seja afetado pelo TEAF, mas não há dados concretos sobre a incidência no Brasil”, explicou o pesquisador e coordenador do LabiN, Roberto Hirochi Herai.

De acordo com levantamento do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), entre os anos de 2010 e 2023 houve aumento de 10,5% para 15,2% no percentual de mulheres que consomem bebidas alcoólicas excessivamente. Entre os homens, a taxa permaneceu estável, de 27% para 27,3%. Na população em geral, o aumento foi de 18,1% para 20,8%. “No caso de mulheres grávidas, os riscos associados ao álcool são ainda maiores, pois ainda não há dados que indiquem se há uma quantidade segura do consumo de álcool durante uma gestação”, afirmam os pesquisadores.

Para um dos autores do estudo, Bruno Guerra, os efeitos moleculares do consumo de álcool durante a gestação no desenvolvimento do córtex cerebral fetal humano ainda são pouco conhecidos.

“Compreender a base das alterações moleculares, incluindo os problemas que são causados nas células cerebrais, ajudará no desenvolvimento de futuras terapias de tratamento para as TEAF e a esclarecer as alterações relacionadas aos processos neurobiológicos. Isso permitirá a geração de mais dados que possam auxiliar na criação de políticas de saúde pública relacionadas ao consumo de álcool por grávidas”, destacou.

Fonte: Agência Brasil

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Luta contra alcoolismo envolve suporte do Estado e da sociedade

 










Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo é lembrado hoje

Ao ouvir experiências de outras pessoas, Bernardino Freitas, de 60 anos, descobriu que não estava sozinho. Nem havia motivo para se envergonhar. O homem, nascido em Miracema do Norte (TO) e que vive há sete anos em Brasília (DF), queria mesmo que a lembrança do copo com aguardente ficasse no passado. “Fui procurar ajuda no Caps (Centro de Atenção Psicossocial) quando tinha passado do limite”.

Ele percebeu o “limite” quando se viu de manhã até a noite nas mesas de bares e sentindo a saúde se deteriorar. Somaram-se aí os sentimentos da esposa e dos filhos. O aposentado procurou ajuda de profissionais de saúde e está há dois anos longe do vício. A vida sem álcool ganhou outro sabor.

“Hoje eu me sinto muito melhor”, afirma Bernardino. Nesta quinta (20), Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo, ele tem na rotina a participação em grupo terapêutico, em que se identifica com outras histórias. “Os profissionais de saúde do Caps fizeram com que eu me envolvesse com o tratamento”.

O aposentado Bernardino Teixeira faz tratamento contra o alcoolismo no Capes do Guará, região administrativa do DF. Foto Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

A bebida, segundo Bernardino, ganhou importância quando se viu sem poder trabalhar como jardineiro, profissão da maior parte da vida. Uma cirurgia na coluna fez com que se aposentasse aos 45 anos. “Isso me empurrou para o vício. Eu fiz bem em pedir ajuda”.

Papel do SUS

No Brasil, o tratamento contra a dependência em álcool é especializado, gratuito e universal (nas unidades básicas e nos Caps). Questionado pela Agência Brasil, o Ministério da Saúde informou que os cuidados para pacientes com alcoolismo e outras drogas no Sistema Único de Saúde (SUS) são realizados pela Rede de Atenção Psicossocial (Raps), que totalizam 6.397 unidades em todo o país, entre elas 3.019 centros de Atenção Psicossocial (Caps).

“Essa estrutura faz do Brasil um dos países com a maior rede de saúde mental do mundo”, acrescentou o ministério. Os serviços incluem intervenções psicossociais para cada caso, que podem ser realizadas de forma individual ou coletiva, o que inclui o acolhimento da família.

O ministério disse que os Caps têm acesso livre, não precisam de agendamento prévio para realizar o primeiro atendimento e têm equipes multiprofissionais. Essas unidades atendem pessoas de todas as faixas etárias. Existem unidades com essa característica que funcionam 24 horas e contam com camas para acolhimento noturno dessas pessoas por até 15 dias no mês.

Serviço é gratuito, mas tem desafios

Além de a rede de serviços ser gratuita e do acesso a toda a população, o que é fundamental para combater o problema do alcoolismo, há desafios no dia a dia dessa política pública, afirma a socióloga Mariana Thibes. Ela, que é coordenadora do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), organização da sociedade civil de interesse público e referência em pesquisas sobre o tema, entende, porém, que “muitos desafios” permanecem nos trabalhos de prevenção às doenças causadas pelo etilismo.

Para a pesquisadora, seriam importantes, nessa luta dos profissionais de saúde, maior qualificação para identificação precoce do problema nas abordagens de rotina, ampliação da disponibilidade de tratamento medicamentoso especializado na maioria dos municípios e aumento do número de profissionais de saúde especializados, como psiquiatras e psicólogos nos Caps-AD (tratamento contra a dependência em álcool e drogas).

“Além disso, podemos destacar as barreiras de acesso por conta do estigma que a doença ainda tem, o que retarda a busca por ajuda”, alertou Mariana em entrevista à Agência Brasil. Ela entende que, dessa forma, embora o Brasil tenha avançado nos principais pilares do combate ao alcoolismo nas últimas décadas, ainda resta muito a ser feito.

Efeitos da pandemia

A pandemia de covid-19 (que, como medida sanitária, fez com que as pessoas precisassem se isolar em casa) representou um desafio para quem sofre com o alcoolismo. “Muitas pessoas passaram a beber mais para enfrentar as dificuldades do momento”, lembra a socióloga.

Ela explica que pacientes ficaram sem tratamento por causa da superlotação dos serviços de saúde em vista das prioridades com a pandemia. “Houve aumento no número de mortes por alcoolismo, não só no Brasil, mas no mundo. Alguns estudos vêm mostrando que esses problemas ainda não foram totalmente revertidos. Esforços em políticas públicas precisarão ser feitos para isso acontecer”.

Racismo e machismo

Um dos dados que a pesquisadora cita é que 72% das mulheres vítimas de transtornos causados por dependência ao álcool são negras. Mariana Thibes explica que esse número não está relacionado ao maior consumo abusivo por essa população. São mais vítimas porque há desigualdade no acesso a serviços de saúde de qualidade.

“Muitas pessoas negras residem em áreas com infraestrutura deficiente, escassez de recursos médicos e falta de profissionais capacitados, o que limita o acesso a cuidados de saúde adequados”, afirmou.

Outro elemento trazido pela coordenadora do Cisa é que a discriminação racial no sistema de saúde pode resultar em diagnósticos tardios, tratamentos inadequados e menor qualidade no atendimento, prejudicando a saúde da população negra.

“O estresse crônico, decorrente da discriminação racial, pode acarretar problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão, traumas psicológicos e abuso de substâncias, incluindo o álcool”. Além disso, no caso das mulheres, os impactos são maiores porque convivem com a discriminação de gênero.

Publicidade abusiva

A legislação brasileira (Lei 9.294), hoje, impõe restrições à publicidade de bebidas alcoólicas. Entre as limitações, estão a permissão de propaganda apenas entre as 21h e as 6h, e a obrigatoriedade de advertências sobre os malefícios e riscos do consumo. No entanto, conforme explica Mariana Thibes, os canais de influenciadores e as redes sociais no Brasil não são regulamentados.

O alerta da pesquisadora é comprovado por pesquisa de 2021 feita pela publicação especializada Journal of Studies on Alcohol and Drugs (dos EUA), que mostrou que 98% das publicações sobre álcool no Tik Tok retratavam a substância de forma positiva.

Sinais e sintomas

A psiquiatra Olivia Pozzolo avalia que a prevenção das doenças relacionadas ao consumo de álcool é papel do Estado, mas as famílias também podem desempenhar apoio fundamental. “As famílias são essenciais, tanto na identificação precoce de um comportamento de risco, no suporte emocional, quanto no encorajamento à busca de tratamento adequado e na manutenção também do tratamento”, afirma a especialista, que também é pesquisadora do Cisa.

Ela explica que a dependência do álcool pode ser reconhecida por sinais e sintomas característicos, como a incapacidade de reduzir ou controlar o consumo, o uso contínuo, apesar de ter consequências negativas na vida de alguém, e o aumento da tolerância.

“Algumas formas de auxiliar são oferecer um ambiente de escuta sem julgamento, encorajar a pessoa a buscar tratamento especializado, participar de grupos de apoio para a família, onde é possível compartilhar experiências e estratégias e evitar situações que podem incentivar o consumo de álcool”. A recuperação é, segundo avalia, um processo contínuo e o suporte pode fazer diferença para quem enfrenta essa condição.

Alcoólicos anônimos

Além do suporte do Estado e da família, um serviço consolidado no Brasil (e também no mundo) partiu da sociedade organizada, a Irmandade de Alcoólicos Anônimos. Em 2025, essa iniciativa completa 90 anos de história e está presente em 180 países. No Brasil, há atualmente 3.802 grupos que realizam 8.665 reuniões todas as semanas. Ao todo, 93 grupos realizam 449 reuniões a distância. Segundo a presidente da Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil (Junaab), Lívia Pires Guimarães, para que a pessoa possa ingressar na atividade o único requisito é o desejo de parar de beber.

“Apenas isso. Havendo esse desejo, ela já está apta para ser membro. Não há restrição de idade ou de gênero, classe social e nenhuma outra questão complementar”, afirmou. Ela explica que a irmandade tem característica comunitária. Todo o serviço de AA é feito por alcoólicos que fazem parte do programa de recuperação. “Tudo sugerido, nada é imposto. Aqueles que querem, que se identificam, se voluntariam para poder servir. Não há profissionais contratados na Irmandade de Alcoólicos Anônimos”.

No AA, há pessoas não alcoólicas na estrutura de serviços administrativos. “A irmandade não é secreta, mas guarda o anonimato dos seus membros”. Ela afirma que se trata de um programa que transcende o tratamento do alcoolismo. “Uma vez ingressando na Irmandade, a pessoa não será diagnosticada ou rotulada”. O serviço pode ser acessado pela internet e linhas de whatsapp.

Uma pessoa que vive no Rio de Janeiro, identificada nesta reportagem como Ana, recorda que começou a consumir álcool aos 12 anos de idade. “Eu lidava frequentemente com apagões, comportamentos desmoralizantes, por vezes agressivos. A minha interação com o álcool me levou realmente ao fundo do poço”, recorda.

Ana* lembra ainda que, aos 17 anos, a relação dela com o álcool passou a ser intensa e crônica. “Aos 18 anos, comecei a depender de estimulantes na tentativa de passar no vestibular, o que se transformou num ciclo de estudos e uso abusivo de substâncias”.

Na faculdade, as pessoas não consumiam álcool. Assim, aos 19 anos, ingressou no AA. “Salvou minha vida. Consegui me graduar e conheci meu marido na irmandade. Celebramos um casamento lindo, sem envolvimento do álcool”. O casal faz projetos de longo prazo e vive um dia de cada vez, com a consciência de evitar o primeiro gole.

Um homem, também integrante do AA e carioca, diz que tem consciência de que a regularidade nas reuniões fez com que experimentasse nova vida. “Esse espaço é fundamental para a minha permanência sem beber e para a minha vida continuar funcionando como funciona hoje. Eu ter restituído emprego, família, saúde, sanidade, propósitos objetivos, sonhos, enfim, tudo me foi devolvido”.

Fonte: Agência Brasil